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Iron Maiden visita Aleister Crowley

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De onde vem todo seu interesse por Aleister Crowley ?

Acho que o Crowley é sem dúvida a figura mais inspiradora do universo do ocultismo. Leio e estudo Crowley desde minha pré-adolescência. A despeito de todas as controvérsias que sempre o rondaram, ele levou o “faze o que tu queres ao limites do extremo.” Ele é sem dúvida a inspiração definitiva para todos aqueles que amam o ocultismo e dedicam suas horas vagas para entender o submundo em que vivemos.

Submundo ?

Você não acha que o que vivemos é real e definitivo acha ?

Acho que essa entrevista começou filosófica demais. ( gargalhadas de todos )

Foram 12 anos de trabalho, como se sente vendo a sua criação em fase final de produção ?

Corrigindo, foram quase 20 anos entre começar a ter as idéias e pô-las no papel em definitivo. Excitante como isso funciona, a literatura sempre ocupou um espaço transcendental na minha vida…

( interrompendo Bruce ) Oh não ! Filosofia esotérica é demais para minha cabeça ( risos ) ( A entrevista para por longos minutos até que todos parem de rir )

Mas falando sério ou ao menos tentando falar sério, foi uma jornada longa e muito árdua, mas que compensou todo o esforço quando vi que gente séria se interessou pelo projeto. Lógico que fica complicado agora, uma vez que seu poder de decisão fica limitado a certas escolhas.

Elenco por exemplo ?

Não, claro que não. Com isso estou muito satisfeito. Digo termos de filmagem, as datas para que eu pudesse acompanhar melhor o desenrolar das coisas, mas com a turnê em curso e gastando muito tempo, porém necessário no estúdio com o Iron Maiden, você fica um pouco distante de tudo o que está acontecendo. Mas estou muito contente com tudo. Sou inexperiente ainda, estou aprendendo. Dirigir videoclipes não é como dirigir um filme desse porte e com esse orçamento.

O que acha de muita gente na indústria cinematográfica ter ridicularizado o tema antes mesmo de ter acesso ao roteiro ?

Pergunte me algo que eu não saiba. Na verdade eles estão incomodados com o fato do filme abordar um personagem tão controverso quanto o Crowley. E também estão incomodados com o fato de termos arrecadado um excelente orçamento para o filme, mais que o dobro do que eu imaginava inicialmente.

Não acha que tudo o que já tinha de ser dito sobre Aleister Crowley já foi dito ?

Não mesmo. Além disso, o filme têm uma abordagem diferente sobre Aleister Crowley. Foge dos clichês tradicionais, acho que aborda muito mais uma questão fáustica, de como alguém é capaz de apelar para qualquer coisa, por mais perigosa que seja a fim de realizar seus objetivos, seus desejos mais perversos. Tentei também citar figuras que foram preponderantes na vida de Crowley como Jack Parsons e Ron Hubbard.

Que expectativas têm para o filme agora ?

As melhores possíveis, não têm como ser de outro jeito. Só gosto do modo como está sendo tachado de filme thrash de terror.

Agora só falta comprar a Boleskine House.

Está em avaliação.

Vamos falar um pouco sobre o Maiden ?

Seu desejo é um desejo, quero dizer, seu desejo é uma ordem.

Seus projetos solos ou projetos paralelos foram motivo para sua saída da banda em 1993, acha que isso pode voltar a acontecer ?

Não tenho mais a energia suficiente para me dedicar a tantos projetos ao mesmo tempo. Hoje minha agenda é bem controlada e já experimentei com tudo na vida. Já sei do que gosto e do que não gosto, do que vai dar certo ou não. Estou feliz e satisfeito com tudo o que está acontecendo agora. Caso contrário, não teria idéias para um novo disco do Iron Maiden.

Um novo disco conceitual ? E dessa vez sobre a vida e obra de Aleister Crowley ?

( Bruce nitidamente surpreso ) Poderia ser. Poderia ser. Conceitual sim e o que não falta é assunto sobre Aleister Crowley.

Por quê acha que outros ícones da New Wave of British Have Metal tenham caído no ostracismo enquanto o Iron Maiden goza de tanto prestígio ?

É uma questão muito difícil de ser respondida. O Iron Maiden passou por diversas turbulências, mas sempre esteve calcado num material homogêneo, de muita qualidade e com fãs de uma fidelidade atroz. Isso facilita demais as coisas, sempre facilitou as coisas para a banda. Mesmo com as trocas de vocalistas e vai e vem de integrantes, a banda sempre se sustentou em pilares muito fortes como o respeito mútuo entre seus integrantes, e o compromisso com a música. Não que Def Lepard, Saxon e outros da NWOBHM não tenham seguido esses passos, mas, é difícil responder isso sem ofender ninguém.

Recentemente vários músicos de outras bandas tem prestigiado os shows da banda ao redor do planeta, como essa devoção pelo Iron Maiden vindo de outros músicos de sucesso te afeta ?

Gratidão plena e amizade pura e respeitável são tudo aquilo que você deve plantar durante toda a sua carreira. Vou ao show desses caras também, o heavy metal não é esporte, é música, é a trilha sonora da vida de tantas e tantas pessoas.

The Number of the Beast está completando 25 anos, que lembranças tem daqueles dias ?

Ansiedade, felicidade, afobação, medo, alegrias incontidas. Ao mesmo tempo que o medo dominava a minha mente, apesar de tudo ir tão bem nas gravações, eu não sabia o que os fãs iriam achar. Paul Di’Anno é um grande performer, uma grande vocalista e têm sua marca definitiva na história dessa banda, isso ninguém poderá tirar dele, jamais. Mas eu tive a confiança dos caras da banda e principalmente do Rod ( Rod Smallwood, empresário da banda ).

Ele conversava muito comigo, mas depois do quarto ou do quinto show as coisas fluíram tranquilamente, o resto todo mundo já sabe. A rotina na banda era parecida com a da academia militar ( risos ) mas era necessário para se colocar as coisas sempre em ordem, as experiências com Di’Anno envolvendo bebedeiras e drogas nunca funcionariam no Iron Maiden.

É o melhor disco do Maiden ?

Não na minha opinião. Cada um tem um sentimento ligado a época em que foi feito. Acho Fear of the Dark genial. Acho A Matter of Life and Death o melhor de todos por que é a síntese de toda uma carreira, é um disco que representa maturidade e não acomodação de caras que beiram os cinquenta anos. Poucas bandas têm essa atitude ante ao envelhecimento de si e do seu trabalho. Na verdade eu usaria amadurecimento. É a melhor palavra para se definir o nosso momento.

Você foi crítico do Metal Progressivo do Iron Maiden do início dos anos noventa, a banda não mudou, pelo contrário, se aprofundou ainda mais no progressivo, você mudou sua opinião ?

Sempre fui fã de metal progressivo, desde os tempos do King Crimson, do Rush e de bandas mais obscuras como o Tangerine Dream, Can e demais. Só não estava preparado para aquilo na época. Queria tentar outras coisas e não me arrependo disso, foi altamente proveitoso, e acho que se não tivesse tentado aminha carreira solo, teria feito um mal trabalho no Iron Maiden.

Mas devo dizer que o In Rock do Deep Purple ainda é meu disco favorito, e acho que há muito de progressivo no som do Deep Purple, especialmente pelas mãos do Ian Paice e do Jon Lord.

Já perdoou os Osbournes ?

Eu nem me lembro de que eles existem. É tão mesquinho, tão estúpido o que fizeram que não merece ser mais comentado, é um jeito de se galgar notícias na mídia quando já não se consegue espaço através da música. Respeito Ozzy Osbourne e tudo o que ele fez pela música, mas quero que Sharon Osbourne e seus filhos se fodam.

As altas vendas dos discos da banda, incluindo o atual chegam a surpreender num mercado onde a pirataria já domina metade do mercado ?

Não sou contra o download livre. Pesquisas na internet mostram que os fãs de verdade nunca abandonam a banda. Nossas vendas de agora são semelhantes aquelas da metade dos anos oitenta. Faço um programa de rádio onde vivo discutindo isso. É inevitável, mas quem sabe trabalhar direito usa isso a seu próprio favor e benefício.

Quais são os passos da banda ao final da turnê atual ?

Pela quantidade de material que temos poderíamos terminar essa turnê e entrar em estúdio, mas isso é algo que precisamos avaliar melhor e ver como estaremos de saúde no final, já estamos velhinhos você sabe.

Fonte: roadrunnerrecords.com, tradução Paulie Hollefeld

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