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Vampirismo e Licantropia

O Vampiro Inconsciente

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O caso mais citado pelos fãs do livro A Profecia Celestina era a passagem onde Jensen de convence James a desistir de sua busca pelos manuscritos do templo celestino no intuito de monopolizar os lucros advindos desta descoberta arqueológica fictícia. O drama de controle de Jensen foi classificado como “uma das muitas estratégias que as pessoas usam para tapear os outros e tomar a energia”. A saber, o sugador inconsciente crê estar no direito de controlar a situação, tendo aprendido a dominar seguindo uma determinada estratégia. Primeiro finge ser amigo, descobre algo errado na vida de seu alvo e usa essa informação para abalar-lhe sutilmente a confiança em si mesmo. O pólo passivo perde a capacidade de pensar e o falso aliado controla o interlocutor como uma marionete, caracterizando um tipo de violência física que “ocorre o tempo todo em toda a cultura humana, muitas vezes cometida por pessoas, fora isso, bem-intencionadas”.[52] Nesta ocasião um clarividente pode ver “a energia do perdedor fluindo para a do vencedor, deixando o derrotado se sentindo esgotado, fraco e meio confuso”.[53] Já enquanto dois indivíduos trocam xingamentos o vidente treinado para ver auras observa um cabo de guerra energético onde ninguém sai vencedor. – Essa idéia não é isolada nem original.

Luis Pellegrini cita o livro O Destino Criativo do Homem, da já falecida psiquiatra inglesa Shafika Karagulla que era também estudiosa de parapsicologia e, segundo alegava, clarividente. Tinha a capacidade natural de “ver” os campos energéticos sutis – a aura – produzidos pelos seres humanos e por todas as criaturas vivas. Num dos capítulos, ela narra uma situação terrível que testemunhou com o uso da sua visão paranormal. Ela estava numa festa, sentada numa poltrona. No sofá bem em frente, havia um casal. O homem, um tipo até bem-apessoado, falava sem parar de si mesmo, exibindo-se como um pavão de cauda aberta. A mulher colocara-se na posição de receptora passiva, fitando o sujeito com olhar lânguido, totalmente entregue ao seu palavrório. De repente, tentáculos de energia luminosa saíram da região do umbigo do homem – do seu plexo solar – e se lançaram em direção à mesma região da mulher. Fixaram-se ali, e Shafika Karagulla pôde perceber claramente o que acontecia: por aqueles canais sutis a energia da mulher começou a ser drenada em direção ao interlocutor. Até que a pobre, no início dona de uma aura luminosa e brilhante, ficou reduzida a um trapo energético. Sua aura tomou-se débil e opaca, olheiras escuras tinham se formado em seu rosto, e sua expressão agora era a de uma pessoa bem mais idosa e cansada. Mas o homem parecia um sol radiante. Bem-disposto e feliz, despediu-se da vítima, levantou-se e foi gastar com outros participantes da festa toda a vitalidade que roubara. – Às vezes os sensitivos alegam esbarrar com espíritos de vampiros ou agressores em geral projetados no ar, bem longe de seus corpos ou pretensos hospedeiros. Segundo o médico alquimista Philippus Teophrastus (1493-1541), mais conhecido pelo codinome Paracelso, a vontade pode criar o enti spirituali capaz de atuar nos sonhos das pessoas de forma que “a mão consegue ferir o homem mesmo sem tocá-lo, e a boca realiza o que quer por meio da palavra”.

Em tais casos a influência da vontade pode ser transmitida através dos sonhos, de acordo com o seguinte mecanismo: enquanto duas pessoas dormem, os sonhos de uma completam os da outra, sendo assim possível ao espírito de uma conduzir os sonhos da outra, causando-lhe ferimentos ainda que ambas estejam inconscientes.

Paracelso defendeu a possibilidade de forçar a ocorrência destes pesadelos especiais dando passes ou praguejando sobre o adormecido porque “os sonhos de dois homens de vontade forte podem se complementar se for possível colocá-los em contato enquanto dormem, seja pela imposição das mãos do médium ou através da palavra. Pois, na verdade, o que o espírito produz em tais circunstâncias não é sonho”. Entretanto, relatos que se estendem até a era da computação testificam que tamanha proximidade entre os corpos de agressor e ofendido não é necessária. Em dezembro de 1993, um músico amigo convidou Konstantinos à festa de aniversário de sua mãe. Lá ele encontrou uma mulher baixa, de cabelo escuro, com cerca de cinqüenta anos, que “ostentava uma expressão acentuadamente amarga”. A alguém informou que ela “estava a morrer de cancro”.

Depois de cerca de uma hora, comecei a sentir-me cansado e sentei-me. Tinha tido um dia muito longo e, quando me sentei, tive a sensação de que entrava num estado de consciência levemente alterado como resultado da minha leve fadiga. Quando olhei em volta do, aparentemente, ainda mais cheio salão, notei que M. ainda não se havia movido do seu sofá. No entanto, por qualquer razão desconhecida, toda a gente se havia afastado dessa parte do salão.

Achei isto estranho e, no meu estado descontraído de leve aborrecimento, deixei que o meu olhar caísse sobre ela. O que vi chocou-me deveras, em grande parte por ser tão inesperado. A senhora parecia-se de certo modo com uma aranha humana! Soube que aquilo que estava a ver não era físico, mas uma visão astral como resultado do meu estado alterado. Depois de o choque inicial se ter desvanecido e de ter visto que ninguém estava a olhar para mim, deixei que o meu olhar se fixasse nela mais uma vez. Mais uma vez tive a mesma visão horrível.

Encontrava-se rodeada de uma aura púrpura escuro que emanava atingindo uma distância de cerca de sessenta centímetros do corpo. Para as extremidades, a aura parecia escurecer, tomando-se quase negra, embora a área escurecida não me impedisse de ver através dela na direção da área púrpura. Da parte escura da aura sobressaíam tentáculos negros e finos que se moviam na direção dos convidados da festa. Observei, por um período que não excedeu os quinze ou vinte segundos, quando ela se voltou e olhou para mim. Sem ter a certeza daquilo que poderia fazer limitei-me a sorrir para ela. Ela devolveu-me o sorriso. Enquanto via os tentáculos continuarem a ondular, convenci-me de que ela não tinha a menor idéia do que estava a fazer naquele momento. Devo ter parecido confuso porque ouvi o meu amigo chamar-me repetidamente, perguntando-me o que eu tinha.

O observador entediado concluiu que a velha era um “vampiro psíquico não intencional” e começou a investigar outras possíveis evidências. Descobriu que na noite anterior à festa a mãe do seu amigo havia tido aquilo que ela considerou como “um pesadelo horrível estando acordada”.

Nas primeiras horas da manhã (não tinha uma certeza, lembrando-se apenas de que ainda estava escuro), B. acordou descobrindo que não se podia mexer… De acordo com o que B. me contou, sentia a cabeça “inchar e latejar devido a qualquer tipo de vibração estranha” e sentia uma impressão no peito como se alguém “fizesse pressão para baixo na coberta”.

Continuou dizendo-me que havia ficado imóvel durante alguns segundos, coberta de suor e aterrorizada. Foi então que, de repente, teve consciência de um som que se assemelhava ao som grave do vento. Julgando que era o seu marido que se levantava, tentou chamá-lo, mas não lhe saiu qualquer som da boca, e o seu marido não se havia mexido. Dentro de alguns segundos o som de vento aumentou e começou a notar uma luz púrpura ondulando sobre ela.

Eu estava extremamente interessado com esta referência da cor púrpura, sentindo que aquilo que tinha experimentado no andar de cima poderia estar relacionado com a experiência que B. me estava a contar. No entanto, permaneci tranqüilo, para que ela continuasse.

A luz púrpura adquiriu uma forma que B. reconheceu imediatamente. Era uma serpente enrolada em cima do peito dela. Nessa altura, o seu terror era tão grande, contou-me ela, que conseguia ouvir o bater do coração e conseguia sentir a dor do grito que não se escapava. A pressão no peito aumentou por momentos e a serpente abriu a boca. No momento em que isto se deu, a sua cabeça desvaneceu-se e foi substituída por uma esfera negra. Nessa esfera, B. viu nitidamente o rosto de M. Não havia qualquer expressão no rosto fantasmagórico e os seus olhos encontravam-se fechados.

Alguns segundos mais tarde, toda a visão se desvaneceu, fazendo com que também desaparecessem a pressão e o som que B. havia experimentado. O sentimento de terror imediato passou igualmente, mas B. disse que ainda se sentia aterrada quando pensava nisso. Ver M. na festa, fez-lhe regressar o seu medo e, por qualquer razão, não era capaz de afastar “aquilo que deve ter sido um sonho” e de passar algum tempo com a mulher moribunda, como sempre fazia. Na festa, tinha o sentimento de que alguma coisa não estava certa a respeito de M., pelo menos ultimamente.

Oito dias depois B. contou-lhe que acordou à noite sentindo uma presença no quarto, mas dessa vez não sentiu qualquer terror, ou a pressão na cabeça e no peito. Pensou que tinha ouvido um som “elétrico” vindo de um dos cantos do quarto. Verificando que se podia mover, sentou-se e olhou nessa direção. Viu uma luz púrpura muito leve, desta vez decomposta em minúsculas partículas flutuantes. A imagem durou alguns segundos, desvanecendo-se junto ao som.

Shirlei Massapust


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