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Comentários Rosacruzes sobre o Rosh Hashanah

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Excertos de Evangelho Segundo Marcos
Comentado por Ya’aqov, seguidor de Ya’aqov

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O processo de purificação é um ato contínuo e necessário para se trajar as vestes nupciais. Sem elas, não é possível adentrar ao Reino dos Céus. E, mesmo que, porventura, se consiga entrar na festa, o Rei ainda irá verificar se todos estão trajados adequadamente (Mateus 22:2-14). Caso estejam, participarão do casamento, caso não estejam, serão devolvidos para as trevas (Assiah) a fim de continuarem o processo de se purificarem e poderem ser santificados no Shabat para Yahweh.

Neste processo de purificação e adequação, inicia-se o processo do 6º dia da criação. Para se comemorar esse “aniversário do universo”, festeja-se, no primeiro dia de Tishrei (תשרי), o Rosh Hashanah (ראש השנה), a “cabeça do ano”, que indica que um novo ciclo está por se iniciar (Levítico 23:24).

O ano judaico se encerra no mês de Elul (אלול), o décimo segundo mês do calendário. Este mês é dedicado à introspecção, quando cada pessoa deve voltar para o seu íntimo a fim de analisar que erros cometeu e o que pode ser modificado antes do término do ano. Essa reflexão é importante porque, logo após o término do ano, tem-se o Rosh Hashanah (ראש השנה)[1], que, além de marcar o início de um novo ano, é quando Yahweh faz o seu julgamento acerca do que foi realizado no ano que se encerra. Após o seu julgamento, Ele escreve, no Livro da Vida [Sefer HaChaim (ספר החיים)], o nome daqueles que estarão no próximo ano, estabelecendo, assim, os seus destinos.

(15) E acontece sentar-se ele em sua casa e muitos publicanos e errados sentavam-se junto a Jesus e seus discípulos, pois eram muitos e o seguiam.

Novamente retornamos ao íntimo de Levi, mas, desta vez, com ele mais unificado que se encontrava anteriormente. Isto é, a ação de Jesus (Tipheret) já estabeleceu a manifestação de Levi (Yesod) em aspecto de se elevar, deixando o aspecto descendente da primeira etapa do processo criativo-criador de Bereshit. Assim, a passagem nos indica que, embora não sejamos mais tantos quanto anteriormente, ainda existe no íntimo uma aparente trindade: Jesus, no Mundo Criativo; Levi, no Mundo Formativo; e os eus inferiores restantes, no Mundo da Ação.

Como Levi atuava como um publicano, isto é, alguém que trabalha com dinheiro, é normal que as suas antigas condutas, formas (Yetzirah) de agir (Assiah) anteriormente adotadas, ainda se encontrem associadas àquele modelo, pois as demandas da carne diferem das demandas demandas do espírito:

Gálatas 5 : 16-17

“Ora, eu vos digo, conduzi-vos pelo Espírito e não satisfareis os desejos da carne. Pois a carne tem aspirações contrárias ao Espírito e o Espírito contrárias à carne. Eles se opõem reciprocamente, de sorte que não fazeis o que quereis.”

 

E, para resolver esta oposição, basta

Mateus 6 : 33-34

“Buscai, em primeiro lugar, seu Reino [do Céu] e sua Justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo. A cada dia basta o seu mal.”

Desta forma, a fim de continuar o seu processo de unificação, Levi utiliza a presença de Jesus, buscando em primeiro lugar o Reino de Deus, para conduzir e educar as suas demandas materiais, representadas pelos publicanos[2] e os errados[3], para seguir no caminho “ascendente” em direção ao Reino de Deus.

Colossenses 3 : 8-11

 

“Mas agora abandonai tudo isso: ira, exaltação, maldade, blasfêmia, conversa indecente. Não mintais uns aos outros. Vós vos desvestistes do homem velho com as suas práticas e vos revestistes do novo, que se renova para o conhecimento segundo a imagem do seu Criador. Aí não há mais grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro, cita, escravo, livre mas Cristo é tudo em nós.

(16) E os escribas e os fariseus, tendo visto que comia com os errados e publicados, diziam aos discípulos dele: “Por que come com os publicanos e errados?”

Como Levi se encontra no Mundo da Formação (Yetzirah) em um caminho ascendente, torna-se importante destacarmos uma questão decorrente da dualidade da sua posição. Em Yetzirah, encontram-se as formas relacionadas ao processo de “descida” e as relacionadas ao processo de “subida” da Árvore da Vida. Isso significa que essas formas dão origem a atos praticados em Assiah (Mundo da Ação) de duas naturezas, uma relacionada ao “homem velho” e outra relacionada ao “homem novo”[4], que está em processo de nascer de novo.

A ocorrência desta dualidade de formas, estabelece que um conflito interno em Levi. De um lado, as novas formas, amparadas no contato com Jesus, buscam estabelecer o caminho reto em direção ao Reino de Deus, enquanto, por outro lado, as antigas formas, baseadas no que foi aprendido inicialmente, discordam do novo, tal qual aconteceu no versículo 7 deste capítulo.

Sabendo disso, fica mais fácil de compreender a mensagem contida no versículo em análise. Diante da nova forma de agir, as antigas formas indagam que o novo está errado, pois o comportamento antigo havia aprendido da necessidade de separar as coisas, tal qual ocorreu no processo criativo-criador de Bereshit. Esse pensamento é simbolizado na figura dos escribas, aqueles que registram o que é sagrado, e dos fariseus, que se mantêm separados dos demais[5].

(17) E, tendo ouvido, Jesus diz a eles: “Não têm necessidade os fortes de médico, mas o que vão mal. Não vim chamar justos, mas errados”.

Diante da indagação realizada no versículo anterior, “Por que come com os publicanos e errados?”, tal qual Jesus fez na cura do paralítico, instrui-os.

Apesar de guardar similaridades com o que aconteceu durante a cura do paralítico, existe uma diferenciação contida no presente versículo que devemos abordar. Enquanto na outra passagem, Jesus percebe o que está acontecendo no coração dos escribas, isto é, o que eles estava pensando, aqui ele ouve a voz e, por isso, fala. Este fato, por si, denota que os escribas estavam se manifestando, isto é, agindo (Assiah) de maneira a tentar impedir, pelo desconhecimento, a prática do novo.

Esse entendimento decorre do fato de que Jesus ouviu o que os escribas falaram. E, o ato de falar é um dos simbolismos da ação criativa-criadora (bara). Ademais, a palavra ouvir [Lishmoa (לשמוע)] em hebraico, que possui a mesma raiz de shemá (שמע), que possui o significado de “entender” e “obedecer”. Desta forma, os escribas e fariseus estavam agindo tentando fazer com que Levi os obedecesse, e foi, justamente, a percepção dessas ações, que fez Jesus atuar e falar.

Também é importante destacarmos que Levi está passando por um processo de renascimento, de ressurreição[6], ou seja, um novo ciclo existencial está para se iniciar. E, para marcar esse novo início, Jesus fala “Não têm necessidade os fortes de médico, mas o que vão mal. Não vim chamar justos, mas errados”.

A fala de Jesus representa o toque do Shofar (שופר)[7] em Rosh Hashanah (ראש השנה). O toque é uma determinação contida na Torá (Números 29:1) e possui vários significados, mas, o principal, é o chamado para se acordar e ponderar pelo o que foi feito, lembrando-se de Yahweh e glorificando-O e se preparando para o arrependimento. Contudo, antes do toque do Shofar (שופר), é habitual recitar 7 (sete) vezes o Salmo 46, comumente denominado “Yahweh está conosco” ou “Deus, nosso protetor e nossa força”:

Salmo 46

“Elohim é nosso refúgio e a nossa força, ajuda permanentemente nos momentos de angústia. Por isso, não temos medo, mesmo que a terra trema, mesmo que as montanhas se afundem no mar, mesmo que as águas rujam furiosas e os montes tremam com o seu embate. Um rio, com os seus canais, alegra a cidade de Elohim, a mais santa entre as moradas do Altíssimo. Elohim está no meio dela, não pode vacilar; Elohim irá em meu auxílio, ao romper do dia. As nações murmuram, os reinos agitam-se. Ele faz ouvir a sua voz e a terra estremece. Yahweh do Universo está conosco! O Deus de Jacó é a nossa fortaleza! Vinde e contemplai as obras de Yahweh, as maravilhas que Ele realizou na terra. Ele acaba com as guerras do mundo inteiro, quebra os arcos e despedaça as lanças, queima no fogo os escudos! Parai! Reconhecei que Eu sou Elohim: dominarei sobre os povos e sobre toda a terra. Yahweh do Universo está conosco! O Deus de Jacó é a nossa fortaleza.”

Entendendo essa relação entre o acontecimento descrito no versículo e a comemoração pelo ano que está se iniciando, percebemos, dentre outras coisas, a passagem contida no Salmo que diz “As nações murmuram, os reinos agitam-se. Ele faz ouvir a sua voz e a terra estremece. Yahweh do Universo está conosco!”. Isto é, assim as nações murmuram, tal qual os escribas e fariseus fizeram, mas Ele, Jesus, faz ouvir a sua voz fazendo com que os representantes da carne estremeçam, pois Yahweh está presente.

Um dos simbolismos do período que se inicia com o Rosh Hashanah (ראש השנה) e termina com o Yom Kipur (יום כיפור), no dia 10 (dez) de Tishrei (תשרי) (Levítico 23:27), é justamente os últimos 10 (dez) dias dos 40 (quarenta) que Moshé esteve no monte e que culmina com o recebimento das chamadas “Tábuas da Lei”. Dentre os ensinamentos que podemos extrair deste período, destaca-se o fato de que a luz não é necessária onde ela já existe, mas que ela deve ser levada no lugar no qual a escuridão ainda domina. Por isso, a Lei foi entregue aos humanos e não aos anjos, pois estes já cumprem o que é determinado pela Luz, enquanto aqueles ainda necessitam de se colocarem no caminho da retidão, curvando-se, tal qual o Shofar.

NOTAS

[1] Tal qual acontece com todos os meses do calendário judaico, o mês de Tishrei (תשרי) se inicia no primeiro dia da lua nova. Isso simboliza que tudo tem início na escuridão, numa alusão ao processo de cosmogonia descrito em Bereshit, assim como acontece com o início do dia, que se inicia com o pôr do sol.

[2] Os Publicanos aqui representam os “eus inferiores” que são responsáveis pelos atos envolvendo dinheiro (mamon). Vide comentários sobre o versículo 14 deste capítulo.

[3] Os Errados aqui representam os demais “eus inferiores” que não se encontram na senda da retidão, mas que não estão vinculados a questão da riqueza material,

[4] Colossenses 3:8-11

[5] Vide comentários introdutórios ao tópico “O Escriba de Jesus”, composto pelos versículos 13 e 14 deste capítulo.

[6] Vide comentários sobre o versículo 14 deste capítulo.

[7] O Shofar é um instrumento de sopro feito com o chifre curvo de um carneiro casher e utilizado em ocasiões específicas dentro da tradição judaica. O carneiro é uma referência ao sacrifício que Abraão fez à Yahweh no lugar de seu filho Isaac, história que, inclusive, é lida no Rosh Hashanah, época na qual a Torá determina o toque do Shofar. O Shofar é o instrumento utilizado para derrubar as muralhas de Jericó.


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