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Uma relação entre duas mulheres apresenta diferenças, tanto na arena da espiritualidade quando na da magia prática, por isso é necessário que ambas as parceiras estejam prontas e armadas de calma e entendimento. Muitas pessoas dirão que dentro do paganismo não existe diferença alguma entre as práticas realizadas por um casal lésbico e um casal heterossexual. Entretanto, embora haja realmente mais similaridades do que diferenças, o amor entre duas mulheres em um contexto ritual apresenta algumas questões que lhe são únicas.
Magia Sexual entre lésbicas
Neste aspectos destaca-se, obviamente, a questão da magia sexual. Minha primeira professora quando eu comecei o meu caminho, ha muitas luas atrás, era uma lésbica que praticava magia sexual com suas aprendizes enquanto ensinava mitologia e herbalismo. Como uma jovem que ainda estava decidindo sobre sexualidade e por causa da minha educação fui compelida a pensar em sexo com professores como um tabu definitivo. E mesmo que eu repetidamente rejeitava seus avanços, minha professora era muito insistente em sua persuasão para me ensinar este tipo de prática mágica, no entanto ela me ensinou um ponto de vista diferente do que ela ensinou o resto dos aprendizes por causa da minha natureza homossexual. Peguei um papel mais ativo do que os outros aprendizes passivos. Eu sempre atribuo a ela o “macho” que eu reconheço dentro de mim. Com o tempo eu aprendi que a magia sexual foi praticada ao longo das eras, as prostitutas do templo Ishtar na Babilônia, os Toltecas e, claro, a OTO reformulada por Crowley.
Estudando aprendi que a maioria da literatura que você tem à disposição sobre magia sexual homo tem a ver com o sexo masculino. Há muito pouca informação sobre magia sexual entre garotas. Minha professora me disse que os ritos originais que ela me ensinou teriam efeitos colaterais por causa da grande magia sexual homo que iria manifestar o seu poder, mas eu realmente não acreditei nela. Eu pensei que era apenas um truque para me levar pra cama já que ela era muito mais velha que eu, e eu não estava interessada em magia sexual, mas sim na ciência da fitoterapia. E para grande desgosto dela, eu não ia usar as técnicas que aprendi com ela, mas sim os outras aprendizes que eram da minha idade, e que inevitavelmente se tornaria um incomodo para ela.
Então eu pergunto se os resultados que tive com a magia sexual lesbica é normal ou anormal, porque existe tão pouca informação sobre ela. Me parece que a magia sexual lesbica é muito diferente magia gay, pois quando um casal masculino se forma, geralmente um atua como passivo- receptivo e o outro como o doador- ativo. Os gays tambem não podem ter orgasmos multiplos, diferente das lésbicas, que podem e conseguem os ter com mais força. E a incrível energia e o poder entre duas mulheres parece ter resultados diferentes daqueles conseguidos por dois homens. Por um lado os homens não parecem atuar tanto (ou pelo menos assim está escrito) com o aspecto emocional, já as mulheres ficam com esse aspecto à flor da pele. As mulheres também parecem ser capazes de usar a conexão sexual energética mais facilmente, e o DreamWalking se torna muito mais facil de ser realizado na mente de sua amante. Eu não tenho certeza se isto é o mesmo para os gays, já que não posso fazer parte desse tipo de coven, obviamente, mas me pergunto se é por causa disso que a magia homo é considerada a mais forte? O problema nisso, claro, é que todas as mulheres que participam desta tipo de atividade no coven estão interligadas em um nível muito profundo, emocionalmente falando e que isso pode afetar o sucesso da manifestação dos feitiços, ja que as mulheres são muitas vezes competitivas em termos de desejos pessoais. Definitivamente esta é uma das coisas que me fazem pensar muito na magia.
Os Grandes Sabbaths
Outro ponto importante para as praticantes sérias da Wicca é a questão das celebrações da Grande Roda do Ano. Se ambas no casal são pagãs, o caminho Diânico oferece muitas oportunidades para serem aproveitadas em conjunto, mulheres celebrando a alma feminina sem a influência do potencial masculino. Há realmente um grande apego em todo neo-paganismo para os aspectos femininos da divindade, mas isso não deve ser uma barreira para que lésbicas explorem também outros de seus aspectos.
Seguir as tradições pagãs ignorando o potencial masculino pode criar um ambiente desequilibrado de culto à natureza. Da mesma forma que o patriarcado se tornou viciado isolando o aspecto feminino, viver a Wicca sem considerar o polo masculino pode revelar-se desastroso. É necessário viver em equilíbrio. Casais pagãos, lésbicos ou não, sabem que cada ser humano carrega em si a dualidade destas energias. Cada um de nós, homem ou mulher carrega em si os potencias masculino e feminino, acumulados das experiências que tivemos em nossas vidas e da sabedoria que adquirimos com o tempo.
Defendo assim que casais lésbicos podem celebrar o paganismo sem privarem-se do poder masculino, simplesmente aceitando que este poder também está dentro de si. Isso pode ser feito de forma muito simples, bastanto por exemplo, nos Grandes Sabbats, uma das garotas assumir o papel masculino durante a cerimônia, não necessitando assim abandonar estes importantes rituais. Outra alternativa é fazer com que o princípio masculino esteja presente por meio do arranjo do cenário e do altar. Algumas Ervas, cristais, incensos e madeiras são, como as praticantes sabem, essencialmente masculinos e podem ser usados para estabelecer uma harmonia no conjunto dos Sabbaths.
Por outro lado muito mais importante do que apenas assumir um papel é entender tudo o que vem com ele. Ao assumirmos um caminho espiritual enquanto casal, celebramos o amor como uma base para a vivência espiritual. Amor dispensa definições e limites. Amor não conhece gênero. Como uma meditação, as amantes podem engajar-se em diferentes práticas para o empoderamento da energia sexual. Por exemplo o uso de dildos e cintaralhos são neste sentido, muito menos adequados do que o sexo oral mútuo (69). Isso porque o contato oral simultâneo faz com que a energia circule abundantemente no casal seguindo a dualidade representada pela boca e pela vulva. Se ambas são treinadas em visualização e entendem o padrão de energia que se forma nestes casos, os resultados podem ser muito estimulantes. Por outro lado o uso de apetrechos acaba sendo mais útil àquela que está assumindo o papel passivo por causa dos contatos físicos que estimulam a energia do próprio corpo, nós podemos sentir um dildo entrando em nós, mas não temos como sentir o dildo sendo enfiado em nossa parceira, mesmo assim com cumplicidade é possível perceber as respostas do corpo da parceira e assim controlar o ritual sem forçar demais o ritmo.
Dito isso, resta enfatizar a completa liberdade dos casais lésbicos para escolherem e inclusive vivenciarem apenas o princípio feminino se desejarem. Se duas mulheres podem começar a entender a si mesmas e ao universo celebrando seu amor desta forma, quem poderá dizer que este não é o caminho para elas? Pois esta é a essência do caminho Wicca, auto-aceitação e amor.
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