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Xamanismo e Psicologia: Arte da Transformação

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por Ralph Metzner

Os termos “xamã” e “xamanismo” são oriundos de religiões mongóis e siberianas. Na antropologia moderna, o xamanismo designa todas as religiões animistas onde o pajé ou feiticeiro é a figura central. Uma das definições postula que este é um sistema que torna possível o relacionamento com a realidade supra-sensorial — o sacro, o místico, os mundos interiores ou o outro mundo. Essas são descrições variadas de níveis de consciência que se encontram além das fronteiras das nossas percepções normais. Os psicólogos chamam esses níveis de inconsciente ou inconsciente coletivo.

Contudo, a definição de xamanismo seria muito limitada se nosso conceito de inconsciente se restringisse a algo que se encontra dentro do indivíduo, intrapsíquico. O xamanismo também pesquisa e se relaciona com o desconhecido à nossa volta, isto é, seu campo abrange tanto os mistérios internos quanto os externos.

Existem três sistemas clássicos conhecidos de transformação da consciência: o xamanismo, a alquimia e a ioga. Desses três, o xamanismo é o mais antigo e o mais difundido em todo o mundo.

As formas de alquimia que — independentemente uma da outra — se desenvolveram na Europa, Oriente Médio, Índia e China têm alguma semelhança com o xamanismo: os esforços para alcançar a transformação da consciência, a procura pela intuição, pelo poder, e um profundo respeito para com a natureza e todos os seus seres, visíveis ou não. A alquimia poderia até ser considerada como um desenvolvimento de um certo tipo de xamanismo, aquele que era exercido pelos ferreiros, ourives, fabricantes de ferramentas e seus sucessores. As metas psicoespirituais e as técnicas da alquimia foram sendo praticamente esquecidas com o correr do tempo e substituídas por suas aplicações nas pesquisas químicas e físicas. A ioga abrange, como o xamanismo e a alquimia, uma visão de mundo específica e uma determinada técnica para efetuar a transformação da consciência. Não se enfatiza muito aqui a natureza — as plantas, animais, minerais, o meio ambiente — e sim os níveis de consciência interiores mais elevados; prega-se, por vezes, até uma certa libertação da natureza, da matéria. Exceções importantes são a tantra ioga, na Índia e Tibete, e a prática da ioga taoista na China, intimamente ligadas à alquimia nessas culturas. A moderna psicoterapia — especialmente a que resulta da aplicação da psicologia profunda e seus métodos de pesquisa, da psicanálise e as escolas derivadas desta, bem como das chamadas terapias de experiência — abrange várias técnicas e métodos de transformação da consciência conhecidos desde tempos antigos. Em alguns casos, os psicólogos redescobrem métodos já praticados há milhares de anos por xamãs, alquimistas e iogues. Mas a maioria das atuais escolas psicoterapêuticas diferencia-se dessas antigas tradições em função de suas metas: não procuram a iluminação ou libertação, a sabedoria sagrada ou o equilíbrio com as leis da natureza, mas simplesmente a adaptação psicossocial do indivíduo. As aproximações transformativas desenvolvidas por C. G. Jung, Roberto Assagioli e Abraham Maslow, por exemplo, são exceções que se destacam.

Depois de ter estudado durante 20 anos esses sistemas e técnicas de transformação da consciência, chegamos à conclusão de que, apesar de existirem centenas de métodos diferentes, conhecemos apenas uma quantidade mínima de transformações básicas e descrições das experiências por elas causadas.

Um exemplo de metáfora é a imagem do despertar, a de que nossa consciência normal é um estágio de sono e que é possível atingir um estado mais amplo, uma percepção mais objetiva e elevada. Podemos encontrar as mesmas metáforas básicas em artes xamanistas, símbolos alquímicos, textos iogues, escritas místicas, e nos relatos de pessoas contemporâneas que se submeteram à psicoterapia ou tiveram sonhos e experiências visionárias.

Examinei nitidamente o que significam algumas dessas metáforas básicas e o que elas nos transmitem a respeito da fenomenologia da experiência da transformação. Concluí que metáforas e símbolos são essenciais à descrição de estados de consciência ou experiências de realidade anormais. Isto porque nossa linguagem se desenvolveu apenas para ser aplicada na realidade cotidiana e não para a complexidade desses estados excepcionais.

As metáforas são necessárias para descrever realidades anormais, mas talvez tenham uma importância maior ainda: George Lakoff e Mark Johnson, em seu livro “Metaphors We Live By” (“Metáforas que nos Conduzem”), demonstram que nossa linguagem e nosso pensamento são em si metafóricos, mesmo que as imagens frequentemente não sejam reconhecidas como tais.

Os santos, iogues, alquimistas, xamãs, místicos e profetas foram, em certo sentido, pioneiros evolucionários: escoteiros trilhando caminhos desconhecidos. Eles nos deixaram valiosas indicações na forma de escrita, arquitetura, pintura, música, mitologia e poesia. O valor dessas metáforas é determinado por seus resultados: se eles são positivos, se as metáforas ajudam alguém a compreender e levar a bom termo uma experiência de transformação difícil, e se elas conseguem sensibilizar e humanizar as pessoas.

Talvez a metáfora mais utilizada na arte e mitologia xamanistas seja a imagem de uma “viagem”. O xamã — primeiro como discípulo e depois como mestre, durante suas cerimônias de cura — faz uma viagem pelo mundo interior, enquanto seu corpo físico jaz, inconsciente, na terra. O processo é semelhante àquele que ocorre com uma consciência alterada e tem um começo, meio e fim. Existe o ponto de partida; depois se passa por uma linha divisória e uma procura pelo conhecimento ou poder de curar, ou a capacidade de perceber o significado de um problema; finalmente, volta-se ao mundo, à sociedade, família e tribo.

Uma hipótese útil no estudo da transformação da consciência é a que se tornou conhecida nas pesquisas psicodélicas como set and setting, mais ou menos traduzida por atitude e padrão. Os princípios básicos usados naquela pesquisa podem também ser aplicados em estados que nada têm a ver com drogas. Tais princípios da experiência subjetiva são encontrados em estados alterados de consciência, não importa de que maneira estes foram alcançados — seja através de drogas ou ervas, pela hipnose, isolamento sensorial ou tensão espiritual. Esses fatores podem ser considerados os catalisadores necessários à experiência. O que acontecerá no estado alterado é determinado, de acordo com essa hipótese, pela atitude — dependendo de motivação, crença, desejos, esperanças, personalidade — e pelo padrão, dependendo do meio social e físico, de caráter, influências e opiniões do guia, iniciador ou mestre.

Constatamos com isso que a experiência psicodélica apresenta muitas semelhanças com iniciações, como descritas na literatura etnográfica, mas também que estas últimas são totalmente diferentes em relação a conteúdo e resultado, devido à diferença de atitude e padrão.

Uma “viagem” feita conscientemente, guiada por um mestre experiente, é totalmente diferente de um “perder-se e confundir-se”, sem que o indivíduo saiba que está viajando; sem ter esperado e mesmo intencionado esta “viagem”.

Avaliando o papel e o sentido de estados de consciência alterados ou “viagens” na procura pela transformação, é importante discriminar entre mudanças de personalidade temporárias e as de longa duração.

Assim, os psicólogos fazem distinção entre o “estado” e o “caráter” de fenômenos de medo, depressões, etc.

Acontece o mesmo no xamanismo: enquanto na prática um xamã pode passar por muitas viagens, alterações de consciência, visões ou transes, isto nada diz quanto a possíveis transformações na estrutura da personalidade. Porque tais mudanças do tipo almejado na psicoterapia, normalmente não são o objetivo do xamanismo, excluindo-se as que ocorrem no tempo do treinamento e discipulado. De fato, um discípulo ou iniciado, depois da aprendizagem, se transforma numa nova personalidade, um ser humano totalmente diferente.

Submundo e Mundo Superior

Como sabemos, existem três tipos de “viagens” xamanistas: a viagem ao submundo, ao mundo do meio, e ao mundo superior. Descer ou subir no espaço durante a viagem é uma metáfora escolhida para esses tipos de transformação, mas não existe o verdadeiro deslocamento físico (o corpo jaz imóvel no solo). São metáforas corretas porque caracterizam a experiência nitidamente.

Nas “viagens” ao mundo superior tem-se a sensação de se estar subindo, voando, planando no ar. Sonhos em que se sente voar podem indicar — de acordo com o xamanismo — que a pessoa está viajando pelo mundo superior, mesmo se o sonhador não o reconhece como tal.

Do ponto de vista da psicologia da consciência, na qual se aceita um modelo multidimensional de níveis de consciência — como nas escolas esotéricas e nos escritos de Assagioli —, pode-se dizer que uma “viagem” ao submundo é um movimento para um nível mais “baixo” que o da consciência normal (subconsciência), enquanto uma ao mundo superior é um deslocamento para um nível mais “elevado” (superconsciente).

Textos esotéricos clássicos descrevem esses níveis como sendo diferentes no que diz respeito à velocidade de vibração ou frequência, como nas notas de uma escala musical. Níveis mais “baixos” têm uma vibração mais baixa, compacta, material, relacionando-se ao corpo físico e à superfície da terra. Os mais “altos” têm frequências mais altas, são mais sutis, menos compactos, direcionando-se aos “céus” tradicionais e às dimensões mais refinadas da existência.

Viagens pelo mundo superior, experiências de altas frequências ou vibrações, são descritas ou associadas a ideias e simbolismos de ascensão, o ato de elevar-se. Essas “viagens” podem manifestar-se como se a pessoa estivesse voando, cavalgando uma ave gigantesca, um tapete voador ou, ainda, escalando uma montanha, um pilar ou uma árvore.

Esta última ideia tem a ver com o simbolismo amplamente divulgado da “árvore da vida”, encontrado em todas as culturas humanas. Mircea Eliade, em seu livro “Shamanism — Archaic Techniques of Ecstasy” (“Xamanismo – Técnicas Arcaicas do Êxtase”), tratou detalhadamente da árvore da vida ou árvore do mundo. O xamã, em geral, dará a entender que ele subiu nessa árvore, ganhando assim informações sobre diagnóstico ou métodos de cura, talvez de uma determinada folha na sua copa.

A árvore é descrita como sendo sagrada e estando localizada no centro do mundo. Seus vários galhos representam as fases da subida e, depois, da descida: na filosofia ocultista e esotérica, podem ser comparados às “camadas” da consciência. Através do caule da árvore podemos subir às dimensões mais altas: é um tronco interdimensional. E o tronco individual e o mundial estão interligados: subindo-se num, sobe-se automaticamente também no outro. Por isso é tão difundida a ideia do axis mundi (eixo do mundo) em relação à árvore da vida.

Um outro tema muito usado no treinamento e aprendizagem xamanista refere-se à sensação de se estar dividido, a doença do xamã, ou o curandeiro ferido. Os discípulos esperam ficar doentes ou machucados durante o treinamento, ou se submetem voluntariamente a uma experiência que lhes dá a impressão de estarem sendo rasgados, cortados, quebrados em pedaços — depois, voltarão a sentir-se inteiros novamente, muitas vezes com o auxílio de um espírito-guia, disfarçado de animal ou algo semelhante.

Considerando-se isso psicologicamente, pode-se dizer que se trata de uma metáfora simbolizando a dualidade psíquica que todos podem experimentar, numa ou noutra fase da vida. O doente mental, com sua fala sem nexo e seus pensamentos confusos, talvez seja a forma extrema (e indesejada) dos resultados dessa experiência.

As Subpersonalidades e o Eu Fragmentado

Há modelos psicológicos, como os de Jung e Assagioli, que dão uma descrição das várias divisões e subdivisões do “eu”, ou subpersonalidades. Quando estas se encontram num estado de caos, divisão ou conflito, um indivíduo pode sentir-se totalmente rasgado e picado em pedaços. Distúrbios esquizóides podem ser considerados a manifestação mais acentuada de uma identidade fragmentada.

A transformação ocorre quando se sente até que ponto se conseguiu a fragmentação, o que no xamanismo é feito através da visualização: a pessoa tem de imaginar o processo intensamente, como se estivesse acontecendo literalmente com seu próprio corpo. Na segunda fase, os fragmentos têm de ser novamente reunidos, mas este estágio só ocorre depois de o discípulo estar profundamente consciente da divisão, dualidade e caos reinantes em seu interior.

Os alquimistas também consideram muito importante o processo de “separação”, a consciência nítida da existência dos vários elementos e partes, antes que estes possam ser unidos e equilibrados.

Um ponto essencial em todas as doutrinas sobre a transformação é a ideia dos opostos, ou dualidades, e seu equilíbrio. Existem pelo menos três pares importantes de opostos, que têm de ser mutuamente unidos e equilibrados, tanto no xamanismo como em sistemas filosóficos mais recentes. São eles: masculino e feminino; bem e mal; consciência animal e consciência humana. Em todos os casos, é vital que se perceba a dualidade desses pares existindo dentro de nós; só assim será possível encontrar caminhos pelos quais esses opostos possam manter-se em equilíbrio, ou, pelo menos, conviver em paz.

É difundida a ideia de que o ser andrógino — ou dupla sexualidade — sempre emerge novamente. A essência desse pensamento é a de que todas as pessoas possuem uma natureza dupla, com um dos lados mais desenvolvido que o outro. Xamãs, alquimistas e iogues, assim como os místicos de todas as religiões, têm-se dedicado à dissolução desses opostos, para fazer deles um só. Podemos exemplificar essa dualidade da seguinte maneira: pai-céu e mãe-terra, Sol e Lua, rei e rainha, yang e yin, espírito-natureza, logos-eros. Em algumas culturas, notamos que os xamãs praticam um ritual travestido ou vivem durante muito tempo como o outro sexo, para chegar a um melhor equilíbrio.

Também vale aqui o princípio de que é importante primeiro separar, isto é, perceber os dois opostos, reconhecê-los, antes de poder uni-los.

Encontramos um bom exemplo de androginia nos rituais xamanistas praticados pela índia Maria Sabina, descritos por R. Gordon Wasson. A velha xamã mazateca traduz em seu canto todos os seres e espíritos que ela é. Canta que é um ser sacrossanto: santo, santo, depois santa, santa e finalmente santo, santa, santo, santa…

Essas culturas milenares, há tanto tempo em contato íntimo com a natureza, consideram que todas as coisas e ações, tanto interiores como exteriores, têm de preservar o equilíbrio. A psicologia profunda de Jung talvez seja a que mais se aproxime dessa ideia com suas teorias sobre animus e anima.

Uma outra dualidade, ou polaridade, importante é aquela do bem e do mal. Nos conceitos junguianos, essa é a ideia da integração da “sombra”, o lado inaceitável do “eu”. De acordo com o cristianismo ortodoxo, o diabo está sempre espreitando, pronto para seduzir, confundir, enganar e prejudicar as pessoas, desviar sua atenção de Deus. Existe um inimigo interior, um adversário que devemos reconhecer para evitar a irradiação dessas partes perigosas de nosso ser sobre os outros.

Acreditar que “eles”, os “outros”, são os inimigos, culpados de todas as coisas ruins que acontecem conosco, é talvez o maior de todos os erros. O treinamento xamanista e sua prática focalizam bastante esse ponto, não importando se se trata de defesas contra feitiçarias ou poderes espirituais que ameaçam o xamã ou o seu cliente. Devemos entender e reconhecer nossa sombra; porém, mais ainda, devemos aprender a conviver e até a fazer as pazes com ela…

Nos rituais xamanistas, essa ideia é expressa na luta do xamã contra os vários espíritos maus ou demônios, como, por exemplo, na cerimônia de exorcismo.

O terceiro par de opostos é muito importante no xamanismo: atingir um relacionamento harmonioso com o reino animal. Nas culturas xamanistas, fala-se de uma alma ou espírito, ou deus de cada espécie animal — urso, lobo, águia, etc. — que protege cada membro da comunidade e com o qual o xamã pode comunicar-se num estado alterado de consciência.

De acordo com o xamanismo, nos tempos antigos os animais conheciam a linguagem humana e vice-versa. Espíritos e visões de animais têm um papel relevante também na alquimia, o mesmo acontecendo na ioga, se bem que com menos intensidade, por exemplo, nos símbolos animais que representam cada chacra.

Na moderna psicologia profunda — e na psicologia em geral —, as possibilidades e problemas das relações humanas com os animais são totalmente ignoradas. Jung não mostrou na psique um arquétipo animal, porém mostrou que nossos corpos contêm restos estruturais de fases de evolução anteriores e que aquelas estruturas (o cérebro do réptil, o dos mamíferos inferiores) podem servir como padrões de imagens oriundas dos tempos primordiais nas profundezas do inconsciente.

O ecologista Paul Shepard, em seu livro “Thinking Animals” (“Animais Pensantes”), defende a importância do simbolismo animal no consciente humano. Na lógica convincente de Shepard, a percepção, comparação e caracterização de formas animais são a espinha dorsal do desenvolvimento da linguagem humana, enquanto o desenvolvimento da inteligência nas crianças seria impossível sem a existência de outros tipos de animais. Basta pensar nas inúmeras histórias sobre animais e brinquedos que os representam para constatar a lógica desse raciocínio.

Encontramos no xamanismo a transformação dessa dualidade, de um estado de separação e oposição para um estado de equilíbrio ou ligação, através do encontro e colaboração com “animais de poder” ou “companheiros animais”. Com isso — de acordo com os xamãs — se restabelece no interior humano a comunicação existente em tempos antigos entre seres humanos e animais. O relacionamento interior deve ser de respeito e igualdade, e não de medo ou superioridade e repressão.

Os animais são vistos não como um degrau “inferior” da evolução, mas como um outro ramo da árvore da vida, ricamente carregado. O que o xamanismo mostra aos homens é a força e a sabedoria primordiais que surgem de uma convivência e apoio mútuos dos reinos animal e humano.

Os vários processos de transformação humana de que falamos estão todos unidos a uma metáfora central, um padrão de reconhecimento que expressa a estrutura dessa experiência. Uma dessas metáforas pode servir como indicação para indivíduos que estão passando por esse tipo de processo em nossa sociedade atual.

Finalmente, queremos explicar o papel do ritual na prática xamanista. Num estado de transformação de consciência, o xamã se apossa de canções que são usadas posteriormente em sessões de cura. O canto pode ser considerado como uma ponte entre a realidade normal e supranormal: ele traz o conhecimento, a visão, a sensação do outro mundo, para este mundo.

Poesia, cantos e danças servem como pontes que facilitam ao xamã expressar o conhecimento das regiões sagradas em nosso nível normal, e, desse modo, os outros membros da sociedade tornam-se capazes de participar indiretamente desses mistérios. O ritual, quando funciona, é uma expressão exterior da visão interior, revela o mistério.


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