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A Ordem Rosacruz resulta de uma Lei Cósmica e se manifesta com a missão de esclarecer as consciências, para que evoluam.
por Macarlo, OM (*)
A Ordem Rosacruz, não como instituição, mas como Lei Cósmica, sempre existiu, e antecede mesmo a própria Criação, como um dos pilares de sustentação da Ética Divina, a que ordena o caos, no exato duplo sentido: determina-o e depois dá forma e sentido à sua massa amorfa, hierarquizando os eventos que constituem a manifestação do Ser.
A Ordem Rosacruz Verdadeira, Eterna e Invisível é, pois, uma Lei, que os Adeptos podem colocar em ação de muitas formas. Uma delas é como Escola de Esclarecimento da Humanidade, para a consecução da evolução da consciência.
A Rosa Alquímica – ou seja: a consciência humana (e por extensão toda forma de consciência gerada na matéria pela infusão da Vida) – tem sede no cruzamento dos opostos – representados pela Cruz, símbolo da manifestação da Lei da Dualidade, que produz o movimento necessário para que a energia se promane como matéria.
Eis porque a Rosa+Cruz não é apenas um signo gerado na Cristandade, mas um atributo simbólico da Divindade. Esta, ao tirar a Criação do Nada, produzindo a Vida, emana Leis e Subleis em formação hierárquica, geometrizando. E eis a ordem no lugar do caos.
Intrincada teia de planos e compreensões, o bem de um sendo o mal de outro e vice-versa, tecendo o véu que cobre o mistério da Vida. Então, uma dessas Leis, a Rosacruz Eterna, cumpre sua finalidade no aparente emaranhado dessa densa tessitura de regências e postulados, sofismas e abstrações, tornando-a translúcida para o buscador sincero. Ele passa a ver.
Da compreensão vem a ação, sem a qual o místico seria apenas um intelectual. Assim, o faraó Akhenaton foi Rosacruz quando simplificou o modo de se olhar para a Divindade (1), visando à evolução. O politeísmo (que a seguir seria restabelecido por Tutankhamon) era usado pela casta sacerdotal egípcia para manipular o poder temporal, atribuindo causas religiosas a eventos e prescrevendo ou salvaguardas ou procedimentos corretivos (os quais, obviamente, eram sempre do interesse dos Sumo-Sacerdotes).
Na Idade Média, ante a opressão e a censura exercidas pela Inquisição, a Ordem Rosacruz se manifestou como instituição secreta, destinada a levar a Luz aos mais obscuros recônditos da atividade social. Seus membros estavam inclusive dentro da Igreja, e um deles, Dom Basilio Valentin (gravura à esquerda), da Ordem de São Bento, foi liberado do Ofício Divino (2) pelo Dom Abade para se dedicar a experimentos alquímicos, com os quais conseguiu curar vários irmãos enfermos no mosteiro. Dom Basílio escreveu o tratado “As Doze Chaves da Filosofia” (3).
Os vários Mestres que fundaram na Era Moderna Organizações Rosacruzes, como Max Heindel (Fraternidade Rosacruz), Spencer Lewis (AMORC) e Krumm-Heller (Fraternitas Rosicruciana Antiqua) deram seguimento à ação da Lei instituída para esclarecer a Humanidade, principalmente com o uso de três ferramentas: Instrução, Iniciação e Ação.
A Ordem Rosacruz é antes de tudo uma Escola de Luz, na qual os estudantes têm a oportunidade de se libertarem das trevas da ignorância e da superstição, com isso escapando ao jugo dos manipuladores de massas e opressores de todas as formas de expressão voltadas para o bem-estar geral, que se sublima, individualmente, na Paz Profunda, o estado almejado pelos Rosacruzes.
A Paz Profunda é o estado físico, mental e psíquico absolutamente harmônico, no qual a Lei da Dualidade já não pode se manifestar. Este estado – na verdade um Estado Crístico em potencial – configura o cerne das egrégoras (4) da Ordem Rosacruz e de outras organizações fraternais empenhadas na evolução consciente (Amor sob Vontade).
A evolução consiste na expansão gradativa do poder de compreensão da verdadeira (e oculta) natureza da Luz. A Luz não veio das trevas: é um atributo do ser, pairando acima do reino da dualidade, longe do bem e do mal.
Neste ponto é preciso esclarecer que comumente os profanos (5) associam a idéia de Deus ao Bem e, por consequência, a do Mal a um oposto, o Demônio, que se lhes afigura ser o inverso da Divindade. Esta, porém, está por trás da Criação, fora das Esferas, totalmente à parte dessa dualidade. Contudo, o estudo Rosacruz mostra que esse Deus dos profanos existe, sim, como criação mental do homem, como egrégora de povos, raças e nações, personificando as forças voltadas para a Luz. Já o Diabo, o causador de todos os males, na verdade existe como cerne da egrégora gerada nas Trevas Absolutas pelo conclave de todas as mentes malignas. Assim, cada criatura perversa, que se compraz, por exemplo, na imposição de sofrimento atroz a outro ser vivo, é um demônio vivente.
Todos os Mestres que tiveram existência física real neste Plano – como os santos da Igreja e da India -, e mesmo Avatares como Jesus e Siddartha Gauthama, tiveram de enfrentar as tentações do Trevoso, como os gnósticos chamam a personificação do Mal.
Este – a provação – é portanto um estágio que sempre se apresentará a todos na longa e penosa senda da evolução, pela qual uns caminham sem saber o que se passa e outros tantos passam sem saber sobre o que caminham. É justamente a estes que o Movimento Rosacruz se dirige, para que possam ver e compreender, para que venham a se tornar seus próprios mestres, e não reeditem a cada dia a Parábola dos Cegos.
Neste novo milênio da Era Cristã, marcado pela crescente desumanização, pela globalização ditatorial, pelo primado da tecnocracia e pela exacerbação da indiferença e do egoísmo a níveis nunca imaginados, a Ordem Rosacruz, como Lei Cósmica em ação permanente, cumprirá mais um ciclo de esclarecimentos.
Principalmente agora, nesta era em que o esoterismo reduzido a produto de consumo se desgasta dia-a-dia, no atrito com o mercantilismo, o oportunismo e a falácia, os Ensinamentos Rosacruzes tradicionais e autênticos mostrarão sua qualidade, como o diamante lapidado que refulge em brilhante em meio às pedras soturnas da mentira. O buscador deve fazer a seleção por si próprio e a Internet mostra-se um excelente meio de propiciar isto.
Notas do Autor:
(1) Akhenaton instituiu o monoteísmo no Egito.
(2) Recitação diária dos Salmos, em vários períodos, segundo organização feita por São Bento.
(3) Traduzido para o português por Attilio Cancian e publicado no Brasil em 1976, em São Paulo, pela editora L. Oren.
(4) Projeção astral de uma organização, dotada de vida consciente.
(5) Aqueles que não são iniciados nos mistérios.
Nota dos Editores:
(*) Macarlo é membro da Ordem de Maat.
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