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Realismo Fantástico

Sobre famílias e suas relações complicadas com bonecos

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Shirlei Massapust

Em 2013 a internauta Morinnaga abriu um tópico no fórum internacional Den of Angels perguntando qual o maior medo dos colecionadores de BJD, naquilo que diz respeito aos bonecos. Em maioria eles responderam temer os danos decorrentes do processo natural de envelhecimento da Resina PU, tais como amarelamento de tons claros e esverdeamento de tons castanhos. Temiam igualmente as quedas acidentais, a perda de peças, o acúmulo de sujeira difícil de limpar, o extravio de remessas postais, os furtos e roubos, o risco de incêndio e os desastres naturais (principal preocupação de quem habita zonas de tornado ou áreas propícias a ocorrência de terremotos).

Colecionadores que viviam debaixo do mesmo teto que familiares intolerantes temiam a destruição proposital dos objetos. Depois que Erlif conseguiu conquistar sua independência financeira ele foi morar sozinho e nem assim se libertou do sentimento de perseguição por parte duma família tóxica. O que antes era real se tornou paranoia.

 

Tenho medo de precisar voltar a morar com minha mãe algum dia. Todo mundo sabe que pessoas idosas não são potinhos de mel, mas minha mãe é terrivelmente teimosa. Dama de ferro. Tem muitas coisas que são proibidas no seu modo de vida: Usar botas de metaleiro, praticar tiro ao alvo com arcos, pegar carona, ter bonecas de resina… Tenho medo que um dia, no futuro, ela encontre todas as minhas coisas “proibidas” e venda para o ferro velho.[1]

 

Famílias podem destruir colecionáveis de várias formas. O cheiro dos cigarros dos fumantes impregna nos bonecos de tal maneira que faz cair drasticamente o valor de revenda. Bichos de estimação causam arranhões e mordidas. (Uma colecionadora brasileira teve um boneco de setecentos dólares destruído por um cão em fração de minutos, no breve lapso temporal em que abriu a caixa pela primeira vez e desviou a vista procurando uma câmera fotográfica). Mesmo mantendo objetos encaixotados o tempo todo, a preocupação entrou na mente do californiano Anneko.

Noite passada eu tive um pesadelo onde cães comiam meus bonecos. Um cachorro também tentou me morder, mas eu estava mais preocupado com os bonecos. Tenho medo de cachorro; contudo, por alguma razão, a despeito dos meus sentimentos, minha família pegou seis cães para criar.[2]

Crianças pequenas são tão destrutivas para artesanato e colecionáveis quanto objetos pequenos e tóxicos são perigosos para bebês que põem tudo na boca. Recolhi testemunho de uma colecionadora que teve um bebê após constituir a coleção:

Tenho uma menina de três anos vendo bonecos bonitinhos. Eu ainda não estou preparada para enfrentar essa situação. No momento tenho pensado na melhor maneira de dizer a ela que aqueles são os brinquedos da mamãe e que ela não pode nem tocar neles![3]

É complicado quando o colecionador veterano tenta explicar porque não gosta que crianças mexam em suas coisas e sua própria família não entende. A internauta Babi se queixou da rejeição da madrinha que, mesmo a vendo chorar de medo, nunca se desfez duma velha boneca. A enteada não conseguiu entender porque uma idosa tinha brinquedos e devotava afeição por um objeto já rachado e erodido pelo tempo.

Sempre gostei de ficar na minha madrinha, só que ela tem até hoje uma boneca velha toda quebrada. (…) Em uma festa (…) eu, minha amiga Raissa e minha prima estávamos conversando no quarto da minha madrinha, encostadas na porta – que é onde a boneca fixa o olhar. – (…) Ficamos falando mal da boneca. (…) Quando ficamos no centro olhando para a janela calmamente, a boneca caiu na cabeça da Raissa, ela jogou em cima de mim aquele objeto e eu chorei. Minha prima só riu. Entrei em pânico e comecei a chorar desesperadamente. Quando minha madrinha viu a boneca jogada no chão sua atenção foi direto à boneca e ela colocou a “filha” dela em seu lugar de sempre, espiando quem entra e quem sai.[4]

Confesso que antigamente tive problemas com crianças mexendo nas minhas coisas. Embora eu não desejasse outra companhia para além dos pássaros, das cigarras e do uivo do vento, minha mãe não parava de convidar primas e “coleguinhas” para que eu não ficasse sozinha. Eles destruíam tudo. Eram piores que cães ou gatos. No exterior pelo menos uma pessoa teve pesadelos com isso. Lonesau comentou:

Certa vez tive um pesadelo traumático. Neste sonho dois amigos vieram me visitar e quiseram ver meus bonecos. Eu permiti porque eram pessoas de confiança e achei que seriam cuidadosos. Porém (…) minha atenção foi desviada pela conversação com um deles (…) enquanto o outro apanhava uma caneta e fazia marcas profundas nos rostos dos meus bonecos. Neste sonho fui tomado pelo pânico e acordei na hora. Na vida real eu provavelmente sairia batendo insanamente com um taco de beisebol se alguém cravasse qualquer coisa nos meus bonecos. Sou muito protetora no que diz respeito aos meus bonecos, especialmente suas faces.[5]

Certa vez a universitária brasileira Natália Freitas, 28 anos, estava quieta em seu quarto, num apartamento em Santos, no litoral de São Paulo. Sua tia recebeu uma visita que trouxe um filho pequeno. A criança foi deixada solta pela casa de modo que entrou sem bater na porta e quis mexer num muito amado boneco colecionável Hawkeye, série Avengers: Age Of Ultron, fabricado pela Iron Studios, importado dos Estados Unidos.

Aquele boneco, recomendado para a faixa etária de dezoito anos ou mais, estava guardado numa caixa de vidro afim de evitar poeira. À época o item em excelente estado de conservação estava avaliado a partir de trezentos reais, mais postagem e impostos. Natália, naturalmente, não deixou a criança mexer e o menino chorou. Mais tarde a mãe, indignadíssima, reclamou no WhatsApp e o print da conversa viralizou na internet.

— Por que você não o deixou brincar com os bonecos dos Vingadores?

— As peças que eu tenho são colecionáveis, não brinquedos. São extremamente frágeis e muito caros, não são feitos para brincar.

— Ele veio chorando para casa, você sabia? É um absurdo você ter brinquedo em casa e não deixar nenhuma criança brincar.

— Minhas coisas ficam no meu quarto, que não é área social da casa. Se ele não saísse entrando nem teria visto.

— Mas ele é uma criança. E se ele ficar doente? Você é muito egoísta.

— E você é folgada. Eu não tenho filho. (…) Filho é que nem peido. Eu só preciso aguentar o que sai de mim. E outra, você vem aqui sem convite e não faz o mínimo de esforço para controlar o moleque. Se encostar em coisa minha e quebrar você vai pagar outro e vai pagar a mais pelo estresse. Minha porta ficará trancada a partir de hoje. Se seu filho é mimado, que seja na sua casa, não na dos outros.

— Eu vou falar com a sua tia. A próxima vez que eu levar (…) ele vai brincar sim e se ele quebrar eu pago mesmo.

—Tenta a sorte que voa vocês dois pela janela. Tenha uma boa tarde.[6]

 

Matar alguém é algo que nenhum colecionador de bonecos pensa em fazer de verdade. Exceto Rickie la Touche, 30 anos, que asfixiou sua esposa Pornpilai Srisroy, 28 anos, porque ela intencionalmente destruiu dois bonecos de sua coleção de Star Wars, representando Darth Vader e Luke Skywalker. O crime aconteceu em Leigh, na grande Manchester, Reino Unido, em abril de 2011. Rickie foi sentenciado a 12 anos de prisão.[7]

A discussão entre Natália e a amiga de sua tia acabou noticiada num quadro de 3:45 minutos apresentado pelos jornalistas Reinaldo Gottino e Renato Lombardi, no programa Balanço Geral SP, produzido pela TV Record. Os repórteres entrevistaram a população a fim de coletar opiniões favoráveis e desfavoráveis contrapondo o direito de propriedade à hipotética função social de um suposto “brinquedo”. Só na internet o vídeo teve cinquenta e cinco mil visualizações! Sobre isso Natália viria a comentar com outros colecionadores: “Eu adoro quando falam que é fanfic poque penso: Quem dera, teria sido um estresse a menos na minha vida”.

Sob a perspectiva do menor de idade, pior do que não ganhar o boneco que ele deseja é ter de aceitar o indesejável. A ação de adultos que insistem em alegrar crianças que não querem brincar pode deixar hilárias memórias ruins. Kiso, um colecionar de BJD, confessou episódios de estranhamento e sustos na infância:

Alguns bonecos me causavam estranheza quando eu era bem novinho. Uma era uma boneca para turistas que minha avó trouxe para mim da Jamaica. Eu não conseguia dormir com aquela boneca no meu quarto, então coloquei-a na sala de estar. Problema resolvido. Eu também tinha bastante medo de estórias de bonecos que ganham vida, a exemplo da Raggedy Ann. (…) O pior de todos era uma marionete de palhaço. Minha outra avó tinha uma amiga muito chegada que trabalhava como ventríloqua profissional. Às vezes ela vinha à nossa casa com seu alter-ego favorito para nos fazer um show de marionete particular. Arre! Você não pode fugir da sala correndo e gritando porque isto seria indescritivelmente rude para com a doce e inocente velhinha que ama fazer as crianças felizes acima de tudo. Você precisa ficar ali parado, com os pés firmes no chão, esperando a coisa vir até você. Então finalmente aquilo vem cambaleando como um bêbado em suas pernas de madeira, rangendo, enquanto simula um gesto de saudação. Você precisa apertar aquela pequena mão morta. Aquilo te observa ansiosamente, como um pássaro, e você precisa improvisar algumas palavras porque aquilo quer ter uma encantadora conversa infantil com você. E você precisa escutar o Squeak Squeak Squeak da voz em falsete com a qual ele responde insanamente. Eca! Eu nunca conseguia pensar em nada para falar com aquilo.[8]

A lenda da vivificação de bonecas articuladas, que levam embora as almas de seus portadores, foi surpreendentemente bem representada no videoclipe Viva Forever (Inglaterra, 1998), da banda britânica Spice Girls, cuja exibição foi proibida nos Estados Unidos. Nele um conjunto de bonecas leva uma menininha para o além e deixa seu namoradinho bastante triste. A moral da estória parece ser que a opção de brincar para sempre traz a felicidade para a mocinha, mas frustra as intenções do garoto solitário.

Em 2014 o jornal Mirror, do Reino Unido, publicou uma matéria sobre a vida amorosa de Victoria Andrews, 22 anos, mulher que nunca experimentou uma união estável porque todos os seus pretendentes a dispensaram logo após ver sua coleção de reborn dolls, cinquenta e um bebês realísticos customizados. Ela falou à imprensa:

Os homens se assustam de verdade. (…) As mulheres parecem não se importar muito. (…) Minhas bonecas me dão toda a diversão de ter filhos, mas sem nenhuma responsabilidade. (…) Sempre gostei de brincar com bonecas. (…) Sacrifiquei minha vida social e amorosa por elas – mas eu sei que vale a pena. (…) É um monte de dinheiro, mas, para mim, é dinheiro bem gasto. Os bonecos me fazem feliz. Fico ansiosa quando estou longe deles e desejo voltar para casa depois do trabalho. (…) Talvez no futuro eu venda alguns dos mais valiosos para fazer uma poupança e adquirir uma casa própria.[9]

Em uma semana a referida matéria obteve milhares de compartilhamentos na rede social Facebook, chegando a ser adaptada de forma satírica pelo portal Terra. Victoria Andrews estudava contabilidade pela manhã, trabalhava à noite num pub e pagava as próprias contas. Mesmo assim foi severamente criticada por ainda morar com os pais e comprar roupas em brechós ou liquidações, quando poderia elevar seu status social simplesmente abandonando o hobby de colecionismo.

Definitivamente vivemos numa civilização estranha onde até uma cidadã dum país de primeiro mundo pode ser compelida a dar explicações a um jornal de grande circulação, justificando por que prefere colecionar arte a fazer sexo recreativo com namorados que não respeitam seu estilo de vida! Pior: Adultos que decoram quartos com figuras de ação encontram dificuldade ao interagir com outros adultos que têm, por exemplo, bonecas fashionistas ou bebês de borracha enfeitando quartos. Parece até que são hobbys muito diferentes, separados por multiversos incompatíveis.

Fobia de bonecas: O olhar de fora

Na antiga rede social Orkut existia a comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, criada e moderada por Marcus Dell Amico. Tal comunidade chegou a possuir mais de novecentos membros e permaneceu ativa entre 2004 e 2010. Sua temática era a fobia de bonecos. A ideia surgiu da experiência pessoal do criador.

Em seu tempo de juventude Marcos ficou encabulado pela insistência da mãe de sua namoradinha para que ele dormisse na cama do quarto da garota, pois poderia ser perigoso voltar para casa à noite. Ele foi informado que a namorada nunca pernoitava em seu próprio quarto, preferindo dormir com a mãe. Foi assim que o jovem Marcus descobriu que a presença de bonecas lhe amedrontava:

Quando entrei no quarto, acho que fez sentido porque ela não dormia lá: Havia duas prateleiras repletas de bonecas de todos os tamanhos. Principalmente aquelas terríveis de bebês viradas com as cabeças tortinhas pra baixo, de olhos escancarados. Senti-me terrivelmente incomodado. Foi quando ela me deu um beijo de boa noite e apagou a luz. Quando olhei para a direção das bonecas reparei que a cabeça de um dos bebês de tamanho real brilhava no escuro! Ninguém tem noção do que é isso… Levantei do colchão e fui dormir no sofá.[10]

Muita gente zoeira entrou na comunidade para narrar episódios mentirosos sobre bonecos assassinos, porém alguns poucos pareciam falar sério. Selecionei vinte e seis casos narrados em primeira pessoa, descrevendo fatos simplórios o bastante para que, talvez, possuíssem um fundo de verdade (ou seja, os fatores psicológicos do medo).

Os pesadelos mais vívidos surgem quando alguém dorme na casa doutra pessoa e acredita que o(s) boneco(s) tenha(m) ciúme dos donos ou quaisquer outros motivos para rechaçarem a presença de estranhos. Eduardo Braga reclamou de haver sonhado que sua mãe colecionadora permanecia tranquila enquanto bonecas a degolavam.

Eu sonhei que estava dormindo quando de repente essas bonecas começaram a se mexer e tentaram me fechar no quarto para me esquartejar vivo. Eu consegui fugir pela porta, mas elas tentaram me agarrar e puxar. Com bravura eu escapei. Quando corri para a sala minha mãe ficou indagando porquê eu estava tão agitando. Ao mesmo tempo essas bonecas que estavam me perseguindo começaram a degolar a minha mãe e ela nem reagia. Eu não acreditei e fugi da minha casa. Assim que eu atravessei a rua, uma forte explosão aconteceu voando pedaços de boneca para todos os lados e pedaços da minha família. Acho que foram as bonecas que ligaram o gás da cozinha e explodiram a casa. Acho que foi o sonho mais real que eu já tive.[11]

Dan ダン recordou um episódio do seu passado. Ele testemunhou o momento em que a avó achou uma boneca no armário e declarou não se lembrar da existência daquilo. Isso bastou para atiçar a imaginação do menino. A avó lavou a boneca, vestiu com roupas de bebê e deixou-a no quarto. Então ele começou a desconfiar que estava sendo vigiado por uma aparição de olhar perene:

Aquela maldita boneca tinha um sorriso pintado muito diabólico. Dava até frio na espinha! Além disso, ela tinha um olhar verde-azulado penetrante, horrível! Em qualquer ângulo que eu estivesse parecia que ela me olhava também. Eu não conseguia olhar muito tempo direto nos olhos dela, pois parecia que ela olhava direto para dentro de mim e sabia tudo que eu estava pensando.[12]

O pequeno Dan ficava profundamente incomodado ao dormir sozinho naquele quarto. Ele passou a ter pesadelos com a boneca e não quis mais voltar à casa da avó.

Infeliz ideia a minha avó teve de deixar aquela maldita sentada (…) do lado da minha cama! (…) Eu morria de medo da boneca. (…) Tinha altos pesadelos com ela, acordava e dava de cara com a maligna! (…) Um dia eu disse bem baixinho pra ela: “Você é só uma boneca de borracha idiota. Não vou mais ficar com medo”. (…) No meio da noite acordei com o barulho de alguma coisa caindo, virei devagarzinho para o lado da boneca e ela estava lá, caída da cadeira! (…) Contei tudo e revelei o medo que eu tinha daquela maligna! Minha avó achou besteira e falou que não passava da minha imaginação, que a boneca devia ter caído com o vento. (…) Na noite seguinte eu tive um sonho muito estranho de que me levantara e descia as escadas até a cozinha; e lá estava a boneca em cima da mesa com uma faca de manteiga na mão, imóvel, e minha avó caída no chão! Eu avancei pra cima da boneca imóvel, dei vários socos fortes na cara dela e enfiei a faca de manteiga várias vezes perfurando a testa dela. Ela continuou imóvel! Então acordei com suor frio e olhei para a cadeira. A boneca não estava mais lá! Estava sentada na outra cama do lado, me encarando! (…) Depois desse dia não dormi mais na casa da minha avó por uns três anos. Um dia, num churrasco, meu primo contou que tinha dormido na casa da minha avó e teve o mesmo sonho da faca de manteiga. Isso nos assustou muito.[13]

A pequena Fleur ficou presa num choque cultural. Não bastando as histórias de horror contadas pela babá, ela ainda tinha de ouvir chacotas da irmã colecionadora:

Segundo me contam, minha fobia de bonecas surgiu quando eu era bem pequena, uns quatro ou cinco anos de idade. Minha irmã mais velha vivia me apavorando, dizendo que se eu não a obedecesse, ela pediria para as bonecas me baterem de noite! Eu (…) tinha pesadelos, chorava. (…) Nas minhas brincadeiras elas simplesmente morriam: Atropeladas por carrinhos, caídas de grandes alturas, “devoradas” por ursos de pelúcia… E como quase tudo o que morre é enterrado… Assim eu tinha a certeza de que elas não iriam vir me infernizar! [14]

Fora da vivência onírica os objetos pareciam mais inanimados, como deve ser. Ainda assim causavam estranhamento. Na infância três homens e três mulheres com a mesma fobia trancavam seus monstros e seus medos no armário. Lucas, Felipe, Henrique, Meg, Renata e Fleur não se conheciam, mas todos sofriam de insônia diante da presença de figuras humanoides. Os rapazotes tinham pavor das recordações de infância preservadas no lar por parentas mais velhas. As raparigas ganharam o bicho papão de presente. Duas delas tinham “pesadelos, aparições e coisas do gênero”.

Sempre que escutava estalos na madeira do armário materno, Henrique temia que fosse a antiga boneca querendo sair. Meg escondia a chave do guarda-roupa debaixo do travesseiro. Renata não conseguia trancar tão bem porque a boneca que ela ganhou aos nove anos de idade era quase do seu tamanho e era difícil depositá-la na última prateleira do armário. Certa noite o pesado objeto caiu de lá diretamente sobre a face da dona adormecida, na cama, causando dor. Após o acidente ela acreditou que a boneca estava ressentida pelos maus tratos e tinha ciúmes dos outros brinquedos.

Os crédulos nem sempre sustentam que as bonecas necessitam de um motivo para saltar dolosamente sobre as crianças indefesas, pois a fobia de um homem e duas mulheres só teve início após a queda de bonecas na infância. Vanessa “adora bonecas”, menos uma Xuxa pertencente à sua irmã mais velha, porque lhe contaram que poucos dias após seu nascimento aquele objeto caiu fortuitamente sobre sua cabeça causando um ferimento que deixou sequela.[15] Aos doze anos um rapazote se hospedou no quarto de uma prima cuja residência era repleta de bonecas. Ele deduziu que figuras humanas “veem tudo o que acontece ao seu redor” após testemunhar uma coincidência fortuita:

Eu comecei a rir de uma boneca que estava sem um dos olhos e era feia pra burro. Joguei-a no chão com a finalidade de provocar minha prima. (…) À noite minha tia colocou o colchão para que eu dormisse e a horrível boneca estava ao meu lado, no chão, encostada na parede. Vocês podem não acreditar, mas aquele monstro se mexeu sozinho. Não sei se ela estava mal colocada no lugar. Só sei que ela se mexeu e deitou-se no chão, com o único olho esbugalhado olhando para mim. Eu gritei. (…) Depois daquele dia passei a ter pavor de bonecas de qualquer espécie![16]

Babi possuía uma prateleira abarrotada de bonecas, em seu quarto, e amava brincar com elas até a noite em que foi atingida na cama pela queda de sua favorita, Maria Belém. No dia seguinte ela preferiu dormir noutro quarto, com sua mãe, e teve um pesadelo aonde as bonecas trancavam o quarto e caminhavam em sua direção.[17]

O pouco que certas pessoas necessitam para manifestar aversão às bonecas sugere reflexos duma obrigação moral de militar contra tudo àquilo que determinadas denominações religiosas lhes proíbem. Dois homens e três mulheres destacaram o fato de, na infância, encontrarem costumeiramente brinquedos em locais diferentes donde eles os deixaram; como se os adultos não arrumassem a bagunça dos infantes ou como se o vento forte não fizesse os brinquedos mais leves caírem ao chão.

Paulo, um pai de família, comprou uma boneca de “rosto angelical”, com 1,20m de altura, para presentear sua filha no natal de 2005. Depois ficou “arrepiado” ao notar que a boneca articulada muda de lugar e de posição.[18] Como este homem nunca cogitou a hipótese da sua própria filha carregar ocasionalmente a boneca de um canto a outro?!

Elas veem tudo…

Conforme exposto, os sintomas presentes nos vinte e seis casos seletos variavam num padrão progressivo.  Quatro homens e sete mulheres se queixaram da sensação de estarem sendo observados por bonecos em qualquer horário do dia. Três mulheres se perturbaram com o sorriso de bonecos durante a noite. Uma ficou apavorada ao ver uma boneca piscar os olhos de modo aparentemente natural e espontâneo.

Talvez isso não fosse fruto da sua imaginação porque inúmeras bonecas antigas dormiam ao inclinar a cabeça. As bonecas Letonia, Massa, Bebê e outras fabricadas no Brasil pela Estrala S.A. desde cerca de 1940 até 1970 tinham olhos com íris detalhadas, cílios e pálpebras móveis. Todas piscavam os olhos sem pilhas nem manivelas.

Cinco homens e três mulheres tiveram insônia. Dois homens e três mulheres tiveram pesadelos com bonecas. Cinco homens e sete mulheres acreditavam que os bonecos podiam se mover quando não havia ninguém olhando. A aparência dos brinquedos que desencadeiam o medo nas crianças não era padronizada. Por exemplo, enquanto Lucas detestava um determinado boneco “com cara de palhaço sarcástico”[19], Rê Barbosa temia, sobretudo, o estereótipo da boneca de porcelana “com um rostinho tão doce e pálido, mas com um olhar tão vivo”.[20]

Marcus arguiu que “muita energia é depositada nesse objeto que tenta imitar o ser humano, e assim sendo, elas se tornam instrumentos de alguns cultos e ritos, a exemplo do Vodu”.[21] Fernanda teorizou sobre os sintomas repetitivos, vindo a concluir que nossa geração convive bem com muitos tipos de brinquedos, mas “nossas avós e até algumas mães tinham dificuldade em ter alguma boneca, por problemas financeiros, por isso dão tanto valor a elas”. As crianças sentem esse tipo de energia e, por isso, “vemos tantas crianças que falam com objetos, e até que veem pessoas falecidas”.[22]

Partindo destas premissas, José Jalapeño questionou se as “almas que ainda estão vagando” poderiam usar bonecos como corpos substitutos, em razão destes objetos possuírem alguma semelhança com o corpo humano.[23]

Curiosamente várias pessoas que acreditavam ter sofrido por causa da atividade sobrenatural não cremaram os brinquedos. Eles venderam ou doaram para a caridade! Após ser atingida na cabeça pela queda da boneca, Renata doou seu brinquedo “com muita alegria, mas também com muita infelicidade”. No mesmo dia em que ganhou seu objeto do horror, Tainá deu para a vizinha que deu para a filha da empregada. Quando Babi doou todas as bonecas que lhe perseguiam nos sonhos à noite, ela ainda manteve uma “Emília” que lhe causava calafrios por causa da “boquinha vermelhinha”.[24]

Rê Barbosa se despediu aliviada das porcelanas de sua avó: “Ainda bem que foram leiloadas. Tenho dó de quem comprou aquilo!”[25] A mãe de um rapaz achou um boneco e ele pediu-a para doar com a pior das intenções: “Passe a maldição adiante antes que aconteça com você!”[26] O administrador e moderador Marcus desviava o caminho quando via restos de bonecas largadas no lixo, temendo chutar macumba.

A comunidade “Bonecas, objetos do mal?” era também frequentada por alguns defensores dos brinquedos. Uma rapariga afirmou se sentir protegida estando próxima duma boneca, presente de seu avô, embora muitos a achassem assustadora “talvez por ser negra”.[27] Lilith nunca teve medo de bonecas e gostava de estórias de assombração. Possuidora de três modelos de 60 cm, ela confessou seus sentimentos:

Quando era pequena gostava de imaginar e pensar que elas se mexiam quando eu não estava lá. Por poucas vezes lhes segredei que podiam mexer-se à minha frente que eu não contaria a ninguém. Minha mãe já teve medo dessas três bonecas que tenho na sala. Parecia que elas seguiam cada passo nosso. A minha mãe chamou-me atenção para isso e eu comprovei que era verdade. Pareciam de fato seguir-nos com os olhos. Acho que até fiquei contente com isso.[28]

Fernanda acreditava que suas bonecas se comunicavam, sabiam a hora que ela chegaria ao quarto e paravam de se mexer. Por isso ela “sempre abria a porta rápido para ver se conseguia pegá-las no flagra”.[29] Tal era o sonho da criança que cresceu acompanhando os filmes com bonecos da franquia Toy Story (1995-2019) na TV aberta.

Sensações de estranhamento dentro do hobby

Quando, em 2013, a internauta Morinnaga questionou sobre os temores dos colecionadores de BJD, no fórum Den of Angels, apenas cinco entre centenas de pessoas confessaram o medo irracional de serem observados por objetos inanimados.

Uma correspondente de Minnesota percebeu que seus “adoráveis” bonecos pareciam “assustadores” nas sombras da noite. Uma moradora de Nebraska descobriu reações do tipo uncanny valley quando estava trocando de roupa e se assustou com a pose dum homenzinho anatomicamente correto que parecia excitado diante da nudez.

A parentela japonesa de Majora, estadunidense moradora de Santo Antônio, Texas, lhe enviou uma gueixa muito bonita e observadora que não a deixa relaxar em seu quarto se não estiver virada de costas.[30] Miyasaki importou bonecos japoneses para a Suécia e teve a sensação de haver virado alvo de vigília incessante:

Eu amo minhas meninas (…), mas não gosto de olhar para cima e ver que minha boneca está me encarando. Isso me causa desconforto. Gosto que minhas bonecas estejam no mesmo cômodo que eu, mas não suporto quando estão olhando diretamente para mim.[31]

Natalie, uma colecionadora canadense, leu e respondeu a tudo isso:

Acho engraçado como aprecio várias coisas que assustam muita gente. Tipo eu gostar especialmente de posicionar as bonecas mirando os olhos em minha direção ou na direção da porta; assim, quando eu entro, elas parecem me dar boas-vindas.[32]

Curiosamente a referência favorita de alguns colecionares de BJD falantes de inglês, no que diz respeito a bonecos moventes, não era nenhum filme ocidental, mas sim o show de marionetes taiwanês Pili (霹靂), devido à estética com estreita pertinência temática. Três pessoas responderam, brincando, que temiam que seus amados bonecos criassem vida e começassem a mexer por vontade própria. Souly opinou que se os BJDs não a matassem durante o sono ela ficaria traumatizada pelo resto da vida vendo tanto dinheiro ir embora. Havra preferiria que tudo fosse destruído num acidente, pois não suportaria “coisas sobrenaturais assustadoras”. Arekushia, de Montreal, amaria se os seus bonecos criassem vida.[33] E eu amei cada tapa que o Kagel me deu. Imagino que ele as vezes se mova devido ao excesso de tensão nos elásticos internos.

Assim como Morinnaga abriu um tópico fixo para colecionadores falarem sobre medos no exterior, uma moderadora fez a mesma pergunta no antigo fórum brasileiro Resin Heaven, onde as pessoas revelaram nutrir os mesmos receios sobre entropia. A diferença é que no Brasil não havia ninguém reformando a casa e trocando toda a iluminação por lâmpadas frias apenas para desacelerar o amarelamento da Resina PU. Uma brasileira reclamou da troca de elásticos: “Eu tenho um medo irracional e quase injustificado de ter de fazer restring. Eu acho que o doll vai explodir em mil pedacinhos nas minhas mãos e eu nunca mais vou ser capaz de juntar tudo, e aí eu vou chorar”.

Por aqui é comum encontrar gente que se apaixona por modelos grandes de BJD e depois não se adapta à presença dos objetos adquiridos por causa do tamanho. A preferência nacional é pelos pequenos mesmo quando custam o mesmo que os grandes.

A coleta no fórum brasileiro rendeu algumas narrativas interessantes. Certa vez uma colega de hobby importou três BJDs da Coréia do Sul e restou incomodada com as dimensões da escala 1/3. Nos anúncios do fabricante Dream of Doll estava escrito que um dos personagens é a materialização de Lúcifer e o segundo a reencarnação humana do mesmo, após um exorcismo bem sucedido. Já no anúncio da fabricante Luts o terceiro personagem, Odin, foi inspirado num deus nórdico. Não sendo religiosa nem mitômana, a colecionadora não se importou com estes detalhes; porém descobriu que seus falsos preternaturais esbanjavam presença. Todos os humanos que passam perto olham fixamente para os bonecos e isso sim é bastante incômodo.

Por experiência pessoal constatei que, de fato, os bonecos asiáticos em escala 1/3 mobilizam curiosos. Eles fascinam um monte de gente na rua. Crianças e adultos não conseguem parar de olhar. Tem gente que levanta de cadeiras distantes para ver melhor. Já me aconteceu duma senhora cristã elogiar a “menina” e avisar para tomar cuidado porque o pastor da sua igreja ensinou que diabos incorporam em brinquedos. Essa senhora ficava indo e voltando na minha direção, querendo ver de novo. Parecia um ioiô. Então eu lhe disse que Huika é boneco macho, apesar de homossexual, e que não corre nenhum risco de mudança de natureza porque sempre foi demônio vampiro. Quando equipei os chifres magnéticos ela viu que era verdade, saiu e não voltou mais.

O Resin Heaven era um fórum temático fechado de colecionares que preferiam permanecer no anonimato. Portanto omitirei todos os nomes e dados. A publicação mais assombrosa veio duma inscrita que teve uma premonição:

Aconteceu uma coisa muito estranha comigo uma vez… Tive um sonho bizarro durante a madrugada que o Wolfgang tinha derretido. Um treco bizarro acontecia com a resina e a cara dele derretia toda, acordei no nervoso e fui dar uma conferida nele. Tudo em paz. Só que no mesmo dia fui fazer umas fotos dele com o Christopher, coloquei o pequeno no ombro do Wolfgang e ajeitei o eixo pra ele ficar firme no lugar. O Chris faria força pra trás, então arrumei porque pensei que se ele caísse, cairia pra trás e como tinha peruca e chapeuzinho não danificaria nada… Mas aparecia uma desgraça de escada móvel no fundo da foto e tive que movê-los de lugar pra tirar aquele treco da imagem, na hora que me posicionei pra bater a foto o Chris caiu de cara no chão. (…) Naquela hora eu fiquei paralisada, pensando se ainda estava sonhando ou se era de verdade, porque o sonho foi na noite anterior. Sabe? Quando peguei o Christopher, o nariz dele tinha amassado! Gente! Eu chorava de nervoso e tristeza.

Eu também tive um sonho premonitório. Em 09/09/2012 sonhei que a fotógrafa e artista plástica A. G. tinha vendido para mim um boneco York – Time Voyager, modelo Idealian 72, produzido em 2011 pela microempresa sul-coreana Soom, modificado por ela para virar um personagem vampiro. Na vida real isso nunca teria acontecido porque ela certamente não venderia este item para mim e eu nunca desejaria tal coisa. Porém, naquela época, o Gluino – The Vampire Alchemist, modelo Idealian 72, era o nosso graal (aquela coisa rara muito desejada, limitada, esgotada e impossível de achar).

Em qualquer parte do globo pipocavam colecionadores elegendo o Gluino como sendo o melhor boneco entre os personagens vampiros de boca semiaberta. O primeiro modelo, vendido de 23/07/2010 a 11/08/2010, era tão branco quanto creme de leite.

Enfim, no reino onírico eu comprei um York. O sonho mudou e vi meu pequeno Huika parado de pé. Ele caiu e quebrou a cabeça. Os olhos de vidro espatifaram e de dentro saiu água. Estranhei porque Huika não chora de verdade como aparece nas fotos promocionais do produto no ateliê de Heisejinyao & Ziyulinglong (HZ). Tentei rejuntar os cacos e a força dos imãs fez com que a cabeça voltasse a ficar como era antes.

Finalmente percebi que estava sonhando porque os artesões da microempresa HZ não fabricam crânios com divisão de ossos em pontas que parecem quebradas. Quem faz esse molde excêntrico é a Soom, na linha Idealian. Logo, eu não estava segurando meu Huika. Aquilo só podia ser um vampiro modelo Idealian 72, de cor bege igual à do York. Era uma coisa que ainda não existia e que eu comprei na loja dezoito dias depois do sonho. Os olhos de silicone são moles e parecem conter água, diferente dos de vidro. Meu novo boneco era tecnicamente um vampiro Gluino de cor variante, mas o nome nada modesto escrito no certificado de colecionador é “Irresitible Temptation Idealian”.

Gluino, meu vampiro milagroso.

Notas:

[1] Relato postado por Erlif, no fórum Den of Angels, em 11/11/2012.

[2] Relato postado por Anneko, no fórum Den of Angels, em 18/01/2014.

[3] Relato postado por Reanef, no fórum Den of Angels, em 12/21/2013.

[4] Relato postado por Babi na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 19/08/2006.

[5] Relato postado por Lonesau, no fórum Den of Angels, em 12/16/2011.

[6] GOTTINO, Reinaldo e LOMBARDI, Renato. Mulher impede menino de brincar com boneco e arranja briga com mãe da criança. Em: Balanço Geral SP, produzido pela TV Record, publicado no YouTube em 20/07/2017.  URL: <https://www.youtube.com/watch?v=nw7OjWeUTTM>.

[7] TAVARES, Mateus. Homem mata a Mulher por ela ter destruído seus bonecos de Star Wars. Publicado em Medologia, 09/11/2015. URL: <https://medologia.com/post/homem-mata-a-mulher-por-ela-ter-destruido-seus-bonecos-de-star-wars>.

[8] Relato postado por Kiso, no fórum Den of Angels, em 24/06/2013.

[9] PRITCHARD, Nick. Woman obsessed with dolls can’t find a boyfriend. Em: Mirror. Nov 29, 2014 12:14. URL: <http://www.mirror.co.uk/news/uk-news/i-think-find-bit-creepy-4716775>.

[10] Relato postado por Marcus Dell Amico na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 22/08/2004.

[11] Relato postado por Eduardo Braga na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 10/12/2004.

[12] Relato postado por ダン na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 26/12/2004.

[13] Relato postado por ダン na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 26/12/2004.

[14] Relato postado por Fleur “Lola” na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 04/01/2005.

[15] Relato postado por Vanessa na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 13/05/2007 e 14/05/2007.

[16] Relato postado anonimamente na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 29/10/2007.

[17] Relato postado por Babi na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 19/08/2006.

[18] Relato postado por Paulo na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 11/11/2006.

[19] Relato postado por Lucas na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 10/06/2007.

[20] Relato postado por Rê Barbosa na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 10/11/2008.

[21] Relato postado por Marcus na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 24/08/2004 e 10/02/2005.

[22] Relato postado por Fernanda na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 13/06/2009.

[23] Relato postado por José Jalapeño na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 06/11/2007.

[24] Relato postado por Babi na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 19/08/2006.

[25] Relato postado por Rê Barbosa na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 10/11/2008.

[26] Relato postado por Igor na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 16/06/2006.

[27] Relato postado anonimamente na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 27/04/2006.

[28] Relato postado por Lilith na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 08/04/2007.

[29] Relato postado por Fernanda na comunidade “Bonecas, objetos do mal?”, no Orkut, em 13/06/2009.

[30] Relatos postados no fórum Den of Angels, por Lemonpeanut em 03/08/2012, por Bewitchi em 05/04/2013, Xura em 14/09/2013 e Majora em 23/06/2013.

[31] Relato postado por Miyasaki, no fórum Den of Angels, em 06/07/2013.

[32] Relato postado por N4t4713, no fórum Den of Angels, em 21/11/2012.

[33] Relatos postados no fórum Den of Angels, por dollhausen em 01/02/2014, Souly em 04/10/2011, Havra 02/10/2011 e Arekushia em 29/09/2013.


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