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por Macarlo, OM (*)
Muitos estudantes Rosacruzes, principalmente de AMORC, que usa este símbolo em seu emblema oficial, desejam saber qual a origem da Rosacruz Lobulada. Entende-se por Rosacruz Lobulada a Cruz Lobulada, ou Cruz Oficial de São Lázaro, com uma Rosa Mística, natural ou estilizada, em seu centro. Para os Rosacruzes, esta Rosa representa a personalidade do ser animado desabrochada no Plano da Manifestação – que tanto pode ser o Material ou em nível acima. É interessante notar que a Fraternidade Rosacruz (Max Heindel) não tem um emblema com uma única Rosa no centro da Cruz, mas seus membros expressam o mesmo pensamento, dizendo em sua saudação: “Que as Rosas floreçam sobre a tua Cruz”. Se analisarmos esta saudação veremos que esses Rosacruzes propõem que além do próprio desenvolvimento espiritual de cada um de seus membros se faça o do próximo por extensão. A Fraternitas Rosicruciana Antiqua (FRA) igualmente tem em seu emblema várias Rosas sobre a Cruz e não apenas uma. A Rosacruz Lobulada original , produzida pelo misticismo cristão, tem apenas uma única Rosa em seu centro.
A origem da Rosacruz Lobulada sempre representou um desafio para a maioria dos Rosacruzes, inclusive com o advento da globalização da mídia. Mesmo depois que a Internet facilitou a comunicação entre os Rosacruzes e viabilizou o acesso instantâneo a bancos de dados contendo registros até então restritos aos guardiães de alfarrábios, nada de concreto parece ter sido encontrado com relação ao esclarecimento daquela indagação.
Entretanto, uma data pode ser fixada com precisão para o advento público deste símbolo, a Rosacruz Lobulada: o ano de 1432, que antecede em quase dois séculos o surgimento dos primeiros Manifestos Oficiais Rosacruzes, como a Fama Fraternitatis. Foi naquele ano de 1432 que um renomado (e misterioso) artista plástico, Jean van Eyck o pintou repetidas vezes – oito delas visíveis, sendo sete perfeitamente – na Estola Sagrada do “Anônimo sobre o Trono” (ou seja, nada mais nada menos que o próprio Dominus Deus Sabaoth, o Padre Eterno – Padre no duplo sentido de Pai e Sacerdote, promanador do Cristo Cósmico, Rei e Sacerdote). Na foto à esquerda, detalhe da Estola, vê-se uma das Rosacruzes Lobuladas.
O painel do “Anônimo sobre o Trono” é a peça central, ao alto, do famoso “Polyptyque de l’Agneau” (Poliptico do Cordeiro), que aparece nesta foto. Poliptico, para quem não sabe, é um quadro – sobre tela ou sobre madeira – composto por diversas partes, as quais tanto se somam visualmente, produzindo uma ampla e total cena pictórica, como funcionam separademente. esta importantíssima obra de arte gerada pela Igreja de Roma é, na verdade, uma refinada alegoria mística de transcendental significado, mas capaz de ser corretamente digerida e absorvida por iniciados que tenham grau. Mostra ela o Poder e Glória, o Sacrifício e a Guerra, a Arte e a Comunicação, a Inocência e a Renúncia, a Profecia e o Emblema, a Mãe Coroada de 12 Estrelas e o Padre Eterno com o Símbolo da Evolução dissipando as trevas, justamente a Rosacruz Lobulada.
Contudo, a peça de sustentação (1) dessa iconografia pictórico-iniciática como um todo, o Poliptico, é “A Adoração ao Cordeiro” (Apocalipse 7, 2-12), vista na foto ao lado. A atmosfera deste painel é litúrgica e se desenvolve sobre um jardim de plantas sagradas, feéricamente iluminado por uma irradiação mística sobre o Cordeiro, vinda das esferas superiores. É um Reino do Silêncio perfeito, encastelado no momento que precede o Tantum Ergo. Os partícipes da cena mostram-se transfigurados ante o Cristo Cósmico que jorra sangue no Graal.
A própria origem do Poliptico é misteriosa, apesar da atribuição oficial de autoria a Jean van Eyck, pois na verdade não se sabe com precisão se foi pintado por ele, por seu irmão (?) Hubert van Eyck ou pelos dois, a quatro mãos ou por ideação de um e execução de outro. Os doadores (mecenas) do Poliptico, que se fizeram representar em painéis complementares, como era de uso, foram Josse Vijot e sua mulher Isabelle Borluut, que aparecem em atitude de oração (foto à direita).
Discorrer sobre o Poliptico e seus segredos místicos encheria páginas. Para os Rosacruzes, o importante é saber que o símbolo da Rosacruz Lobulada aparece como emblema sacerdotal do Deus Único e Impessoal, Onisciente e Onipresente: Dominus Deus Sabaoth (Deus Forte, Senhor das Armas).
Cabe aqui lembrar a referência que é feita no dístico sob a Cruz dos Cavaleiros de Cristo:
D FORTIS ADONAI SABAOT V EM IHC XP AGLA (2)
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