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Os Pergaminhos de Abraão fazem parte das escrituras religiosas do Islã, juntamente com a Torá, o Evangelho, os Salmos de Davi e o Alcorão Sagrado. Acredita-se que essas escrituras continham as revelações que Abraão recebeu de Deus, que foram escritas por ele, bem como por seus escribas e seguidores. Acredita-se agora que elas pereceram ao longo do tempo e são considerados como um corpo perdido de escrituras.
Em duas suras (capítulos) do Alcorão Sagrado, que são datadas do primeiro período de Meca, há uma referência às ‘Folhas, Pergaminhos, Diários, Livros’ (Suhuf) de Abraão (e os Pergaminhos de Moisés), pelos quais eram presumivelmente certos textos de inspiração divina escritos à mão pelos patriarcas. Estas passagens dizem que a verdade da mensagem de Deus está presente nas primeiras revelações, de Abraão e Moisés.
REFERÊNCIAS AOS PERGAMINHOS DE ABRAÃO NO ALCORÃO SAGRADO:
O Alcorão Sagrado refere-se a certos Pergaminhos de Abraão, que foram alternativamente traduzidos como os Livros de Abraão. Todos os estudiosos muçulmanos geralmente concordam que nenhum dos pergaminhos de Abraão sobrevive hoje e, portanto, esta é uma referência a um corpo perdido de escrituras. Os Pergaminhos de Abraão são entendidos pelos muçulmanos como se referindo a certas revelações que Abraão recebeu, que ele teria então transmitido por escrito. O conteúdo exato da revelação não é descrito no Alcorão Sagrado.
O capítulo 87 do Alcorão, a surata Al-A’la (a Sura do Altíssimo), conclui dizendo que o assunto da sura está nas escrituras anteriores de Abraão e Moisés. É ligeiramente indicativo do que estava nas escrituras anteriores, de acordo com o Islã:
“Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
1 Glorifica o nome do teu Senhor, o Altíssimo,
2 Que criou e aperfeiçoou tudo;
3 Que tudo predestinou e encaminhou;
4 E que faz brotar o pasto,
5 Que se converte em feno.
6 Ensinar-te-emos a recitar (a Mensagem), para que não esqueças,
7 Senão o que Deus permitir, porque Ele bem conhece o que está manifesto e o que é secreto.
8 E te encaminharemos pela (senda) mais simples.
9 Admoesta, pois, porque a admoestação é proveitosa (para o atento)!
10 Ela guiará aquele que é temente.
11 Porém, o desventurado a evitará;
12 Entrará no fogo maior (o infernal),
13 Onde não morrerá, nem viverá.
14 Bem-aventurado aquele que se purificar,
15 E mencionar o nome do seu Senhor e orar!
16 Entretanto, vós, (ó incrédulos) preferis a vida terrena,
17 Ainda que a outra seja preferível, e mais duradoura!
18 Em verdade, isto se acha nos Livros primitivos,
19 Nos Livros de Abraão e de Moisés.
— Alcorão Sagrado 87:9-19.
O capítulo 53 do Alcorão, a surata An-Najm (a Sura da Estrela) menciona mais alguns assuntos das escrituras anteriores de Abraão e Moisés:
36 Qual, não foi inteirado de tudo quanto contêm os livros de Moisés,
37 E os de Abraão, que cumpriu (as suas obrigações),
38 De que nenhum pecador arcará com culpa alheia?
39 De que o homem não obtém senão o fruto do seu proceder?
40 De que o seu proceder será examinado?
41 Depois, ser-lhe-á retribuído, com a mais equitativa recompensa?
42 E que pertence ao teu Senhor o limite.
43 E que Ele faz rir e chorar.
44 E que Ele dá a vida e a morte.
45 E que Ele criou (tudo) em pares: o masculino e o feminino,
46 De uma gosta de esperma, quando alojada (em seu lugar).
47 E que a Ele compete a Segunda criação.
48 E que Ele enriquece e dá satisfação.
49 E que Ele é o Senhor do (astro) Sírio.
50 E que Ele exterminou o primitivo povo de Ad.
51 E o povo de Tamud, sem deixar (membro) algum?
52 E, antes, o povo de Noé, porque era ainda mais iníquo e transgressor?
53 E destruiu as cidades nefastas (Sodoma e Gomorra)?
54 E as cobriu com um véu envolvente?
55 De qual das mercês do teu Senhor duvidas, pois, (ó humano)?
56 Eis aqui uma admoestação dos primeiros admoestadores.
57 Aproxima-se a Hora iminente!
58 Ninguém, além de Deus, poderá revelá-la.
59 Por que vos assombrais, então, com esta Mensagem?
60 E rides ao invés de chorardes,
61 Em vossos lazeres?
62 Prostrai-vos, outrossim, perante Deus, e adorai-O.”
— Alcorão Sagrado 53:36-62.
POSSÍVEIS IDENTIFICAÇÕES DOS PERGAMINHOS DE ABRAÃO:
Alguns estudiosos sugerem que os Pergaminhos de Abraão sejam uma referência ao Sefer Yetzirah, pois seu apêndice e a tradição judaica geralmente atribuem a recepção de sua revelação a Abraão. Outros estudiosos, no entanto, sugerem que se refere ao Testamento de Abraão, que também estava disponível na época do profeta Muhammad.
O Alcorão Sagrado contém inúmeras referências a Abraão, sua vida, orações e tradições e tem uma surata dedicada a ele, a Surata de Ibrahim (a Sura 14). Em uma registro relevante, a surata Al-Kahf (A Sura da Caverna, 18) foi revelada como uma resposta de Deus aos judeus que perguntaram a Muhammad sobre eventos passados. Aqui Deus instruiu diretamente Muhammad na surata Al-Kahf (18:22), a não consultar os judeus para verificar as três histórias sobre as quais eles perguntaram.
“22 Alguns diziam (referindo-se à História dos Sete Adormecidos): Eram três, e o cão deles perfazia um total de quatro. Outros diziam: Eram cinco, e o cão totalizava seis, tentando, sem dúvida, adivinhar o desconhecido. E outros, ainda, diziam: Eram sete, oito com o cão. Dize: Meu Senhor conhece melhor do que ninguém o seu número e só poucos o desconhece! Não discutais, pois, a respeito disto, a menos que seja de um modo claro e não inquiras, sobre eles, ninguém”
— Alcorão Sagrado, 18:22.
A razão de ser Deus quem declara que Ele mesmo está relatando o que precisa ser verificado em outro versículo da surata Al-Kahf:
“13 Narramos-te a sua verdadeira história (referindo-se à História dos Sete Adormecidos): Eram jovens, que acreditavam em seu Senhor, pelo que os aumentamos em orientação.”
— Alcorão Sagrado, sura 18:13.
Em relação à consulta com o Povo do Livro, também é narrado por Abu Hureyrah na literatura do Hadith:
“O povo da Escritura (os judeus) costumava recitar a Torá em hebraico e costumava explicá-la em árabe aos muçulmanos. Sobre isso o Apóstolo de Allah disse: “Não acredite no povo das Escrituras ou desacredite dele, mas diga: “Cremos em Allah e no que nos é revelado.”
— Sahih al-Bukhari, Livro 6, Volume 60, Hadith 12.
Portanto, neste ponto de vista, os muçulmanos não seriam obrigados a acreditar ou a desacreditar do Sefer Yetzirah, mesmo que fosse identificado como os Pergaminhos de Abraão. No entanto, a teologia muçulmana já aceita fontes judaicas como a Torá (Tawrat) revelada a Moisés (Musa) ou os Salmos (Zabur) revelados a Davi (Dawud), embora afirme a precedência do Alcorão Sagrado no caso de relatos conflitantes.
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Bibliografia:
O Significado dos Versos do Alcorão Sagrado, por Samyr El Hayek.
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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