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O engenho de Roberto Pavlita – Parapsicologia na União Soviética

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Grisalho, já entrado na casa dos cinqüenta, Roberto Pavlita é um inventor e desenhista-chefe de uma grande indústria têxtil da Tchecoslováquia. Pessoalmente, é o tipo de homem de negócios, eficiente, que não perde tempo com bobagens. Durante trinta anos trabalhou particular­mente em geradores psicotrônicos. Na sua opinião, eles governam essa recém-descoberta energia. Em meados da década de 1960, o nome de Pavlita chegou ao Ocidente no meio de uma confusão tremenda. “Homem de negócios tcheco é excelente médium de PK.” Depois: ” Pavlita não tem capacidade de PK”. Mas, afinal, ele tem ou não tem? Para os que se achavam sentados nas salas de parapsicologia dos Estados Unidos não havia maneira de saber. A história que se desenrolou por detrás das notícias mostra como se gerou a confusão. Depois de trinta anos de experiências, Pavlita dirigiu-se à Universidade de Hradec Králové, a leste de Praga. Um eletrofisiologista, um físico e, por fim, todo o departamento de física realizou experiências com ele.

Os cientistas fizeram experiências com um dispositivo engenhado por Pavlita. No interior de uma caixa de metal hermeticamente fechada, um pregão dava voltas, acionado por um motor elétrico, que ficava embaixo. Sobre o pregão, os cientistas haviam equilibrado uma tira de cobre. Parecia uma letra T. A única outra coisa que havia dentro da caixa era um pequeno objeto metálico num canto, que não se achava ligado a coisa alguma. As revoluções da tira de cobre, que não cessava de girar, eram registradas fotoeletricamente. Enquanto os cientistas observavam, Pavlita mantinha-se a quase dois metros da engenhoca. Concentrado, tinha os olhos cravados nela. De repente, a tira de cobre se imobilizou, como se alguma coisa a estivesse detendo, imprimindo um movimento contrário ao pregão girante. Que poderia ser isso? Todo o aparelhinho estava magneticamente protegido.

Pavlita continuou a olhar. Os presentes observavam, muito atentos. Vagarosamente, a tira de cobre recomeçou a girar — mas desta vez na direção oposta. Dir-se-ia que uma força invisível no interior da caixa fechada a estivesse empurrando, fazendo-a rodar em sentido contrário ao do pregão a que estava presa. Durante dois anos os cientistas fizeram experiências com Pavlita.

“PK! Uma demonstração de PK, à prova de fraude”, escreveu o jornalista britânico Theo Lang, que ouvira falar em Pavlita e voara para a Tchecoslováquia a fim de assistir a uma demonstração. Os cientistas concordaram em que se tratava de uma demonstração à prova de alguma coisa, mas do quê? Não conseguiam descobrir nenhuma força conhecida capaz de obrigar a tira de cobre a parar e a inverter o seu movimento enquanto Pavlita olhava para ela. Parece PK, mas não é — pelo menos não exatamente.

Pavlita assevera ser um tecnologista que opera uma forma de energia, ligando-a, desligando-a e dirigindo-a, como qualquer tecnologista dirige uma energia como a eletricidade. O pequeno dispositivo que não tem ligação com coisa alguma no interior da caixa fechada é um gerador psicotrônico. Enquanto Pavlita fica olhando, a sua bioenergia, segundo se supõe, é transferida para o gerador, que a acumula e dirige. Acreditam os tchecos que muita gente poderia ter capacidade de PK dessa forma, com o gerador funcionando como intermediário.

O primeiro teste de “PK” de Pavlita era uma demonstração de que essa energia, cognominada vital ou psicotrônica, podia ser aproveitada e dirigida à vontade. Mas todos os seus descobridores afirmam que se trata de uma vasta energia universal. Os tchecos disseram, e tentaram mostrar, que mesmo nesta fase do descobrimento eles podem fazer muito mais do que apenas imitar o PK.

A principal pergunta formulada por todos os ocidentais que deram com essa energia vital, ou psicotrônica, nos últimos quinhentos anos, resume-se no seguinte: Que é o que ela faz?

A energia vital e sua aplicação – Paracelso, alquimista e médico da Renascença, afirmava que essa energia se irradiava de uma pessoa para outra e podia atuar a distância. Ele a acreditava capaz de purificar o corpo e restaurar a saúde, como também de envenenar o corpo e provocar a moléstia. O Dr. Van Helmont, químico e médico flamengo do século XVII, cria que a energia facultava a uma pessoa afetar outra à distância. Para o famoso químico alemão barão Von Reichenbach era possível armazenar a energia e carregar com ela outras substâncias. Os praticantes polinésios de Huna, de que Reichenbach não tinha o menor conhecimento, concordavam em que a energia vital podia ser transferida dos seres humanos aos objetos.

Terá o homem poderes com os quais nunca sonhou, energias que podem ser isoladas e usadas? Talvez a energia psicotrônica seja uma chave para os fantasmas e até para as supostas substâncias ectoplasmáticas emitidas pelos médiuns. Os tchecos só mencionaram os empregos da energia psicotrônica que acreditaram haver confirmado. Na opinião deles, isto era apenas o início de uma descoberta — de uma assustadora desco­berta. Ouviram-se inúmeras conjeturas. E acabou-se falando sobre o futuro que os tchecos encararam tão cheios de esperança, sobre filosofia e história.

Em outro tipo de experiência, durante a fugaz primavera tcheca, tinham-se visto os geradores psicotrônicos. Para que servem eles? Nem mesmo os tchecos afirmam saber tudo o que há para saber acerca da nova energia. O ponto cardeal em suas mentes é que os geradores de Pavlita demonstram a existência de uma energia desconhecida, sutilmente entrelaçada com os seres humanos.

Se ela for real, se continuar a confirmar-se, daqui a vinte anos este relato soará como a descrição de um televisor ou de um fonógrafo feita por dois primitivos. Se antes que as patentes tivessem sido concebidas houvéssemos assistido por acaso a uma demonstração particular da máquina falante do Sr. Edison, há noventa e cinco anos, teríamos escrito provavelmente sobre uma máquina singularíssima, quase inacreditável, que era capaz, quando Caruso cantava na sala, de captar-lhe a voz em sulcos da espessura de um fio de cabelo, feitos num prato de cera. Uma semana depois esse prato podia ser posto num rotor, uma espécie de braço de metal traçaria os sulcos e, como se o tempo deixasse de existir, ouviría­mos Caruso cantar a sua ária como um fantasma que houvéssemos evocado. E a cera ficaria carregada com a voz durante muito tempo, talvez até durante anos.

A desconfiança dos cientistas ocidentais Os pouquíssimos — dois ou três — cientistas ocidentais que viram os geradores de Pavlita olharam para eles com alguma desconfiança. Nin­guém gosta de usar um barrete histórico de burro, como os membros da Academia Francesa, que botaram pessoalmente para fora das suas salas o agente do Sr. Edison e da sua máquina falante. Eles sabiam, afinal de contas, que a cera não fala, que toda a história era um truque barato de ventríloquo. Entretanto, ninguém, e sobretudo os cientistas, gosta de ser apontado como crédulo e simplório.

Muitos outros anunciaram o achado de uma nova forma de energia vital, e o seu achado deu em nada — assim como a América foi descoberta muitas vezes antes de Colombo. Seria Pavlita um impostor? Seria um antigo escandinavo, cujas visões se dissiparão nas névoas do tempo e da obscuridade, ou será um Colombo?

O descobrimento de uma nova forma antiga de energia, de uma energia vital, de uma energia mais íntima que a eletricidade ou o raios-X, é uma idéia fascinante. Exige de nós um salto da imaginação. Supõe um campo de pouso fora dos círculos dos conhecimentos científicos atuais, um campo de pouso em que a mente e a energia não estejam mais irrevogavelmente separadas uma da outra mas, ao contrário, interajam para operar as suas maravilhas.

Será a energia psicotrônica a energia sutil e vital que os místicos, os médiuns e os filósofos pressupuseram e que os cientistas, recentemente, andaram procurando nos fatos psíquicos?

Os geradores de Pavlita rever­beram na mente como pontos cintilantes de interrogação, que têm por fundo a bela paisagem tcheca.


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