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Ora, porque para os orientais a maneira de pensar dos ocidentais está errada e é enganadora. Ademais, para os Sábios orientais, os enfoques, as deduções e induções da Ciência Moderna, e respectivas condutas, não cabem porque tudo resulta em forjações, em engendramentos, em sobreposições e em consubstanciação ou concretização de fantasmagorias.
Os orientais desde épocas imemoriais sempre souberam que o pensamento é um trapalhão e trapaceiro, além de ser um ótimo criado, mas nunca um Senhor autêntico. Disso tudo eles sempre desconfiaram . Portanto, transformar o pensamento numa ferramenta lógico-racional impecável (Ou num Organon) para captar o mundo e o universo e explicá-los, equacioná-los, transformá-los em Leis, isso sim que foi e é um absurdo completo.
Os Mestres Orientais não aceitam a validez da dualidade lógico-racional e cartesiana, ou seja, da pessoa que pensa aqui e do objeto que se estende lá (ou res cogitans e res extensa).
Para eles o Sujeito Verdadeiro e o Objeto também verdadeiro são somente Sentir e Isto Primevos, inabordáveis, inexplicáveis, não equacionáveis e sempre são NÃO-DUALIDADE.
Não são UM ou não são um tipo monismo absolutista, nem são dualismo ou pluralidade conforme a cultura científica do Ocidente.
Isto-Sentir ou Sentir-Isto são o que são. Por conseguinte, não se obsequie total liberdade a que uma parte enganadoramente pensante e falante se meta e opinar a seu próprio respeito e a respeito do objeto que tem na frente como o homem ocidental costuma fazer. E se o fizer, que opina sim, mas que fique com suas opiniões e não tente impô-las a terceiros, a não ser que estes terceiros as queiram.
Proíba-se também a esse opinador de atuar sempre e livremente e em conformidade ao que pensou e achou, porquanto tudo o que essa falsa pessoa pensante pensa, isso se objetiva, isso aparece, isso se concretiza, isso se materializa, se para tal for executado o ato propositado ou o ato intencional, relacionado à tal ideação, suposição etc. Daí as catástrofes da ciência e suas absurdas e incríveis poluições. Os bons Mestres orientais nunca se permitiram dar primazia nem à subjetividade discursiva e intelectualizada nem à objetividade pretensamente material e que se estenderia diante do homem. A maior parte dos mestres orientais sempre aplicou em si mesmo o eterno princípio do:
“Homem, homem, antes de mais nada conhece-te a ti mesmo. Só depois que te autoconheceres com perfeição saberás o que é o mundo, o que é o universo e quem é Deus. Se não te conheceres Aqui e Agora em profundidade, apenas estarás te reforçando como forjador de ilusões, como extrojetor de fantasmagorias, como ego falastrão e opinador e apenas estarás engendrando fantasmagorias próprias que impingirás ao próximo dizendo que é a maior das verdades. naturais!”
Os Mestres Orientais, não importa se budistas, zenbudistas, taoístas, hinduístas, sabem que nunca houve uma criação inicial no espaço e no começo do pretenso tempo cósmico, nem por parte de um Deus personificado nem por parte do deus Acaso da ciência, com seu ridículo Big-Bang, ou ainda nem por parte de circunstâncias desconhecidas, como alega a ciência moderna.
Admitem, isto sim, que as religiões populares de seus países falem em deuses secundários, que a modo de dizer, teriam criado o universo, o mundo, como teriam feito o deus Brahma da Índia ou o Tao personificado da China, mas no fundo sabem que o Absoluto Brahmán ou que o Grande TAO, Aqui e Agora, é Existência em Manifestação sem precisar criar coisa nenhuma.
Para escândalo do cristão ocidental, Jesus da Galiléia também era dessa corrente manifestadora ou emanadora.
Primeiro em nenhuma parte dos evangelhos Jesus fala de Jeová, pretenso Criador, mas em verdade déspota e senhor dos exércitos ou da violência. Jesus fala do Deus Amor, fala de EU SOU, ou fala do “meu Pai Celestial”. Pois bem. O Pai Celestial de Jesus sim que é o Verdadeiro Deus Vivo que não criou coisa nenhuma, mas continua se manifestando feito Vida, Aqui e Agora. E é o próprio Jesus quem declara: Meu Pai trabalha até Agora — isto é, Meu Pai não cessou de se Manifestar e de resultar em Vida — e EU, Cristo, trabalho também!…E estas palavras vão muito além do simples mandamento ligado ao Sábado.
E portanto, se não houve criação nem da parte de um deus personificado, nem da parte do acaso científico, e sim só há uma Manifestação em Constante Renovação, nada pode ser descoberto, nada pode ser decifrado a respeito do mundo e do universo e do próprio homem, porque nada está escondido. E tudo o que se diz descobrir e se diz decifrar em verdade apenas se engendra, se recria, se inventa, se forja, e se extrojeta, se sobrepõe para depois maravilhar ou enganar o próximo.
É por isso que os orientais três ou quatro mil anos atrás descobriram que a Vida era constituída por duas gerações. Uma Incondicionada, Absoluta, perfeita, harmônica, livre, simplesmente fantástica e outra totalmente condicionada pelo pensamento humano. Na Geração Incondicionado do Pai Celestial nenhuma Lei física ou moral prevalece a não ser a Lei do mais perfeito Amor.
A outra, ou a Geração Condicionada, representada por este nosso mundo cotidiano, pelo mundo que só os cientistas vêem, é representada pelos universos microscópicos, normoscópicos (cotidianos) e macroscópicos ou astronáuticos reinventados pela ciência moderna, aqui vinga a Lei da Geração Condicionada, Lei que rege todas as engendrações, distorções e superposições humanas, e aqui também rege Lei Moral da Ação e Reação ou Lei do Carma.
É graças à Lei da Geração Condicionada (ou Pratityasamutpada) que todas as demais leis dos homens, científicas, morais, religiosas, judiciais etc.etc. passaram a vingar ou a prevalecer. A Ciência moderna não fez outra coisa senão por a Lei da Geração Condicionada em funcionamento como nunca se viu, e isso desde os tempos do abnegado Galileu Galilei do século XVII.
Os Mestres Orientais nunca aceitaram o absoluto separatismo entre o sujeito e o objeto dito material. Sabem por vivência própria que o cordão umbilical que une a pessoa pensante ao objeto pensado não é cortado por nenhuma filosofia dualista , seja esta a de Aristóteles, de Tomas de Aquino, de Descartes, de Kant, de Hegel etc. A identidade sutil ou a igualdade entre pessoa pensante e objeto pensado persiste, como acontece no sonho, em que o sonhador e seu mundo sonhado com respectivos personagens de sonho são apenas o próprio estofo mental do sonhador manifestando-se de um modo peculiar.
Portanto tudo o que o sujeito dito lógico-racional e bem pensante disser a respeito do objeto e respectiva constatação, tudo isso será apenas uma extrojeção sutil de seu fundo mental ou de seu Campo de Consciência sensorial, desde onde as coisas e os seres mentais se fazem presentes.
Como se não bastassem todas essas extrojeções dependentes, nosso observador cientista, graças ao seu discurso ou pensamentos discursivos, ainda consegue dar para a sua coisa reconstruída ou engendrada as devidas explicações e desculpas da lógica-razão, “provando” assim a validade de seus engendramentos. Mas se esses engendramentos forem benéficos, como uma preciosa obra de arte acrescentada à natureza, nada contra, ao contrário, bem vinda seja. Mas se tais engendramentos somente forem conspurcar e corromper a natureza e a humanidade, e principalmente prejudicar o homem, deverão ou deveriam ser proibidos. Dos estragos do mal pensar dos cientistas e do seu agir propositado conseqüente, até hoje ninguém se deu conta. Nesse mal pensar e péssimo agir propositado, a ciência moderna e pretensamente laboratorial têm total carta branca, principalmente a ciência biológica, e os estragos aí são terríveis. Gente isso não pode continuar!
Os Mestres orientais salientam que só há duas maneiras de conhecer: ou SENTIR ou PENSAR. Há pois o modo direto, em que o SENTIR-SABER-INTUIR (sujeito verdadeiro) casa ou se funde ou comunga com o ISTO, (o objeto verdadeiro), sem romper a Não-Dualidade primordial. Ou então também há o pensar ou o conhecimento indireto, adotado no Ocidente, desde a época de Aristóteles, e modernamente falando há o conhecimento indiretíssimo, introduzido pela ciência moderna, a partir de sua sensibilidade restrita ao olho e aos telescópios e microscópios, apenas.
No conhecimento indireto parece haver uma pessoa pensante aqui, um objeto pensado lá e de por meio uma possibilidade de conhecer, que quando bem elaborada é chamada lógica-razão-raciocínio, mas quando confusa é chamada pensamento mágico do analfabeto.
Deste pretenso trio totalmente interdependentes fazem parte também os cincos sentidos já completamente desvirtuados e condicionados, mais a mente personificada que a ciência transformou em cérebro. Nesta pessoa pensante, objeto pensado, possibilidade de conhecer, mal pensando, nestes sentidos condicionados e nesta mente já personificada há mais mal pensar do que a Verdades em Si ou ISTO.
As verdades mais puras da vida ou da natureza só são captadas ou comungadas num Conhecimento Direto, porque o conhecedor aí é autêntico. Isto é, Ele é SABER-SENTIR-INTUIR.
No conhecimento indiretíssimo da ciência só há enxergar ou mal ver e pensar, enxergar e pensar esses que aliás se confundem e interdependem totalmente. Além disso, nesse tipo de constatação totalmente científica entra também e infalivelmente a necessidade de executar o ato intencional, o grande consubstanciador ou materializador de lorotas pensadas e extrojetadas.
No conhecimento indiretíssimo que a ciência biológica e a ciência astronômica adotaram não existe quase nada do objeto ou da verdadeira objetividade ou ISTO. Há somente mal ver ou enxergar, pensar e executar o ato de modo intencional.
Por meio do conhecimento indireto do povo em geral e por meio do conhecimento indiretíssimo da ciência, (ambos inferenciais) o homem, externamente, só se depara com aparências, reconstruções, ilusões ou Maya.
Quando vinga o conhecimento indireto do povo em geral e de certos cientistas também, (sim, pois atualmente a maioria dos cientistas está ligada aos enfoques astronômicos e microbiológicos, onde todos eles arrotam grosso, graças ao conhecimento indiretíssimo), os sábios orientais alertam que nossos sentidos aí só captam e constatam Maya (ou a ilusão, as aparências), que é aquilo que o nosso fantasmagórico cérebro interpreta e traduz.
A pretensa mente ego-pensante, por sua vez, se ao invés de Saber-Sentir-Intuir, quer fazer prevalecer o mal pensar, aí, no íntimo dessa mesma mente, passará a vingar então o Avidya primordial que é uma ignorância primeva do sujeito extraviado e pretensamente personificado. Se esta falsa ego-pessoa pretende conhecer o mundo externamente, ela, sem dar-se conta disso, acabará utilizando como instrumento do conhecimento o próprio Avidya, e o objeto que estiver na sua frente transmutar-se-á em Maya. O pretenso conhecedor pensante portanto tem dois inimigos, o fantasma externo chamado Maya (e não mundo ou universo científico) e o fantasma interno chamado avidya e não inteligência, criatividade.
Se no homem não prevalecer o autotoconhecimento a reta percepção, a reta cognição, a reta compreensão ele sempre ficará restrito ao conhecimentos indiretos e indiretíssimos. Só o Autoconhecimento e o Conhecimento Direto é que podem ajudar e libertar o homem.
A lógica-razão, o intelecto, o raciocínio, a memória, a imaginação (quando exacerbadas), a sagacidade, a astúcia intelectual, a inflação matemática são o lixo da mente. Tudo isso resulta em geração condicionada, tudo isso reforça a geração condicionada.
E mais a Geração Incondicionada nos escapa porque tanto o demônio externo ou Demiurgo miserável quanto o ego-pensamento em todo homem não deixam que o homem acabem conhecendo com perfeição.
A Geração Incondicionada surge espontaneamente Aqui e Agora, e é o que é. Aqui Sujeito-Ser e Objeto-Ser são o que são, livres harmônicos, amorosos, espontâneos etc.
A lógica-razão quando a partir do segundo momento em diante se levanta e se intromete graças ao Avidya Primordial ou Ignorância, essa mesma lógica-razão esconde a Verdade ou a Geração Incondicionada.
No lugar do que escondeu, ela coloca ou sobrepõe seus próprios frutos, em suma reconstrói distorções e fantasmagorias.
E em terceiro lugar o pensamento ou a lógica-razão primordial no lugar da Não-Dualidade, coloca uma falsa pessoa pensante de um lado e um falso objeto ou mundo pensado do outro.
E em quarto lugar. Não bastassem todos esses estragos suscitados pela ignorância-desejo (ou avidya) e pelos pensamentos estruturantes, estes últimos ainda se desdobram em pensamentos discursivos e começam a arrazoar, a conversar, a raciocinar, a explicar, justificando todas as intromissões e distorções que fizeram.
Sobre a busca da Verdade
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