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Um texto do século VIII, o Liber Monstrorum (O Livro dos Monstros), descreve uma estranha raça de pessoas vivendo às margens do mundo civilizado que se refastelavam em carne humana. Este texto possivelmente está citando Plini, que anos antes descreveu uma raça chamada de Cynocephali, ou povo “Cabeça-de-Cachorro”.
As pessoas daquela época acreditavam que tanto as pessoas como os animais eram compostos de essências vitais. Em algum grau essas essências eram compatíveis uma com a outra e isso fazia com que um pesado fardo e grande responsabilidade fossem assumidos por cada indivíduo para prevenir monstros, tais como os Cynocephali tanto num aspecto moral quanto religiosos. Durante a idade média mitos sobre monstros criados pela união entre homens e feras de matneiras anti-naturais eram muito populares. Hoje podemos apenas especular se esses relatos eram apenas resultados de uma imaginação fértil para alimentar a curiosidade para o exótico e uma fascinação pelo grotesco, similar à nossa atração moderna por filmes de horror e casas assombradas.
Da mitologia clássica as pessoas da idade média herdaram uma horda de humanos animais e animais humanos que eram o amálgama de humanos, animais e divindades. Essas criaturas eram a antítese dos humanos, geralmente cobertas de pêlos, mantendo uma dieta feral consistindo basicamente de alimentos crus, que não possuíam a capacidade da fala e apenas se utilizavam de objetos primitivos. Essas criaturas eram geralmente chamadas de “Povo Selvagem” e as pessoas da época tinham problemas classificando-as como pessoas ou animais.
Um exemplo foi Grendel em Beowulf que foi descrito como sendo descendente de Cain (e portanto humano) mas possuidor de qualidades animais, tais como força extraordinária, um gosto por carne humana e antipatia para com os humanos (os quais ele considerava serem sua caça). Não é difícil ver uma possível ligação entre esses “homens selvagens” e o crescimento do mito do lobisomem.
Qualidades bestiais não eram apenas características passadas de pai para filho. Elas poderiam também ser induzidas. Em 1880 o Dr. MacGowan – supostamente um repórter confiável e objetivo, afirmou ter testemunhado uma série de operações na China onde peles de cachorros e ursos eram implantadas nos corpos de crianças. O processo era gradual e extremamente doloroso, geralmente enlouquecendo a vítima, o que era um bônus, já que dava uma aparência selvagem e perigosa ao paciente. Foi afirmado que as cordas vocais das crianças era partidas para que ela só pudesse ser capaz de emitir latidos e rugidos guturais da criatura que ele ou ela eram criadas para se assemelhar, assim como suas juntas eram quebradas para forçar os “animais” a andar de quatro.
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