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Por Moshe Miller
O mundo de Beriya, o mundo da Criação, é um tremendo degrau em relação ao mundo de Atzilut. Beriya, ou “criação”, implica realidade limitada, ou trazer à existência uma existência restrita. A dimensão, a limitação, que é acrescentada pela descida da luz ao mundo de Beriya é o próprio conceito de “ser”, em oposição ao “nada” de Atzilut.
Atzilut é um mundo de não-ser, porque a estruturação da luz pelos vasos não é um obstáculo ou um obscurecimento da luz, como no mundo de Beriya. Ao contrário de Atzilut, no entanto, no mundo de Beriya os vasos começam a obscurecer a luz e, assim, criam seres limitados. Isso pode ser entendido por meio de uma analogia: se alguém saísse em um dia tão ensolarado e claro que não pudesse ver nada se mantivesse os olhos bem abertos, teria que quase fechá-los para ver. Em tal cenário, apertando os olhos, ele só consegue distinguir formas vagas. Com óculos de sol, no entanto, ele pode ver melhor – ele pode ver as coisas com clareza. Isto é como o mundo de Beriya em que a forma clara e a existência das coisas só se tornam aparentes quando a luz é suficientemente esmaecida e obscurecida. Claro que a analogia é imperfeita, pois os objetos que se vê com óculos de sol sempre foram objetos separados, individuais – o que não é inteiramente verdade no mundo de Atzilut.
Entre a maneira como alguém entende algo e sua capacidade de explicá-lo a outra pessoa, há uma tremenda lacuna. No mundo de Beriya, não estamos falando em explicar uma ideia para outra pessoa. Ainda estamos falando sobre o planejamento mental de como alguém explicaria isso para outra pessoa antes de realmente fazê-lo. No mundo de Atzilut, a estruturação do lampejo original de inspiração, a ideia original, estava apenas no próprio entendimento; além disso, sua compreensão da ideia era proporcional à sua própria capacidade de compreensão. No mundo de Beriya, porém, há um fator adicional, a saber, as limitações dos receptores ou intérpretes daquilo que se pretende transmitir. Um professor que quer explicar uma ideia para seu aluno primeiro tem que medir a capacidade de compreensão de seu aluno, e o professor tem que diminuir o tom e limitar a ideia de acordo. De fato, embora para seu próprio entendimento não seja necessário decompor a ideia em vários componentes mais simples, para seu aluno ele deve fazê-lo. Isso ocorre porque o aluno é, ainda, incapaz de compreender uma vasta complexidade de ideias de uma só vez, como o professor.
A palavra Beriya em hebraico significa “fora de”. Isso implica um novo nível de separação, pois Beriya é considerado fora do reino da Luz Infinita. Isso quer dizer que em Beriya a Luz Infinita está oculta a tal ponto que é considerada separada da Luz Infinita, embora, como apontamos antes, não haja lugar desprovido da Luz Infinita. Uma analogia é usada na Cabala para explicar a relação entre Beriya e Atzilut: a luz de Atzilut é como a luz de uma vela em um quarto, e a luz de Beriya é como a luz da vela vista no outro lado de uma cortina que fecha o quarto.
Em um sentido subjetivo, a consciência da separação implica que a pessoa está consciente de sua existência como uma entidade distinta (embora dependente).
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Fonte:
The World of Creation – Outside of the realm of the Infinite Light, by Moshe Miller.
https://www.chabad.org/kabbala
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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