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“QUANDO AS MARCAS MAIS DENSAS SÃO ESPALHADAS PELAS REGIÕES, TORNA-SE NECESSÁRIO ABSORVÊ-LAS”.
“ASSIM, SEU NOME SERÁ REVELADO”. – Tomo I, Revelação Prímeva – Terceiro Ato.
Estes fragmentos, referem-se a uma viagem “alegórica” ao interior do próprio ser deparando-se com a própria sombra, não possuindo em seu conteúdo, nenhuma questão ou intenção dogmática à quem quer que seja, ou mesmo intento de prevalecer alguma verdade…Tornando desta forma, uma leitura aberta às próprias interpretações, recheadas de mistérios que caminham pelo submundo humano e que possibilita utilizar a imaginação da melhor forma”.
Vozes do Inferno é uma coleção de fragmentos, divididas em 6 capítulos de 12 atos cada, totalizando 72 atos, contemplando uma jornada rumo ao interior do próprio ser em busca de compreensão aos eventos relacionados à própria sombra onde em muitas ocasiões, certas atitudes, imposições e condicionamentos, obscurecem o entendimento e evolução do ser, causando repulsas e resistências ao desenvolvimento das condições humanas.
Vozes do Inferno é dividido em várias jornadas cíclicas, em que a cada viagem é revelada uma nova chave para seguir adiante, rumo ao despertar e aprimoramento individual, criando um elo entre os obscuros mundos inexplorados, que separam as manifestações primordiais para a realização humana.
(A chave do entendimento foi fragmentada e espalhada entre os diversos mundos, havendo a necessidade de recuperação destes fragmentos para que esta mesma chave, seja novamente forjada nas chamas da sabedoria, permitindo a abertura do grande portal).
…Paz em sua jornada…
1 – Vislumbre Profano.
A saga inicia-se nos meandros dos escuros labirintos, onde reina a grande serpente das profundezas abismais e que nesse reino todo súdito é minuciosamente avaliado em suas manifestações interiores e exteriores. Há uma grande confusão aos olhos duvidosos daqueles que tentam pela primeira vez, infiltrar-se nesses labirintos. O perigo é iminente, deixando a cargo de uma cuidadosa avaliação por parte das tribos externas, proporcionando aos seus caminhos, uma jornada nunca antes contemplada e cheia de mistérios, ainda por desvelar. O grande e sinistro senhor de todas as possibilidades, apresenta-se ao viajante, oferecendo o mais nobre banquete e um lugar ao seu lado para que contemplem o cenário negro em um grande desfecho, que permitirá o entendimento ao sagaz viajante de todos os mistérios envoltos nesse nebuloso mundo. Os portais são visíveis aos olhos profanos, mas seu interior está oculto impossibilitando a percepção… Somente após o pacto de silêncio ser estabelecido, uma forte e vibrante voz quebrará esse silêncio, dando início a muitas formas de questionamentos vindas dos quatro cantos do reino, vozes soando incansavelmente nos ouvidos daqueles que preferem sepultar todos os fantasmas negros que pairam sobre suas cabeças.A jornada se inicia e um grande aviso é contemplado nos portões principais, que muitas vezes, seu sentido original é deturpado pelas mentes despreparadas. A responsabilidade é única e exclusiva do viajante, assim como suas escolhas.
2 – A Busca
A travessia não é o final da linha… (dá-se a impressão de início, “sair” e fim, “chegar”)… Pois uma região maior ainda há de ser explorada, ou seja, tendo os segredos que abrem as portas do novo caminho, um novo mundo será permitido para contemplação de outras possibilidades, afinal, segredos são revelados e não passam mais a serem segredos. O que está oculto, não é inerte e seu repositório não é ocioso, pois assim permitiria a manutenção infinita de seu conteúdo, similar ao exposto exteriormente de forma sutil, proporcionando novas possibilidades de explicitar as mais incompreensíveis declarações já postuladas. Desta forma, o ser infinito manifesta seu prímevo instinto, baseado em suas vivências arcaicas, evoluindo de forma gradual dentro dos padrões proferidos pela sua real manifestação de ser.De certa forma, sua imagem adere-se ao painel histórico, proporcionando a continuação de sua nobreza, lapidadas em uma bela peça, que se adéqua ao pescoço da mais bela dama. Isso só seria possível, se as passagens fossem de gerações em gerações, mas a peça pode ser perdida, roubada, furtada e extinta, ocasionando a ruptura original de sua essência. Aqueles que possuem a jóia original possuem o segredo… O segredo é vital, trazendo a tona todas as percepções, manifestações e realizações… O que se perde, nem sempre é perdido, pois é existencial, mantem-se de alguma forma… O que pode ocorrer é apenas fragmentação de sua peça original. Isto sim é trabalhoso e incansavelmente manifesto de buscas, como a forma de procuras por respostas… Assim, todo esforço é verdadeiro, desde que sua busca seja genuína.Sendo assim, toda busca é genuína, merecedora, seja na insistência de quebras de padrões pré-existentes, seja na certeza, na incerteza, na precisão, no colapso social, na lógica, educação, cultura, seja na magia, na ciência, no meio socioeconômico, política…. enfim… vários aspectos sociais pré-estabelecidos, os fragmentos inteligíveis permitirão a fusão de uma única peça, perdida a muito tempo…E que será concedido a interpretação original de seu teor para os nobres fins permeáveis a todos os interessados nessa nobre jornada em busca da mais alta realização. Para estes propósitos, que a busca seja incansável, que a procura seja infinita, que o achado seja recompensável e que a junção dos fragmentos seja ideologicamente verdadeiros, proporcionando uma única forma de releitura do já escrito, para os padrões atuais. Assim fecha-se o círculo e inicía-se um novo período, mantendo a roda girando.
3 – Revelando a Sombra
Há um círculo interior, que entre seus portais, um guardião sempre o esperará. Muitos demônios do outro lado dançam ao som de uma música dissonante. O elo entre os mundos se estabelece de forma contínua… Paira entre os rebeldes, um clima nebuloso que dá sentido ao limiar de seus pensamentos… Um espectro sinistro se aproxima e sua figura corrompe toda essência humana, toda sorte de ações jazem em seus mais profundos e obscuros labirintos. A noite chega e mantem-se por um período ínfimo, só revelando os mais abstratos segredos quando o frio congelante advém do sul. Uma tempestade se aproxima do portal e na confusão de um último dia, o painel da noite em tempestade continua… Com fogo no ar o céu se embaraça e da terra e ar, o ser se confunde. Grita o mar e o vento sem controle com um horrível estrondo faz tremer toda a face da terra. Os que estão fora, jamais conseguirão ter a visão interna do portal, pois seu interior é repleto de mistérios que proporcionam a confusão em mentes despreparadas. Desde o solo até as mais altas montanhas, da região ígnea, suas propriedades manifestam de maneira turva aos olhares profanos. O que proporciona certa confusão aos que habitam a tribo do norte. Na direita, estabelece a primeira coluna, fachada do umbral, com suas inscrições em relevo, revelando a passagem para localização da segunda coluna, ao oeste. Esta contempla todo conhecimento que será usado para a travessia do mar sangrento. Antes de adentrar o próximo portal revestido de ouro, localizado no próximo círculo, um mistério ainda há de ser revelado… E esse só será exposto quando S.E.S.I. Assumir seu novo domínio. Boas novas cairão sobre os nobres E satã levantará seu estandarte. Ouro ignóbil, o tolo contribuirá para efetivação do chamado… As sepulturas serão como dádivas aos que permitem o aprisionamento… O mundo será um troféu aos mantenedores da ordem, a realização de seu domínio estará estampada na bandeira negra. Sua sombra sorrirá e todos com seu sorriso maroto, comungarão as conquistas pelos caminhos do grande labirinto interno. Assim se a roda girar e apontar para o sul, novamente teremos o norte… Assim sucessivamente..
4 – A Ponte de Pedras
Avança-se o primeiro estágio, a porta localizada atrás do templo se fecha e um único caminho está diante dos olhos de quem procura ver através da escuridão. Ainda há uma saída, mas o preço para passagem de volta tem um valor muito alto. No início leva-se um tempo para se acostumar com a atmosfera tenebrosa e logo os percalços serão amenizados. Muitas dúvidas ainda pairam no ar, dor e sofrimento em ambos os lados da coluna principal serão agraciados com um de seus segredos, aprisionados a muito tempo e que só poderá ser revelado se a chama do archote for alimentada. Em posse da chave encontrada, muitas portas a frente poderão ser abertas e a cada vislumbre uma nova fase de descobertas se manifestarão. A cada descoberta, novos caminhos se abrirão relacionando-se ao ponto principal projetado no início do portal que servirá como referência ao sentido da busca. O aviso é iminente, pois esse jamais poderá ser subestimado, pois sua essência é a passagem para a próxima região que fica do outro lado da imensa ponte de pedras, onde servirá de travessia ao grande lago ígneo, morada dos mais sinistros seres que atormentam os abismos do grande reino de Leviatã.Essa região deve ser compreendida em sua totalidade, pois lá é a morada dos aflitos e perdidos. A chave para a compreensão está incrustada nas faces da moeda que é paga a Caronte. O maior erro que poderá ser cometido será ignorar o desenrolar dos acontecimentos que é manifestado atrás de cada porta, portanto, o tempo não é medido, não é controlado, não é estabelecido; é inexistente. Somente as ações prevalecem, não há ócio e nem lugar a temeridade, pois o chão é pedregoso e instável e qualquer passo incerto poderá custar a queda ao enorme abismo. Há um enorme salão negro localizado ao norte, possuindo uma grande biblioteca antiga que reflete seu conteúdo por toda a região. Lá, encontram-se todos os tomos do passado escritos pelos próprios fantasmas. Esses deverão ser lidos, interpretados, compreendidos e reescritos para que a saída e passagem para a próxima região sejam estabelecidas. O próprio suor é alimento e combustível para a jornada, pois as revelações serão das mais aterrorizantes, podendo ser dissipadas apenas com o conhecimento, compreensão e aceitação de toda manifestação apresentada.
5 – O Espelho
Um leve estrondo é ouvido em uma das entradas principais, vozes clamando por socorro são ouvidas nos corredores tenebrosos da velha cidade, onde somente lembranças de tempos antigos tomam formas reais. Mais uma vez, as possibilidades são poucas para seguir a estrada sinuosa e a cada passo, uma nova parada, uma nova contemplação aos olhares profanos. Muitos segredos encontram-se sepultados e somente uma mente desperta poderá trazê-los a luz da sabedoria. No saguão principal da antesala, anexa ao templo, encontra-se um enorme espelho inserido na parede ao norte e que projeta somente as imagens inversas aos desejos do viajante. Ali, jaz toda a sorte de angústias passadas e todos os medos encarcerados, são aos poucos libertados e revelados. Uma chave é vislumbrada na base da coluna principal e é com ela que se permite a passagem para o território nebuloso, morada dos anciões. Apenas um golpe, dissipa-se os fantasmas decorrentes das possíveis dúvidas, ainda presentes nas supostas imagens reveladas. A descida ao vale sombrio é acompanhada da (A.D.S.P.Eu.). Somente esta força interna proporciona o segredo para fechar o poço infinito e modificar a sintonia do espelho. Falsas manipulações são arquitetadas pelos minúsculos seres obscuros… Dentre a sagrada câmara, as peças são postas e articuladas pela velha senhora erudita em consonância da antiga escolha entre os caminhos. Resta somente uma porta, e essa possui um sinistro guardião que jamais deixará passar-se, quem quer que seja, a não ser pela palavra chave… E essa está inscrita na tábua de pedra recuperada do poço das aflições.
6 – A Torre
Já é possível vislumbrar o exterior a partir de uma adaptação para se atravessar a ponte. Os rios que correm sobre o abismo, seguem um fluxo único em direção as montanhas do norte. Do topo da grande torre, há duas janelas onde o cenário do grande reino é admirado em todas as suas extensões, permitindo ações jamais antes realizadas. O cetro do tenebroso senhor das sombras, permite a abertura de portais em um só golpe, onde é possível a travessia após a realização da cerimônia de iniciação, promovida pelo conselho dos demônios alados, habitantes das regiões escuras e inóspitas, onde os ciclos de renovação são avaliados pela P.V.Somente os guerreiros negros permanecem ativos em suas muralhas e o senhor terrífico esmaga com suas próprias mãos aqueles que ousam interferir em suas conquistas. Não há pedra, nem pó… O segredo agora esta velado, somente o herdeiro o possui. Nas catacumbas, jazem os ossos dos peregrinos, perdidos em sua fé. A emancipação do viajante torna-se real, agora ele segue seu destino, deixando para trás a infelicidade de sua realização. Murmúrios ouvem-se atrás da grande parede, erigidas com ossos e sangue, são os que lá ficaram detidos à própria sorte, não mais serão necessários, nem mesmo suas inquietudes duvidosas hão de voltar a se manifestar. Dentre os escolhidos, apenas um compartilhará seu caminho e esse caminho será marcado com seu próprio sangue e suor. Caminhos sinuosos, mas com um destino almejado. O grande marco erigido pelos antigos, será agora, o ponto onde todos os caminhos se convergem. Enfim a solidão da noite acabou, durante o cenário sombrio, o grande guerreiro, enfim… Vence o seu próprio inferno.
7 – O Senhor das Sombras
O manto da noite já se estende por grande parte do planeta. O tempo se faz temerário, fechado, avesso a estrelas, em uma região imantada por energias densas oriundas de espectros mentais negativos. Vencendo escarpas e desfiladeiros, avista-se uma cidade umbralina de imensurável proporção. Em uma das edificações, nota-se um fluxo vibracional intenso: luzes multicoloridas, pessoas aglomeradas próximas, em praças e vias públicas, outras dispostas na entrada como soldados; ninguém mais sai do imponente edifício, onde está acontecendo uma implacável assembléia, com a presença do soberano local: o Senhor das Sombras.Altivo, o proeminente líder das trevas, sobrepujando os presentes, pronuncia, seguro de si, Convoquei esta reunião para alertá-los de suas responsabilidades; serei inflexível diante da incompetência na execuçãode nossos propósitos. Temos leis e contratos a serem honrados. Diversas feições, desconfiadas, entreolham-se. Alguns momentos de expectativa, e nada! O Senhor das Sombras, com um olhar ainda mais penetrante, inflexiona novamente a voz na direção da assembléia espavorida:– Pois bem! Superficialmente, o que está projetado vem se cumprindo: as diversas ordens religiosas sob nossa orientação direta mantêm-se a largos passos, arregimentando multidões de adeptos, quase todos prejudicados pela ostentação inútil que implantamos sabiamente, há séculos, nas igrejas. Há um grande país tirano semeando o rancor, a inveja, o ódio e a dor entre as nações. Em breve, a revolta será incontrolável e então colheremos bons frutos. Mas precisamos manter vigilância; há ervas daninhas nas plantações.Seguidores do Escolhido estão por toda a parte, na Terra, implantando idéias de amor, compaixão e caridade…Convoquem todos os planejadores e intelectuais da ordem para trabalharem em regime de urgência! A figura imponente e sinistra do gênio do mal ajusta: – Quero lembrar que as incursões do Alto, a título de fiscalização, devem ser identificadas no portal de entrada e comunicada expressamente à divisão de rastreio. O momento não permite afronte; paciência é o segredo para se alcançar a meta. Embora esteja acordado que nossas atividades serão inspecionadas, manteremos normalmente a rotina do nosso sistema de auxílio aos necessitados, durante essas visitas, e cumpriremos com rigor os contratos de prestação de serviços, certificando-nos de que, ao fim do preito, o trabalho nos seja justamente remunerado. O regente pára o discurso por alguns instantes, e, com o olhar impassível e frio, contempla soberano as consciências que domina. Imperturbável, prossegue:O Senhor das Sombras levanta-se, indiferente; não lança sequer um último olhar à assembléia, que se mantém em silêncio; e caminha imponente, em direção à saída, acompanhado de sua escolta pessoal. No dia seguinte, a assessoria do mal inicia os preparativos para o inesperado evento: ergue às pressas um enorme palanque na praça central, que é via de acesso ao palácio do governador; reserva no tablado vinte assentos confortáveis para os membros de condições hierárquicas superiores, e uma aristocrática tribuna de honra destinada ao chefe maior; instala em pontos de ampla visão duas grandes telas retroprojetoras; e espalha por todo o perímetro várias caixas de som, com possantes amplificadores. Nos setores estratégicos da redondeza, incluindo os terraços dos prédios vizinhos, todo um aparato de segurança é montado: guardas armados, empunhando floretes e trajando uniformes de gala, portam pequenos binóculos e rádios transmissores.Os mensageiros correm; alguns conclamam o povo; outros se deslocam, em grupos, para o orbe dos encarnados. Raramente o Supremo fala em público; é preciso perfeição em tudo. Nota-se no ambiente um misto de medo e idolatria. A praça, os prédios em volta e as vielas mais próximas estão repletos de habitantes dos dois lados da vida. Alguns são quase totalmente animalizados na forma; outros desfigurados, com olhar de idiotia; muitos maltrapilhos e tantos outros em figurinos da época do domínio romano, da Idade Média, e até em trajes dos mais refinados à moda do século XXI. Reina na multidão singular atmosfera de desequilíbrio emocional; mentes rebeldes, desvairadas e enfermiças, agrupadas ou sozinhas, retratam a paralisia dos espíritos que por entre o Abismo e as Estrelas mantêm distância da luz.Tão logo é anunciada a presença do magnânimo das trevas, um silêncio sepulcral se opera. Em pé na tribuna, uma voz ecoa poderosa nas entranhas daquela assistência pervertida no mal: – Senhores do meu reino, concidadões, companheiros de ideal, eu os convoquei para lhes dizer que a vitória final se aproxima. O desespero toma conta das esferas superiores, haja vista os grandes desastres e infortúnios liberados pelo Onipotente, com a única finalidade de se fazer temido e eternamente lembrado. A natureza humana sofre; nossas fileiras estão repletas de novos comunitários que, revoltados, trazem no semblante a indignação por tão inesperada atitude divina: verem seus entes queridos, de repente, com os corpos transformados em lama. Agora, entregam-se a nós para que tentemos aliviar as suas dores. Quantos de vocês não dobraram os joelhos, tementes a um deus invisível, suplicando sua misericórdia; fizeram promessas de redenção, e nada?!Que pai todo-bondade deixa o fraco ser esmagado pelo mais forte; ter de se humilhar, eliminar os instintos, suportar a dor e todas as provações, sem rancor, para só assim, mediante o sofrimento extremo, poder habilitar-se ao paraíso? Grandes tragédias ainda virão! O caos está presente e nada poderão fazer… Então, unam-se a mim! Uma pausa para sentir a comoção daquelas palavras no âmago de seus espectadores, e, vagueando o olhar ao redor, ele continua a fulminar o verbo: – Senhores, eu não tenho a menor noção do que seja o céu; penso que seja um reino destinado aos eleitos, onde repousam tranqüilos os “escolhidos” de um deus cercado de mistérios que julga tudo saber e tudo poder fazer…Esse deus mente porque detém para si os segredos da Criação e de tudo o que envolve a vida que nos é destinada. Na realidade, somos os abandonados por esse céu; mas, mesmo distante, há alguns de nós que foram ordenados por esse “grande juiz” para cumprir a parte cruel da sua lei, ou seja, subordinar à justiça vigorosa todos aqueles que malbarataram as regras da vida. Somos lógicos e conscientes das imposições que regem o Universo; sabemos que aqui não há inocentes nem desavisados, e, para que a delinqüência não impere, devemos governar com mão de ferro. Entretanto, não há punição ou sentença sem razão, nem absolvição ou recompensa gratuita; nossa função é centralizar, em tempo justo, as verdades das atitudes de cada um. Nestes confins, somos julgadores de nós mesmos. Quando sentimos que alguém nos deve, cobramos; esteja este onde estiver. Eis por que, quando devemos, pagamos, sem lágrimas, remorsos ou lamentações. Nesse ponto, convicto de que subjugara toda aquela multidão de espíritos, o sinistro Senhor das Sombras respira envaidecido. Em seguida, a voz possante do diabólico orador finaliza o discurso:– Aqueles que sobrevivem em nossas legiões são verdadeiros heróis. Desvalidos do complexo amor divino, expandem seus horizontes, fortalecendo suas emoções no ódio e nas paixões que herdaram durante a vida. Continuem vigilantes, audaciosos e firmes diante de nossos propósitos, porque o futuro pertence aos destemidos! Agora vão! A luta de todos vocês é a minha batalha. De todos os lados, ouvem-se as mais exaltadas exclamações:– Bravo! Muito bem! É o maior!… A exposição de idéias carregadas de sofismas vence Entre o Abismo e as Estrelas qualquer possível movimento de luz, refletindo-se naquelas consciências enegrecidas pela culpa. O tirano senhor esboça um sorriso carregado de orgulho, e sai.
8 – Onde Encontrar
Fragmentos, justaposição… até mesmo, inversão…- Um mundo ideal para nossos filhos, ou filhos ideais para nosso mundo…- Um prazer, dentre tantas ocasiões, ou uma ocasião dentre tantos prazeres…- Entre um cigarro e outro me pergunto, onde está meu maço de cigarros?- Logo que me vi no espelho, me lembrei… Aí está você… Lembras daqueles momentos? como pude esquecer…- Eis aí o homem (ecce homo), nada que um quadro não possa expressar… Eu mesmo o pintei…- Vejo a flecha avançar contra o inimigo… ou é apenas o tempo que a move…- Passado, presente e futuro são questões de segundos… Não dá tempo de acompanhá-los…- Certezas, incertezas… Ali há uma bifurcação, mas qualquer lado é escolha…- Fatos? não há fatos eternos… Verdades? não há verdades absolutas…- Certezas? talvez… eis-me aqui…Ontem, hoje e sempre…
9 – Algoz
O único algoz conhecido, está entre nós… e é semelhante a nós… Se torna parte de nós… E acaba sendo nós mesmos…Forjar a situação, não nos parece confortável… Mas há uma breve realidade, onde a própria vontade alvorece… Breve, pois o amanhã é o único respaldo de nossas próprias atitudes.Ontem eu visualizei o futuro… e amanhã terei certeza do meu passado… Farei acontecer o equilíbrio entre ambos, pois assim terei a garantia de meus propósitos…Onde, direis, que a ciência me dará a “vivencia absoluta”, sem antes questionar suas próprias condições magníficas encaixotadas e reservadas à um período insalubre?Uma condição certeira, assim como uma lança encontra seu alvo a distâncias, partirá de meu âmago… E o alvo está bem a frente de meus olhos, é fácil enxergá-lo, pois tanto faz olhando de dentro para fora ou vice-versa, a inclinação é a mesma assim como a distância… Somos o próprio… somos nós mesmos… Façamos aquilo que nossa voz interior, nossas vontades ditam… Pois é o único deus capaz de guiar nossos propósitos… Seja de uma forma ou outra… Responsável ou estúpida… Inteligente, nobre ou ignóbil… A balança pende para ambos os lados… Ponderamos apenas qual lado mais pesa. Façamos justiça com nossas próprias armas… Nossas próprias avaliações. Deixemos assim o algoz fazer seu trabalho… E novamente o futuro deixará seu espaço reservado para nossa ambigüidade.
10 – Já na Estrada
O único algoz conhecido, está entre nós… e é semelhante a nós… Se torna parte de nós… E acaba sendo nós mesmos…Forjar a situação, não nos parece confortável… Mas há uma breve realidade, onde a própria vontade alvorece… Breve, pois o amanhã é o único respaldo de nossas próprias atitudes.Ontem eu visualizei o futuro… e amanhã terei certeza do meu passado… Farei acontecer o equilíbrio entre ambos, pois assim terei a garantia de meus propósitos…Onde, direis, que a ciência me dará a “vivencia absoluta”, sem antes questionar suas próprias condições magníficas encaixotadas e reservadas à um período insalubre?Uma condição certeira, assim como uma lança encontra seu alvo a distâncias, partirá de meu âmago… E o alvo está bem a frente de meus olhos, é fácil enxergá-lo, pois tanto faz olhando de dentro para fora ou vice-versa, a inclinação é a mesma assim como a distância… Somos o próprio… somos nós mesmos… Façamos aquilo que nossa voz interior, nossas vontades ditam… Pois é o único deus capaz de guiar nossos propósitos… Seja de uma forma ou outra… Responsável ou estúpida… Inteligente, nobre ou ignóbil… A balança pende para ambos os lados… Ponderamos apenas qual lado mais pesa. Façamos justiça com nossas próprias armas… Nossas próprias avaliações. Deixemos assim o algoz fazer seu trabalho… E novamente o futuro deixará seu espaço reservado para nossa ambigüidade.
11 – Celebrate
As escolhas, são passos minuciosamente separados entre as atitudes, entre uma taça e outra, podemos brindar a quietude, a virtude, a conquista, a volúpia, o aconchego e a exatidão…Podemos celebrar a vida dentre tantas ocasiões deixadas ao relento, podemos celebrar a vitória dentre tantas derrotas, podemos celebrar as conquistas mesmo não as possuindo… Todo conforto é uma quimera mesmo tendo como fantasia o próprio conforto…Uma questão vem a brandir o querer mais, mesmo que esta questão seja involuntariamente perfeita demais para nada se ter…Levantar o escudo, não é sinal de defesa, lançar a flecha, não é ataque propriamente dito. Uma questão de demarcação, medição, alcance… Fechar-se contra a luz que ofusca a visão.A sombra refrigera, mas também resfria, há de procurar abrigo para manutenção da própria pele, onde a chama vivifica toda capacidade inerente ao sobrevir…Se o caminho impede a jornada, por questões de equilíbrio, há um atalho que ao findar da trilha sobreleva ao inesperado…Celebrar o final é celebrar o início…[…]
12 – Uma questão é certa à levar a cabo de tal e instigante propósito que interpenetram nossas vidas concernentes as formas de pensar e agir de todo e qualquer membro de uma sociedade.Tal questão é custosa, engenhosamente volúvel aos processos da vida em que costumamos enxergar. Há momentos, talvez incertos aos propósitos que escolhemos, genericamente considerando todos os seres inteligíveis, provavelmente imaturos, muito imaturos ao método lógico de manifestação da vontade. Há intrigas internas, vestígios de insanidades ainda não curadas, propósitos incertos, vergalhões que marcam a carne por uma ordem desproporcional de qualquer atitude dada como correta, mas ainda imatura, sem propriedade, sem discernimento, ofuscante ao saber querer e o que querer.Dadas as análises sociais, a primeira causa de uma manifestação individual é marcante, posteriormente há infiltrações de paradoxos ao imaginário utópico de um ideal de vida.A questão está a prova, levantada aos mais dignos ideais que um ser humano vislumbra.Hoje tu marcaste a pedra onde se inicia a jornada para poder retornar ao ponto de partida.A lógica é a garantia de volta de sua jornada… Mas ao tentar retornar, caminhos bifurcam-se a frente, confundido o próprio desejo.Se na teia original os espinhos são relevantes, numa segunda instância paralelamente ao original, os espinhos são insignificantes, mantendo uma imagem dissonante da realidade original a qual estava inserido e que em boa parte, marca o despropósito primevo das questões ambicionadas.A traição acaba por conceber o próprio ser a sua sorte… Tudo que antes era qualificado como ideal, torna-se uma mancha no tempo e na própria história…Se o custo para tais questões forem de bom grado ao pagante, mesmo que destoe sua originalidade, então este satisfará sua realidade dentro dos padrões aceitáveis por si mesmo, ainda que forçado… Se o inverso manifestar-se, poderá esse mesmo, ser o prisioneiro da própria sorte ou mesmo o senhor da própria sorte, onde o que difere entre ambos é a audácia do segundo.Assim, fica claro que a bifurcação em frente, confunde o viajante, mesmo sabendo que a esquerda lhe garanta sua estadia permanente, o direcionamento para a direita pode lhe parecer mais confortante.Mesmo que seja assumido o caminho da esquerda, por opção própria, pode haver uma insatisfação devida suas fraquezas ao trilhar o vasto caminho que lhe abre as portas para a realidade.Muitas vezes, acontece à procura de um atalho para amenizar tal fardo, pois a pressão da liberdade não condiz com sua realidade, então perceberás que o que tinha em suas mãos e que proporcionaria sua liberdade, vazou por entre seus dedos.
A saga continua no capítulo II
Haborym, Templo de Satã
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