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Não possui a Maçonaria leis gerais nem livro santo que a definam ou obriguem todo o maçom através do mundo; não sendo uma religião, não tem dogmas. Em cada país e ao longo dos séculos, estatutos numerosos se promulgaram e fizeram fé para comunidades diferentes no tempo e nos costumes. Mas a Maçonaria possui certo números de princípios básicos, aceitos por todos os irmãos em todas as partes do mundo. É essa aceitação, aliás, que torna possível a fraternidade universal dos maçons e a sua condição de grande família no seio da Humanidade, sem que, no entanto, exista uma potência maçônica à escala mundial nem um Grão-Mestre, como que um Papa, que centralize o pensamento e a ação da Ordem.
A Maçonaria, que é também conhecida como Franco-Maçonaria (nome que tem origem nos mestres de obras das catedrais medievais, conhecidos na Inglaterra como Free-stone mason), é, antes de tudo, uma associação voluntária de homens livres, cuja origem se perde na Idade Média, agrupando mais de onze milhões de membros em todo o mundo. É um belo sistema de conduta moral, que pretende fazer com que o iniciado seja capaz de vencer suas paixões, dominar seus vícios, ambições, o ódio, os desejos de vingança, e tudo o que oprime a alma do homem, tornando-se exemplo de fraternidade, de igualdade, de liberdade absoluta de pensamento e de tolerância. Maçonaria vem provavelmente do francês Maçonnerie, que significa uma construção qualquer, feita por um pedreiro, o maçom. A Maçonaria terá assim, como objetivo essencial, a edificação de qualquer coisa. O maçom, o pedreiro-livre em vernáculo português, será portanto o construtor, o que trabalha para erguer um edifício.
Em função disso, os objetivos perseguidos pela Maçonaria são ajudar os homens a reforçarem o seu caráter, melhorar sua bagagem moral e espiritual e aumentar seus horizontes culturais. É uma sociedade fraternal, que admite a todo homem livre e de bons costumes, sem distinção de raça, religião, ideário político ou posição social. Suas únicas exigências são que o candidato possua um espírito filantrópico e o firme propósito de tratar sempre de ir em busca da perfeição. A Maçonaria admite, portanto, que o homem e a sociedade são susceptíveis de melhoria, são passíveis de aperfeiçoamento. Por outras palavras, aceita e promove a transformação do ser humano e das sociedades em que vive. Mas, para além da solidariedade e da justiça, não define os meios rigorosos pelos quais esta transformação se há de fazer nem os modelos exatos em que ela possa desembocar. Nada há, por exemplo, no seio da Maçonaria, que faça rejeitar uma sociedade do tipo socialista ou do tipo liberal. O que lhe importa é um homem melhor dentro de uma sociedade melhor.
Simbolicamente, o maçom vê a si mesmo como uma pedra bruta que tem de ser trabalhada, com instrumentos alegóricos adequados, para convertê-la em um cubo perfeito, capaz de se encaixar na estrutura do templo do Gr.·.Arch.·.do Un.·..
Ela fundamenta-se na crença de um Ser Superior, ao qual denominamos de Grande Arquiteto do Universo, o princípio e causa de todas as coisas. Parece rígida em seus princípios, mas é absolutamente tolerante com todas as pessoas, ensinando aos iniciados ser primordial respeitar a opinião de todos, ainda que difiram de sus próprias. A Ordem não visa em hipótese alguma lucro ou benefício, pessoal ou coletivo.
A Maçonaria exige de seus membros, respeito às leis do país em que vive e trabalha. Os princípios Maçônicos não podem entrar em conflito com os deveres que como cidadãos têm os Maçons. Na realidade estes princípios tendem a reforçar o cumprimento de suas responsabilidades públicas e privadas.
A Ordem induz seus membros a uma profunda e sincera reforma em si mesmos, ao contrário de ideologias que pretendem transformar a sociedade, com uma sincera esperança de que, o progresso individual contribuirá, necessariamente, para a posterior melhora e progresso da humanidade. E é por isso que os Maçons não participam de conspirações contra o poder legítimo, escolhido pelos povos. Para um maçom as suas obrigações como cidadão e pai de uma família, devem, necessariamente, prevalecer sobre qualquer outra obrigação, e, portanto, não dará nenhuma proteção a quem agir desonestamente ou contra os princípios morais e legais da sociedade. O aperfeiçoamento do homem e da sociedade não se põe apenas, para o maçom, em termos de melhoria econômico — social. Põe-se também, e sobretudo, em termos de melhoria intelectual, do refinamento das faculdades de pensar e de enriquecimento adquiridos. Livre pensamento para começar. “A Maçonaria é livre pensadora” , mas livre pensamento não coincide necessariamente com ateísmo.
Nas suas Lojas são expressamente proibidos o proselitismo religioso e político, garantindo assim a mais absoluta liberdade de consciência, o que lhe permite permanecer progressista, sobrevivendo às mais diversas doutrinas e sistemas do mundo. Curioso é perceber que sempre onde faltou a Liberdade, onde grassou ignorância, foi aí que a Maçonaria foi a mais contundentemente perseguida, tendo sido inclusive associada aos judeus durante o período de intenso anti-semitismo da Europa Ocidental, nos primeiro e segundo quartos deste século. Democracia e igualdade encontram-se entre os princípios básicos da constituição maçônica. Todo o poder reside no povo. Todos os maçons são iguais, independentemente do grau a que pertençam. Todos os obreiros, qualquer que seja o seu grau ou o seu rito, estão sujeitos a mais perfeita igualdade, prevalecendo a opinião da maioria, quando não seja contrária as leis e regulamentos. Por sua vez, as células de organização e de trabalho na Ordem, as chamadas Lojas ou Oficinas, são todas iguais em direitos e honras, e independentes entre si. Nas Maçonarias de todo o mundo, o Grão-Mestre e os Grão-Mestres Adjuntos são eleitos pela totalidade do povo maçônico, variando apenas a forma dessa eleição. Em muitos países, qualquer maçom, aliás, desde que tenham atingido a condição de Mestre (ou seja, maçom Perfeito) pode, em teoria, ser eleito Grão- Mestre
A transmissão dos preceitos Maçônicos se faz através de cerimônias, ricas em alegorias, que seguem antigas e aceitas formas, usos e costumes, que remontam às Guildas dos construtores de Catedrais da Idade Média, usando inclusive as mesmas ferramentas do Ofício de pedreiro. Este aprendizado passa pela necessidade de todo iniciado controlar as suas paixões, de submeter sua vontade às Leis e princípios morais, amar a sua família e à sua Nação, considerando o trabalho como um dever essencial do Ser Humano.
A Maçonaria estimula a prática de princípios nobres, tais como Gentileza, Honestidade, Decência, Amabilidade, Honradez, Compreensão e Afeto. Para os membros da Ordem todos os Homens, fazem parte da Grande Fraternidade Humana, portanto, todos são irmãos, independentemente de credo, política, cor, raça ou qualquer outro parâmetro que possa servir para dividi-los.
Os três grandes princípios da Maçonaria sobre os quais está fundamentada a busca do progresso e da auto-realização do maçom são:
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Amor Fraterno: O verdadeiro maçom mostrará sempre a mais profunda tolerância e respeito pela opinião dos demais, portando-se sempre com compreensão.
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Ajuda e Consolo: Não só entre os Maçons, mas com toda a Comunidade Humana.
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Verdade: É o princípio norteador da vida do maçom, mesmo porque faz-se necessária toda uma vida para chegar-se próximo de ser um bom maçom.
A Fraternidade não é só um princípio teórico, mas uma norma de prática quotidiana. ” A Maçonaria é uma instituição universal (…). Todos os maçons constituem uma e a mesma família e dão-se o tratamento de irmãos, sendo iguais perante a lei”, dizia o artigo 7º da Constituição de 1926. A Maçonaria estende a todos os homens os laços fraternais que unem os maçons sobre a superfície do globo” (artigo 5º do mesmo texto). Através do ritual, que inclui vocabulário próprio e sinais de reconhecimento específicos, um maçom português pode contatar com um maçom japonês e receber dele ou transmitir-lhe ajuda e apoio de qualquer gênero. De fato, um dos deveres importantes do maçom, inserto nas Constituições do mundo inteiro, consiste em reconhecer como irmãos todos os maçons, tratá-los como tais e prestar-lhes auxílio e proteção, as suas viúvas e filhos menores. A história da Maçonaria está cheia de casos que provam o geral cumprimento deste dever.
Desde a fundação da Grande Loja de Londres, em 24 de junho de 1717, as Lojas maçônicas têm-se organizado em Obediências, sejam elas Grandes Lojas ou Grandes Orientes. Os Maçons estão reunidos em Lojas, que geralmente se reúnem uma vez por semana, regularmente. A verdadeira e antiga Maçonaria, divide-se em três Graus Simbólicos que compões as Lojas Azuis: Aprendiz, Companheiro e Mestre.
Em regra as Grandes Lojas recebem reconhecimento da Grande Loja Unida da Inglaterra, que se arroga o direito de guardiã da ortodoxia maçônica, de evidente cunho Teísta, enquanto que os Grandes Orientes, são reconhecidos pelo Grande Oriente da França, fiel ainda a Constituição de Anderson de 1723, com evidente influência Iluminista, e caracterizado por uma profunda tolerância.
Porém esta regra não é universal, até porque não existe uma autoridade internacional que confira regularidade maçônica.
De fato, para ser maçom não basta uma auto-proclamação. É necessário que “os seus irmãos o reconheçam como tal”, isto é, é essencial que se tenha sido iniciado, por outros Maçons, cumprido com as suas obrigações de maçom, esotéricas, simbólicas e as materiais, e que se integre numa Loja, integrada regularmente numa Grande Loja ou num Grande Oriente, devidamente consagrados, consoante as terminologias tradicionais.
Cada Maçonaria nacional está estruturada em células autônomas, “todas iguais em direitos e honras, e independentes entre si”, designadas por Oficinas. Existem dois tipos de oficinas, chamados Lojas e Triângulos. A Loja é composta por um mínimo de sete Maçons Perfeitos, não conhecendo limite máximo de membros. O Triângulo é composto por três Maçons Perfeitos, pelo menos, e por seis, no máximo, passando a Loja quando um sétimo membro se lhe vem agregar.
Uma Loja completa possui dez funcionários dentre os quais:
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Venerável ou Presidente, que reside os trabalhos e os orienta
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Primeiro Vigilante, que dirige os trabalhos dos companheiros e vela pela disciplina geral.
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Segundo Vigilante, que tem por função a instrução dos aprendizes.
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Orador, encarregado se fazer a síntese dos trabalhos e deles extrair as conclusões; é ainda o representante da Lei maçônica.
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Secretário, que redige as atas das sessões e se ocupa das relações administrativas entre a Loja e a Obediência.
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Mestre de Cerimônias, que introduz na Loja e conduz aos seus lugares os visitantes, e ajuda o Experto nas Cerimônias de Iniciação.
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Tesoureiro, que recebe as quotizações e outros fundos e vela pela organização financeira.
Os cargos, do Venerável ao Secretário, são chamados as Luzes da Oficina.
Soror Nut-sa-Tefnut
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