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Os Habitantes Humanos “Vivos” – O Plano Astral

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Esboçado assim, embora ligeiramente, o fundo do nosso quadro, devemos  agora colocar-lhe as figuras, descrever os habitantes do plano astral.  Não é fácil tarefa classificá-los e ordená-los, tão complexa é a sua  variedade. Parece-nos melhor começar por dividí-los em três grandes  categorias: os humanos, os não-humanos e os artificiais.

Os cidadãos humanos do mundo astral separam-se naturalmente em dois  grupos: os vivos e os  mortos, ou, falando com mais precisão, aqueles que ainda têm corpo físico  e aqueles que já o  abandonaram.

A — OS VIVOS

Podem contar-se quatro categorias de homens que se manifestam no plano  astral, durante a vida  física:

1.° O Adepto e os seus discípulos. 

Os membros desta categoria empregam  geralmente, como  veículo, não o corpo astral, mas o corpo mental, composto da matéria que  forma os quatro níveis  inferiores, ou rupa, do plano imediatamente superior ao astral. Este  veículo tem a vantagem de  permitir a passagem instantânea do plano mental para o astral, e viceversa, e o emprego, em  qualquer momento, do poder maior e agudeza de sentidos do plano mental.

Por natureza, o corpo mental não é visível à luz astral; por isso, o  discípulo que opera nesse veículo tem de aprender a rodear-se de um véu  temporário de matéria astral, quando se torne necessário, para maior  eficácia da sua obra de auxílio aos habitantes do plano inferior, e estes  o possam ver. Este corpo temporário é a princípio formado geralmente pelo  Mestre para o discípulo, ate que este aprenda a formá-lo por si só, fácil  e rapidamente. Embora seja uma reprodução exata da figura de quem o usa,  esse veículo não contém a menor partícula da matéria do seu corpo astral;  pode dizer-se que está para este como uma materialização está para o  corpo físico. Encontram-se também discípulos menos desenvolvidos,  revestidos do corpo astral; mas o indivíduo que é preparado neste plano  por um guia competente, pode operar sempre com a maior facilidade em  todos os subplanos e em plena consciência, seja qual for o veículo  empregado. É, de fato, ele mesmo, exatamente como os seus conhecidos o  viram na terra, menos os quatro princípios inferiores (1) no primeiro  caso, ou os três princípios inferiores no segundo, mais os poderes e as  faculdades inerentes à sua nova condição, o que lhe permite o  prosseguimento, em sonhos, com mais facilidade e eficácia, dos trabalhos  teosóficos que lhe ocupam as suas horas de vigília. A maior ou menor  exatidão da reprodução no plano físico das suas impressões no astral  depende, é claro, da maior ou menor facilidade com que ininterruptamente  possa transferir a consciência de um plano para outro. É comum o  investigador encontrar no plano astral ocultistas de todas as partes do  mundo (pertencentes a Lojas sem ligação com os Mestres mais conhecidos  dos teósofos), que geralmente buscam a verdade com uma convicção e um  espírito de abnegação surpreendentes. É conveniente, porém, notar que  todas essas Lojas conhecem pelo menos a existência da grande confraria do  Himalaia e reconhecem que esta conta no seu grêmio os mais elevados  Adeptos hoje conhecidos na terra.

 2.° — Indivíduos psiquicamente adiantados que não estão sob a direção de  um Mestre.

Estes podem estar ou não desenvolvidos espiritualmente, pois  adiantamento psíquico e adiantamento espiritual não andam necessariamente  juntos. Os poderes psíquicos que alguém traga ao nascer, são os  resultados de esforços levados a cabo em encarnação precedente. Tais  esforços podem ter sido nobres e altruístas, mas também podem ter sido  cegos, mal dirigidos e até de caráter extremamente condenável. Os  indivíduos psiquicamente desenvolvidos são em geral perfeitamente  conscientes fora do corpo físico, mas, por falta do necessário treino,  estão sujeitos a enganos na apreciação do que vêem. Por vezes poderão  percorrer todas as subdivisões do plano astral, como os da classe  precedente, mas muitos deles haverá que, sentindo-se atraídos por uma  delas, raras vezes vão a qualquer outra onde a influência da primeira não  se faça sentir. As recordações do que viram podem, portanto, variar  segundo o grau de desenvolvimento que adquiram, desde a mais perfeita  nitidez até a mais completa deformação da verdade ou mesmo esquecimento  completo. O seu veículo será sempre o corpo astral, visto não saberem  funcionar no veículo mental.

 3.° — A pessoa vulgar 

isto é, sem nenhum desenvolvimento psíquico — que  flutua no seu corpo astral durante o sono, num estado mais ou menos  inconsciente. No sono profundo do corpo físico, os princípios superiores  que se encontram no veículo astral desligam-se invariavelmente dele e  acolhem-se nas proximidades, apesar de, nas pessoas sem o mais pequeno  desenvolvimento, se encontrarem num estado de sono tão profundo como o do  corpo. Contudo, em alguns casos o veículo astral está num letargo menor e  então flutua daqui para ali, semi-adormecido, nas várias corrente  astrais, reconhecendo por vezes outras pessoas que se acham no mesmo  estado, passando por toda espécie de aventuras, umas agradáveis, outras  desagradáveis, cuja lembrança, necessariamente confusa e por vezes  transformada numa grotesca caricatura do que realmente aconteceu, as  fazem pensar, ao despertar, nos disparates do sonho que tiveram. Todas as  pessoas cultas, pertencentes às raças mais elevadas do globo, têm já hoje  os sentidos astrais bastante desenvolvidos, de modo que, se estivessem  suficientemente atentas para poder examinar as realidades que as cercam  durante o sono, estariam em condições de as observare de tirar delas  proveitosas lições. Mas, na maior parte dos casos, tal não sucede, porque  quase toda gente, em vez de fixar a sua atenção no sonho, passa as noites  numa meditação profunda, deixando-se ir atrás de qualquer pensamento que  mais absorvente se lhe tornou antes de adormecer. Estes indivíduos têm as  faculdades astrais, mas quase não se servem delas; estão evidentemente  acordados no plano astral, mas não estão acordados para o que nele sucede  c, portanto, a consciência que tem do meio onde se encontram é  extremamente vaga, se é que têm alguma. Quando um indivíduo nestas  condições se coloca sob a direção de um dos Mestres da Sabedoria, começa  geralmente por se sentir sacudido desse estado de sonolência e acorda  então completamente para as realidades que o cercam no plano. Ocupado em  aprender o muito que delas há para aprender, começa a operar no meio  delas, de forma que as horas de sono deixam de ser horas vazias; antes,  pelo contrário, estão repletas de trabalho ativoe útil, sem que essa  atividade roube ao corpo físico, cansado da labuta do dia, o necessário e  higiênico repouso.

No caso de um indivíduo das raças inferiores, ou, em  geral, de qualquer indivíduo muito atrasado, estes corpos astrais são  muito vagos de forma e mal definidos nos seus contornos, mas à medida que  vai havendo maior desenvolvimento de intelecto e de espiritualidade, o  corpo astral vai-se definindo e adquirindo maior semelhança com o corpo  físico. Tem-se perguntado freqüentemente como se compreende que se possa  reconhecer o homem vulgar, quando revestido do corpo astral, visto este  ser tão vago de forma, e a grande maioria da humanidade estar tão pouco  desenvolvida. Tentando responder a esta pergunta, devemos não esquecer  que aos olhos do clarividente o corpo físico humano aparece cercado pela  aura — espécie de névoa, luminosa e colorida, aproximadamente ovóide, —  que se estende a partir do contorno do corpo físico, proximamente meio  metro em todas as direções. Todos os investigadores sabem que esta aura é  extraordinariamente complexa e contém matéria de todos os diversos planos  que presentemente podem fornecer ao homem veículos; mas, por enquanto,  limitemo-nos a considerá-la tal qual ela apareceria a um observador  possuidor apenas da vista astral. Para um observador nestas condições, a  aura não passaria de um corpo de matéria astral, e portanto, seria um  objeto de estudo relativamente mais simples. Essa matéria astral, porém,  não só rodeia o corpo físico, mas interpenetra-o, podendo verificar-se  que está muito mais condensada dentro da periferia daquele do que na  parte da aura que o circunda. É possível que este fato seja devido à  atração da grande massa de matéria astral que aí se acumula como  duplicado das células do corpo físico; mas, seja qual for a razão, é  indubitável que a densidade da matéria que está dentro dos limites da  física é muito maior do que a da que está fora deles. Durante o sono,  quando o corpo astral se desliga do físico, dá-se precisamente o mesmo, e  qualquer indivíduo dotado de clarividência poderá verificar, também neste  caso, a existência de uma forma semelhante ao corpo físico, circundada  pela aura. Esta forma, porém, é constituída apenas por matéria astral;  mas a diferença de densidade entre ela e a névoa que a envolve é  suficientemente acentuada para que a possamos distinguir claramente,  apesar de não passar de uma forma de nevoeiro mais denso. Vejamos agora a  aparência da aura no homem desenvolvido e no homem psicologicamente  atrasado. Mesmo neste, as características e a configuração da forma  interna são sempre reconhecíveis, apesar de confusas e mal definidas; mas  o Ovo áurico envolvente, se é que merece tal nome, é apenas mera grinalda  informe de névoa, sem a menor regularidade ou constância de linhas. No  indivíduo mais desenvolvido, o caso é outro. A forma envolvida pela aura  é muitíssimo mais diferenciada e definida — constituindo uma reprodução  mais aproximada do homem físico. Em vez da tal indecisa grinalda de  névoa, vê-se uma forma ovóide perfeitamente definida, que se conserva no  meio do tumulto das correntes que continuamente percorrem o mundo astral.

Visto as faculdades psíquicas do homem se acharem no decurso da sua  evolução, e haver em cada grau desta um certo número de indivíduos que  vão seguindo regularmente as diferentes etapas de desenvolvimento,  conclui-se que as duas classes se fundem uma na outra por uma gadação  insensível.

 4.° — O mago negro e os seus discípulos. 

Esta classe é semelhante à  primeira, com a diferença de que o seu desenvolvimento se deu para o mal  e não para o bem, donde resulta que os poderes e faculdades adquiridas  são utilizados para fins egoístas, em vez de sê-lo em benefício da  humanidade. Entre as suas ordens mais inferiores, contam-se os membros da  raça negra, que se entregam às práticas feiticeiras das escolas de Obeahe  Voodoo, e os curandeiros de muitas tribos selvagens. Mais inteligentes e  conseqüentemente mais recrimináveis, são os magos negros do Tibete,  também desta classe, chamados erradamente Dügpas europeus — designação  que pertence propriamente, segundo a absolutamente certa explicação do  Cirurgião-Mor Waddell, no seu livro O Budismo na Tibete, à subdivisão  bhotanesa da grande seita dos Kargyus, que forma uma parte do que se pode  chamar a Escola semi-reformista do budismo tibetano. Os Dügpas (2)  praticam sem dúvida a magia tântrica, mas a verdadeira seita não  reformada dos barretes vermelhos é a dos Nin-Mâpa, sectários da religião  aborígine, que não quiseram nunca aceitar qualquer forma do budismo. Não  se suponha, porém, que todas as seitas do Tibete, exceto os Gelugpas (3),  são necessariamente dedicadas ao mal. Seria mais justo dizer-se que as  normas de outras seitas permitem um afrouxamento muito maior na prática,  e por isso a proporção de interesseiros entre eles é provavelmente muito  maior que entre os reformadores, mais rigorosos.

C. W. Leadbeater


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