Este texto foi lambido por 314 almas esse mês
A mais antiga referência escrita sobre Pacto com o Diabo encontra-se em textos apócrifos da teologia judaico-cristã. Um deste textos é A Vida de Adão e Eva, cuja versão conhecida, que data do século I d.C., apresenta um relato mais extenso do Genesis. Na Idade Média, inspiradas nestes livros clandestinos, circulavam histórias sobre os encontros entre Satanás, Adão e Eva depois do episódio da maçã. Neste período nebuloso da vida do primeiro casal encontra-se a origem do Pacto com o Demônio. O primeiro Pacto teria sido fruto das artimanhas do Malígno que conseguiu enganar Adão e convencê-lo a assinar um contrato de servidão aos poderes do Inferno.
Existem três versões principais sobre o enredo de fatos que resultaram neste Pacto:
1. Adão, expulso do Eden, foi habitar as terras do Oriente Médio onde trabalhava no cultivo da terra; era um lavrador até que Satanás apareceu e usando de uma conversa maliciosa convenceu o homem de que era proprietário da Terra, posto que todos sabiam, Satan era o Rei das coisas do Mundo e assim, não permitiria que Adão continuasse cultivando suas lavouras sem uma devida paga. Então apresentou a Adão um contrato de servidão. Desta forma, o homem passou a ser escravo do Maligno até o advento do Salvador Jesus que resgatou todos os pecados e erros acumulados até então pela humanidade.
2. Na segunda versão, quando Adão e Eva foram expulsos do Paraíso era crepúsculo, anoitecia, e ambos não haviam ainda presenciado o fenômeno do anoitecer. A treva assustou o casal que julgou a escuridão como parte de sua punição pela queda em pecado. Aproveitando-se deste momento de medo e dúvida, Satanás convenceu Adão a assinar um contrato de servidão em troca da Luz. Quando Adão se deu conta de que a noite era um fenômeno comum e inofensivo quis desfazer o Pacto porém o Demônio riu-se dele e recusou-se a desfazer o acordo.
3. Finalmente, em um terceiro relato, Caim é o protagonista do Primeiro Pacto. O primogênito de Eva nasceria com um aspecto monstruoso, com duas cabeças de serpente. Durante a gravidez, ela sentia dores terríveis e soube que carregava no ventre algo que não era humano. Estava assustada quando Satanás apareceu e se ofereceu para curar Caim e aliviar seu sofrimento. O preço dos benefícios era a assinatura de Adão ou seu juramento de submissão ao Demônio por meio de um Pacto. Um bode foi sacrificado e da pele foi feito um pergaminho onde o Demo traçou os termos do contrato, escrevendo com o próprio sangue “Os viventes são de Deus, os mortos são meus!”. Também Adão verteu seu sangue para assinar o Pacto. Cessaram as dores de Eva e Caim nasceu em forma humana. As serpentes, que o próprio Satan havia colocado na criança, Satan mesmo as alojou na águas do Rio Jordão com a missão de serem as guardiãs do Acordo Malígno. Milênios depois, quando Jesus foi batizado no Jordão, a humanidade se viu livre do compromisso maldito. Porém, Satanás apoderou-se do documento do Pacto e agora mantinha as almas da humanidade antes de Cristo aprisionadas no Inferno. Também a estes Jesus libertou quando, depois encerrado no sepulcro, desceu aos infernos e resgatou aqueles que ainda estavam na condição de espíritos escravizados.
A “descoberta ou redescoberta” do Pacto com o Diabo, recuperado a partir destas lendas antigas, é creditado aos judeus das primeiras décadas da Era Cristã, quando alguns místicos criaram “receitas”, rituais evocativos para “contactar Satanás” (GRANDES MISTÉRIOS, 1996). Entretanto, alguns dos mais famosos supostos “sócios do Demo” foram religiosos cristãos. O primeiro registro formal de um Pacto com o Diabo data de 538 (sec. VI a.C.) quando Teófilo, arcediago da Igreja Cristã, vendeu sua alma para recuperar seu prestígio social e eclesiástico, abalados por uma série de acontecimentos escandalosos. Diz a lenda que, mais tarde, o religioso se arrependeu e suplicou à Virgem Maria que o ajudasse a anular ou romper o Pacto, no que foi atendido, salvando sua alma por conta de um remorso sincero e interferência da misericórdia divina.
Ainda durante a Idade Média, também foram acusados de conchavos diabólicos, os Papas Honório e Silvestre II, cognominado “o Mago”, cuja sabedoria e extraordinária inteligência, comentários do povo atribuíam a um “contrato com o Canhoto”, além do célebre São Cipriano, de Antióquia, que antes de se converter ao cristianismo foi um feiticeiro conceituado que admitia abertamente dispor de poderes mágicos graças a um pacto com o Diabo.
Em meio à nobreza européia, entre o final do medievalismo e expansão da Renascença Moderna, monarcas como Henrique III e Catarina de Médicis, considerada a criadora da Missa Negra, teriam vendido suas almas ao Todo Poderoso dos Infernos. Entre os plebeus, destaca-se o caso da Bruxa de Berkeley que tomou cuidadosas providências rituais para o próprio funeral, sem sucesso, em uma tentativa de escapar do inferno e passar o “calote” no Demo. Na França, no período mais ativo da Caça às Bruxas (os), o caso do padre Urbain Grandier causou enorme sensação e terminou com o acusado na fogueira. Na Alemanha, a lenda do Doutor Fausto e do seu funesto Pacto com o Demônio permanece até hoje como uma das mais fascinantes histórias do folclore ocultista inspirando obras de arte na literatura, pintura e música. As mesmas suspeitas pairam sobre ocultistas como Paracelso, Cornelius Agrippa e mais recentemente (sec. XIX/XX), Aleister Crowley, que já foi considerado e que admitia ser “a Grande Besta, o homem mais perverso do mundo”.
Alimente sua alma com mais:
Conheça as vantagens de se juntar à Morte Súbita inc.