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Marie Meurdrac foi uma das mais importantes alquimistas do período renascentista. Ela nasceu em 1610 em uma família nobre francesa durante o reinado de Luís XVI, proprietários de terras em Mandres-les-Roses, hoje um subúrbio de Paris.
Cresceu e se formou como uma autodidata e aprendeu alquimia e química (na época nao havia separação) usando trabalhos e experimentos de outros cientistas e lendo trabalhos teóricos da biblioteca da família. Enquanto outros membros da nobreza festejavam interminavelmente nos famosos bailes de Versalhes, Marie estava mais interessada em estudar a ciência da alquimia. Integrante da corte sempre foi avessa a qualquer favor dos monarcas em termos de renda ou agrados políticos, tudo o que Marie pediu ao rei foi construir um laboratório contendo uma fornalha que pudesse aquecer mais do que o limite legal de temperatura na França.
Muito antes da Tabela Periódica, ela formulou uma tabela com mais de 106 símbolos alquímicos usados na medicina na época e fez diversos experimentos com plantas e animais com os quais criava remédios, produtos de beleza e utilidade doméstica. Além disso ela se oferecia seu laboratório para dar aulas particulares de alquimia para outras mulheres. Ela foi muito humilde em seus escritos, explicando que só se sentia à vontade para publicar os experimentos que havia testado várias vezes e tinha plena confiança de que os resultados eram verdadeiros. Conforme escreveu: “Tenho muito cuidado para não ir além do meu conhecimento, e posso garantir que tudo o que ensino é verdadeiro e que todos os meus remédios foram testados; pelo qual louvo e glorifico a Deus.” Além disso ela guardava a sete chaves qualquer manuscrito finalizado por pelo menos dois anos para ter certeza que não estava se precipitando.
Quando finalmente encontrou coragem para enviar seu livro “La Chymie Charitable et Facile, en Faveur des Dames” (“Química útil e fácil, para o benefício das damas”) para publicação percebeu com surpresa como os homens da corte a trataram partindo do pressuposto de que ela não sabia do que estava falando. Ironicamente logo na segunda página do tratado é possível encontrar as palavras “les esprits n’ont point de sexe”, um trocadilho para falar da natureza universal do álcool e da igualdade de gênero pois também pode ser traduzido como “as mentes não tem sexo”.
Independente das críticas seu tratado foi um sucesso que teve várias edições em francês (1666, 1674, 1680, 1687 e 1711) e foi traduzida para o alemão (quatro edições de 1673–1712) e italiano e inglês nos séculos seguintes. Ela faleceu em 1680 aos setenta anos de idade e dedicou os últimos anos de sua vida a dar aulas para mulheres e distribuir remédios gratuitos de sua própria produção para os pobres.
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