Leia em 5 minutos.
Este texto foi lambido por 152 almas esse mês
Nos capítulos precedentes, da primeira questão, tratamos dos métodos de enfeitiçamento de homens, animais e frutos da terra e especialmente do comportamento das bruxas em relação a suas próprias pessoas; como elas seduzem moças a fim de aumentar o seu pérfido numero; qual seu método de profissão e de render homenagem; como dedicam a diabos seus próprios filhos e os filhos de outros e como são elas transportadas de um lugar para outro. Ora, afirmo que não há remédio para tais práticas a menos que as bruxas sejam inteiramente erradicadas pelos juizes ou pelo menos punidas como exemplo a todos aqueles que as queiram imitar, mas não trataremos desse ponto no momento, mas sim na ultima parte deste tratado, onde estabelecemos as várias maneiras de proceder contra as bruxas e para sentenciá-las.
De momento, preocupamo-nos apenas com os remédios contra os danos que elas infligem e primeiro de como homens enfeitiçados podem ser curados; em segundo, dos animais e em terceiro de como os frutos da terra. podem ser resguardados de doenças ou filoxera.
Quanto ao enfeitiçamento de seres humanos por meio de diabos incubos e sucubos, deve-se notar que pode ser feito de três maneiras. Primeira, como no caso das próprias bruxas, quando mulheres voluntariamente se prostituem com diabos incubos. Segunda, quando homens tem conexão com diabos sucubos, sem, porem, segundo parece, fornicarem com os diabos ao mesmo grau de culpabilidade, pois os homens, sendo de natureza intelectualmente mais forte que as mulheres, são mais aptos a recusar tais práticas. Terceira, pode acontecer que homens e mulheres sejam, por meio de bruxaria, vinculados a diabos incubos e sucubos contra sua vontade. Isso acontece principalmente no caso de certas virgens que são molestadas por diabos incubos inteiramente contra sua vontade e, ao que parece, são enfeitiçadas por bruxas que, assim como sempre provocam outras enfermidades, fazem com que os diabos molestem essas virgens, em forma de incubos, com o propósito de seduzi-las a juntar-se a sua vil companhia. Daremos um exemplo.
Existe na cidade de Coblenz urn pobre homem enfeitiçado da seguinte maneira. Na presença de sua esposa ele costuma agir segundo a maneira dos homens com as mulheres, isto e praticando o coito, por assim dizer, e ele continua a fazê-lo repetidamente, sem que os gritos e opressos apelos de sua mulher consigam pará-lo. E assim, depois de ter fornicado duas ou três vezes, ele berra: “Vamos começar tudo de novo”, quando na verdade não há ninguém visível ali deitado para praticar o pecado mortal com ele. E depois de um incrível numero de tais ataques, o pobre homem finalmente tomba exausto. Depois de recobrar um pouco de suas forças, se se lhe pergunta como aconteceu isso e se ele. tinha alguma mulher deitada com ele, ele responde que não viu nada, mas que sua mente foi de alguma forma possuída, não podendo ele refrear tal priapismo. E de fato, ele tem serias suspeitas de que uma mulher o enfeitiçou dessa forma porque ele a ofendeu e ela o ameaçou com palavras, dizendo-lhe que gostaria que isso lhe acontecesse.
Não existe, porem, nenhuma lei ou ministro de justiça que possa proceder a vingança de tal crime sem outra razão que uma vaga acusação ou uma grave suspeita, pois e sabido que ninguém pode ser condenado, a menos que tenha sido preso por confissão espontânea ou pelas declarações de três testemunhas idôneas, uma vez que o mero fato do crime, acrescido ate mesmo das mais graves suspeitas, não é razão suficiente para a punição de tal pessoa. Porém, esse assunto será tratado mais adiante.
Quanto aos exemplos em que jovens donzelas são molestadas por diabos incubos dessa forma, tomaria muito tempo mencionar ate mesmo aqueles que sabemos acontecerem em nosso tempo, pois existem muitas histórias bem documentadas de tais feitiços. Porem, a maior dificuldade para encontrar remédio para tais aflições pode ser ilustrado com uma historia contada por Thomas die Brabant em seu Livro das Abelhas.
“Vi”, escreve ele, “e ouvi em confissão .. uma virgem em habito religioso, que a principio nunca ter-se permitido a fornicação, mas, ao mesmo tempo, me deu : entender que havia sido afamada por isso. Não pude acreditar, mas admoestei-a e exortei-a com as mais solenes imprecações dizer a verdade pelo risco de sua própria alma. Finalmente, chorando amargamente ela reconheceu que havia sido corrompida.. mais na mente que no corpo e que, apesar de posteriormente ter lamentado quase até a morte e confessado diariamente com lagride posteriormente ter lamentado quase até engenho, estudo ou arte livrar-se de um diabo incubo, nem “pelo sinal-da-cruz. nem com água benta especialmente preparada para a expulsão de diabos, nem pelo sacramento do corpo de Nosso Senhor, que ate mesmo os anjos temem. Mas que finalmente, depois de muitos anos de oração e jejum, fora liberada.”
Pode-se acreditar (salvo melhor juízo) que. depois de se arrepender e confessar seu pecado, esse diabo incubo deva ser visto mais na luz de punição do pecado que pecado em si mesmo. Uma freira devota, chamada Cristina, nas terras baixas do ducado de Brabant, contou-me o seguinte a respeito da mesma mulher. Numa vigília de Pentecostes a mulher veio a ela lamentando que não ousava tomar o sacramento por causa da importuna moléstia de um diabo. Penalizada, Cristina disse: “Vá e esteja certa que recebera o corpo de Nosso Senhor amanhã, pois tomarei para mim a sua punição”. E assim ela se foi alegremente e depois de rezar aquela noite dormiu em paz e levantou-se na manha seguinte e comungou com toda a tranquilidade de alma. Mas Cristina, sem pensar na punição que havia tornado para si, foi para a cama de noite e quando estava deitada ouviu como que um violento ataque sendo feito a ela, que, agarrando o que quer que fosse aquilo pela garganta, tentou atirá-lo fora. Deitou-se de novo, mas foi novamente molestada e levantou-se apavorada e isso aconteceu muitas vezes, ate que toda a palha de sua cama foi arrancada e atirada por todo lado, e lentamente ela percebeu estar sendo perseguida pela malicia de um diabo. Dai ela deixou sua cama e passou a noite sem dormir e quando quis rezar, foi tão atormentada pelo diabo que, diz ela, nunca sofrera tanto, em sua vida. De manhã, portanto, disse ela a outra mulher: “Renuncio a sua punição e estou quase morta para fazê-lo”, escapando assim a violência daquele perverso tentador. Por isso se pode ver quão difícil é curar esse tipo de mal, quer seja ou não devido a bruxaria.
No entanto a título de conclusão existem ainda alguns meios pelos quais podem esses diabos ser expulsos, sobre os quais escreve Nider em seu Formicarius. Diz ele que há cinco maneiras pelas quais moças ou homens podem ser liberados :-primeira, pelo sacramento da confissão; segunda, pelo sagrado sinal-da-cruz ou pela oração; terceira, pelo uso de exorcismos; quarta, mudando-se para outro lugar; e quinta, por meio de excomunhão prudentemente empregada por santos homens.
Alimente sua alma com mais:
Conheça as vantagens de se juntar à Morte Súbita inc.