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Por Kenneth Grant, O Lado Noturno do Éden.
O DÉCIMO-SEXTO Caminho transmite a influência do Hierofante, e seu túnel é guardado pelo demônio Uriens que é evocado ao se vibrar seu nome na clave de ‘C’ agudo. O nome deve ser rugido ou, mais apropriadamente, berrado. O sigilo deve ser inscrito em linhas de chamas567 sobre um triângulo marrom. Ele apresenta uma figura de sete braços; os quatro braços superiores terminam em yods; os três inferiores, em cruzes. A figura de sete braços é um glifo da Árvore da Vida568. Ela é relevante aos mundos abaixo do abismo. O sete também se refere à Luz no Céu original representada pelas estrelas da Ursa Maior (vide seção anterior). Esta interpretação é confirmada pelo fato de que 395 – o número de Uriens – é também aquele de HshMIM, os ‘céus’. Os sete braços, os quatro yods, as três cruzes, somam um total de 59 no todo (7 + 40 + 12) e este número fornece uma abundância de indícios relevantes ao significado do sigilo.
De acordo com a Kabbalah Denudata,569 59 é AchIM, significando ‘irmãos’; ele se refere particularmente a Samael que está situado no meio das Qliphoth Zodiacais acompanhado de sua shakti, a Anciã Lilith. Ela guarda o Quadrante Sudeste e seus companheiros são a Serpente e o Homem. A serpente é um glifo da menstruação e 59, como NDH, significa precisamente isto. Esta deriva da palavra egípcia neti, significando ‘ser’, ‘existência’, ‘negativo’, ‘espuma’, ‘o sinal da hemorragia’, ‘fonte feminina’. Este número explica portanto o porquê os Adimiron (Os Sangrentos) são as qliphoth atribuídas ao Túnel de Uriens. Na lista de Primos570, Crowley descreve 59 como ‘A Yoni chamando pelo Lingam, como ovum, menstruum, ou alkali’. Além do mais, e para endossar a interpretação, a palavra ZNB (59) significa ‘cauda’ ou ‘extremidades’.
O nome Uriens sugere Oriens que, como Atlas, apoiava o universo sobre seus ombros. A ideia de apoiar ou carregar surge através do simbolismo geral associado a este kala que investe o Adepto com o siddhi mágico da força física.
O instrumento mágico atribuído ao 16o Caminho é o Assento, Trono, ou Altar, que são curiosamente símbolos femininos para um kala associado com o Hierofante571 até que seja lembrado que, no Novo Aeon, o ‘Senhor iniciador’ (i.e., o hierofante) é o deus Set572, que é idêntico à sua Mãe, Tífon, e portanto a continuação – como fora demonstrado – de seu [dela] kala, 15. Ela é de fato a Deusa 15, um nome dado à Mulher Realizada cujo símbolo, a lua cheia, ocorria no 15º dia. O 16º kala era portanto seu filho, i.e. Set, e Set-Tífon sob uma única imagem foi tipificado pela Estrela Cão, Sothis. Segundo Wilkinson573, Set-Tífon era conhecido como ‘O Gigante’ e este simbolismo o compara com os primevos(?) Nephilim.574
O nome do assento em egípcio é Hes, ou Isis. O trono comporta o Deus, como a mulher comporta o filho, como o altar apoia o sacerdote. A parte do corpo associada como 16º kala é o ombro, um eufemismo para aquilo que suporta ou apoia o mundo, i.e., a Mãe. Portanto a associação com Atlas (Oriens) que apoia o mundo em seus ombros.
Uriens, ou Oriens, como o nome implica, é também atribuível ao Oriente, o lugar do sol nascente ou poder solar-fálico. Este fenômeno, tanto em seu aspecto cósmico (celestial) como em seu aspecto microcósmico (biológico) jaz por trás do nome da Ordo Templi Orientis, O.T.O., que sendo interpretado significa a Ordem do Templo do Falo Exaltado ou Ereto.
O verso do CCXXXI relativo a este Caminho declara:
Também é a Estrela de Chama (i.e., o Falo) exaltada, trazendo bênção ao Universo.
Uma olhada nas colunas do Liber 777 mostra que Uriens é atribuído ao décimo primeiro kala que é regido pelo ar e cujo túnel é presidido por Satan, Príncipe dos Poderes do Ar.
O número correspondente à dimensão astral deste kala é 45, o número de ADM (Homem). Ele é uma das entidades que acompanham Lilith nos espaços entre os pontos cardeais sul e leste das qliphoth zodiacais, no centro do que está o ‘maligno’ anjo Samael. 575 Por entre as dimensões invertidas destes espaços situa-se o Trono de Samael. Perante este fica o altar sobre o qual está estendida a Lilith noturna, Mãe dos Abortos.576 O conceito está explícito no número de Uriens, pois 395 é MShKLH Abortiens. Além do mais, o reflexo do Hierofante é refratado dentro das profundezas do Abismo na forma de Set ou Pan (Samael), o demônio ou duplo sendo a imagem ‘oposta’.577 Igualmente, este conceito está explícito no número de Uriens, pois 395 é MShNH, significando ‘dobrado’, ‘duplo’. Isto deriva do egípcio shen, ‘dois’, ‘duplo círculo’, e ‘o outro’, o ‘alter ego’. Assim os Céus (HShMIM = 395) são refletidos nos infernos, e o Hierofante ou Magus do Eterno578 se torna o Juiz dos ‘mortos’,579 cujo símbolo é o chacal, o uivador nas habitações dos mortos, e ‘o comedor de esterco no dia do Esteja Conosco (Juízo Final_?)’.580 Ao término deste abominável repasto os Adimiron (Os Sangrentos) fervilham através dos locais desolados do vazio deixando o ‘rico suco marrom’581 da aniquilação em seu rastro.
Outros habitantes da cela de Uriens são as górgonas e os minotauros que são ligados ao sol-filho simbólico de Touro e o Hierofante, e com a força mágica que transforma em pedra.582 O minotauro era a criação monstruosa de Parsiphae, filha do Sol, que copulou com um touro sagrado. Em O Renascer da Magia eu dei a descrição de Crowley sobre o rito associado à procriação do Minotauro. Quando ele era pego, era aprisionado num labirinto dentro do qual jovens e donzelas eram introduzidas para propósitos sacrificiais. Elas vagavam até as profundezas do labirinto e eram devoradas pela besta. A Górgona com cabelos de serpente é uma forma de Lilith; ela é rodeada com serpentes e seus olhos brilhantes transformam em pedra todos os que fitam seu olhar.
Outro animal associado à este caminho é o hipopótamo, uma imagem primordial de Tífon. No culto africano a deusa Ife tipifica o 16º kala e ela é representada pela vulva aberta de Iyemoja, a fonte do universo manifesto sustentado sobre os ombros de Atlas ((Oriens/Uriens). O hipopótamo, ou vaca da água, é o grande portador nas águas, o equivalente de Taurus, o Touro da Terra, em terra seca, então a conexão com a deusa (Vênus rege Touro) e as águas do abismo. Iyemoja significa literalmente ‘Mãe dos Peixes’, o que mostra a natureza especificamente sexual de sua função.
567 i.e., em linhas em forma de chamas coloridas.
568 As três sephiroth superiores (As Supernas) não são sempre incluídas em diagramas da Árvore.
569 Traduzido por S. Liddell MacGregor Mathers (Kabbalah Desvelada).
570 Em 777 Revisado, página xxv.
571 O título do Trunfo do Taro atribuído ao 16º Caminho.
572 Este fato vitalmente importante foi salientado por Frater Achad. Vide Cultos da Sombra capítulo 8, nota 32.
573 Os Antigos Egípcios.
574 Vide Parte I, capítulo 7, e outras partes.
575 O número de Samael é 131, que é o número de Pan e de Mako, o filho de Tífon.
576 Outra referência aos Nephilim; vide nota 8 supra.
577 Satan significa o ‘opositor’.
578 Um título alternativo do trunfo do taro conhecido como O Hierofante.
579 ShVPT, ‘juiz’ = 359.
580 Vide Liber Cheth vel Vallum Abiegni (Magick, p.494). No presente contexto, o refugo excremental dos abortos de Lilith.
581 Esta é a cor atribuída ao Caminho 16.
582 O nome Set significa ‘uma pedra erguida’; e Isis significa literalmente ‘o Assento de Pedra.’
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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