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Nyarlathotep: Mestre do Sabbath?

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A intangibilidade amorfa dos Grandes Antigos os tornam difíceis de se trabalhar magicamente. Enquanto eles são como receptáculos de vastas energias primordiais, imagens de muito poder, é difícil encaixá-los em técnicas padrão de magia ritual. As tentativas de colocá-los em meta estruturas simbólicas, como a Cabala, usando correspondências elementais, zodíacais e outras só servem, a meu ver, para limitar seu poder. Como os Grandes Antigos não possuem ‘personas’ mágicas no mesmo sentido que as outras divindades tem, parece haver pouco sentido em tentar invocá-las, pelo menos na forma em que a invocação é geralmente realizada. Eles podem ser abordados no entanto, com o uso de explorações oníricas, mapeamentos mentais do mundo interior e vidência. Estas tecnicas tendem a ser experiências solitárias, e tem havido relativamente pouca atenção voltada para o trabalho em grupo dentro do atual Mito de Cthulhu, ao menos como articulada pela Ordem Esotérica de Dagon em sua forma atual.

Um dos Grandes Antigos que, pelo menos por algum tempo está vestido em forma humana é o Caos Rastejante, Nyarlathotep. Embora, como acontece com os outros de seus parentes, Nyarlathotep tem um número infinito de formas, suas aparições mais importantes do ciclo de Lovecraft são mitos como o “Homem Negro” do Sabá das Feiticeiras. Como o Caos Rastejante, ele tem o papel de mediador entre os Antigos, verdadeiramente alienígenas e cósmicos, e os seres humanos que aspiram a adorá-los, ou, como no caso de Randolph Carter, buscar conhecimento proibido a partir deles. Nyarlathotep tem sido identificado com Satã e também Aiwass. Uma de suas formas zoomórficas é a de uma esfinge negra sem rosto[1] – uma besta mágica cujos poderes, de acordo com Levi, são a base de toda a magia – Saber, Ousar, Querer e Calar. A forma de esfinge Nyarlathotep também recorda a necessidade, em algum momento, de assumir formas monstruosas, a fim de aproximar os Grandes Antigos.

Nyarlathotep também pode ser entendido como uma figura iniciadora, uma cujas ações são mais conscientes e intencionais do que a os Antigos “idiotas” ou do que as agitações oníricas de seu sacerdote, Cthulhu. Nyarlathotep pode aparecer como parte de muitos mundos mágicos diferentes – a tradição egípcia, Bruxaria, Satanismo, Thelema, a Corrente Ma’at e até mesmo nos estrondosos êxtases caóticos da Acid House[2]! Ele detém as chaves para o conhecimento do passado e, como o seu “avatar”, Doutor Dexter[3], demonstra (no conto de Robert Bloch “A Sombra do Campanário”) o conhecimento de um terrível futuro.

A este respeito, há um livro interessante, “Feitiçaria: Uma Tradição Renovada” escrito por EJ Jones e Doreen Valiente (publicado por Robert Hale). Este texto descreve uma abordagem mais negra e ‘sinistra’ para a feitiçaria do que a exposta pelos revivalistas modernos. No sistema apresentado aqui, o “Homem de Preto” aparece como um oficial do coven, cujo papel é fazer a mediação entre os covens. Em alguns grupos de feitiçaria, o Homem de Preto é um mágico do sexo masculino que tem o papel de um conselheiro independente.

Há muito o que se ganhar com a criação de um Culto a Nyarlathotep, usando técnicas adaptadas da Bruxaria, do Xamanismo e talvez do Vodu. Em trabalhos oníricos, por exemplo, os participantes poderiam se concentrar em encontrar-se com Nyarlathotep como o Homem de Preto no sonho, para que os levassem para participar de um Sabá astral. Pode até ser desejável criar um culto externo que toma emprestado um dos sistemas mágicos acima, no qual o contato com Nyarlathotep só ocorre de forma progressiva, onde a entidade assume, talvez, o papel de um “Chefe Secreto” ou de um “adepto dos planos interiores’. Contatos iniciais no plano astral poderiam ser seguidos entãopor invocações e possessões – o ritual se baseado em (para usar o termo de Lovecraft) ‘ritos frenéticos “, tais como aqueles aludidos no “Chamado de Cthulhu” ou “O Horror em Red Hook”.

 

 

Notas:

1- Como todo punheteiro esotérico de primeira viagem deve saber, a esfinge representa, magicamente, o quaternário simbólico, figurado nos mistérios de Mênfis e Tebas pelas quatro formas da esfinge: o homem, a águia, o leão e o touro, correspondia aos quatro elementos do mundo antigo. Nyarlathotep apresenta apenas três desses elementos, removendo a figura do homem, tornando a esfinge completamente inumana desta maneira.

 

2- O Acid house é um estilo da música eletrônica, sub-vertente da house. A Acid house teve sua primeira aparição no meio dos anos 80, num trabalho chamado “Acid Traxx”, feito pelos produtores de Chicago DJ Pierre, Adonis, Farley Jackmaster Funk e Phuture (esse último que levou nome da música que virou clássico). O Acid House é a mistura de elementos da house com o som pesado e graves fundos da Drum Machine Roland TR-808. O termo “acid” deriva da utilização do sintetizador de baixo Roland TB-303 que com seus efeitos de filtros reproduzem um “som ácido”.

Esse estilo era exclusivamente um fenômeno de Chicago, mas em 1987[carece de fontes] virou febre no Reino Unido e na Europa Continental, sendo muito tocado por Djs. O smiley, um sorriso dentro de uma bola amarela, virou emblema dos adeptos do acid house e era estampado em camisas. Em 1989, devido principalmente ao álbum Technique do grupo New Order e a casa noturna do próprio New Order, The Haçienda, o estilo teve seu auge, chegando ao mainstream mundial.

 

3- O avatar ‘Doctor Dexter’ tem outra ligação com Thelema – sua pesquisa de energia atômica pode ser ligada à “engenharia de guerra” mencionada no Liber AL (3:6), e no desenvolvimento de centrais nucleares – os modernos “templos” dos Antigos.

The ‘Doctor Dexter’ avatar makes another connection with Thelema – his atomic power research can be linked to the “War Engine” mentioned in Liber AL, and the development of Nuclear Power Stations – the modern ‘temples’ of the Old Ones.

por Fra. Abbadon 1, traduzido por Suzan McPussy


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