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Um famoso bruxo que viveu no ano 1043 e residia nas ruínas de um castelo nos arredores de Veneza foi o criador do objeto instrumento a que deu o pomposo nome de “Mão da Glória”, um acessório horrível que poderia paralisar aqueles a quem fosse mostrado, e era usado aparentemente na execução de roubos. Os que praticam Magia Negra em nossos dias, coram de vergonha, frustrados e incapazes de criar algo sequer parecido. Falta-lhes escola. Vejam :
Tome a mão de um criminoso enforcado em um patíbulo à beira da estrada; embrulhe num pedaço de pano de um funeral e uma vez embrulhada torça bem para remover o sangue. Ponha a mão num vaso de barro com azinhavre (verdete), nitrato, sal e pimentas compridas, em forma de pó. Deixe na vasilha durante quinze dias, então retire a mão e a exponha ao sol até que esteja absolutamente seca. Se o sol não for bastante forte ponha-a no forno quente com samambaia e verbena. A seguir, faça da mão uma vela com a gordura do enforcado, cera virgem, sésamo (gergelim) e esterco de cavalo; use um candelabro para segurar a vela ao ser acesa, e então por toda parte onde passar com este instrumento maléfico (a Mão da Glória) tudo ficará imóvel.
Outra vela com poderes extraordinários é a chamada “Vela Mágica”, que pode ajudar seu possuidor a encontrar tesouros enterrados. Os interessados em feitiçaria saberão, há uma cerimônia ritual registrada amplamente para invocar o demônio a “revelar onde o tesouro enterrado se encontra”. Mas esta vela é um bom meio de se alcançar o pretendido:
Deve-se ter uma vela grande feita de sebo humano, fixada em um bastão de avelã em feitio de meia-lua. Se esta vela for acesa em um lugar subterrâneo e as chamas brilharem de modo vivo, como a centelha de um raio, é sinal que há um tesouro neste local, e quanto mais perto do tesouro mais a chama irá brilhar apagando-se finalmente quando estiver bastante perto.
Os que estão ansiosos por localizar riquezas ocultas devem recorrer a qualquer dos muitos trabalhos especializados em feitiçaria. Vale mencionar o extraordinário feitiço do século XI “para fazer mais dinheiro voltar”:
Faça uma bolsa de pele de toupeira e escreva Belzebub, Zetus Caiphas com o sangue de um morcego; jogue algum dinheiro numa auto-estrada pelo espaço de três dias e três noites pronunciando as palavras: Vade et Vine. No dia seguinte olhe na bolsa e o dinheiro terá retornado num valor cem vezes mais.
Em sua obra sobre ocultismo do século XIX, Os Magos (publicada em Londres em 1801 e provavelmente o mais famoso trabalho de sua espécie, com certeza um dos mais importantes livros sobre os segredos da feitiçaria), Francis Barret enumera uma quantidade desses componentes:
Tome os olhos de um sapo que devem ser extraídos antes do sol nascer e ate-os aos seios de uma mulher doente. Então deixe que o sapo volte cego para a água e, à medida que ele se afastar, a mulher ficará livre das dores.
Faça com que uma mulher nua tire o coração de um animal, amarre-o a um paciente com febre e depois leve o animal para longe. A febre logo desaparecerá.
Para se proteger contra qualquer doença, você e sua esposa devem sair nus, fazer um risco em torno da própria casa. Este risco é um círculo encantado sobre o qual nenhuma doença passará.
Se houver seca fazer assim: uma jovem deve despir-se e cobrir-se de flores e folhas deixando apenas sua cabeça visível. Se os presentes despejarem água sobre sua cabeça a seca terminará no dia seguinte.
Quem desejar tornar-se lobisomem que procure uma árvore abatida na floresta e repita o seguinte feitiço:No mar, no oceano, numa ilha, em Bujan,
Na pastagem vazia brilha a lua, em um curral. Na floresta, num vale sombrio. Vagueando pelos estábulos um lobo peludo, de presas brancas e afiadas, procurava animais de chifres; mas o lobo não entra na floresta, não entra no vale sombrio. Lua, lua, lua de chifres dourados, interrompe o percurso das balas, tira o fio das facas dos caçadores. Quebra o cajado dos pastores, espalha medo selvagem sobre todo gado, nos homens, em todas as criaturas rastejantes, que não possam caçar o lobo cinzento, que não possam dilacerar sua pele quente! Minha palavra está mais comprometida, que adormecida, Mais comprometida que a promessa de um herói! Então pula três vezes sobre a árvore e corre para a floresta transformada em lobo.
Para combater o poder da feiticeira, tomar três jarras de pedra pequenas, colocar em cada uma o fígado de uma rã todo cravado de alfinetes novos e o coração de um sapo todo cravado de espinhos da árvore de espinhos sagrados. Arrolhar e selar cada jarra. Então enterrá-las em três covinhas de três cemitérios anexos a igrejas, a sete polegadas da superfície e a sete polegadas do pórtico. Durante este processo repita o Pai Nosso de trás para diante. Quando os corações e fígados degenerarem ao mesmo tempo decairá o poder da feiticeira.
Um feitiço derradeiro: causar a morte do inimigo. Transcrevemos este ritual com algum temor, a menos que seja levado a cabo por motivo de opressão contínua e odiosa, o feitiço pode voltar-se contra o feiticeiro.
Primeiro, procure conseguir um pouco da urina da pessoa que você tenha jurado matar com um ódio implacável. Então, compre ovos de galinha sem regatear o preço e vá à noite, numa terça-feira ou sábado, a um campo distante onde não possa ser descoberto. Quando encontrar o lugar certo faça um furo no fundo de um dos ovos e despeje toda a clara deixando a gema. Encha então o ovo com a urina da pessoa odiada, grite seu nome e feche o buraco com um pedaço molhado de pergaminho virgem. Então, enterre secretamente o ovo no campo onde estiver e volte para casa sem olhar para trás sequer uma vez. À medida que o ovo começar a se deteriorar, o inimigo terá icterícia. Nenhum remédio pode curá-lo até que o ovo seja retirado da terra e queimado pela mesma mão que o havia enterrado. Caso o ovo esteja deteriorado completamente, aquele que é seu inimigo morrerá dentro do décimo-segundo mês.
Todos nós sabemos que os que se dedicam aos maléficos trabalhos de Magia Negra temem que não possam repousar em paz depois da morte, a menos que deixem instruções de cuidados a cerca de seu enterro. São de um pergaminho depositado numa caixa secreta do Museu Britânico as seguintes instruções de um feiticeiro para que seus amigos as executassem:
“Costurar o meu corpo numa pele de veado; deitá-lo de costas num ataúde de pedra; fechar bem a tampa com chumbo e ferro; sobre ele depositar uma pedra, amarrada em volta por três correntes pesadíssimas; que sejam recitados salmos e rezadas missas para apaziguar os ataques ferozes dos meus adversários.” Se eu repousar em segurança durante três noites, no quarto dia enterrem-me no chão; contudo, temo que a terra que foi sobrecarregada com meus crimes possa se recusar a abrigar-me em seu seio”.
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