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Sitra Achra

Ganância – Pequeno Tratado Satânico do Pecado

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Ganância é o mesmo que ambição. Sem ambição, sem metas, a pessoa se torna um pastel. Nunca vai lutar para vencer. Simplesmente se acomoda na melhor posição que obtém e passa o resto da vida frustrada, mesmo sem saber. É dito que nem só de pão vive o homem, mas sem pão ninguém vive!

A existência de idéias como “dinheiro não traz felicidade”, “é mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”, “não podeis servir a Deus e às riquezas”, “não ajunteis para vós tesouros na terra”, “o amor ao dinheiro é raiz de todos os males” e muitas outras parvices serviram para criar toda uma perniciosidade em torno do desejo de riqueza. Se acumular dinheiro é pecado, então por que não doá-lo para a Santa Igreja?

Naturalmente, a Igreja nunca doou o seu patrimônio  para ninguém. A existência de templos faraônicos demonstra toda a ganância. Alguém irá dizer Mas é necessário a existência de tais templos para provar a grandiosidade de Deus. Então eu pergunto: pelo raciocínio cristão, o dinheiro despendido na construção dos mesmos não estaria melhor servido ajudando aos miseráveis e deserdados da sorte? Não foi o suposto Jesus quem disse para distribuir a sua riqueza aos pobres e segui-lo? Além disso, ainda pelo raciocínio cristão, desde quando Deus precisaria ter um palácio para mostrar a sua grandeza?

George Bernard Shaw possui um pensamento acerca do assunto: “O dinheiro é a coisa mais importante do mundo. Representa saúde, liberdade, força, honra, generosidade e beleza tão visivelmente quanto a falta dele representa doença, fraqueza, desgraça, mesquinhez e feiúra.” Ainda que o caro leitor não considere o dinheiro tão importante assim, haja vista a existências de outros fatores de importância, como o sexo, não se pode olvidar que sua presença é extremamente bem-vinda. Cayena, duquesa de Alba, dona de mais de cinqüenta castelos, expressou a sua opinião sobre o dinheiro: “Todas essas conversam acerca do dinheiro me desgostam. Odeio o dinheiro. Nunca me preocupo com o dinheiro. De que serve o dinheiro, desde que se tenha o bastante para viver? Para que ter mais?”  Portanto, todas estas conversas sobre a ganância não passam de monólogo plácido para bovino dormir.  Observe que só os ricos defendem a virtude da pobreza. A duquesa era uma tremenda hipócrita! Vence realmente quem possui ambição!

O dinheiro é uma chave-mestra universal, abre praticamente todas as portas. Se alguém está doente, busca os melhores médicos e hospitais, porque possui condições de pagar o preço e, destarte, recuperação rápida para a saúde; se está enamorado de outra pessoa, a moeda permite inúmeros agrados, presentes etc.; se quer se divertir, viajar, usufruir de vários deleites, banca o preço sem problema algum; se quer conhecer, aprender, estudar, enfim, fazer várias atividades culturais, de novo o dinheiro supre. Segundo uma máxima libanesa, “quem tem dinheiro, mesmo no inferno pode tomar sorvete”.

Da mesma forma que o ar e a água servem universalmente para a sobrevivência, de forma natural, o dinheiro se tornou também um fator universal de sobrevivência, só que de modo artificial. Ninguém sobrevive sem dinheiro. Dinheiro permite comprar os artigos básicos de sobrevivência, como alimento, remédio, alugar uma moradia etc. Sem dinheiro, a pessoa vira um mendigo, um parasita, necessitando da eterna caridade alheia para não morrer. Observe que, na natureza, nenhum animal pede esmola a ninguém.

Há momentos em que o pecado da ganância realmente apresenta uma face nefasta, devido ao processo compulsivo do falso-emancipado. Num exemplo, um menino pobre vê o menino rico, comendo um pão com mel.

·    Por que não me deixas provar teu pão com mel? perguntou o menino pobre.
·    Deixarei se te fizeres de cão para mim.
·    Aceito. Agora sou teu cão.

O menino rico tirou uma fatia de pão com mel e deu-a a morder ao companheiro. Depois, começou a conduzi-lo como um cão, de quatro pés, em meio a enormes gargalhadas dos transeuntes.

Neste caso, a ganância pelo pão levou o menino a obrar de forma estúpida e humilhante. No futuro, vender-se-á totalmente ao menor lance efetuado pelo seu ser, trairá sua família, seus amigos, qualquer um, pela satisfação do mais simples desejo. A lição é que, ao par da ganância ser necessária para vencer na vida, mister se faz que a pessoa tenha também auto-respeito.


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