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Marcelo Ramos Motta
Na época em que Aleister Crowley foi chamado de “pior homem do mundo” pela imprensa marrom de seu país, e por publicações católicas romanas em latim, havia em Londres um livreiro a quem ele muito estimava pela sua honestidade e devoção à literatura especializada do ocultismo, a quem encomendava livros raros, e cuja loja visitava regularmente. Numa dessas ocasiões, o livreiro queixou-se, brincando mais meio sério, de que apesar da reputação de Crowley como “feiticeiro” e “mago negro”, ele nunca vira o Magista praticar nenhum portento.
Crowley Ponderou. –Em atenção a sua pessoa, vou fazer algo que raramente faço. Feche os olhos.
O livreiro fechou seus olhos alegremente.
-Abra-os – disse Crowley.
O livreiro abriu os olhos. Suas estantes, poucos segundos antes abarrotadas de primeiras edições preciosas e caríssimas, estavam completamente vazias.
Imagine-se a ansiedade do proprietário! Mas após um momento Crowley disse-lhes que fechasse os olhos novamente, e quando os reabriu seu estoque tinha voltado ao normal. O livreiro jamais quis saber de exigir outras façanhas do Magista.[1]
Em outra ocasião, Crowley foi convidado a uma reunião social por uma anfritiã londrina que gostava de colecionar intelectuais entre seus hóspedes. Era noite de inverno, e a lareira estava apagada. Em tom de pilhéria, os “intelectuais” presentes sugeriam a Crowley que usasse seus poderes mágickos para atear fogo na lareira.
-Ó, pois não – disse o Magista.
Ele fez um gesto e pronunciou uma palavra: a lenha na lareira imediatamente explodiu em chamas.
Não se falou mais em Magick naquela noite.
Estes milagrezinhos eram bastante raros, e sem dúvida medíocres se comparados com os absurdos fenômenos atribuídos a Crowley por gente sem consciência e sem escrúpulos; o que há de importante é que tais fatos nunca foram negados pelo autor.
Nada há de fantásticos em tais fenômenos; não são “maiores” nem “menores” do que os atribuídos a diversos taumaturgos através dos tempos, entre outros, o lendário “Jesus” dos crististas. Mas verdadeiros iniciados raramente executam façanhas que pareçam contrariar as leis naturais, e detestam “milagres” do tipo que produz alucinações coletiva: primeiro, porque fenômenos não são provas da probidade de seus autores, nem da validade de suas doutrinas; segundo, porque quaisquer “milagres” representam um desperdício de energia que pode ser mais eficiente aplicada em outros projetos, como a evolução espiritual da espécie humana.
Nosso caso chega a ser embaraçoso: aspirantes vem a nossa presença com os olhos suplicantes, e notamos que esperam de nós, pelo menos a tradicional auréola; aspiram a ressurreição dos mortos, e ficam bastante aborrecidos quando percebem que não estamos dispostos a fazer o teatro dos ilusionistas, a verborréia dos charlatões, ou a desonestidade dos políticos.
Nunca ambicionamos os poderes tradicionais de Patanjali: a única faculdade que nos foi permitida é aquela de ajudar as pessoas que assim desejarem na busca e descoberta de suas Verdadeiras Vontades. Não podemos fazer mais que orientar e aconselhar. Nessa procura, cada aspirante tem que dar o primeiro passo.
Não nos surpreende que a maioria dos nossos pretensos discípulos nos abandone a meio caminho, assim que percebem, que não estamos dispostos a nos sacrificar por eles, esperamos pacientemente, que eles se disponham a trabalhar por si, e pala Ordem.
Mas nosso caso à parte: Crowley certamente possuía poderes mágickos; mas como todo real e verdadeiro Mestre, raramente os usava, e se abstinha de misturar os planos.
Fenômenos realizados por iniciados podem ser executados de duas maneiras principais: ou através de projeção telepática por parte de uma mente treinada, ou através de entidades dos planos sutis que, por um motivo ou outro, estão dispostas a obedecer ao Magista.
No caso da livraria, Crowley pode ter imaginado as estantes vazias, e projetado esta visualização no celebro do seu amigo, produzindo uma alucinação momentânea, análoga àquela produzida por uma sugestão hipnótica, ou pode ter chamado um dos seus elementares a que estimulasse diretamente no celebro do livreiro a falsa percepção.
No caso da lenha que pegou fogo sozinha, foi um fenômeno de telecinésia. Certos iniciados tem facilidade para a produção de algum tipo particular de fenômeno elemental. Crowley simplesmente demonstrou sua afinidade com o elemento fogo. Há casos que nem é necessário sermos um iniciado para termos capacidade de produzir este tipo de fenômeno. As manifestações do tipo chamado “poltergeist” são invariavelmente ativadas pela aproxiMaçom de adolescentes sexualmente frustrados ou de histéricos.
Mesmo quando fenômenos mágickos são legítimos, raramente são eficientes: o autor da Magick Sagrada de Abramelin, por exemplo, se gaba de ter ressuscitado um morto e animado o cadáver com um demônio apenas para garantir a sucessão dinástica de uma família nobre da Alemanha medieval; mas o sucessor do morto perdeu, em poucos anos, por pura incompetência, a herança que lhe fora tão carinhosamente, e milagrosamente, garantida pelo Magista.
Ele se gaba, também, de ter levantado dois mil soldados ilusórios (Isto é, entidades demoníacas materializadas sob aspectos humanos) para auxiliar um amigo nobre, numa batalha em que este, de outra forma, teria sofrido inferioridade numérica; e a história da época comprova, efetivamente, que uma quantidade de soldados inesperados e desconhecidos vieram reforçar as fileiras daquele aristocrata; mas, se bem que o protegido do Magista tenha ganhado a batalha, ele terminou por perder a guerra.
Em época mais recente, o assim-chamado “Mestre Philippe” um iniciado francês que chegou ao grau de Adepto, mas que enveredou por uma linha inecológica de ação mágicka, protegeu com seus poderes a família imperial dos Romanov, a quem devia favores, e profetizou-lhes que enquanto ele fosse vivo nada teriam a temer dos bolcheviques; mas à morte do Magista, a família dos Czares foi totalmente dizimada, e a Rússia ingressou no exagero que é o comunismo.
O Carma, ou a Lei de Compensação, é infalível. Sábios são aqueles iniciados que a levam sempre em conta em seu trabalho! O Universo está entretecido em um continuum; não há ação sem reação possível. Como diz o Clássico de Pureza:
Ah! Contato com tudo,
Plástico toque, e exato,
De tudo o manto, livre no entanto,
Fora de cada Ato!
Quem tiver isto, chega
Pouco a pouco, um suspiro,
Ao ancestral Mistério do Tao
E some em seu Retiro.
Homens o chamam Mestre:
Mas ele manda em quem?
Raiz-Motivo de tudo vivo,
Ele não manda em ninguém!
Lai Kung[2] o Mestre disse:
O Adepto que é perito
Nunca tem meta, enquanto o pateta
Sempre persegue um fito.
Quem mais possui o Teh
Oculta em seu poder.
Quem tem o exibe, porém:
Tem sempre algo a fazer.
Quem exibe Poderes,
Quem qual tesouro os vê,
Gente é sem arte, sem sequer parte
De Tao, e até de Teh.
A utilização de entidades demoníacas é sempre perigosa para o equilíbrio ecológico entre os planos. Estas entidades exacerbam e fortificam os movimentos egóicos. É possível que Crowley tenha utilizado tais entidades na livraria de John Watkins; se assim os fez, ele escolheu cuidadosamente o tipo de fenômeno a ser produzido, com duas finalidades:
1) Satisfazer o ingênuo desejo de seu conhecido.
2) Desencorajá-lo de fazer novas repetições, com a possibilidade de um enorme prejuízo financeiro.
Mesmo que Crowley não tenham utilizado entidades demoníacas em sua produção, ele teria a mesma precaução; pois como o ser humano existe em todos os planos, este partilha da substância desses planos; sendo perigoso perturbar o relacionamento normal entre eles. Isto ocorre toda vez que um “milagre” é produzido.
Em dezembro de 1929 e.v. uma respeitadíssima revista inglesa, The Occult Review, publicou uma carta ao editor, assinada H. Campbell, no seguinte teor:
“Desejando certa inforMaçom que eu não podia obter de nenhuma maneira usual, recorri ao Sistema de Abramelin, e para isto preparei uma cópia do talismã apropriado, aperfeiçoando-a com minha melhor habilidade e de acordo com o meu parco conhecimento e experiência.[3] Após executar o ritual, eu passei ao processo de limpar o meu local de trabalho astralmente. A prática baseada em pouco conhecimento é sempre perigosa: meu ritual era imperfeito,[4] e tudo que consegui foi inutilizar o talismã, sem em nada impedir das atividades da entidade invocada. Isto foi um grosseiro descuido de minha parte, e até certo ponto assim é; mas o que desejo tornar claro é que meu conhecimento neste particular sistema, e portanto meu ritual eram imperfeitos. De qualquer maneira, não me havia sido demonstrado nenhum método de combater essa particular entidade, uma vez provocada.[5]
Infelizmente não sei ao certo em, data os fenômenos começara, mas o primeiro indício que havia um problema deve ter aparecido por volta de 3 de março de 1927. Posso calcular a data porque, como pude vilificar posteriormente, as manifestações eram sempre mais fortes por volta da lua nova, e após eu ter ido para a cama dormir. Nessa ocasião eu me lembro de ter despertado subitamente, com um vago sentimento de horror me oprimindo. Não se tratava do horror que acompanhava o pesadelo: era como se fosse uma emoção que estava sendo provocada em mim por alguma fonte externa e, a qual podia ser repelida por um esforço de vontade. Isso passou quase que no momento em que me levantei, e não pensei mais no assunto.
Novamente dia 2 de abril, ou aproximadamente, na Lua Nova seguinte, eu fui acometido pela mesma sensação; mas considerei não mais que um severo pesadelo, embora o fato de que meu sono estava sendo perturbado perto da lua nova me tivesse ocorrido. Ao aproximar-se a lua cheia, as noites eram novamente pacíficas.
A lua nova de 1 de maio trouxe uma repetição do problema. Desta vez a sensação de horror foi muito mais forte, e necessitou um esforço de vontade quase intolerável para dissipá-la. Também, foi por volta desta ocasião que eu vi pela primeira vez a entidade que estava rapidamente me obcecando. Não era propriamente feia de aspecto: seus olhos estavam fechados, e era barbada, com longos cabelos em sua volta. Pareceu-me com uma força cega pouco a pouco despertando-se para atividade.[6]
Agora, há três pontos que devo tornar bem claros antes de prosseguir este relato: em primeiro lugar nunca fui atacado duas vezes na mesma noite. Em segundo lugar quando falo de fenômenos físicos experimentados por mim, tais como vidros se espatifando, ou vozes, eles nunca foram fenômenos materiais, mas apenas alucinações, Isto me leva ao terceiro ponto: nenhum destes acidentes ocorreu enquanto estava dormindo. Sempre me senti acorar com o terror me envolvendo como uma nuvem, e lutando para dispersá-lo. Eu já tive pesadelos , mas nunca um pesadelo que já tive prendeu a minha mente durante minutos a fio, como fez esta coisa, nem me levou a pular de uma janela de mais de três metros de altura.
A primeira indicação que tive que essas visitas eram absolutamente fora do normal veio dia 30 de maio. Por volta da meia-noite eu fui subitamente acordado por uma voz gritando “Cuidado”! Imediatamente me tornei cônscio de uma serpente rubra coleando se enrodilhando, e se estendendo debaixo de minha cama, e esticando sua cabeça para fora ao longo do assoalho. Ela estava a ponto de me dar um bote quando pulei pela minha janela, e cai no jardim. Felizmente, meu único ferimento foi um braço machucado.
Depois disto houve paz absoluta até 30 de junho, quando o verdadeiro clímax veio. Eu vira a coisa novamente na noite da lua nova, e notara consideráveis mudanças em sua aparência. Especialmente, ela parecia muita mais ativa, e seus longos cabelos tinham se transformado em cabeças de serpentes. Na noite seguinte fui acordado por violento barulho, e pulei da cama. Vi então que o barulho fora causado por um grande obelisco vermelho que atravessara a parede ocidental do meu quarto e agora estava se apoiando contra a parede leste. Ele tinha arrebentado tanto esta parede quanto a janela, mas não tinha atingido a minha cama, a qual estava em um nicho para a esquerda da sua trajetória. Em seu trânsito o obelisco despedaçara todos os espelhos, e tanto o assoalho quanto o topo de minha cama estavam cobertos de estilhaços e farpas. Desta vez a alucinação deve ter durado alguns minutos: eu não me atrevia a mover-me por medo de me cortar, e para alcançar os fósforos – nos quais eu não sabia – estava a tábua de salvação[7] – eu teria que me estender por sobre a cama, e novamente arriscar a cortar-me em estilhaços. No íntimo eu sabia que tudo isso era falso, mas não tinha como me mover. Eu podia apenas ficar de pé ali, incapaz, olhando o quarto arrebentado, num estado de terror impotente.
E agora vem a parte mais, extraordinária de tudo isto. Quando eu finalmente dominei a obsessão e voltei à cama, completamente exausto, sei que o único som que fiz aquela noite foi ao pular do leito para o assoalho. Além disto, meu quarto fica pelo menos a cem metros de distância do resto da casa; no entanto, na manhã seguinte, na hora do café, minha família me perguntou por que houvera um ruído tão grande no meu quarto durante a noite.[8]
Depois disto, percebi que acabara a brincadeira. Eu não podia aturar essas ocorrências sem fazer nada; mas percebi que era impossível tentar controlar a força que eu pusera em movimento. Em desespero recorri a uma amiga, a qual, eu sabia, tinha muita experiência dessas coisas. Ela veio ao meu auxílio; daquele dia até hoje nunca mais experimentei coisa alguma desse tipo.[9]
Esse caso espero que sirva de lição aqueles que lerem esta confissão da minha asneira, para que tratem com o máximo cuidado todos os sistemas de Magick impressos em livros, e não ousem de forma alguma, a não ser que tenham o mais completo controle das entidades invocadas.”
Nem sempre “milagres” necessitam o uso de uma mente treinada projetando telepaticamente, ou a obediência de uma entidade de outra linha evolutiva. O Magista que trinou seu corpo astral, dispõe de poderes fora do normal, no sentido estatístico da palavra.
Em certa ocasião Allan Bennett ( conhecido na A\A\ como Iehi Aour) estava descendo uma rua londrina quando foi grosseiramente abordado por um indivíduo que lhe disse não acreditar em Magick e que desafiou o pacto místico a dar prova de que ela não existia. Bennett tocou no incrédulo com um dedo: ele caiu como se fulminado, e passou vários dias em coma.
Esta façanha não pode ser duplicada por qualquer um: ela indica um grande desenvolvimento do corpo astral, e alto controle deste. O Magista simplesmente golpeou seu interlocutor astralmente, e a desorganização produzida no corpo astral deste repercutiu no corpo físico. Não cremos nem por um instante que fosse a intenção de Bennett matar o grosseirão, pois ele poderia tê-lo feito se quisesse.
Ainda em outra ocasião, Crowley (que aprendeu os rudimentos de Magick e ioga com Bennett) estava em um ambiente vulgar, entre vários desconhecidos, com um gramofone tocando música barata a todo volume; exasperado, o Magista bradou:
-Abaixem essa coisa ou eu mato todo mundo aqui dentro!
O gramofone foi abaixado imediatamente.
Note-se que as pessoas presentes não conheciam a identidade de Crowley em suas consciências puramente humanas; mas o Magus representa a nossa espécie inteira, e em certos níveis do Buddhi Manas (Corpo Moral) ele é imediatamente reconhecido quando irradia naquele nível.[10]
Algum leitor poderá perguntar aqui o que teria acontecido se o gramofone não tivesse sido abaixado. Em nossa opinião, Crowley teria fulminado astralmente todas as pessoas presentes. Isto, sem dúvida, não é um gesto digno de um “Mestre” no sentido lacrimogêneo que os teosofistas de Bersasnt dão a palavra; mas o Mestre quando encarnado ele é uma pessoa como outra qualquer em sua base física, e tem seus momentos e impaciência e de cólera.
Um dos poucos incidentes do Novo Testamento que consideramos genuíno, e atribuível a algum verdadeiro místico judaico, é aquele que descreve o chicoteamento dos vendilhões do Templo. Uma verdadeira lição moral que nunca foi aproveitada pela Igreja romana; uma lição mais bem elevada que qualquer outra extraída dos ridículos “milagres”, ou da sado-masoquista “crucifixão”.
Nunca é demais repetir que o corpo astral realmente existe, e pode ser desenvolvido, sistemática e cuidadosamente, por qualquer pessoa. Infelizmente para apressados, seu desenvolvimento exige mais paciência e mais persistência que o desenvolvimento atlético do corpo físico, porque o corpo astral é uma aquisição recente em termo de milhares de anos de nossa espécie. Seu desenvolvimento ainda é tão raro que o código genético necessário para isto ainda não está automaticamente programado; ou se está, é apenas numa minoria de indivíduos em cada geração.
Os fenômenos astrais, são poucos conhecidos e cercados de lendas, exageros, boatos e mentiras. Mas eles existem. O que é ainda interessante, eles parecem centralizar as leis do continuo material em certas direções. Por exemplo: sabemos que no espaço físico dois corpos [11]não podem utilizar o mesmo lugar ao mesmo tempo; mas não ocorre no astral, onde interpretação “espacial” pode se processar no mesmo instante de tempo.
Outro fenômeno muito curioso é a defasagem temporal.
Em sua autobiografia, Crowley relata uma série de experimentos conduzidos com uma Irmã da Ordem, em que ele visitava astralmente, embora separados por milhares de quilômetros no espaço físico. Ambos registravam os detalhes dos incidentes de tais visitas, e foi possível constatar que as descrições coincidiam de maneira a eliminar qualquer possibilidade de imaginação ou sonho.
Pesquisadores de fenômenos ocultos devem antes de mais nada estudar os rudimentos da matemática e do método científico. Sabemos já que não somos a única espécie inteligente habitando o planeta: os cetáceos, entre outros, nos igualam em complexidade e amplitude de raciocínio, e recentes experiências com antropóides parecem indicar que eles são muito mais inteligentes que os nossos antepassados suspeitavam.
Devemos levar em conta, que a evolução de todas as espécies vivas está interligada; quanto mais aumentar em inteligência e percepção, mais outras aparecerão. O ditado anglo-saxão: “A beleza está no olho de quem a vê”, pode ser aplicado igualmente à inteligência. Não é verdade que as pessoas estúpidas percebam a inferioridade de sua inteligência; se assim fosse, teriam em si pelo menos a semente do progresso. Para o estúpido, todos são tão estúpidos, e até mais do que ele: pois ele não consegue perceber a motivação que impele intelectos melhores. Mas para a pessoa inteligente, a vida é uma descoberta contínua cujo interesse se expande e se amplia.
[1] Esta história foi contada pelo próprio livreiro Sr. John Watkins, homem respeitadíssimos no círculo de atividades.
[2] Lao-Tse. O autor do Clássico de Pureza, Ko Yuen, foi uma das encarnações de Aleister Crowley, que na época era discípulo do autor do Livro do Tao.
[3] H. Campbell era um Probacionista sob orientação de Dion Fortune. O Sistema de Abramelin só deve ser utilizado por pessoas que alcançaram o Grau de Adepto Menor da A\A\ ou outro sistema equivalente. Os talismãs são acionados por entidades demoníacas sobre os quais ninguém que não tenha alcançado o Conhecimento e Conversação do Sangrado Anjo Guardião – isto é, a harmonização total de suas faculdades – poderá obter controle.
[4] O ritual não era imperfeito; apenas, não era suficiente para banir o demônio encarregado de dinamizar o talismã. De qualquer forma, seria tolice da parte de H. Campbell banir a entidade que ele acabara de invocar para executar um certo trabalho! Ele pegara um tigre pela cauda….
[5] Note-se o ego do aspirante, e sua total incompreensão do que é legítima autoridade espiritual. O conhecimento que tinha do Sistema de Abramelin era tão perfeito quanto o ser o de um profano. O Sistema está aberto e claramente descrito. O ritual utilizado não era imperfeito: era o utilizador do ritual que não tinha desenvolvimento suficiente para manter sob controle a força invocada. A palavra “combater”, empregada em relação ao demônio que esta encarregado de dinamizar o talismã, é particularmente tola. A atitude que ela sugere eqüivale a chamarmos um especialista para executar um determinado trabalho, e então desejarmos que o trabalho se já realizado sem que o especialista se apresente!
Esta cegueira, infelizmente, e bastante comum em pessoas que se interessam por ocultismo: elas pensam que o trabalho mágico depende exclusivamente de “segredos”, e não percebem que a capacidade do Magista é mais importante que quaisquer rituais. Tentar mandar nos espíritos sem termos envergadura moral para tanto, ou sem estarmos sob fiscalização de alguém que a tenha, é completa tolice. H. Campbell resolvera utilizar o sistema de Abramelin sem o conhecimento nem o consentimento de sua instrutora, a qual sabia perfeitamente, que mesmo sendo Zeladora, nem ela estava em condições para utilizá-lo!
[6] Os leitores não devem julgar que esta visão representava realmente a “aparência” do demônio encarregado de dinamizar o talismã. O imprudente aprendiz de feiticeiro formara um contato mágico com uma entidade de certo plano, com a intenção de fazê-la trabalhar para ele; mas como não tinha suficiente maturidade psíquica para controlar a força evocada, a energia desta impingira-se sobre ele, em vez de sobre o talismã, e começara a ativar as energias harmônicas consigo dentro dos veículos do ser humano que a chamara. A visão foi uma formulação em termos inteligíveis do que estava acontecendo: uma parte das forças subconsciente (ou subterrâneas) do aspirante, até então entrelaçadas com outras nele mesmo apenas como receptoras-transmisoras, e portanto inócuas, esta se ativando de uma maneira anormal. O processo, se estiver sem controle central, é totalmente análogo à forMaçom de um câncer no organismo físico.
Como qualquer outra entidade, os demônios não tem uma forma particular no senso que nós seres humanos encarnados, concebemos a idéia de forma: Eles podem aparecer nas formas mais diversas, inclusive de “anjos de luz”.
[7] Note-se a situação psicológica: o aspirante sentia que se achasse um fósforo a ilusão se dissiparia (sinal de que associava, a idéia de escuridão com o mal) mas não se atrevia a se mover, com medo de se cortar em estilhaço de vidos que ele sabia ser total ilusão. É por isto que as práticas preliminares da A\A\ incluem cuidadoso treino nas técnicas de Ioga, que conferem controle da mente.
[8] Nada havia de extraordinário nisto, mas era um sintoma perigoso: significava que a obsessão estava começando a se transmitir telepaticamente às pessoas relacionadas com ele. É assim que os “milagres” começam e se alastram.
[9] A amiga que se referia era a Sra. Firth (Dion Fortune), a qual também não estava qualificada para usar o Sistema de Abramelin, e recorreu a George Cecil Jones em favor de seu aprendiz. O Adepto tomou sobre si a carga da força demoníaca que aquele discípulo havia ativado. A punição do imprudente consistiu em fazer essa confissão pública da sua estrepolia.
[10] Esta faculdade do Magus se estende mesmo aos seus representantes e discípulos. Em certa ocasião no antigo Largo da Carioca no Rio de Janeiro, entramos em conversa com um desconhecido sobre a situação política do país, pouco após a revolução de abril de 1964 e.v. De repente ele nos olhou com uma expressão inteiramente nova no rosto e disse-nos, rindo, Ah! Agora estou lhe reconhecendo! Referia-se, é claro, ao nosso grau iniciático e a nossa função no país.
[11] Existe uma relação entre os planos: a intensidade de energia física parece ser proporcional, dentro de certos limites, à energia astral, e vice versa; mas qualquer sistema de mensuração astral variará em relação aos fenômenos físicos. Em proporção, e de que maneira, só poderá ser estabelecido por futuros pesquisadores que apliquem os métodos da Ciência ao propósito da Religião.
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