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Vampirismo e Licantropia

Vampiro vampirizado

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Projetar tentáculos em estado de vigília e drenar bioenergia a ponto de materializar-se como um fantasma durante uma viagem astral não planejada é o máximo que um vampiro inconsciente pode fazer sozinho, mas há quem sustente que muitos podem ser vítimas de entidades mais fortes, desencarnadas ou não. O exemplo clássico é do familiar vivo ou morto que atormenta outro, sugando-o. Até no livro dos Provérbios 30:15 consta a frase עברא הנעבשת אל הנה שולש בה בה dizendo que Aluwqah, a mulher sanguessuga, tem duas filhas chamadas Yahab (verbo pedir). Outro ditado mais em voga diz que ‘filho de peixe peixinho é’. Como precisa ‘comer por dois’ o poder do vampiro vampirizado é amplificado. Dion Fortune – fundadora da Societh of the Inner Light – afirma que conheceu um único caso de “genuíno vampirismo”. Duas mulheres residentes num apartamento sentiram-se incomodadas com uma determinada porta que se abria toda tarde, no mesmo horário. Chamaram o serralheiro para verificar o que havia de errado e chegaram ao extremo de interditar a porta rebelde, mas ela continuava abrindo sozinha na hora exata; sempre um pouco depois que os cães das redondezas iniciavam uma furiosa gritaria de latidos e uivos. Como último recurso, chamaram o mago exorcista.

Esse fenômeno ocorreu uma tarde quando o adepto Z., estava presente, e ele declarou que uma desagradável entidade invisível havia entrado. Elas diminuíram as luzes e puderam ver um brilho opaco na direção que ele havia indicado, e quando puseram as mãos nesse brilho, sentiram a mesma sensação que experimentamos quando mergulhamos as mãos em água eletricamente carregada. Começou, então, uma vigorosa caça ao fantasma por todo o apartamento, e a presença foi finalmente encurralada e despachada no banheiro.

Claro que, em data anterior a 1930, duas mulheres solteiras tinham que jogar tudo que fosse igualmente estranho dentro do mesmo saco de gatos e não tardaram a mirar a atenção sobre um rapaz homossexual aceito como pensionista no apartamento. Na época ele estava em tratamento psiquiátrico por ser “um daqueles tipos degenerados, mas intelectuais e socialmente apresentáveis que com certa freqüência aparecem nas velhas famílias cujo sangue é azul demais para ser sadio”.

O rapaz, que chamaremos de D., tinha o hábito de cuidar de um primo que ficara inválido na França, sofrendo de neurose de guerra. Esse jovem era outro rebento de trono esgotado, e transpirou que ele havia sido apanhado em flagrante naquela desagradável perversão chamada necrofilia. Segundo a história contada pelos pais de D., esse vício não era incomum em certas seções de frente, pois havia também ataques a homens feridos. As autoridades tomavam medidas drásticas para acabar com isso. Devido à influência da família, o primo de D. pôde escapar ao encerramento numa prisão militar, tendo sido entregue aos cuidados da família como um caso mental, e ela o confiou a um enfermeiro. Foi quando o enfermeiro estava em licença que o infeliz D. foi erradamente empregado para cuidar dele. Soube-se também que as relações entre D. e o primo eram de natureza viciosa, e que numa ocasião ele mordeu o pescoço do menino, bem abaixo da orelha, sugando-lhe realmente o sangue. D. sempre tivera a impressão de que algum “fantasma” o atacava durante as crises, mas não ousava falar sobre isso por medo que o tomassem por louco.

É difícil dizer qual possa ter sido a porcentagem exata de contaminação neurótica, vício e ataque psíquico nesse caso, e também não é fácil decidir qual foi a causa predisponente que abriu a porta a toda a perturbação, mas uma coisa ficou clara para todos os observadores, ou seja, que com a expulsão do visitante psíquico, não apenas o estado de D. melhorou imediatamente, mas após uma curta e aguda recaída o primo também se curou. O método de expulsão utilizado pelo adepto, Z., consistiu em prender a entidade dentro de um círculo mágico, para que ela não pudesse escapar, e então absorvê-la em si próprio por meio da compaixão. Quando completou a operação, Z. caiu para trás, inconsciente.

Colin Wilson concorda que “para os céticos, o caso soa totalmente absurdo”, mas “tem lá sua própria lógica”. Não há consenso entre autores sobre a quem pertence o duplo fluorescente do vampiro que foi sugado (se é a projeção do primo de D. ou uma espécie de super obssessor). Dion Fortune inspirou-se na experiência de seu “primeiro mestre”  para fazer disto o assunto de uma pequena história publicada no Royal Magazine, subseqüentemente inclusa numa compilação The Secrets of Doctor Taverner. Ela retornou o tema do vampirismo em sua primeira novela, Demon Lover, cujo herói transforma-se num vampiro.

Shirlei Massapust


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