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19 nomes para entender a civilização islâmica

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Um dos principais erros do ocidental quando tenta entender o Islam é observá-lo de modo monolítico. A verdade é que antes mesmo do corpo do seu fundador esfriar os muçulmanos já estavam divididos em dois grandes grupos que foram se fragmentando ainda mais com o tempo. Outro erro é imaginar que o Islam seja estático, parado no tempo. A história mostra o oposto. Embora a mensagem do Islam possa ser considerada universal em alguns sentidos, a forma como os muçulmanos experimentam o Islam se transformou com o passar dos séculos.

Para fornecer uma visão panorâmica desta civilização aos interessados nascidos em países fora dela separamos os principais nomes que a influenciaram e nos levaram até seu patamar atual de organização.

Por que exatamente 19 nomes?

Bom, você vai ter que ler para saber.

1. Muhammad (Maomé)

571 d.C – 632 d.C

O Profeta Muhammad (que a paz esteja com ele e com todos os profetas) é  conhecido pelo nome de Maomé no Brasil. Ele foi o fundador do que conhecemos hoje como Islamismo. Mas os muçulmanos entendem que o Islã é uma mensagem que vem sendo trazida desde Adão por profetas em várias épocas e Maomé é o último desses mensageiros. Os muçulmanos acreditam que esse virtuoso homem, recebeu mensagens de Allah (O Deus), ditadas diretamente pelo anjo Gabriel e direcionadas a toda humanidade)

Sua principal lição foi o monoteísmo estrito expressado na frase “Não há deus senão Allah”. Maomé ensinou ainda que no dia do Juizo Final as pessoas seriam julgadas de acordo com suas boas e más ações. Os bons seriam recompensados com o Paraíso e os maus com o Inferno. Sua mensagem, entretanto sempre enfatizava Allah como o Mais Clemente e o Mais Misericordioso.

Ele pregou essa mensagem em meio aos árabes politeístas e por isso foi perseguido. Quando o número de seus seguidores cresceu e a perseguição escalou para violência, ele fugiu com eles de Meca para Medina dando início ao calendário islâmico no ano 622 d.C.

Em Medina fundou a primeira comunidade muçulmana e a mensagem de monoteísmo foi enriquecida com instruções sobre como organizar a sociedade e ordenar a vida humana. Institui orações diárias, o jejum no mês do ramadã, a peregrinação para Meca e a obrigação de dar esmolas bem como leis de herança, casamento e guerra. Seu enfoque era justiça social e as leis demonstravam preocupação com a distribuição das riquezas, o cuidado com os pobres, orfãos, viúvas e a libertação dos escravos. Após anos de batalhas e proselitismo, conquistou Meca e unificou as tribos árabes sob a bandeira do monoteísmo. Hoje um quarto da humanidade segue os ensinamentos de Muhammad e o islamismo a religião que mais cresce no mundo.

2. Abu Bakr

573 d.C – 634 d.C

Após a morte de Muhammad os muçulmanos precisaram escolher um líder. A disputa ficou entre Abu Bakr e Ali bin Talib e a vitória final foi de Abu Bakr. Abu Bakr foi um dos primeiros árabes a se converter  e segundo alguns relatos foi de fato o  primeiro. Ele também participou de todas as batalhas e colocou toda sua fortuna pessoal a serviço do Islam ao fugir para Medina.

O principal feitos do primeiro califa do Islam foi a preservação dos registros da mensagem de Muhammad na compilação que deu origem ao Alcorão como o livro que conhecemos hoje. Abu Bakr também por meio de ações militares e diplomacia resistiu a refragmentação das tribos árabes e manteve a comunidade islâmica (ummah) unificada.

Ele também criou o Bayt al-mal, instituição financeira responsável pelo controle financeira dos impostos recolhidos em terras islâmicas e sua distribuição aos mais necessitados.

 

 

 

 

 

 

3. Ali bin Talib

656 d.C – 661 d.C

Um outro grupo de muçulmanos entendia que Ali bin Talib deveria ser o líder da comunidade islâmica. Isso realmente aconteceu, mas muito tempo depois. Ali bin Talib era sobrinho de Muhammad e foi o quarto califa da ummah, após Abu Bakr, Umar e Uthman. Nessa época o islam já se extendia a Pérsia e ao Império Bizantino e Africa.

Com ele nasceu o islamismo xiita que acredita que os líderes do islamismo devem ser familiares do profeta Muhammad. Muito erudito seus sermões, cartas e ensaios foram reunidos no Nahjul Balaghah a obra-prima da literatura xiita, onde trata de metafísica, administração, ética, filosofia, ciência e a arte.

Criou também leis de governança para evitar corrupção e evitar privilégios e abusos das elites. Ali foi morto por Moáuia. Dai em diante  o Califado Omíada mudou o centro de poder de Medina para Damasco e o caráter eletivo na escolha das lideranças deu lugar a hereditariedade da dinastia.

 

 

 

 

 

4. Husayn ibn Ali

627 d.C – 690 d.C

Filho de Ali, Husayn é considerado o terceiro Imam xiita e quinto califa perfeito segundo alguns sunitas, entretanto nunca governou. Em vez disso protagonizou o mais dramático caso de martírio da cultura islâmica ao se opor ao tirano Yazid I, líder da dinastia Omíada. Na famosa Batalha de Karbala um pequeno grupo de seguidores, incluindo idosos e crianças lutou contra um exército bem armado de milhares de homens.

Obviamente perderam e este foi o fim tanto dos califados perfeitos dos sunitas como da liderança dos imans xiitas descendentes de Ali. Entretanto Husayn tornou-se símbolo da resistência inquebrável contra a injustiça de forças opressoras, mesmo diante da derrota certa.

Sua morte é considerada como o martírio modelo e é celebrado até hoje pelos xiitas durante  o dia de Ashura além de ser tema de diversas obras de arte e literatura dentro do islamismo.

 

 

 

5. Ja’far al-Sadiq

702 dC. 765 d.C

Ja’far al-Sadiq foi um descendente de Ali e considerado o sexto Imam xiita, mas também uma das figuras mais influentes das primeiras escolas de jurisprudência sunitas. Ele instituiu a teologia dos duodecimanos que é seguida pela maioria dos xiitas até hoje e ensina que após o profeta Muhammad seguiriam-se Doze Imans perfeitos de sua descendência, sendo ele o sexto.

Estes doze Imans são os seres humanos exemplares que Allah envia para que a humanidade não ficasse sem orientação após a morte do último dos profetas. Eles não apenas poderiam governar as comunidades com justiça, mas também seriam capazes de preservar o islam e interpretar os sentidos exotéricos e esotéricos do Corão. Assim os doze imans, juntos  de Muhammad e sua filha Fátima, compõem a Ahl al-Bayt, as “Pessoas da Casa” e são os guias infalíveis para a humanidade.

O último deles seria uma figura messiânica, o Mahdi prometido e viria junto com o retorno de Cristo para estabelecer um governo definitivo de paz e justiça na terra.

 

 

 

 

6. Ibn al Shafi’i

767–820 CE

Com crescimento e solidez das cidades islâmicas surgiram várias disputas e desavenças sobre qual a melhor maneira de aplicar as leis segundo a vontade de Allah. As leis das terras islâmicas eram definidas pelo Alcorão e por extrapolações do que havia sido feito na cidade de Medina. Para ibn Al Shafi’i  isso não bastava.  Em vez disso, ele propôs que a lei deveria ser baseada também na vida, exemplos e ensinamentos do profeta Muhammad. 

Esses ditos e feitos já eram colecionados na época e recebem o nome de hadites, mas para garantir sua autenticidade Shafi’i defendia que só deviam ser considerados aqueles que foram transmitidos por uma corrente de muçulmanos devotos e que pudessem ser ligados até o Profeta. Essa historiografia deveria ser acompanhada ainda do uso do raciocínio, da analogia dedutiva e do consenso comunitário para se chegar a conclusões de como criar novas leis a partir dos exemplos existentes.

Assim Shafi’i  sistematizou a principal escola de jurisprudência islâmica e deu origem a uma xaria relativamente unificada. A coleção chamada Kutub al-Sittah (Os seis livros) possui hoje um status para os muçulmanos sunitas apenas inferior ao próprio Alcorão. São 36221 relatos que servem de base para a jurisprudência da maioria dos muçulmanos de hoje.

 

 

 

7. Al’Ash’ari

873 d.C – 935 d.C

Quando o califado Abássida destronou a dinastia Omíada houve uma grande abertura cultural bem como um incentivo ao desenvolvimento das artes e do helenismo no mundo islâmico. Filósofos gregos foram traduzidos e estudados e isso influenciou a forma de se pensar o Alcorão. Surgiu neste contexto a filosofia islâmica e dentre seus nomes se destacou o de Al’Ashari.

Segundo os historiadores ele escreveu cerca de 300 livros sobre filosofia e lidou com temas como atomismo, livre arbítrio, epistemologia, lógica e teologia. Até os quarenta anos foi um dos mais proeminente pensadores da escola mutazalita, que defendia o raciocínio como o caminho para a verdade.

Em dado momento entretanto chegou a conclusão que era impossível estabelecer certezas absolutas a respeito de moralidade e da metafisica valendo-se apenas do razão pura, e com isso deu inicio a escola asharita de pensamento.

 

 

 

 

 

8. Ibn Sina (Avicena)

980 d.C – 1037 d.C

O avanço da filosofia deu origem ao que ficou conhecido como Renascimento Islâmico, ou Idade de Ouro islâmica, período de grandes avanços científicos. Ibn Sina é um o grande nome desta época. Avicena, como é conhecido no ocidente, mostrou como o Islam pode unir o neoplatonismo com o aristotelismo.  O resultado foi uma escola de filosofia voltada para a  a lógica, a ética e a metafísica e um interesse sem igual pelas ciências naturais.

Ele proclamava assim o “Intelecto Ativo” como um estado elevado da mente que conectada a Allah poderia desvendar o universo. Escreveu centenas de livros sobre os mais diversos assuntos e a maior enciclopédia médica de seu tempo.

Também foi a primeira pessoa a organizar aulas de medicina com residentes dentro de hospitais. O Avicenismo tornou-se a principal escola de filosofia islâmica até o século 12 e influenciou inclusive diversos filósofos ocidentais.

 

 

 

 

 

 

 

9. Al’Ghazali

1058 d.C – 1111 d.C

 

A obra e vida de  Al’Ghazali pode ser entendida como uma reação a visão puramente racional. Seu livro “A Incoerência dos filósofos” criticou abertamente o avicenismo e contrapôs ao racionalismo a experiência direta com o divino. Fazendo isso ele começou a abrir espaço para o sufismo, a corrente mística do islam.

Para Al Ghazali, Allah fez a humanidade dotada de qualidades espirituais e portanto capaz de conhecê-lo. A maioria de nos, ensinava, se inclina ao mundo material e perde esta ligação. Para recuperar esse contato direto devemos buscar uma vida equilibrada evitando comportamentos ilícitos como ira, ganancia, apego. Para ele uma virtude era sempre o ponto de equilíbrio entre dois extremos. A coragem, por exemplo, está entre a Covardia e a Impulsividade.

Al’Ghazali entendia que recuperar essa experiência com o divino era o sentido e proposito de todas  as restrições e exigências da xaria e de todas as orações e rituais religiosos.

 

 

 

 

 

10. Ibn Rushd (Averrois)

1126 dC – 1198 d.C

Conhecido também por seu nome latino Averrois foi talvez o pensador islâmico que mais influenciou o ocidente. Ele também foi a grande resistência contra a exclusão da filosofia pela ortodoxia islâmica que avançava em sua época.

Para isso teve que insistir que o Corão pode sim ter várias interpretações. Uma mesma passagem pode ser lida de forma óbvia, místicas, teológica e científica, e estas podem entrar em desacordo umas com as outras. No caso de conflitos devemos considerar as passagens de forma alegórica. Foi o início da concepção do conhecimento religioso como sendo relativo.

Tornou-se celebre no ocidente por traduzir e preservar as obras aristotélicas. Mais do que isso seus ricos comentários sobre Aristóteles, lhe deram o título de “O Comentador”. Além de ser influente em assuntos de jurisprudência também era polimata e escreveu sobre astronomia, física, psicologia e medicina.

Embora historicamente não tenha tido sucesso ele ainda é celebrado por defender o pensamento filosófico diante de fortes oposições.

 

 

 

 

 

11.     Ibn Al-Arabi

1164 d.C – 1240 d.C

Ibn Al-Arabi é o grande mestre do pensamento sufista escrevendo mais de trezentas obras sobre a via mística do islam. Ele formulou uma explicação teológica para o islam que une o panteísmo emanente ao monoteísmo imanente. Ou seja, Allah é onipresente mas vai além do mundo.

As coisas que consideramos reais são como espelhos que refletem um ângulo especifico da realidade divina e que portanto não podem existir por si mesmas. Quanto mais limpo estiver este espelho mais vai conseguir refletir a glória divina e mais próxima estará da perfeição.

Na criação o que mais se aproxima disso é o ser humano, mas mesmo entre nós esse reflexo é mais ou menos espelhado conforme o grau de distorções e impurezas que acumulamos, como poeira sobre o espelho. Por meio da religião, da auto-observação e auto-realização podemos limpar a superfície de nossos espelhos individuais e  manifestar os nomes de Allah em nosso mundo.

Ibn Al-Arabi ensina que o profeta Muhammad foi esse reflexo perfeito sendo portanto a manifestação mais alta dos princípios cósmicos da verdade e do amor puro.

 

 

 

 

12. Rumi

1207 d.C – 1273 d.c

Enquanto Saladino liderava a resistência contra os cruzados, despontou no oriente um líder islâmico ensinando a mais irrestrita tolerância. Vivendo a vida toda em um centro de estudos religiosos, Rumi dominava a teologia e jurisprudência islâmica e falava várias línguas além de ser muito devoto.

Seu amor pelo Islam não o impediu de ensinar não apenas o respeito mas real admiração por todas as outras formas de religião, ou melhor pela espiritualidade por trás de todas elas. Ensinava que a renúncia do eu, o serviço e o amor são a verdadeira escada para o céu e enfatizava os ensinamento do Corão de que além de Muhammad, Allah enviou muitos outros profetas e mensageiros e que não é lícito fazermos diferenciação entre eles.

Alguns desses mensageiros deram origem a livros como a Torá e o Evangelho, mas, segundo a suna nenhum povo da terra foi ou será deixado sem orientação. O Islam como ponte da universalidade religiosa transparece em seus poemas e especialmente em sua obra prima, o Mathnavi que fez Rumi ser considerado o maior poeta místico de todos os tempos. A escola que ele fundou deu origem aos famosos dervixes rodopiantes que hoje caracterizam o sufis

 

 

 

 

 

 

 

13. – Ibn Taymiyya

1263 d.C – 1328 d.C

As invasões mongóis haviam derrubado o Califado Abássida e Ibn Taymiyya interpretou isso como sinal de desaprovação de Allha contra o comportamento dos muçulmanos. Para eles as interpretações dos  teólogos, místicos e cientistas estavam todas erradas e ele propôs uma outra abordagem: a interpretação literal. Ou seja, tanto o Alcorão como a Sunna deveriam ser entendidos segundo seu sentido óbvio.

Se as escrituras dizem que Allah está em um trono, temos que ler isso como está escrito e aceitar como mistério o que nos parecer contraditório. Ibn Taymiyya também considerava herético tanto os xiitas, como os sufistas e filósofos em geral.

Ele pode ser considerado o pai do fundamentalismo islâmico e no final ele mesmo foi executado como herege. Em muitos lugares entretanto suas ideias cairam no gosto popular.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

14. Mehmed II

1169 d.C – 1220 d.C

A dinastia otomana surgiu na turquia preenchendo o vácuo de poder deixado pelas invasões mongóis, que sem ter trazido uma religião em poucas gerações estavam islamizados. Os antecessores de Mehmed II, Osman e Murad deram origem ao avanço otomano, mas foi Mehmed II, o Conquistador que estabeleceu a imagem clássica do sultão.

Mehmed II coordenou os juristas islamicos para para criaem uma lei criminal e constitucional para o Estado Otomano. Uma vez estabelecida a lei, ao sultão caberia a liderança político e militar e aos juristas a autoridade religiosa. Brilhante militar Mehmed II conquistou diversas monarquias vizinhas e em especial tomou Constantinopla dando fim ao Império Bizantino.

u reinado destacou-se pela excepcional tolerância religiosa, permitindo inclusive aos bizantinos continuarem com o cristianismo ortodoxo.

A partir de então o estado de Otomano passou a ser reconhecido como um Império que cresceu nos séculos seguintes e permaneceu como potência mundial até fins dos século 19.

 

 

 

 

 

 

15.   ibn al-Wahhab

1703 d.C – 1792 d.C

O beduíno erudita ibn al-Wahhab acreditava que tolerância religiosa do Império Otomano acabou afastando os muçulmanos do Islam. Ele via costumes como a peregrinação ao túmulo de líderes muçulmanos ou comemoração do aniversário de Muhammad como inovações humanas que poluíam a mensagem divina e deviam ser combatidas. Dançar, escutar música e fumar haxixe eram práticas pupulares e sintomas de que os muçulmanos haviam perdido o rumo.

Sua solução era purificar o Islam e voltar a vivência da fé, eliminando tudo o que não existia durante a vida do profeta Muhammad. Foi a origem do puritanismo islâmico que entendeu que as várias outras correntes islamicas como o sufismo e o xiismo eram apóstatas e outras religiões como heréticas.

A ideia não foi popular de início. Mas ao ser expulso do vilarejo onde morava e buscar refúgio na cidade vizinha conheceu Muhammad Ibn Saud, um guerreiro competente e ambicioso. Ibn al-Wahhab viu em Saud a chance de disseminar suas ideias e Saud viu em Wahhad um instrumento de poder.  Juntos iniciaram um processo de domínio e expansão militar que fez frente ao poderoso Império Otomano e culminou com a origem do reino da Arábia Saudita.

Nas terras dominadas Saud e Wahhad instituiram o Mutaween, o conceito de polícia religiosa que devia vigiar e punir a população em caso de desvios. Hoje o wahabismo é a vertente islâmica dominante da Península Arábica, onde estão os principais locais sagrados do islam.

 

 

 

16. Sayyid Qutb

1906 d.C – 1966 d.C

No século XX a descoberta de petróleo no Oriente Médio atraiu a atenção do mundo. O Império Otomano derrotado na Primeira Guerra Mundial fragmentou-se em uma série de movimentos nacionais separatistas patrocinados pelas potências vencedoras. Com o fim da guerra houve um aumento significativo da influência cultural e da colonização europeia nos países árabes. Alguns deles, como Egito e Síria, criaram governos seculares. A Guerra Fria e a criação do Estado de Israel apos a Segunda Guerra intensificou ainda mais as influências e explorações externas.

Para o ativista político Sayyid Qutb essa situação era idêntica a jahilya, a era da ignorância anterior ao profeta Muhammad. Ele pregava que para viver o Islam é resolver os problemas da sociedade seria necessário limpar ela de toda e qualquer influência ocidental.

Para ele Capitalismo, Socialismo, Democracia e Totalitarismo eram respostas humanas e autoridade política era divina e deveria ser exercida por conselhos de mestres na xaria. Para essa transformação ocorrer, se necessário fosse, uma vanguarda de combatentes deveria se levantar e pegar em armas para lutar até a vitória ou o martírio.

Suas ideias receberam pesadas críticas tanto entre acadêmicos muçulmanos como entre pensadores ocidentais, mas ainda assim sua influência fez se sentir tanto na Revolução Islâmica do Irã como na formação do jihadismo de grupos como Hamas, Al-Qaeda e o Estado Islâmico.

 

 

 

 

 

 

 

17. Komeini

1902 d.C – 1989 d.C

Na segunda metade do século XX, o líder religioso Ruhollah Khomeini começou a proferir uma série de palestras públicas criticando o governo do Xá por ser um corrupto fantoche das potências extrageiras Nestas palestras ele também propunha que  essa monarquia secular iraniana fosse substituída por um novo modelo de governo que chamou de República islâmica.

Suas críticas não foram bem recebidas e perseguido pelo governo teve que se exilar no Iraque. Aos poucos o governo do Xá demonstra inabilidade em lidar com as questões de inflação, escassez de trabalho e violação dos direitos humanos que varreram o pais durante a Segunda Guerra Mundial e, de longe Khomeini coordena a oposição.

Finalmente em 1979 a Revolução Islâmica derruba o governo do Xá e institui a república islâmica. Nesse modelo  o voto direto dos cidadãos elege os líderes do executivo e legislativo e uma assembléia de peritos religiosos. Os peritos por sua vez elegem entre si um líder religioso supremo que é também o chefe de estado. O líder religioso é um cargo vitalício, mas pode ser destituído por esse mesma assembléia. Khomeini foi a escolha óbvia.

Desde então abriu-se o precedente para que as fatwas, que são opiniões jurídicas de peritos islâmicos passaram a ter força de lei.

 

 

 

 

 

18. Fetullah Gulen

1941 d.C

Fethullah Gulen é um dos mais influentes eruditos islâmicos da atualidade. Este sunita moderado condena o terrorismo e é favorável ao diálogo inter-religioso entre judeus, cristãos e muçulmanos. É o fundador e inspirador da organização cívico-social conhecida como Hizmet, que em árabe significa algo como Serviço altruísta para o bem comum” .

O Hizmet, as vezes chamado Movimento Gulen é uma iniciativa transnacional voltada para a disseminação do Islam e funciona como uma rede de promoção mútua, onde os membros  tem uma mentalidade missionária e um forte sentido empresarial. Seus seguidores são incentivados a buscar posições de liderança e destaque social e devem doar tempo, dinheiro para a organização.

Além de diversas instituições de ensino, empresas, organizações humanitárias e meios de comunicação ao redor do mundo o Hizmet possui membros e influência na política e nas forças armadas da Turquia. Sua estratégia é implementar uma sociedade islâmica gradualmente e transformar o sistema de dentro para fora.

Hoje estimasse que o movimento Gulen tenha de 8 milhões a 10 milhões de integrantes.

 

 

 

 

 

 

19. Edip Yuksel

1957 d.C

Este intelectual curdo-americano é considerado umas das figuras mais controversas do reformismo islâmico proposto pelo movimento quranista. O Quranismo descreve uma forma de entender e praticar o Islam que aceita apenas o Corão como revelação divina e rejeita a autoridade das tradições sunitas e xiitas. Edip defende que a mensagem do Corão é clara e completa e que portanto pode ser entendida sem o suporte dos hadites. Ele advoga que os hadites foram forjados e só começaram a entrar em uso cerca de dois séculos após a morte do profeta Muhammad. Para Edip Yuksel o Corão quando lido por sí só revela um monoteísmo racional, progressista e humanista.

Edip também é o maior divulgador do que chama de Milagre Matemático do Corão, descoberto pelo programador egípcio Rashad Khalifa. Segundo ele o livro árabe possui em si um intrincado código numérico baseado no número 19 que é estatisticamente impossível de ser alcançado por mero acaso e ao mesmo tempo não pode ser replicado por seres humanos. Este mesmo código, defende ele, garante sua integridade do livro e é a única garantia que temos que o Corão atual é exatamente o mesmo revelado pelo Profeta.

Ele também advoga a evolução teísta como alternativa ao criacionismo, a evolução não-teísta e a teoria do design inteligente. Por suas posições não convencionais é considerado apóstata e herege por diversos tradicionalistas, incluindo seu próprio pai.

Sua postura não-ortodoxa o fez ser condenado a morte em 38 países e por diversas organizações islâmicas. além de ser alvo de diversas ameaças de morte anônimas. Fugido para os estados unidos naturalizou-se americano em 1993.

 

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