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A magia dos bárbaros, que o cristianismo ia encadear e atirar no poço do abismo …manifestou suas últimas convulções e seus últimos esforços entre os bárbaros por partos monstruosos. Quase não há regiões onde os pregadores do Evangelho não tivessem de combater animais de formas horríveis, encarnações da idolatria agonizante. Os “vouivres”, os “graouilles”, as carrancas, as tarascas, não são unicamente alegóricas.
É certo que as desordens morais produzem monstruosidades físicas e realizam de alguma sorte figuras apavorantes que a tradição empresta ao demônio. Os ossos fósseis, com auxílio dos quais a ciência de Curvier reconstruiu monstros gigantescos, pertencem todos realmente a épocas anteriores à nossa criação? Era uma tradição entre os antigos que os deuses irritados por crimes extraordinários enviavam monstros à terra, e esta tradição é muito universal para não ser apoiada em fatos reais…
Entre todas as lembranças que nos restam dos povos bárbaros na época em que o Cristianismo conquistou a civilização, se nos deparam …o aviltamento idolátrico no qual caíra o simbolismo do antigo mundo; por toda parte reinavam, em lugar dos discípulos dos magos, adivinhos, feiticeiros, encantadores. Esqueciam-se do Deus supremo para divinizar os homens. Roma dera este exemplo às suas províncias e a apoteose dos Césares ensinara ao mundo a religião dos deuses de sangue.
Druídas
A Providência que predestinava a Gália a tornar-se a França cristianíssima fizeram brilhar ali a luz das verdades eternas. Os primeiros druídas foram os verdadeiros filhos dos magos e sua iniciação vinha do Egito e da Caldéia, isto é, das fontes puras da Cabala primitiva: eles adoravam a trindade, sob o nome de Ísis ou Iléus, a harmonia suprema; de Belen ou Bel, que significa em assírio “O Senhor”, nome que corresponde ao de Adonai; e de Camul ou Camael, nome que na Cabala personifica a justiça divina.
Abaixo desse triângulo de luz eles supunham um reflexo divino, composto também de três raios personificados: Têutates, ou Teuth, o mesmo que Toth dos egípcios, Verbo ou inteligência formulada; depois a Força e a Beleza, cujos nomes variavam …Eles completavam o setenário sagrado* com uma imagem misteriosa… era uma moça velada tendo uma criança nos braços e eles dedicavam esta imagem à virgem que virá a ser mãe.
* SETENÁRIO SAGRADO: concepção ocultista sobre a estrutura ontológica, do SER, da criatura humana. Segundo tradições de diferentes culturas, o homem não é apenas uma combinação elementar dual, corpo-alma; antes, é um sistema complexo de sete corpos interagentes, diferentes entre si em substância e natureza. Na base, na dimensão de ser mais grosseira, está o corpo de matéria densa; na dimensão mais sutil ou elevada, o homem é “O Espírito Puro”, também chamado Eu Superior, ou ainda, Atman, uno com o Criador de todas as coisas.
Os antigos druídas viviam numa rigorosa abstinência, guardavam o mais profundo segredo sobre seus mistérios, estudavam as ciências naturais e não admitiam entre eles novos adeptos senão depois de longas iniciações. …Os druídas não construíam templos; realizavam os ritos de sua religião sob os dólmens [os círculos de pedra do tipo Stonehenge] e nas florestas. Ninguém sabe ainda com auxílio de que máquinas eles puderam levantar as pedras colossais que formavam seus altares, e que se erguem ainda, sombrios e misteriosos, sob o céu nevoento da Armórica.
Os druídas ensinavam que a alma dos antepassados se ligaaos filhos; que ela é feliz de sua glória ou atormentada pela sua vergonha; [ensinavam ainda] que os gênios protetores se ligam às árvores e às pedras da pátria; que o guerreiro morto por seu país expiou todas as suas faltas e cumpriu dignamente sua missão. …Por isso, entre os gauleses o patriotismo era uma religião: as mulheres e até as crianças se armavam se fosse preciso para repelir uma invasão as “Joana D’Arc” …não fizeram mais que continuar as tradições destes nobres filhos dos gauleses.
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