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por Robson Bélli
Muitas das ideias pregadas por Crowley sobre o assunto provavelmente se originaram em parte dos dogmas ensinados por Eliphas Levi, pois seus livros sobre magia, que dão total ênfase no adepto em sua busca para encontrar sua legitima identidade mágica – seu “eu verdadeiro”, o qual Eliphas Levi se refere como a “Verdadeira Vontade”.
E para compreender isso devemos partir da seguinte afirmação: “A verdadeira vontade é a vontade inferior humana alinhada com a vontade do divino”, sendo está sempre benéfica ao meio e não egoísta e individualizada, realizar a verdadeira vontade acaba por ser sempre algo produtivo e de crescimento para si e para o social, e qualquer ideia que não esteja alinhada com isso, certamente não é a verdadeira vontade, não passando senão por desejos egóicos e ilusões criadas pela heresia da separatividade.
No livro dogma e ritual da alta magia encontramos a primeira seguinte afirmação:
“Uma emissão de inteligência e de vontade não pode ser estéril, sem que haja abuso ou profanação da sua dignidade original. E é por isso que o Salvador dos homens deve nos pedir uma conta severa, não só de todos os pensamentos desencaminhados, mas também, e principalmente, das palavras ociosas.”
Visto que é ensinado em “Faz o que tu queres”, e esta é certamente uma das leis de Thelema mais mal compreendida e utilizada para fins descabidos, escusos e desencaminhamentos de moral e alinhamento, quando na verdade este Faz o que tu queres, é em realidade e serve apenas para o adepto que tem já sua vontade inferior ligada a vontade do divino, e que, mesmo a este, que pode e deve realizar sua verdadeira vontade, é cobrado em termo de consequência pelos seus atos, Thelema não é uma doutrina de irresponsáveis.
E Eliphas e Aleister Crowley tinham plena ciência sobre essa responsabilidade, e Crowley acrescenta, “amor é a lei, amor sob vontade!”, e para aqueles que querem alegar que a palavra do pecado é a restrição, usando isso como desculpa frívola para justificar sua insensatez, esquecem que existem dois pilares na Kabbalah onde um é o da expansão e o outro da restrição, restringir a si mesmo por medo é sim um erro crasso, contudo restringir seus atos por compreender suas consequências negativas para si e para o seu meio é bom senso, senão sabedoria.
Outra citação valiosa do livro de Levi é:
“Quando uma vontade modifica o mundo, é um Verbo que fala, e todas as vozes se calam diante dele”
Eis uma poderosa verdade a respeito da expressão da verdadeira vontade quando aplicada corretamente ou seja quando aquele que entende o “Faz o que tu queres, amor é a lei, amor sob vontade!”, dedica-se a realizar sua grande obra, acaba então por modificar o mundo a sua volta, tornando-se uma espécie de Deus deste, assim como Jesus cita em João 10:34 “Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses?” e está escrito nos Salmos 82:6 “Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo.”.
Ainda em Dogma e ritual da alta magia podemos encontrar a seguinte critica ao sistema religioso hipócrita, e mesmo dentro dos místicos:
“Os místicos religiosos querem que se faça o bem unicamente para obedecer a Deus. Na ordem da verdadeira moral, será, sem dúvida, necessário fazer o bem pela vontade de Deus, mas também pelo próprio bem. O bem é, em Deus, o justo por excelência, que não limita, mas determina a sua liberdade”.
Entender que isso não é em termos religiosos hipócritas, limitar a si mesmo por leis religiosas, mas pelo alinhamento a vontade superior divina, e o bem de si mesmo, pois esta implícito que devemos pelo entendimento da vontade superior limitar a nos mesmos por inteligência e coerência, a fim de não dar vasão a desejos inferiores que nos conduzirão sem erro a nossa própria ruina.
E ainda outras afirmações sobre o “problema da era de Levi” se mostram ainda tão presente nos dias de hoje quanto em seus dias:
“Achar uma escala de proporção entre os efeitos, as vontades e as causas, para subir daí à causa e à vontade primeira.”
“Constituir a ciência das analogias entre as idéias e a sua fonte primitiva.”
“Tornar qualquer verdade religiosa tão certa e tão clara-mente demonstrada como a solução de um problema de geometria.”
Vemos através de tais afirmações que se Levi e Crowley tivessem coexistido então provavelmente estariam falando das mesmas coisas, e é muito claro a qualquer leitor de dogma e ritual da alta magia de Levi que ele postula igualmente a Crowley essa busca pela união com o sagrado, através de seus dogmas e doutrinas, cada um em conformidade com o espirito do seu tempo de sua maneira pessoal.
Há muitas outras referencias e afirmações nos livros do Levi, contudo a finalidade deste artigo é em suma incentivar aos novos e também aos já velhos Thelemitas a revisitar os livros de Levi, buscando entender que eles mesmo que um pouco pedantes a respeito da região do velho Aeon, trazem já uma ideia muito interessante sobre como encontrar e realizar sua verdadeira vontade!
93.93/93!
Robson Belli, é tarólogo, praticante das artes ocultas com larga experiência em magia enochiana e salomônica, colaborador fixo do projeto Morte Súbita, cohost do Bate-Papo Mayhem e autor de diversos livros sobre ocultismo prático.
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