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Por David Frawley (Vamadeva Shastri).
A verdadeira questão por trás do Ramayana é como podemos viver nossa verdade interior e cumprir nosso mais alto Darma.
Sri Rama é muito mais do que uma pessoa histórica. Ele representa a conexão interna da humanidade com o Eu universal, Paramatman. Sita Devi não é uma mera mulher humana, mas uma profunda aspiração cósmica que se manifesta através de toda a natureza. Sem entender estes significados mais profundos, entenderemos mal a magnífica história do Ramayana e o que a derrota de Sri Rama contra Ravana realmente significa.
A vida humana, embora ligada carmaticamente à realidade física, é parte de uma consciência infinita que trabalha através de toda a vida. Desenvolver essa autoconsciência sem limites e sua compaixão complementar é o verdadeiro ensinamento por trás das representações sagradas de Rama e Sita e de sua história de vida mágica.
Sita e Rama como os Duplos Poderes Cósmicos:
Tentar entender Rama e Sita em termos meramente humanos reflete uma percepção limitada e uma servidão a Maya, o reino das aparências exteriores. Isto não significa que Rama e Sita não tiveram existência humana, mas viveram como manifestações de uma realidade transcendente.
Rama e Sita não são apenas dois indivíduos separados. Sita é a reflexão feminina de Rama. Rama é o poder de ação de Sita. Sua manifestação física reflete uma unidade mais profunda entre os dois. São como o Sol e a Lua, fogo e água, terra e céu, consciência e bem-aventurança. Suas energias são todas difundidas por dentro e por fora, uma metáfora universal.
Rama e Sita têm um aspecto histórico na antiga dinastia solar de reis e sábios, onde eles são mencionados de forma proeminente. Rama e Sita fazem parte da grande história e cultura da Índia e da Ásia, estendendo-se agora a todo o mundo. O Ramayana está nos pedindo para despertar uma visão poética e ióguica, muito parecida com os rishis védicos, em um retrato que apela tanto para jovens como para velhos.
Encontrando Sita:
O Ramayana gira em torno de Sita. Quem é Sita? Sita nasce de um sulco no chão. Ela é uma das ayoni-jas ou daquelas que não nasceram do ventre. Ela é descoberta pelo rei Janaka durante sua cerimônia anual de lavoura dos campos. No entanto, o rei Janaka também não é um mero rei comum. Ele foi o maior rei filósofo (Rajarshi) da Índia antiga, igual aos rishis. Os Upanishads contêm seus profundos diálogos com o sábio Yajnavalkya.
Como filha de Janaka, o caráter de Sita incorpora um refinamento filosófico e criativo exaltado. Sita está relacionada a Sarasvati como a musa suprema da inspiração artística, a Lakshmi como a capacidade de alimentar todas as criaturas através da Terra, e a Parvati como a Yoguini que pode renunciar e transcender todas as limitações. O Atma Shakti ou poder de consciência que Sita detém surge da mente receptiva e silenciosa, que está muito além de qualquer poder externo nascido da autoafirmação ou do devir material.
A perda e a recuperação de Sita é a nossa perda e a descoberta do conhecimento de nossa verdadeira natureza. Lakshman é o poder discriminador do buddhi que protege esta receptividade interior. Rama é o verdadeiro Self (Paramatman) dentro de nós que deve despertar para recuperá-lo. Hanuman é o filho de Vayu, a energia cósmica que funciona através do elemento ar. Ele é nosso prana interior dedicado ao casal Divino, a Sita e Rama dentro de nós. Ravana representa o eu separador e seus poderes de ilusão através da mente-ego, obcecado pelo poder e controle externo.
Uma Nova Visão de Ayodhya:
Para honrar Sri Rama, devemos nos esforçar para levar uma vida de dharma e sadhana. Devemos estar abertos ao espaço da consciência cósmica para além de nosso intelecto humano tendencioso e suas opiniões convencidas. Para fazer isso, devemos nos tornar Sita e fazer de nossas vidas uma visão e um sacrifício. Devemos afiar nosso intelecto como Lakshman para discernir o eterno do transitório. Devemos despertar nosso Hanuman interior e direcionar nosso prana para saltar além de nossas limitações externas. Devemos superar nossa própria Ravana interior, a ignorância intratável e os impulsos do ego dentro de nós. Então a verdadeira luz de Deepavali (Diwali) pode surgir dentro de nós e nunca se extinguir.
É hora de voltarmos para Ayodhya, que é passar de uma fixação externa no corpo físico para uma visão interior da vida como uma expansão sem fim da Consciência sem limites. Ayodhya é uma cidade divina de profunda sabedoria, profunda devoção e consciência de unidade. Ayodhya como a cidade do dharma é um ideal dentro do coração de todos que acolhe toda criatura e honra toda forma de aspiração sincera. Sri Rama como o avatar do dharma exemplifica que nosso verdadeiro dever é servir toda a vida, não apenas para satisfazer nossos desejos pessoais. Temos muito a aprender com esta maravilhosa história, mas devemos abordá-la com humildade e discernimento para que seus segredos transformacionais se desdobrem. Estes são revelados não quando a analisamos pela mente, mas quando percebemos no âmago de nosso ser, o coração espiritual (hridaya).
Jai Sri Ram! Jai Sita-Ram!
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Fonte:
FRAWLEY, David. Rama and Sita through a Yogic Vision. Vedanet, 2021. Disponível em: <https://www.vedanet.com/rama-
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Texto revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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