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Dedicado com pungente memória do que poderia ter sido a MARSYAS
“Deves compreender, portanto, que esse é o primeiro caminho para a felicidade, concedendo às almas uma plenitude intelectual de união divina. Mas a dádiva sacerdotal e teúrgica de felicidade é chamada, realmente, de portal para o Demiurgo das totalidades, ou a sede, ou o palácio, do bem. Em primeiro lugar, outrossim, possui um poder de purificação da alma. . . posteriormente provoca uma coaptação do poder da razão com a participação e visão do bem e uma liberação de toda coisa de natureza oposta, e em último lugar produz uma união com os deuses, que são os doadores de todo bem”
JÂMBLICO
INTRODUÇÃO
Em virtude da bastante difundida ignorância a respeito da soberana natureza da Teurgia Divina e a despeito de freqüentes referências quase em toda parte ao assunto magia, permitiuse que ao longo dos séculos se desenvolvesse uma total incompreensão. São poucos hoje os que parecem ter sequer a mais vaga idéia do que constituiu o elevado objetivo de um sistema considerado pelos sábios da Antigüidade a Arte Real e a Alta Magia. E por ter existido quantitativamente ainda menos pessoas preparadas para defender até o fim a filosofia da magia e disseminar seus verdadeiros princípios entre aqueles julgados dignos de recebê-los, o campo de batalha tomado pelas reputações destroçadas de seus Magos foi cedido aos charlatães .
Esses, ai de nós, fizeram bom uso de sua oportunidade de esbulho indiscriminadamente, a tal ponto que a própria palavra magia se tornou agora sinônimo de tudo que é desprezível, sendo concebida como algo repulsivo .
Durante muitos séculos na Europa autorizou-se esse incorreto estado de coisas, que se manteve até em torno de meados do século passado, quando Éliphas Lévi, um escritor dotado de certa facilidade de expressão e talento para a síntese e a exposição, se empenhou em devolver à magia sua antiga reputação grandiosa. Até que ponto teriam seus esforços obtido êxito ou não caso não tivessem sido sucedidos e estimulados pelo advento do movimento teosófico em 1875 em associação com a discussão aberta do oculto e de temas místicos que a partir de então se seguiram, é extremamente difícil dizer. E mesmo assim, não foram coroados de muito êxito, pois apesar de quase oitenta longos anos de atenção e discussão aberta da filosofia e prática esotéricas em vários de seus ramos, não é possível descobrir no Catálogo da Sala de Leitura do Museu britânico uma única obra de magia que tente apresentar uma exegese lúcida, clara e precisa, desembaraçada do emprego exagerado de símbolos e figuras de linguagem. Oitenta anos de estudo do oculto e nem sequer uma obra séria sobre magia! Por algum tempo tornou-se conhecido em vários lugares que este escritor era um estudioso de magia. Conseqüentemente indagações acerca da natureza da magia seriam amiúde endereçadas a ele. Com o passar do tempo tais indagações tornaram-se tão numerosas e tão abismal a ignorância involuntária sobre o assunto contida em todas elas que parece ser a hora exata para tornar disponível a esse público uma exposição sintética e definitiva. Visto que nenhuma outra pessoa tentou executar essa tarefa de tremenda importância, recai sobre este escritor essa difícil tarefa. Ele não se propõe limitar-se mediante observações plausíveis acerca da incomunicabilidade de segredos ocultos. Tampouco mencionará a impossibilidade de transmitir a vera natureza dos mistérios da Antigüidade, como alguns autores recentes fizeram .
Embora tudo isso seja verdadeiro, não obstante há de comunicável na magia o suficiente. A despeito de centenas de páginas com o fito de elucidar, é preciso também dirigir a esses escritores a severa acusação de terem realizado muito para confirmar a opinião pública na já firme crença de que a magia era ambígua, obscura e uma tolice. Dificilmente poder-se-ia sustentar uma concepção mais errônea do que essa, pois a magia, que me permitam insistir, é lúcida. É definida e precisa. Não há fórmulas vagas ou dubiedades compreendidas dentro da esfera de sua exatidão; tudo é claro e concebido para o experimento prático. O sistema da magia é absolutamente científico, e cada uma de suas partes é passível de verificação e prova sob demonstração. A árvore da vida é publicado, admito, com uma certa hesitação, com o único objetivo de preencher essa lacuna existente. Este escritor deseja tornar inteligível e compreensível para o indivíduo leigo, inteligente e comum, para o aprendiz dos Mistérios e aqueles versados no saber de outros sistemas místicos e filosofias os princípios radicais a partir dos quais a formidável estrutura imponente da magia é construída. Com uma exceção, não conhecida ou adequada ao público em geral, infelizmente, essa tarefa necessária jamais foi realizada anteriormente .
A freqüência de longas citações provenientes de escritos de autoridades em magia que o autor aqui inseriu se explica de modo bastante simples, devendo-se apenas ao desejo de demonstrar que os mais amplos pontos essenciais desta exposição não são o resultado de qualquer invencionice do autor, estando, pelo contrário, firmemente enraizados na sabedoria da Antigüidade. É desnecessário que se apontem para o autor expressões rudes, possíveis interpretações equivocadas de fatos ou teorias e pecados de omissão e cometimento. Em razão disso ele se desculpa humildemente, devendo ser perdoado em função de sua juventude e inexperiência. Que seus esforços incitem outra pessoa mais sábia, dotada de melhores recursos para escrever e detentora de um conhecimento mais profundo da matéria e seus correlatos de modo a produzir uma melhor formulação da magia. Este escritor estará dentre os primeiros que aclamarão essa realização com boas-vindas e louvores .
É também necessário registrar a atitude cortês dos senhores Methuen & Co. que deram a permissão para reproduzir as ilustrações dos quatro deuses egípcios de Os deuses dos egípcios, de Sir E. A. Wallis Budge .
Israel Regardie Londres, agosto de 1932 .
A Árvore da Vida – Um Estudo sobre Magia
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