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Paracelso
Chegamos assim ao final deste parêntesis colocado entre os prólogos e os livros de prática.
Descobrimos nele as cinco entidades de onde vêm todas as doenças. E agora vamos começar verdadeiramente a nossa obra.
Ela será constituída de cinco partes. Os médicos naturalistas e os astrólogos sentirão necessidade de nos criticar ou menosprezar. Mas eu digo que nada — nem os escritos dos teólogos — conseguirá perturbar o nosso espírito nem tirá-lo do caminho que tomamos, já que até agora (se vamos falar dos fundamentos e dos verdadeiros princípios) não encontramos grandes coisas nas doutrinas defendidas por eles.
Se querem ser verdadeiramente bons médicos não devem deixar se perturbar com o estilo pagão ou cristão, conforme ensinei, e muito menos com as críticas e contradições lançadas por esses médicos ignorantes que só sabem se vestir pomposamente de vermelho e preto. Eles são uns fantasiadores que só sabem dizer coisas absurdas e arbitrárias nas quais nunca devem confiar.
Observem o que vou dizer sobre as duas partes ou coisas que o homem utiliza em seu trabalho: a arte e a fantasia. A arte, seja pela reunião da sabedoria, da razão e da inteligência, atua pela verdade e se baseia na experiência. Falta base àqueles que lidam com a fantasia, porque a opinião preconcebida (praesunta sententia) não passa de uma forma de ambição. O que eles querem é a fama e a popularidade à custa de afirmações insólitas.
Convém pois que o homem verdadeiramente sábio tenha a melhor instrução e a maior habilidade em sua arte (artifex). Assim evitará ser confundido com um desses charlatães que andam por aí vestidos de vermelho (purpuratus phantasta).
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