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Magia do Caos

Sobre a Magicka Ritual

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adaptado de “Angel Tech” de Antero Alli

Embora magistas mais jovens resistam à chamada Magia Cerimonial, eles o fazem como filhos que resistem a tradições dos pais, até o dia que entendem que há mais por trás delas do que obrigações e formalidades. Não é difícil ver isso. Se Rituais não fossem poderosos não haveria essa tendência história da religião ou do Estado em monopolizá-los.

Talvez essa seja a razão do surgimento de inúmeros ordens, cultos e grupos ritualísticos, como tentativas de oferecer às pessoas que buscam conhecimento ritual a tecnologia que lhes permite atender às necessidades espirituais que não interessam ao clero e aos políticos.  Devido ao sigilo inegável com que esse conhecimento é geralmente envolto, a palavra “ritual” carrega consigo um espírito um tanto sombrio e, apesar de tudo, proibitivo para a maioria das pessoas. Israel Regardie, um Adepto da Golden Dawn, quebrou seu voto de sigilo e revelou os aspectos fundamentais dos ensinamentos antigos dessa ordem. Esse material foi publicado em The Complete Golden Dawn System of Magic. O resultado disso, segundo muitos, foi o início da ciência “oculta” moderna ou movimento da Nova Era.

O que investigaremos aqui não é um conjunto específico de cerimônias, são os ossos e  músculos do ritual, a tecnologia interna nua e crua de como eles funcionam. Alguns exemplos serão apresentados na tentativa de excitar outras aplicações mais pessoais em você, o leitor. Antes de começar, no entanto, uma definição múltipla da palavra ritual está em ordem:

  1. Qualquer prática ou costume formal com a intenção de manter a tradição;
  2. Uma ação repetitiva executada para atingir um objetivo específico;
  3. Qualquer atividade que sirva para melhorar nosso senso de eu e do mundo;
  4. Uma série de formas de movimento projetadas para alterar a consciência do participante e/ou daqueles em proximidade imediata;
  5. Um conjunto físico e/ou psíquico de instruções que permitem a evocação consciente e deliberada de uma energia particular;
  6. Um meio de ação meditativa não performática dedicada a definir uma abordagem minuciosa ao sagrado;
  7. Preparação para a graça.

Ritual, como apresentado a seguir, não se refere à “rotina” — aquelas atividades que diminuem a consciência com o propósito de adormecer os sentidos. Essa abordagem ao ritual é distintamente asocial, pois serve para contornar a interação pessoal e mergulhar mais fundo nas forças subjacentes que governam a personalidade em geral. Esta técnica será referida mais adiante como configurar uma Área Rara, uma área intocada por obrigação social, julgamentos pessoais e discurso intelectual. Uma rede de técnicas similares se consolidou em uma tecnologia ritual coesa que funciona para abrir os sentidos externos/internos para acessar fontes energéticas no corpo. A espinha dorsal dessa tecnologia combina elementos de Zen, Dança e Teatro em um ambiente não performático com o propósito de liberar a pressão para performar. Nenhuma audiência é permitida.

Ritual é um teste de realidade para verificar nossa capacidade de contato direto com qualquer estado em que estamos. Através da escolha consciente de se render ao Que É, chegamos a distinguir o Real de nossos conceitos do Real. Ritual, se abordado minuciosamente, desencadeia a integração sensorial, aquele processo responsável por estabilizar nossa presença. Uma vez integrados, estamos prontos para compartilhar a transmissão somática com outros. Essa disciplina ritual funciona melhor com o compromisso contínuo de sua prática. Até então, formas e funções de ritual serão introduzidas para nos ajudar a preparar para a graça, porque em ritual, preparação é tudo.

A primeira tarefa ritual é localizar o local apropriado para executar rituais. Para simplificar, referir-nos-emos a espaços internos com o propósito de conter as energias de nosso processo de treinamento ritual. Os pré-requisitos principais para um local de ritual interno são: 1) Espaço aberto e 2) Sem interrupções. Isso pode variar de qualquer coisa, desde um estúdio de dança até sua sala de estar.

Área Rara

Configurar uma ÁREA RARA exige uma relação específica com o próprio espaço no local ritual designado. Isso ocorre relacionando-se com o espaço como um valor. Como você se move através desse espaço para honrá-lo e torná-lo sagrado? A tarefa ritual de sancionamento é altamente pessoal. A raiz sanctus significa “santo”. Palavras como santuário, sanctum e sanção referem-se todas ao processo de ordenar um espaço como um refúgio, livre de danos e violações de fontes externas. Cabe a você controlar o cenário de tal maneira que ele se torne seguro o suficiente para excitar sua vulnerabilidade. Especificamente, que movimentos, gestos e sons são capazes de abençoar o espaço para a tarefa sagrada de deixar cair seu ato? Se houver um grupo envolvido, que movimentos tornam seguro para todos estarem lá?

Como o grupo está inicialmente a serviço do próprio espaço e responsável por torná-lo sagrado, os seguintes hábitos são melhor deixados na porta para ajudar a estabilizar uma Área Rara:

  • Julgar os outros em voz alta: Estamos aqui para trabalhar em nós mesmos.
  • Cortejar: Não estamos aqui para seduzir, encantar ou atrair uns aos outros.
  • Filosofar: Isso não é um fórum aberto para falar sobre a vida.

A Área Rara é sancionada como um círculo de treinamento ritual, um lugar para aprender, experimentar e praticar as habilidades de design ritual. É o primeiro passo em direção a entrar em uma Zona Livre de Conceitos, permitindo o contato direto com as forças de nosso ser. Não é diferente da própria vida, mas uma lente de amplificação de alta potência onde processos de vida são experimentados e observados mais diretamente. Como nos relacionamos com o próprio espaço determina a qualidade do tempo passado ali.

Pré-Ritual

Encontrando um Local: Uma vez que uma Área Rara está configurada, podemos nos aventurar a entrar. Dentro dos limites dessa área ritual, começamos a próxima tarefa de encontrar um local. Isso é uma percepção intuitiva de qual local na área se sente melhor e apoia o maior senso de bem-estar. Esse é seu “local de poder” durante o curso do Ritual, um lugar para onde você retorna para descansar, regenerar e se estabilizar. Não tente localizar seu local descobrindo o que parece melhor. Em vez disso, mergulhe sua consciência em seu plexo solar e/ou região umbilical e deixe-se sentir através dessa parte do corpo. Outro método é olhar de soslaio em vez de diretamente para um potencial local de poder. Investigue vários possíveis locais através desses métodos e quaisquer outros que evoluam sensorialmente.

Marcar um Círculo: A próxima tarefa preparatória é marcar um círculo. Esta é a atividade de definir os limites do seu local, fisicamente, emocionalmente, mentalmente e espiritualmente. Tome domínio completo sobre seu local como um animal possui seu território; possua seu espaço. Marque as seis direções cardeais: Norte, Sul, Leste, Oeste, Acima e Abaixo. De fato, faça qualquer coisa dentro do seu local para melhorar sua experiência de estar seguro e sozinho. Ao marcar um círculo, você determina quanto espaço precisa para ser você mesmo. Definir seus limites físicos e psíquicos tornará um pouco mais fácil para você manter sua integridade individual no meio do Ritual que se desenrola.

Imobilidade: Dentro do seu local, encontre seu centro e entre em uma posição estacionária ali. Nesta imobilidade, sinta a periferia ou limite externo do seu local e, em seguida, seu centro onde você está. A imobilidade no centro tem três funções: 1) Clarificar sua intenção (por que você está aqui e para que serve este ritual?), 2) Diálogo, oração e/ou comunhão com Deus, 3) Imobilidade. Você só é receptivo na medida em que está imóvel.

Aquecimento: Muitas abordagens ao Ritual negligenciam esta fase. Outras chegam a ela através de períodos prolongados de movimento repetitivo. A intenção do aquecimento é “nos aterrar” sentindo profundamente o corpo. Isso é para que possamos nos sentir fortes e flexíveis diante de grandes forças dentro de nós. Como nas fases anteriores, esta continua com a aceleração de nossa solidão. (A solidão forçada ajuda a dissipar a tendência social de iniciar relacionamentos através de nossas necessidades condicionadas de aprovação, aceitação e permissão.) Um aquecimento eficaz geralmente inclui alongamento, flexão da coluna, respiração, vocalizações e, mais importante, suor. No Ritual, o suor é a água sagrada, a precipitação que sinaliza calor em corpos quentes e em movimento. O desafio no aquecimento é permanecer dentro dos limites do seu próprio espaço, seu local. Dessa forma, o aquecimento também é contido e não disperso. Às vezes, durante o aquecimento, nosso senso de limites pessoais expandirá e/ou contrairá à medida que energizamos e sentimos nossos corpos. Periodicamente, verifique seus limites e domínio próprio.

O Pequeno Círculo: Inicia a transição para o Ritual. Após o aquecimento, fique no centro do seu espaço e reúna suas forças. Em seguida, saia do seu local e vire-se para que você o esteja encarando. Este é o Pequeno Círculo. Seus solos físicos, emocionais e psíquicos foram preparados por você para o plantio. Você é a semente que será plantada. O processo de se tornar um com a semente interior, nosso estado interior de energia potencial, será doravante referido como Amorfismo.

Amorfismo: É o cerne do Ritual. Sem isso, os rituais secam e se tornam rotinas. Amorfismo é um estado de ser. Refere-se àquela parte de nós que está completamente OK em ser nada. Amorfismo não é para ser compreendido, mas experimentado. É nosso contato direto com a fonte de nossa expressão, o vazio fértil do qual todas as formas evoluem. É nossa intimidade pessoal com o nada, que também é tudo. No Ritual, o Amorfismo fornece a ponte essencial entre o potencial puro e sua manifestação em movimento. Isso é facilitado através da Posição Amorfa: pés apoiados, joelhos não-tensionados, posição equilibrada. Os olhos estão fechados ou semicerrados. A intenção é descansar, descansando a cabeça no pescoço, o pescoço nos ombros, os ombros na caixa torácica, e assim por diante até os pés descansarem no chão. A ênfase está na exalação, a atitude é vazia e imóvel. No Ritual, o sagrado pode ser mantido vivo começando e terminando cada ritual com a Posição Amorfa. Então, é possível convidar o sagrado para o círculo porque criamos espaço para sua expressão.

Transe: Após a estabilização do Amorfismo, projete no Pequeno Círculo à sua frente o aspecto particular de si mesmo que deseja evocar. Deixe essa projeção ser completa e sincera. Quando se sentir pronto, entre no Pequeno Círculo e permita que a força ali entre em você, preenchendo o Amorfismo com sua expressão. Não se mova até que a força seja forte o suficiente para movê-lo. Então, siga sua direção e sirva sua expressão. Não há necessidade de controlar isso ou tentar determinar o resultado. Relaxe e libere o controle servindo à expressão da própria energia. Deixe a energia se tornar sua fonte de orientação, informação e direção. Descubra quão profundamente você pode se render à sua qualidade e, então, dê a si mesmo permissão para se render mais. Você é simplesmente chamado a se entregar totalmente ao que é mais verdadeiro para você.

Tensão: Durante o processo de sua entrega, você experimentará variações na intensidade da energia. Outra função do Ritual é a Tensão, nossa capacidade de registrar um pico energético enquadrando-o em um gesto que comunica sua essência. Isso ajuda o corpo a “registrar” momentos de pico como memória cinética. Uma série de Tensões, ou gestos, formam a base de um mito; uma procissão de quadros.  Tensão nos mantém cientes do nível de energia com o qual estamos trabalhando. Momentos de pico nem sempre se manifestam como movimento intenso. Existem momentos em que a energia se sente mais verdadeira em si mesma na imobilidade.

A preparação anterior para o Ritual é muito flexível para atender às suas próprias necessidades. O Ritual pode ser especialmente útil para explorar o Código Kármico de nossas excitações e resistências. Ou, pode ser uma maneira simples e direta de mergulhar no êxtase. O cerne permanece em nossa capacidade de ser impressionado pelo Amorfismo. Quanto mais profunda nossa falta de forma, mais profunda nossa expressão energética. Quanto mais profunda nossa expressão energética, mais profundo  Amorfismo necessário para neutralizar sua “carga” para que nossa integridade seja preservada pelo ato de seguir em frente para a próxima coisa, frescos e livres de estados anteriores de ser.

Às vezes, há “finais enganosos” que parecem concluídos, mas requerem um pouco de imobilidade para liberar a próxima direção. Em qualquer caso, quando você se sentir que terminou, saia do seu Pequeno Círculo e retome a Posição Amorfa. Libere toda a expressão, energia e informação de volta à sua fonte. Retorne à sua própria fonte em ser nada. Mesmo que sua experiência anterior no Pequeno Círculo tenha sido arrebatadora e agradável, deixe-a ir e seja nada. Esta prática ajudará a garantir uma abordagem minuciosa ao Ritual ao restaurar sua integridade individual.

Técnicas Rituais

Círculo de Grupo: É chamado sempre que há necessidade de falar sobre o que está acontecendo e/ou após um Ritual particularmente potente. Os participantes sentam-se em um círculo, mas não seguram as mãos. O Círculo de Grupo é dedicado ao feedback não-judicativo. Este é o lugar para relatar o que aconteceu, não para expor nossas filosofias sobre o ocorrido, mas para articular a verdade da experiência como ela ocorreu. O Círculo de Grupo fornece um tempo para integração conceitual, para que nossas mentes não sejam muito abaladas durante o processo de Ritual. Falar sobre o que aconteceu cria uma transição para que possamos seguir em frente.

Polarizações: Polarizar é relacionar forças opostas em um campo unificado de atividade dirigida. Polarizações é o processo ritual de explorar polaridades internas, uma de cada vez, em direção à flexibilidade emocional. Uma polaridade não é realmente dividida, mas duas expressões de um todo maior. Para experimentar nossa totalidade, nos puxamos para nos separar e depois nos juntamos novamente. Exemplos de polaridades internas são: Beleza/Feio, Bom/Mau, Positivo/Negativo, Masculino/Feminino, Seco/Úmido, Inteligente/Estúpido, Segurança/Perigo, Ordem/Caos, Crescimento/Decadência, Caçador/Caçado, Céu/Inferno, Geral/Específico e assim por diante. Polaridades eficazes são “carregadas” e fornecem os pontos de acesso mais diretos ao material ritual. Uma polaridade que parece realmente excitante é positivamente carregada, enquanto uma polaridade que gera resistência é negativamente carregada. Polaridades carregadas positiva e negativamente são essenciais para o trabalho ritual. Sem elas, seria muito difícil gerar o tipo de energia responsável pela verdadeira transformação.

Escrever uma lista de polaridades é seu dever de casa ritual. Certifique-se de desenhar de tantas dimensões diferentes quanto possível. (A Kaobala de Peter Carroll é uma boa grade multidimensional para isso.) Cinquenta polaridades produzirão polaridades suficientes para começar. Uma vez terminada sua lista, circule as positivamente carregadas e sublinhe as cargas negativas para referência. O Ritual seguinte depende da polaridade carregada de sua escolha.

Depois de se preparar completamente, saia do seu Pequeno Círculo enquanto o encara. Entre em Amorfismo. Projete um lado da sua polaridade no Pequeno Círculo. Siga as instruções da fase TRANSE de preparação. Descubra os momentos de pico através de Tensões. Quando resolvido, saia do Pequeno Círculo e reentre em Amorfismo, liberando as expressões anteriores de volta à sua fonte. Uma vez que o Amorfismo se estabilize, entre novamente no Pequeno Círculo e repita TRANSE usando o outro lado da sua polaridade. Siga com gestos até a conclusão. Saia do Pequeno Círculo e retorne ao Amorfismo, liberando todas as expressões anteriores.

Após o Amorfismo entre novamente no Pequeno Círculo. Desta vez, expanda os limites. Marque seu Círculo novamente, estendendo sua periferia e tomando domínio sobre seu território estendido. Quando terminar, encontre o centro do seu novo espaço e reúna-se lá. Então, saia do Pequeno Círculo para Amorfismo, enfrentando-o novamente. Mentalmente, divida o Pequeno Círculo em duas metades iguais. Designe cada lado para um lado de sua polaridade. Projete toda a polaridade e toda sua carga emocional no Pequeno Círculo. Uma vez que o Amorfismo se estabilize, ouça o lado que exerce uma “atração” distinta. Esse é o lado que você entra primeiro. (Não escolha qual lado, você apenas vai contrariar o Ritual.) O objetivo geral é mover-se entre os dois lados da polaridade dentro do Pequeno Círculo. A chave é permanecer em um lado até sentir a necessidade de entrar no outro. Descubra a força que o move de um lado para o outro… aquele agente não vinculado a nenhum dos lados, mas livre para viajar. Quando estiver completo, saia do círculo e retome a Posição Amorfa. Como sempre, retorne as forças à sua fonte enquanto retorna à sua em Amorfismo.

Grande Círculo: Até este ponto, não houve menção de inter-relação com outros, apenas relacionamento consigo mesmo. Isso ocorre porque nossa intenção ritual é acessar a nós mesmos primeiro, para que possamos ter algo de valor para oferecer aos outros. (Essa é a principal razão de tanta solidão pré-relacionamento.) O Grande Círculo é dedicado à interação grupal. Rituais envolvendo o Grande Círculo começam com cada participante em seus Pequenos Círculos, para que a integridade do grupo possa emergir e ainda honrar a singularidade de todos. O seguinte Ritual de Grande Círculo é um exemplo de como isso pode funcionar.

Este Ritual de Grupo exige oito participantes que passaram pela preparação ritual e polarizações primeiro. Todos os oito participantes localizam seus Pequenos Círculos na periferia do Grande Círculo, assim:

Cada participante é designado a um Grau ou função da Inteligência, que ele/ela usará como fonte de energia, informação e direção. Por exemplo, quem selecionar o Primeiro Grau deve se render completamente à sua Inteligência Física como a força orientadora de seu movimento e assim por diante. Todos estão se preparando para se tornar um embaixador de sua função particular da Inteligência, completos com suas excitações e resistências individuais em torno delas. Começa assim. Todos ficam de frente para o centro do Grande Círculo, com seus Pequenos Círculos aos pés na frente deles. Parece assim (x é o participante):

Todos entram em Amorfismo juntos, individualmente, então o grau é projetado no Pequeno Círculo e os participantes entram para serem moldados pelas forças inerentes à função escolhida.

Uma vez dentro do Pequeno Círculo, a direção é ressoar um som que corresponda ao nível ou frequência da própria energia. Não importa como soa; o que importa aqui é que o som corresponda à energia e não o contrário. Deixe o som mudar com a energia até que o som seja uma expressão direta da energia. A próxima tarefa ritual é localizar um ritmo que corresponda à energia e ao som. Sempre crie espaço para convidar mais energia. Se houver resistência, relacione-se diretamente com ela como energia e expresse-a através de som, ritmo e movimento. Deixe isso ganhar impulso e se desenvolver em uma dança acompanhada por um tipo de música, canto ou frase. Quando sua dança estiver forte o suficiente para manter o relacionamento sem se desintegrar, saia do seu Pequeno Círculo e mova-se em direção ao centro do Grande Círculo. Isso age como um sinal para os outros saberem que você está pronto para a interação. Durante a interação com os outros, permaneça fiel à fonte com a qual você inicialmente começou: a função da Inteligência. Se você se tornar excessivamente influenciado pela força de outros jogadores, pare e retorne ao seu Pequeno Círculo para se regenerar. Quando sentir-se pronto novamente, saia e entre no centro do Grande Círculo.

Comece localizando o gesto que clarifica seu relacionamento e função para o Todo. Neste sistema de oito, ficará aparente que cada jogador desempenha um papel altamente significativo para manter tudo vivo. Um grupo final de Tensão baseado neste relacionamento com o Todo às vezes aparece como um gesto de encerramento. Em geral, os finais tendem a se encontrar e podemos aprender a vê-los se permanecermos atentos. Após o Ritual, os participantes retornam aos seus Pequenos Círculos e entram em Amorfismo. Aqui, eles liberam todas as energias que não são inerentemente suas e retornam ao Amorfismo.

Pontos de Contato

As listas a seguir são compostas por pontos de contato trabalháveis com os quais rituais inteiros podem ser baseados.

Polaridades: Contração-Expansão, Razão-Emoção, Forte-Fraco, Resistência-Excitação, Quente-Frio, Fixo-Mutável, Duro-Mole, Inferior-Superior, Vermelho-Verde, Nutritivo-Tóxico, Prazer-Dor, Tempo-Espaço, Jovem-Velho, Pesado-Leve, Culpa-Orgulho, Vitória-Derrota, Misericórdia-Severidade, Anjos-Demônios, Cérebro Esquerdo- Cérebro-Direito, etc.

Trindades: Vermelho-Amarelo-Azul, Criador-Destruidor-Nutritor, Mãe-Pai-Filho, Corpo-Mente-Espírito, Positivo-Negativo-Neutro, Sol-Lua-Terra, Sono-Sonho-Desperto, Salvador-Perseguidor-Vítima, Cabeça-Coração-Intestino, Sem Forma-Sonho-Forma, Céu-Inferno-Purgatório, Entrega-Controle-Indiferença, etc.

Quaternidades: Fogo-Água-Ar-Terra, Verão-Inverno-Outono-Primavera, Físico-Emocional-Conceitual-Social, Esquelético-Muscular-Respiratório-Sistema Nervoso, Semente-Broto-Flor-Decadência, Experiência-Design-Caráter-História, Nascimento-Vida-Morte-Pós-Vida, Sentimento-Pensamento-Compreensão-Vontade, etc.

Breve Glossário de Funções de Ritual

AMORFISMO — a profundidade da intimidade com o vazio, nada, etc., necessária para começar e terminar todos os rituais; cerne do Ritual

ATENÇÃO — concentração mental necessária para o Ritual; capacidade de contornar e/ou incluir interrupções para sustentar a continuidade

ÁREA RARA — espaço ainda não preenchido com projeções sociais, condições e expectativas; condição necessária para convidar o sagrado

ASOCIALIDADE — atitude não social necessária para manter uma Área Rara; remoção do compromisso com os outros socialmente; auto-compromisso

AURA — si mesmo como “campo”; a energia dentro do seu espaço pessoal em qualquer momento; desenvolvida através de rituais exercendo o Corpo de Luz

CONTENÇÃO — resultado do Trabalho de Limites; o elemento gratificante da solidão; cadinho necessário para temperar e misturar condições internas resultantes do trabalho ritual intensivo

CONVERSÃO — o ponto em que uma qualidade ou energia particular se torna seu oposto; o que geralmente ocorre após uma aceleração do auto-compromisso; a mudança de controlar a energia para servir sua direção criando espaço para sua expressão

CORPO DE LUZ — aqueles rituais que permitem a experiência subjetiva de iluminação, como se fosse um “corpo de luz”; corpo psíquico

DIRECIONAL — movimento predeterminado pela vontade do movente; a capacidade de controlar o resultado de um movimento em seu estilo, forma, nível de tensão, ritmo e expressão geral

ETENSÃO — dispositivo cinético para enquadrar um momento de pico em um gesto para comunicar seu espírito essencial; iniciando tensão

TRANSE — o momento de mudança de uma dimensão da realidade para outra, frequentemente facilitado pela entrada em um círculo onde uma qualidade ou força particular foi Projetada; entrada em transe

FALAR — dispositivo conceitual para integrar o social e o sagrado, geralmente empregado durante o tempo não-judicativo do Círculo de Grupo; uma ferramenta para dissipar energias

FORMA — a clareza de uma forma, direção e qualidade dada

IDIOSINCRÁTICO — dispositivo cinético para reivindicar seu próprio espaço; a capacidade de instilar uma assinatura altamente pessoal ao movimento

INCERTEZA — condição que permite a recepção de novas informações e/ou energia; capacidade de confessar ignorância; Fator X

INICIAÇÃO — o resultado daqueles rituais que excitam um alto grau de incerteza e resposta criativa dos participantes

INTEGRIDADE — auto-compromisso necessário para o Ritual Minucioso; um dispositivo de autopreservação que permite a resistência em meio à intensidade; o auto-respeito essencial para respeitar o espaço dos outros

MAGIA — contato pessoal e vivo com o infinito; o grau de conforto exibido em meio à incerteza; estar em casa no desconhecido

MARCAR CÍRCULOS — um dispositivo preliminar para preparar um Ritual, a intenção sendo definir um espaço de acordo com um propósito específico

MINUCIOSO — atenção prestada à Integridade; capacidade de honrar a autonomia de outros participantes do Ritual durante o próprio trabalho

MITO — uma história emergente de uma série de momentos de pico, frequentemente cristalizada através de Tensões, que transmite um tema universal

NÃO DIRECIONAL — movimento não determinado pela vontade do movente; o sentido inato de direção e força do organismo, frequentemente facilitado pela exaustão, abandono e entrega

ORAÇÃO — diálogo interno com sua fonte de vida; falar com Deus; não necessariamente verbal ou conceitual, como na Oração Silenciosa

ORAÇÃO SILENCIOSA — ressonância não verbal e/ou comunhão com Deus sem condições, perguntas ou expectativas; compartilhamento sagrado

POLARIZAÇÕES — o processo ritual de unir opostos em um campo unificado de direção singular; método de desenvolver coesão interna; polaridades carregadas negativamente são resistências e as carregadas positivamente são excitações; equilibrar

PONTO DE CONTATO — aquela área interna de contato direto e intuitivo com uma qualidade, aspecto ou força particular; fonte de estímulo

PREPARAÇÃO — atividades preliminares essenciais para configurar o Ritual, geralmente combinando meditação, canto, movimento e ritmo

PROJEÇÃO — capacidade de “carregar” uma área particular, geralmente um círculo, com a qualidade ou força necessária para ativar um Ritual

RESPIRAÇÃO — corrente de conexão entre o espaço interno e externo; auto-referência durante momentos de crise, ou seja, “Observe sua Respiração” “Respire”

RITMO — dispositivo cinético para estabilizar presença e continuidade; capacidade física de expressar padrões de energia como som e movimento

SACRIFÍCIO — uma oferta de si mesmo para ceder ao sagrado; tornar sagrado; um tema antigo para compreender as funções do Ritual; rendendo o que é querido para si mesmo

SAGRADO — aquilo pelo qual essencialmente vivemos; ponto de adoração; frequentemente desconhecido, o sagrado pode ser evocado e convidado através do Ritual; santo

SANTIFICAR — abençoar ou conferir a uma área, geralmente um círculo, mas às vezes outras pessoas, com aceitação completa para o propósito de consagração; benção; capacidade de conceder permissão

SEGURANÇA — condição necessária para vulnerabilidade; capacidade de auto-estabilização em meio a perigo ou crise

SUOR — dispositivo cinético para preparar-se para o choque da incerteza durante o trabalho ritual mais intenso; água sagrada; auto-suporte

TRANSE — um estado primitivo de consciência que aumenta a sensibilidade à luz, som, ritmo e jogo; mudança de túneis da realidade

TRABALHO DE LIMITES — limites auto-gerados necessários para um Ritual minucioso; a borda externa da sua Aura em qualquer momento e os ajustes internos necessários para regular sua forma e tamanho

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