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Os jogos de RPG não eram populares naquela época, pelo menos não como conhecemos hoje, e a fabricação de um livro dessas proporções parece ser algo insano, no mímino, para ter acontecido apenas pelo prazer de se criar tal obra. Mas eram muito comuns na época manuscritos e livros misteriosos, grimórios e outros que muitas vezes era atribuídos a pessoas famosas do passado, como Salomão ou algum Papa, e eram vendidos por quantias bastante altas a praticantes de ocultismo ou meros curiosos que pudessem arcar com as despesas. Como poderíamos esperar muitas teorias de que o manuscrito não passava de uma fraude fabricada surgiram.
Uma delas afirma que foi Dee que o escreveu. Além de matemático, Dee se interessava por criptografia e uma de suas maiores conquistas é a linguagem enoquiana, supostamente ensinada a ele por anjos através de seu assitente, que também possui traços gramaticais reais e nunca foi usada antes dele, com carcteres próprios e frases singulares. Muitas pessoas hoje afirmam que na verdade Dee era um espião da rainha Elizabete e desenvolveu o anoquiano como um código para trocar informações com a Inglaterra. Sendo uma linguagem inventada ou aprendida através de anjos, podemos afirmar que Dee teve contato e experiência com uma língua nova, assim talvez a tarefa de se criar um manuscrito inédito e misterioso não lhe seria desconhecida. Algumas hipóteses apontam para a possibilidade de Dee ter criado o manuscrito, atribuído sua origem a Bacon e então tentado vender por um alto preço ao Imperador atraves de Kelley, que já prestava serviços como alquismita para a corte.
Outros afirmam que na verdade Kelley foi o inventor da língua enoquiana, e o fez para manter o interesse de Dee nele aceso e assim continuar a coletar um salário. E Kelley, que já tinha um longa ficha como trapaceiro, não teria dificuldades em forjar esse documento e vender ele mesmo para o Imperador por uma boa quantia.
Ainda existem teorias que afastam o ganho pessoal como objetivo que motivaria alguém a escrever um livro falso ou sem sentido. Evidências mostram que Jan Marci conheceu Kircher quando liderou uma delegação da universidade Charles para Roma em 1638, e nos vinte e sete anos que se seguiram os dois estudiosos trocaram muitas cartas sobre vários assuntos de natureza científica. A viajem de Marci foi parte de um conflito dos secularistas da universidade que desejavam mantê-la livre do domínio dos jesuitas, que dirigiam a faculdade Clementinum em Praga. Apesar dos esforços as duas universidades foram unificadas em 1654 sob o controle jesuita. Em cima disso surgiram especulações de que isso criou uma animosidade política entre Marci e Kircher, fazendo com que o primeiro criasse o manuscrito Voynich e o enviasse para o segundo como forma de desbancar e desacreditar a estrela dos jesuitas. Existem evidências de que a personalidade de Marci era compatível com a de alguém que podusse fazer isso, e Kircher era um alvo fácil, já tendo sido alvo de uma fraude parecida realizada por Andreas Mueller. Mueller criouum manuscrito ininteligível e o enviou para Kircher com uma nota explicando que o texto vinha do egito, ele pediu que Kircher traduzisse o texto. Assim as únicas provas que temos hoje da existência de Baresch são três cartas enviadas a Kircher, uma por Baresch (1639) e duas enviadas por Marci (um ano depois), e talvez ele tivesse sido um pseudônimo inventado para tentar pregar uma peça no tradutor. Curiosamente a correspondência entre Marci e Kircher termina exatamente com o envio da carta que seguiu o manuscrito Voynich. Claro que essa hipótese da animosidade entre Marci e os Jesuitas é puramente especulativa, ele sempre foi um católico fervoroso e chegou a estudar para se tornar jesuita, sendo aceito na ordem pouco antes de morrer.
Outra teoria involve Raphael Mnishovsky, a pessoa que afirmou que o manuscrito havia sido escrito por Bacon. Mnishovsky era um criptógrafo e existem rumores de ter inventado uma cifra que era impossível de ser decifrada (cerca de 1618). Isso levou à hipótese de que ele teria produzido o manuscrito Voynich como uma demonstração prática de sua cifra e usou Baresch como cobaia sem que o alquimista percebesse. Assim que Kircher publicou seu dicionário de Copta, Mnishovsky pode ter achado que ele seria um teste melhor do que Baresh e convenceu este a escrever para jesuíta, pedindo ajuda no trabalho. Ele teria inventado a história de Roger Bacon apenas para estimular ainda mais o alquimista. De fato muitos apontam que a carta que Marci escreveu mostrava que ele suspeitava que a história toda de Bacon fosse uma invencionisse. Mas de novo, não existem muitos fatos que suportem essa ideia.
Existe outra linha de hipóteses que afastam a origem do manuscrito da época medieval e a torna bem mais próxima. Muitos afirmam que também seria igualmente possível que o próprio Voynich teria fabricado o manuscrito, já que era um bibliófilo ele teria o conhecimento e os meios necessários para se criar o texto, as ilustrações e tranformar tudo em um livro perdido de Bacon. Mesmo com a datação do material do livro e a carta recém descoberta de Kircher muitos ainda se apegam a essa possibilidade, afinal esse tipo de datação acaba sendo altamente especulativo, dependendo de várias assunções que podem não ser baseadas em evidências, junte a isso vários debates recentes entre estudiosos que afirmam que os resultados dos testes sugerem uma data muito mais recente e criamos uma possibilidade para uma fraude moderna. Além disso as cartas de Baresch e de Marci apenas falam de um manuscrito real, mas não falam que aquele manuscrito era necessariamente o manuscrito que Voynich tornou público, assim as cartas poderiam ter servido para incentivar Voynich a criar o manuscrito ao invés de servirem como provas de que ele era real. Mais para frente vamos olhar com cuidado toda a negociação feita por Voynich com o Collegio Romano e a aquisição dos manuscritos.
Mas o maior argumento de que o manuscrito é uma fraude parte do princípio de que ninguém conseguiu decifrá-lo, e portanto é indecifrável, e ninguém perderia tempo escrevendo algo sem conteúdo a não ser que fosse para enganar outros ou lucrar algo com isso, é algo como afirmar que ninguém faria algo estúpido porque isso seria estupidez. A única evidência de que o manuscrito seja uma fraude é a incapacidade de se decifrar seu conteúdo e isso em si já é uma pequena maravilha em si só já que mostra uma cifra criada por alguém que é virtualmente impossível de ser quebrada, descartando a idéia de que tudo não passe de uma baboseira sem sentido criada a troco de nada vamos dar uma olhada no conteúdo do manuscrito agora.
por Obito
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