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Sobre o encontro com o Espírito da Morte

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A. Morte

“De tanta inspiração e tanta vida
Que os nervos convulsivos inflamava
E ardia sem conforto.. .
O que resta? uma sombra esvaecida,
Uma triste que sem mãe agonizava . .
Resta um poeta morto!
Morrer! e resvalar na sepultura.
Frias na fronte as ilusões—no peito
Quebrado o coração!
Nem saudades levar da vida impura
Onde arquejou de fome . . sem um leito!

Em treva e solidão!
Tu foste como o sol; tu parecias
Ter na aurora da vida a eternidade
Na larga fronte escrita. . .
Porém não voltarás como surgias!
Apagou-se teu sol da mocidade
Numa treva maldita!(…)”

Um Cadáver de Poeta, Álvares de Azevedo

Eis que éramos crianças e o dito cujo sofreu um acidente com toda sua família, tendo sobrevivido e perdido a mãe e a irmã. Passou a viver em companhia da família paterna com suas tias, aqueles monstros que tanto o maltratavam. Tinha minha idade e seu destino foi imensamente cruel. Tentando sobreviver ao sofrimento e à vida, se entregou ao mundo das drogas, o que o levou à completa loucura. Ficava bêbado e drogado tocando um violão noite adentro nos passeios das ruas. Em casa ainda sofria maus tratos e, virava e mexia, suas tias o entorpeciam ainda mais.

No dia 21 de março do ano de 2018 eu senti algo bastante estranho. Pensei estar tendo um infarto, afinal, eu realmente quase tinha tido um na semana anterior. Havia me deparado com o que de pior a vida poderia me oferecer naquele momento e descontei tudo num trabalho de autodestruição sem perceber. Eu senti meu corpo paralisar por completo e sentia dificuldades de engolir minha própria saliva. Eu senti um aperto no peito e um formigamento nas mãos e nos braços.

Me levantei e fui buscar alguma coisa para fazer e tentar me distrair. A sensação diminuía, mas não passava. Foi então que percebi como se saísse de mim alguma energia, era como se eu pudesse vê-la de fato como uma silhueta magra. E quando essa energia me deixou, eu me senti melhor, mas logo ouvi gritos e choro. Era uma morte acontecendo logo do outro lado da rua de minha casa. Ele tinha a minha idade e tantas coisas que poderia ter vivido. Sofreu um ataque cardíaco após uma overdose e cumpriu sua derradeira sentença nos
braços do espírito da morte.

Não, a morte não é exatamente aquele esqueleto de capa, capuz e foice. Ela é uma energia “bem vívida” quase palpável.

Nunca mais senti esse espírito, mas, levando em consideração a energia, não foi a primeira vez com que nos cruzamos. A lição que fica é nunca ignorar sintomas físicos, pensando primeiro que realmente pode ser um ataque. Mas também se lembrar que tudo é energia e vibra, mesmo que de maneira sentida extremamente desagradável. A morte um dia chega para todos. É a única certeza que temos, não é mesmo?

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