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por Benjamin Rowe
A primeira Chave Enoquiana ou Chamada Enoquiana pode ser lida como uma recapitulação dos passos pelos quais o criador do sistema o trouxe à existência. A Chave segue a mesma progressão macrocósmica-microcósmica usada no ritual de consagração de exemplo, mas então complementa isso com uma resposta do microcosmo direcionada ao macrocosmo, abaixo separada em dois blocos
Eu reino sobre vós, diz o Deus da Justiça poderosamente exaltado acima dos firmamentos da ira; em cujas mãos o Sol é uma espada e a Lua como um fogo penetrante: que mede as vossas túnicas, no seio de minhas próprias vestes e vos amarrei juntos com as palmas de minhas mãos; vossos assentos sendo decorados com o fogo da reunião, embelezando vossas vestimentas com admiração; para quem fiz a Lei para governar os santos e entreguei uma vara com a arca do conhecimento.
Além disso, vós então erguestes vossas vozes e jurastes obediência e fá a Ele, que vive e triunfa, que não tem início, nem fim, que brilha como uma chama no meio de vosso palácio, e reina entre vós como a balança da retidão e verdade. Portanto, movei-vos e mostrai-vos! Abri os mistérios de vossa criação! Sede amistosos comigo, porque eu sou servo do vosso mesmo Deus, o verdadeiro adorador do Altíssimo.
Note que a descrição da corrente descendente contém 7 frases significativas, sugerindo os planetas e o sol (o macrocosmo), enquanto a descrição da resposta contém 5 frases significativas, sugerindo os quatro elementos e o espírito elemental, (o microcosmo).
A Corrente Descendente
- Definição de contexto.
“Eu reino sobre vós, diz o Deus da Justiça poderosamente exaltado acima dos firmamentos da ira”
Os “firmamentos da ira” são as regiões de atividade dentro das quais a criação ocorre. O deus declara seu controle total sobre o ato de criação e que, como criador, está fora do reino em que o ato de criação ocorre.
- Definição dos limites e qualidades da criação.
“em cujas mãos o Sol é uma espada e a Lua como um fogo penetrante.”
Uma equação elegante, definindo os parâmetros da criação. O deus declara domínio sobre as forças planetárias (Sol-Lua) e as forças elementares (Fogo-Ar). Ele também declara controle sobre os dois tipos de dualidades: aquelas em que um polo é projetivo e o outro responsivo (Sol-Lua) e aquelas em que duas forças de polaridade semelhante estão equilibradas (Fogo-Ar). Na área da criação, o polo positivo é atribuído ao elemento espadas (Ar), e o anti-positivo é atribuído ao elemento Fogo. Isso é refletido na precedência seguida pelos elementos ao longo das Tabelas e Chamados: Ar primeiro, depois Água, Terra e Fogo.
- Reunião das energias a serem utilizadas.
“que mede as vossas túnicas, no seio de minhas próprias vestes”
A palavra traduzida aqui como “vestes” é usada uniformemente para significar “criação” ou “ser” em outros lugares nas Chamadas. Outra palavra é usada para “vestes” na próxima frase desta mesma Chave. Outra palavra também é usada para “meio” mais adiante nesta Chave. Portanto, a tradução aqui é questionável. Uma imagem mágica dada para definir esta frase mostra a cena pelos olhos do deus enquanto ele puxa intermináveis fios de luz viva de um lâmen em seu peito.
- Organização das energias.
“… e vos amarrei juntos com as palmas de minhas mãos.”
A imagem mágica continua mostrando o deus reunindo as fibras de luz em um feixe ou cabo. O deus concentra as energias dentro da área de trabalho em preparação para moldar.
- Preparação da base material à qual as energias estão ligadas.
“vossos assentos sendo decorados com o fogo da reunião, embelezando vossas vestimentas com admiração.”
Tendo gerado o polo positivo ou espiritual da criação, o deus agora volta sua atenção para o polo anti-positivo ou material. Os “assentos” são os quadrados das tabelas em sua forma bidimensional. O deus incorpora parte de sua vontade nas Tabelas, definindo a ordem e o lugar para os quais as energias espirituais serão atraídas e ligadas. Quando as energias são ligadas às Tabelas, o padrão de vontade incorporado nas Tabelas se estende de volta ao longo de seu caminho até o polo positivo, condicionando todas as expressões perceptíveis (as “vestes”) das energias.
- Definição dos modos de atividade da criação.
“para quem fiz a Lei para governar os santos”
A palavra traduzida como “santos” parece derivar da mesma raiz que as palavras enoquianas para “fogo”, sugerindo que os santos são aqueles que possuem a vontade espiritual. O deus especifica a maneira como sua criação responderá aos magos e adeptos.
- Definição do propósito da atividade.
“e entreguei uma vara com a arca do conhecimento.”
Os espíritos das tabelas recebem autoridade sobre a dispensação do conhecimento do deus, incluindo o poder da iniciação.
Corrente Ascendente
8. As energias respondem à vontade criativa.
“Além disso, vós então erguestes vossas vozes e jurastes obediência e fé”
A conexão entre os dois polos tendo sido feita, e as condições de sua interação sendo estabelecidas, os anjos da criação expressam sua resposta ao deus, jurando continuar a seguir a vontade do deus.
- E afirmam o sucesso do ato de criação.
“…a Ele, que vive e triunfa”
Os espíritos das Tabelas afirmam a existência de seu criador, dizendo que ele vive, e afirmam o sucesso do ato de criação, dizendo que ele triunfa.
- Eles afirmam que o criador ele mesmo existe fora do reino da criação…
“que não tem início, nem fim”
Os espíritos afirmam que o deus existe completamente fora da esfera de atividade da criação. Esta frase ecoa a linha que começa com “Em Suas mãos, o Sol é…” de um ponto de vista dentro da criação do deus.
- Afirmam também que sua vontade é a fonte de sua existência,
” que brilha como uma chama no meio de vosso palácio.”
Chama ecoa o “fogo da reunião”, e o palácio é a Grande Tabela. Os espíritos afirmam que continuam a refletir a vontade criativa do deus.
- E que ele continua a regular todas as suas atividades.
“, e reina entre vós como a balança da retidão e verdade..”
O deus é o “deus da justiça”, correspondendo a Libra, as balanças. Justiça e Verdade são Saturno e Júpiter, que por sua vez são contração e expansão, estabilidade e mudança, autoridade e responsabilidade, e inúmeras outras duplas complementares. O deus reconcilia todas as oposições. Os termos também ecoam a vara (ativa) e a arca do conhecimento (receptiva) de uma frase anterior. Também é de se notar que na Árvore de Achad, Júpiter e Saturno são atribuídos aos caminhos que levam respectivamente a Chokmah e Binah de Kether. Seu equilíbrio é o caminho de Shin, conectando Kether a Tiphereth. Shin, Fogo, é a “chama no meio de vosso palácio”, e o raio de luz no centro do Templo.
O eco das declarações do deus pelos espíritos das Tábuas também sugere que as condições que o deus impôs à criação como um todo são refletidas em miniatura dentro da criação. Será mostrado que este é o caso com as Tábuas à medida que avançamos.1
Frase de Conclusão
“Portanto, movei-vos e mostrai-vos! Abri os mistérios de vossa criação! Sede amistosos comigo, porque eu sou servo do vosso mesmo Deus, o verdadeiro adorador do Altíssimo!”
No restante da Chave, o mago que a utiliza chama os espíritos para responderem a ele totalmente e abertamente. A palavra traduzida aqui como “servo” pode ser melhor traduzida como “ministro” ou “representante”. O mago afirma que tem o direito de exigir uma resposta dos espíritos porque seus atos estão de acordo com a vontade de seu criador.
Copyright 1988, 1992 por Benjamin Rowe
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Fonte: Enochian Temples: Analysis of the First Enochian Key – Benjamin Rowe – Hermetic Library
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