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Rev Obito
Não sabia que era impossível, foi lá e fez.
Não existe coisa mais babaca do que um clichê.
Não existe coisa mais subestimada do que um clichê.
Não existe coisa mais perigosa do que um clichê.
Originalmente, um clichê é uma placa de metal gravada em relevo, destinada à impressão de imagens e textos em prensa tipográfica. Pense nos milhares de edições de um mesmo livro, pense nas centenas de milhares de edições de um jornal e você pode começar a perceber o poder de um clichê. Ele é algo real que cria cópias reais dele mesmo, mas faz isso em cópias de um material mais frágil e delicado. O clichê de um jornal dura muito mais décadas do que o jornal impresso com ele.
Por isso um clichê se tornou, popularmente, algo banalizado porque é repetido constantemente, um chavão.
E com o tempo os clichês se tornaram fórmulas usadas para se solucionar magicamente problemas banais.
Não sabia que era impossível, foi lá e fez – bata suas metas.
Não sabia que era impossível, foi lá e fez – crie um projeto novo.
Não sabia que era impossível, foi lá e fez – passe em primeiro lugar na faculdade.
Não sabia que era impossível, foi lá e fez – se torne um milionário antes dos 30 anos.
Mas nossos problemas são banais? A não ser que você esteja diante de uma adversidade como por exemplo se encontrar do lado errado de um beco sem saída com um tigre prestes a te atacar ou olhando para um campo, que deveria ser responsável pelo seu sustento o próximo ano inteiro, devastado pelo clima ou alguma praga, a resposta é sim. A maioria absoluta de nossos problemas são banais.
Desde que nascemos somos condicionados a como pensar, nos comportar e sentir e isso não é algo intrinsecamente ruim. Começa a ficar ruim quando sentimos que esse condicionamento pode ser de alguma forma prejudicial a nós e não encontramos forças ou meios para nos re-educarmos – lutar contra algo é fácil e geralmente não gera resultados além da violência em si.
Nos reeducarmos, assim, é algo muito mais importante e mesmo primordial do que simplesmente combater o sistema – o sistema é como os boletos que você recebe, ele sempre vai vencer. Isso acontece porque a realidade em que vivemos foi criada assim, não pode ser mudada, imagine construir uma cadeira e então resolver tirar dois pés dela para “lutar contra a cadeira”. Você só vai cair de bunda no chão e todas as outras cadeiras do mundo continuarão a existir como são.
Mas veja, esse não é um texto pessimista. O fato de você não poder mudar uma cadeira não implica em que você deva ser escravo dela, é por isso que você deve se reeducar, para descobrir que, de repente, você nunca precisou de cadeiras em primeiro lugar.
E como começa essa reeducação? Bem, de estar aqui, compartilhando esta ideia é seguro afirmar que ela já recomeçou. Se você não pratica magia ao menos tem curiosidade a seu respeito – nem que seja para contar na sua comunidade evangélica o que os adoradores do demônio estão fazendo, ou para discutir com seus amigos céticos como os adoradores do diabo são toscos de acreditar nessas coisas.
A magia, a arte de alterar probabilidades com a razão, de alterar a realidade com a vontade, de tecer seu logotipo no tecido da realidade é o caminho, mas você vai precisar de ferramentas para atingir seus resultados. O transe é uma das ferramentas mais importantes que você pode ter em seu repertório.
Mas o que é transe? Para que serve? Como atingi-lo?
Excelentes perguntas que vamos começar a responder.
Há um capítulo inteiro sobre isso em Hands-On Chaos Magic de Andrieh Vitimus, chamado “Por que o transe é necessário na magia?”
Segue um trecho:
“O fato é que o censor psíquico (ou a multidão de outros nomes pelo qual é chamado) limita completamente nossa concepção do que é possível. Quando você acredita que algo não é possível, não é. […] Se não podemos mudar automaticamente nossas crenças e padrões, como podemos fazer mudanças mais adaptativas quando tanto no mundo interno quanto no mundo externo, nos dizem “nada de mudança”? Essencialmente, nosso condicionamento e as partes quase conscientes da mente estão trabalhando contra nós quando tentamos fazer mágica.”
Belas palavras que podem ser entendidas como: a magia pode ser um cavalo selvagem: só de montar sobre ele coisas começam a acontecer, mas nem sempre da maneira que você espera ou do modo que você quer. Você precisa aprender a “domar” esse cavalo para conseguir chegar aos lugares que quer chegar.
Na pratica quem quer montar o cavalo é você e o cavalo também é você e para domá-lo – para fazer a magia funcionar da forma que quer – você precisa permitir que sua mente subconsciente assuma o controle por um tempo.
Lembre-se, desde que nascemos somos condicionados até aprendermos a nos condicionar. Hoje você não entraria sem roupas em uma delegacia para perguntar as horas por uma série de fatores que foram condicionados a você:
- é errado
- Vou apanhar
- Não me sinto confortável de andar nú por ai
- Vão me internar
- é a polícia mano
- Mil outros motivos
Isso mostra que o condicionamento não é intrinsecamente ruim. Não existe uma lei cósmica, uma lei física, uma preceito existencial que dite que é errado entrar nú em uma delegacia. Mas na prática a chance disso acabar mal para você é bem maior do que você simplesmente sair de lá sabendo as horas.
Isso é condicionamento? Sim. Uma criança de 3 anos não só faria isso sem pensar – como provavelmente sairia dali sabendo as horas, pense nisso.
Agora, o condicionamento é ruim quando sua mente que pode ser condicionada, a consciente, atrapalha você a atingir seus objetivos. E ela não faz isso apenas com objeções:
- Magia não existe
- Seu ritual não está funcionando
- Isso é besteira
- Kd o resultado
- Vão me achar um palhaço por fazer isso
- Mil outras objeções
Ela faz isso criando os problemas banais que você tenta resolver. E se você está lutando contra banalidades vai ter que usar banalidade como arma e terá resultados banais também.
Por isso digo por enquanto que para fazer magia de fato, você tem que desligar sua mente consciente, ou pelo menos trazê-la para um estado diferente de consciência.
Sua Verdadeira Vontade, seu Lugar no Mundo, seu Objeto de Desejo não existe na mente consciente. É por isso que Mick Jagger teve tanto sucesso cantando
You can’t always get what you want
But if you try sometimes, well, you might find
You get what you need
Magia de verdade é realizada principalmente no nível subconsciente, no subconsciente existem intenções, não desejos, ele gera resultados e não muletas. E sua mente inconsciente existe em um lugar especial que chamamos de Suspensão Voluntária da Descrença.
Para que sua magia funcione, você precisa realmente acreditar que ela funcionará, sem que sua mente consciente a desligue a cada passo.
Bem vindos ao TRANSE. A melhor forma de colocar sua consciência no lugar dela e deixar a magia começar a acontecer.
De maneira simples – mas não simplória – existem dois tipos principais de transe. Ambos funcionam através de um princípio muito simples: sua mente e seu corpo estão conectados. Se a conexão é física ou mental ou espiritual não vem ao caso agora, mas acredite o que um faz o outro sente, um tenta sempre preservar o outro, eles acreditam que são a melhor dupla criada desde a goiabada com queijo. Assim, trabalhe com um e o outro o segue.
O primeiro tipo então é o tipo passivo, o transe inibitório.
Aqui você busca criar um ambiente físico em que acalma o corpo e então a mente segue o caminho se acalmando também. Quando a mente se acalma começa a surgir sua intenção ou ideia em foco. Aqui temos os mantras, e os muitos tipos de meditações e orações.
O outro tipo é o tipo agressivo, o transe excitatório.
Aqui você vai superestimular seu corpo e sobrecarregá-lo de tal forma que em determinado momento sua mente se desliga, seja para se preservar, para não enlouquecer, porque não aguenta mais os estímulos… pode acreditar no que quiser.
Aqui temos a dança religiosa, os giros sufis, a hiperventilação e a superexposição a dor, prazer e esforços físicos que levem a exaustão.
Hora de deixar a teoria de lado e abraçar a prática.
Lembre-se. Nada aqui funciona como apertar um botão e ver uma luz acender. Isso é bom por um lado – já que não é como pular de uma janela e inevitavelmente cair – e é ruim porque simplesmente por se sentar e olhar para um ponto na parede por 30 segundos. Sem piscar não é garantia de transe.
E tem o bônus de ser como tentar entrar em uma piscina gelada, você pode ir colocando os dedos do pé, o tornozelo, afundar a perna até o joelho e assim sucessivamente até. Entrar por inteiro – se for esse o seu estilo e você não curtir sair correndo e mergulhar com tudo de uma vez.
- Hiperventilação: A respiração profunda, contínua e espasmódica é a chave por trás da Respiração Holotrópica de Stanislav Grof e da Postura da Morte de Austin Spare. Requer certa prática, mas é eficiente e aplicável em absolutamente qualquer lugar.
- Sentado ou deitado parado. Este é um método tradicional de alcançar o transe, sendo o ideal colocar a mente em algum lugar entre a vigília e o sono. Parece funcionar para muitas pessoas, especialmente quando acompanhado de música, atmosfera ou visualizações calmantes.
- Tai-chi, ioga ou outro movimento lento. Para algumas pessoas, fazer uma série de movimentos lentos ou manter posições pode ajudá-las a deixar a mente vagar.
- Cantando. Cantar um mantra pode ajudar a mente a se concentrar em uma coisa singular – um desejo, uma memória, uma emoção, uma divindade ou espírito, uma sensação, etc. gritando, gritando incoerentemente, ou glossolalia. Da mesma forma, se você tem perícia com algum instrumento musical sem dúvida já entrou em um estado de gnose quando se perdeu dentro da música.
- Vidência. Vidência é uma forma de adivinhação que envolve olhar para um objeto em branco, tradicionalmente uma bola de cristal ou um espelho de vidência preto. Mas você pode usar qualquer superfície em branco ou mesmo apenas a escuridão de uma sala. Você olha para ele até que sua mente se desliga lentamente e você entra em um estado de sonho.
- Dança extática ou outro movimento rápido. Dançar em êxtase pode colocar a mente em um estado semelhante a uma alta. Também cansa o corpo, então se você dançar ou girar e depois cair rapidamente no chão, ficará muito tonto e eufórico para que sua mente consciente esteja no controle.
- Oscilação. Um movimento repetitivo de balançar ou girar pode ajudar a estimular o corpo e acalmar a mente. Eu costumo meditar andando para frente e para trás, com a velocidade do meu passo refletindo a velocidade dos meus pensamentos, variando de caminhada lenta a corrida rápida e salto. Para muitos a mente consciente não se desligará, mas certamente vagueará.
- Sexo: O sexo convencional também pode ser uma opção, mas se você está preocupado em agradar ou ser agradado, em demonstrar desempenho ou impressionar o parceiro dificilmente vai atingir o estado não-dual.
- Medo: Enfrentar um medo pode ser uma forma bastante rápida de entrar em um estado não-dual. Hoje existem muitas formas seguras de se fazer isso como esportes radicais, montanhas russas, etc.. que não deixam de ser eficientes.
- Masturbação. Este é definitivamente um dos métodos mais populares. O problema é que muitas pessoas não conseguem se masturbar sem um estímulo externo e você quer atingir a vacuidade mental e não encher seu inconsciente de pornografia. Isso pode levar sua mente a lugares estranhos o que não deixa de ser útil para o trabalho com a Sombra.
- Quimiognose. Os xamãs usam diferentes drogas naturais como portas de entrada para poderosos estados de transe há milhares de anos. Os Mistérios Dionisíacos usam o vinho como meio de alcançar o transe, juntamente com a dança extática.
Agora, lembra-se quando eu disse que nada aqui funciona como apertar um botão e ver uma luz acender? A quimiognose é a excessão, assim que ingere sua droga ela vai funcionar, você queira ou não. Assim, enquanto o transe induzido por substâncias é certamente fácil, ele pode se tornar perigoso, difícil de controlar, e nem sempre saudável. Não confie nas drogas como meio infalível de transe pois mais do que nas outras técnicas aqui o background (interno e externo) é essencial. Se for usá-las, seja o mais cuidadoso e bem informado possível.
As técnicas acima e outras mais podem ser misturadas em um contexto magístico. Quase todas as religiões possuem algum momento em que uma ou mais das opções acima serão usadas para arrebatar temporariamente a consciência dos devotos. Se existe algum culto animado de qualquer religião perto de você, ele também pode ser usado para atingir este estado.
E o que esperar dessas práticas? Que tipo de “transe” vai rolar?
Essas são as perguntas erradas que você pode estar se fazendo agora. Todas essas técnicas vão silenciar sua mente consciente por algum tempo. O. Tempo depende do tipo de estímulo e como você reage a ele. Muitos chamam este momento, esses instantes de Graus de Gnose.
Graus de Gnose
O estado de gnose é um espectro que vai além da mera duração cronológica. Um orgasmo de má qualidade pode paralisar o diálogo interno por alguns momentos mas dificilmente terá alguma utilidade mágica. Ao mesmo tempo um braço quebrado com certeza silencia sua mente consciente, mas impede a inconsciente de fazer o seu trabalho mágico, ela apenas tentará preservar fisicamente o organismo que sofreu um dano severo.
Em “Princípios da Engenharia Mágica“podemos encontrar a Tabela Spare que serve como comparativo (do mais fraco ao mais forte):
- Sensações intensas de Prazer/Dor física.
- Privação/Estase dos sentidos.
- Privação/Sobrecarga do organismo (jejum, fastio, insônia, imobilidade, exaustão)
- Emoções atávicas, fortes ou significativas (euforia, medo, lástima)
- Estímulos abstratos complexos (música, dança, matemática, teatro, etc…)
- Libertação socio-cultural. Entrega completa. (perda de auto-censura, alivio de normais cotidianas, quebra de tabus tribais)
- Memórias Simultâneas/Amnésia
- Consciência não-local. Transcedência da noção de espaço.
- Superação conceito de individualidade.
- Consciência pura
- Vacuidade. Ausência absoluta de pensamentos.
Como você sabe quando o alcançou?
Um bom indício de que você está neste estado é que a ausência de dualidade. Não há dentro ou fora, eu e outros, falso ou verdadeiro. Todas essas noções conscientes cessam. O discurso mental interno silencia. Por isso, quando você ainda tem condições de se perguntar se já está em Transe é porque ainda não chego lá ou porque já não está mais lá.
Eu encorajo você a encontrar um método de transe que funcione melhor para você. Silencie o adolescente interior que já curtiu a ideia de sexo como ferramenta ou o masoquista extremo que quer ver quanta dor aumenta. Isso são desejos da sua mente consciente.
Um livro útil a este respeito é o Livro Completo da Meditação, de Osho. Nele o autor compila dezenas de técnicas meditativas diferentes das mais calmas e tradicionais até as mais dinâmicas (incluindo a Meditação Caótica criada para ocidentais) e que podem ser úteis para você. Teste e tire suas conclusões. Mesmo que pareça que você não está fazendo isso “certo” na primeira vez. O que importa é que você tenha resultados.
Alimente sua alma com mais:
Conheça as vantagens de se juntar à Morte Súbita inc.