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Remontemos agora às fontes da verdadeira ciência e retornemos à santa Cabala ou tradição dos filhos de Set (terceiro filho de Adão e Eva), preservada na Caldéia por Abraão, ensinada ao sacerdócio egípcio por Moisés, oculta em símbolos na Bíblia, revelada pelo Salvador (Cristo Jesus) a Santo João e contida …no Apocalipse deste apóstolo.
Os cabalistas têm horror a tudo o que parece idolatria; contudo, conferem a Deus uma figura humanamas é uma figura puramente hieroglífica. Eles consideram Deus como o infinito inteligente, amante e vivo. Não é uma coleção de seres, nem a abstração do Ser nem um ser filosoficamente definível. Ele está em tudo, distinto de tudo e maior que tudo. Seu nome é inefável …O que Deus é por si mesmo não é dado ao homem conhecer.
Morte
O que chamamos morte é um nascimento em uma nova vida. …A alma humana, servida e limitada por orgãos, não pode senão por meio destes orgãos mesmos por-se em relação com as coisa do mundo visível. O corpo é um invólucro proporcional ao meio material no qual a alma deve viver neste mundo. Limitando a ação da alma, o corpo a concentra e a torna possível. De fato, a alma sem corpo estaria por toda parte porém, nesta condição, ela não poderia agir em parte nenhuma; perder-se-ia no infinito; seria absorvida e como aniquilada em Deus.
Suponde uma gota de água doce encerrada num glóbulo e arremessada ao mar; enquanto o glóbulo não se romper, a gota continuará individualizada em si mesma; mas se o glóbulo se quebrar, procurai a gota na massa de água do mar. Deus, criando os espíritos, somente lhes pôde dar uma personalidade consciente de si mesma dando-lhes um invólucro que centraliza sua ação (do espírito) e o impede de perder-se …Quando a alma se separa do corpo, então, necessariamente, ela muda de meio e muda de invólucro [ou despe-se do invólucro de matéria densa]. Ela parte somente revestida de sua forma astral, que é um invólucro de luz, e sobe acima da atmosfera como o ar se mantêm acima da água. …O ar atmosférico torna-se sólido para estes corpos de luz …Somente podem retornar à Terra encarnando-se de novo. …Os cabalistas formularam por um só axioma toda a doutrina que expomos aqui: “O espírito reveste-se para descer e se despoja para subir”.
Seria impossível que uma alma separada de seu corpo pudesse viver, um só instante, na espessura de nossa atmosfera. As almas dos mortos não estão, portanto, ao nosso redor como supõem alguns “giradores de mesa” [espíritas]. Os que amamos, podem ver-nos e aparecer-nos, mas somente por miragem e por reflexo no espelho comum que é a luz [luz astral]. Aliás, eles não podem interessar-se por coisas terrenas, mortais, e só se prendem a nós por sentimentos elevados que têm algo de análogo à sua vida na eternidade.
Aparições
[Sobre manifestações de mortos em sessões espíritas] … é preciso abordar aqui um dos segredos mais perigosos da Magia. É a hipótese das larvas fluídicas conhecidas na antiga teurgia como espíritos elementares. …Com efeito, evocar estes espíritos elementares é ter o poder de coagular os fluidos por uma projeção de luz astral.
A luz é o agente eficiente das formas e da vida, porque ela é, ao mesmo tempo, movimento e calor. Quando ela chega a fixar-se e polarizar-se ao redor de um centro, ela produz um ser vivo, cuja matéria constitutiva, substância plástica [moldável], ela mantém coesa e conservada. Esta substância plástica formada, em última instância, de terra e água, foi denominada na Bíblia de limo da terra [o barro em lama]. Mas a luz não é espírito, como crêem hierofantes indianos e todas as escolas de Goécia [evocação de mortos]. A luz é instrumento do espírito. Deus criou esta luz na eternidade e o homem, à imagem de Deus, modifica e “manipula” a luz.
Os espíritos elementares, de acordo com a Cabala secreta, são os filhos da solidão de Adão; nasceram de seus sonhos, quando aspirava pela mulher que Deus não lhe dera ainda. Paracelso diz que o sangue [ou o sêmen] perdido, quer regularmente, em ato voluntário [masturbação], quer em em sonho, pelos celibatários, sejam homens ou mulheres, esse “sêmen” [ou melhor, o pensamento que orientou o prazer solitário] povoa o ar de fantasmas. Esta é uma das origens das larvas astrais, erroneamente consideradas como almas, aparições do além-túmulo que “freqüentam” sessões espíritas.
Estas larvas têm, pois, um corpo aéreo formado de “vapor” de sangue [ou dos fluidos, da energia vital contida em secreções humanas perceptíveis ou não]. É por isso que elas procuram o sangue derramado e, outrora, nutriram-se muito com exalações [produzidas em rituais de sangue e orgias sexuais].
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