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Excertos do Evangelho Armênio da Infância

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Capítulo 10:

FIM DO Evangelho inteiro da Infância, com o auxílio do Deus supremo, segundo o que encontramos no original.

O capítulo X descreve minuciosamente a viagem dos Magos, seu cortejo faustoso e sua chegada a Jerusalém. Herodes chama-os ao seu palácio para que lhe digam quais os propósitos da viagem. Queriam adorar o recém-nascido, dizem eles. Herodes então quer saber mais:

“Quem vos contou o que dizeis e como chegastes a sabê-lo?” Responderam os magos: “Nossos antepassados legaram-nos um testemunho escrito sobre isso, que foi guardado e selado sob o maior segredo. E durante longos anos pais e filhos, de geração em geração, mantiveram viva essa expectativa, até que finalmente essa palavra veio a cumprir-se em nossos dias, como nos foi revelado por Deus numa visão que tivemos de um anjo. Esta é a causa de nos encontrarmos neste lugar, que nos foi indicado pelo Senhor.” Tornou Herodes: “Qual a procedência desse testemunho que somente vós conheceis?”

Capítulo 11:

Os magos responderam: “Nosso testemunho não procede de homem algum. Ou um desígnio divino referente a uma promessa feita por Deus em favor dos filhos dos homens, e que foi conservado entre nós até o dia de hoje.” Disse Herodes: “Onde está esse livro que somente vosso povo possui?” E os magos responderam: “Nenhuma nação, além da nossa, tem notícia direta ou indireta dele. Somente nós possuímos o testemunho escrito. Porque, como sabes, depois que Adão foi expulso do paraíso e depois que Caim matou Abel, o Senhor deu a nosso primeiro pai um filho de consolação chamado Seth, e a ele entregou aquela carta, escrita, assinada e selada por suas próprias mãos. Seth recebeu-a de seu pai e a transmitiu a seus filhos. Estes, por sua vez, transmitiram-na aos seus, e assim se passou de geração em geração. Todos, até Noé, receberam a ordem de conservá-la com todo cuidado. Este patriarca entregou-a a seu filho Sem e os filhos deste a transmitiram aos seus descendentes, que, por sua vez, a entregaram a Abraão. Este a deu a Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Altíssimo, por meio do qual chegou ao poder do nosso povo nos tempos de Ciro, rei da Pérsia. Nossos pais a depositaram com todas as honras em um, salão especial, e assim chegou até nós, que, graças a este misterioso escrito, de antemão tomamos conhecimento do novo monarca, filho de Israel.”

Capítulo 12:

E o rei Melkon pegou o livro do Testamento que conservava em sua casa como um precioso legado dos seus antepassados, segundo o que já dissemos, e presenteou-o ao menino, dizendo-lhe: “Aqui tens a carta selada e firmada por tua própria mão que achaste por bem entregar aos nossos superiores para que a guardassem. Toma, pois, este documento que tu mesmo escreveste. Abre-o e lê-o, pois esta em teu nome.

Capítulo 13:

E o documento, dirigido a Adão, estava assim encabeçado: “No ano de 6000, no sexto dia da semana, no mesmo dia em que te criei, e à hora sexta, enviarei meu Filho Unigênito, o Verbo divino, que se revestirá da carne da tua descendência e virá a ser filho do Homem. Ele te devolverá a dignidade original através dos terríveis tormentos da sua paixão na cruz. E então tu, ó Adão, unido a mim com alma pura e corpo imortal, serás deificado e poderás, como eu, discernir o bem e o mal.”

Capítulo 23:

2    Jesus costumava levar jovens até a borda do poço que fornecia água para toda a cidade. E, tirando os cântaros de suas mãos, batia-os uns contra os outros ou contra as pedras e jogava-os depois no fundo do poço. E com isso os aqueles jovens não ousavam entrar em casa com medo dos seus pais. Jesus então compadecia-se vendo-os chorar e lhes dizia: “Não choreis mais, que eu devolverei vossos cântaros”. Depois dava ordens aos caudais das águas, e estes arremessavam de volta os cântaros intactos para a superfície. Cada um pegava o seu e voltava ao seu lar contando a todo mundo os milagres de Jesus.

3    Um outro dia, levou-os de novo consigo e fê-los acampar a sombra de uma gigantesca árvore. Então deu ordens para que ela inclinasse seus ramos e subiu e ficou em cima da árvore. Mandou depois que ela se endireitasse, e ele elevou-se, dominando assim toda aquela paisagem. Jesus manteve-se ali uma hora, até que os outros jovens começaram a gritar, dizendo-lhe: “Manda que a árvore se incline para que possamos subir contigo”. Jesus assim fez e lhes disse: “Vinde depressa junto a mim”. E subiram ao seu lado cheios de gozo. Pouco depois Jesus mandou que a árvore inclinasse de novo seus ramos. E, depois que todos haviam descido, a árvore recuperou sua posição original.

Capítulo 25:

7 …Maria lhe disse: “Meu Filho, como ainda não és mais do que um menino e não uma pessoa mais velha, temo que te aconteça alguma desgraça”. Jesus respondeu: “Teus temores, minha mãe, não são de todo razoáveis, pois eu sei muito bem tudo o que deve me acontecer”. Maria disse: “Não sintas pena pelo que acabo de dizer-te mas estou rodeada de fantasmas e não sei o que fazer”.

Jesus perguntou: “E que pensas fazer comigo?” Maria disse: “E isto o que me preocupa: nos temos empenhado ao máximo para que aprendas durante a tua infância todos os ofícios, e até agora não fizeste nada nesse sentido nem te interessaste por nada. E agora que já estás mais crescidinho, que preferes fazer e como queres passar a tua vida?”

8 Ao ouvir estas palavras, Jesus indignou-se em seu íntimo e disse à mãe: “Falaste muito inconsideradamente. Será que não entendes os sinais e prodígios que faço diante de ti, para que possas ver com teus próprios olhos? Ainda não me acreditas depois de tanto tempo que estou vivendo contigo? Observa meus milagres, considera tudo o que tenho feito e tem paciência durante algum tempo, até que vejas realizadas todas as minhas obras, pois a minha hora ainda não chegou. Enquanto isto, mantém-te fiel a mim”. E dizendo isto, Jesus saiu apressadamente de casa.

Capítulo 28:

1    Jesus, desejoso de mostrar-se ao mundo, encontra dois soldados rindo. Estes veem-no sentado tranquilamente junto a um poço, e um deles lhe diz:

2    …”Menino, de onde vens? Para onde vais? Como te chamas?” Jesus respondeu: “Se eu te disser, não serás capaz de compreender-me”. O soldado perguntou-lhe novamente: “Teu pai e tua mãe ainda vivem?” Jesus respondeu: “Efetivamente: meu Pai vive e é Imortal”. O soldado respondeu: “Como? Imortal?” E Jesus disse: “Sim, é Imortal desde o princípio, e a morte não tem poder sobre Ele”. Então o soldado disse: “Quem é este que viverá sempre e além dele, já que a morte não tem poder algum, e que teu Pai tem a imortalidade garantida? Jesus respondeu: “Não serias capaz de conhecê-lo nem de ter uma ideia aproximada dele”, O soldado disse: “Quem pode vê-lo?” Jesus respondeu: “Ninguém”. O soldado perguntou: “Onde está teu Pai?” Jesus respondeu: “No céu, acima da terra”. O soldado disse: “E tu, como poderás ir junto dele?” Jesus respondeu: “Já estive ali e ainda agora estou em sua companhia”. O soldado respondeu: “Não sou capaz de compreender o que dizes”. Jesus disse: “E por isto que é indizível e inexplicável”. O soldado perguntou: “Então quem pode entendê-lo?” Jesus respondeu: “Se me pedires, explicar-te-ei”. Então o soldado disse: “Diga-me, Senhor, eu te peço”.

A seguir, Jesus lhes conta sua ascendência divina e temporal, no seio de Maria. Os soldados aceitam suas explicações e o Senhor se despede deles, e termina o texto.

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Fonte: http://livrosapocrifosbis.blogspot.com/2013/02/excertos-do-evangelho-armenio-da.html

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.


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