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Sufismo

O Alcorão segundo o Espiritismo

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“O Espiritismo não é a Religião do Futuro, mas o Futuro das Religiões”
– Léon Denis,

A Missão Espiritual de Mohammad

Séculos atrás, no ano 570, protegido em uma caverna no deserto da península arábica, Mohammad dedicava longas noites ao jejum e a meditação. Neste estado de elevação surgiu a ele o anjo Gabriel e lhe ditou o Alcorão, o livro que guiaria a vida de mais de um quarto da população mundial. Devemos destacar que este livro é estudado até hoje em todas as universidades que tem uma cadeira de Árabe em suas cátedras. É um livro que contêm preceitos morais, filosóficos e teológicos, mas também instruções de higiene, economia e política. É um livro matematicamente intrincado e esteticamente tão belo que sua linguagem é elogiada até por seus opositores. Um livro escrito por um analfabeto.

Apesar da fama de ser uma pessoa correta e honesta ao extremo Mohammad não tinha o preparo para escrever uma obra como o Alcorão. Não é difícil pois imaginar que ele tenha recebido alguma ajuda. Dentro do paradigma espírita podemos dizer que esse livro sagrado foi psicofonado (e posteriormente escrito) por Mohammad.

Conta-nos Emmanuel em seu livro “A Caminho da Luz” que ao fazer isso Mohammad iniciava sua missão de “reunir todas as tribos árabes sob a luz dos ensinos cristãos, de modo a organizar-se na Ásia um movimento forte de restauração do Evangelho do Cristo, em oposição aos abusos romanos, nos ambientes da Europa.”

Contudo Mohammad era um ser humano e Emmanuel conta que ele não conseguiu vencer todas a suas inferioridade humana. Se os espíritas tem em Jesus um exemplo de espírito elevado que teve de regredir para encarnar como ser humano, em Mohammad temos uma pessoa exatamente como nós. Isso é declarado diversas vezes no próprio Alcorão  (33:21; 18:110; 41:6)

É necessário assim saber separar o lado humano de Mohammad de sua revelação espiritual. O cuidado é exatamente o mesmo que devemos ao ler as cartas de Paulo ou outros livros da Bíblia Cristã. Mas isso não tira muitos de seus méritos: levou o monoteísmo ao pagãos, unificou todas as tribos árabes e colocou a Arábia no ápice do processo civilizatório de sua época. Se sua missão não foi completa não podemos duvidar quer o plano maior da espiritualidade não deixou de enviar novos emissários aos países islâmicos durante todos os séculos que se seguiram.

Na  Revista Espírita dos meses de agosto e novembro de 1866 Kardec contempla a situação dos muçulmanos e admite que não é muito diferente das dos cristãos: “Se os muçulmanos seguissem em espírito o Alcorão que o Profeta lhes deu por guia, seriam, sob muitos aspectos, muito diferentes do que são”.  E pondera “os cristãos também têm o Evangelho explícito diversamente do Alcorão, como código de moral, o que não impede, que em nome desse mesmo Evangelho que manda amar até os inimigos, tenham torturado e queimado milhares de vítimas e que, de uma lei toda de caridade tenham feito uma arma de intolerância e de perseguição.”

Reencarnação no Islamismo

A primeira coisa que deve ser destacada é que a ideia da reencarnação é rejeitada pela maior parte dos adeptos do islam na atualidade. Assim como o judaísmo e o cristianismo majoritário seus adeptos acreditam que o ser humano vive apenas uma vida depois da qual segue-se a ressurreição e o julgamento final. Entretanto assim como no cristianismo primitivo e no judaísmo místico também no islam é possível encontrar indícios que apontam para a multiplicidade da existência.

De fato, não é preciso nenhum malabarismo teórico para mostrar que a doutrina da reencarnação  pode ser encontrada no coração do islam, assim como está nos ensinamentos originais de todas as grandes religiões do planeta. É necessário entender que assim como existem vários tipos de cristãos o islam também não é monolítico como a mídia costuma apresentar. Existem diversas formas de se viver o islamismo, entre elas o islam sunita, shiita, ismaelita, quranista, duodecimanos, wahabistas, carijista, etc.. Pela história sabemos w ue  certas linhas islamicas desde o ínício foram defensoras da doutrina da reencarnação como os drusos do Líbano e os gulats da Arábia.

Ainda hoje os ismaelitas do sul da Ásia realizam uma cerimônia conhecida como Chanto na qual buscam o perdão de Deus pelos pecados cometidos em vidas passadas. Os alawitas da Síria ensinam que os seres humanos eram originalmente centelhas de luz divina que foram lançadas a terra por sua desobediência e devem agora por meio de reencarnações sucessivas retornar aos céus.

Nenhum destes grupos levantou a bandeira das múltiplas existências da alma humana com tanta clareza quando o Sufismo, a via mística do islam. O sufismo é para o islam o que a cabala é para o judaismo. Um dos mais célebres poetas sufis Jalali ‘D-Din Rumi, escreveu:

Eu morri como um mineral e tornei-me uma planta

Eu morri como uma planta e elevei-me a animal

Eu morri como animal e me tornei homem

Por que devo temer? Quando perdi algo ao morrer?

 

Reencarnação no Alcorão

Separamos por fim alguns trechos do Alcorão que podem dar vislumbres da doutrina reencarnatória:

“Como podeis rejeitar a Fé em Deus? Não vos lembrais que estáveis mortos e Deus lhes deu a vida; e Deus fará com que morrais e novamente vos traá a vida, e ao fim vos reunirá Nele próprio. Sura 2:28

“E Ele mandou as chuvas lá de cima em quantidade apropriada, e traz de volta a vida para a terra morta, tal qual tu serás renascido.” (Sura 25:5)

“Os Ministros do Senhor nos pregavam a verdade. Onde encontraremos agora intercessores? Que esperança temos de voltar à Terra para nos corrigirmos?” (Surata 7,:50,51)

“Dirão: Ó Senhor nosso, fizeste-nos morrer duas vezes e duas vezes nos deste a vida. Reconhecemos, pois, os nossos pecados! Haverá algum meio de nos livramos disso?” (40:11)

“E apresente à eles o exemplo da vida desse mundo: ela é como a chuva que enviamos do céu, com a qual a vegetação da terra se mistura e então se torna restos secos que são carregados pelo vento. E Allah é, sobre todas as coisas, Perfeito em habilidade.” (18:45)

Tamosauskas


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