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O Imam Ali Ibn Mohammad era chamado de “Al-Hádi”, isto é, “O Orientador”. Ali al-Hádi foi o décimo Imam do Xiismo dos Doze Imans.
Ele nasceu na pequena aldeia de Sarba, que se localizava a 5 Km e meio da cidade de Medina, no ano de 829 d.C (214 da Hijra), e se desenvolveu sob os cuidados de seu pai por sete anos, sobrevivendo-lhe por mais trinta e três anos e alguns meses. Seu pai foi o Imam Mohammad “Al-Jauád” (A.S.). E sua mãe foi Sammaná, a maghrebita, uma senhora de prestigio e virtudes intocáveis, e de uma fé inabalável.
SEUS FILHOS:
O Imam “Al-Hádi”(A.S.) teve quatro filhos e uma filha: Al-Hassan “Al-Ascari”, Al-Hussein, Mohammad, Jaafar e Àlia.
SEU MINISTÉRIO:
O Imam Ali “Al-Hádi” tomou posse de seu ministério no imamato após a morte de seu pai o Imam Mohammad “Al-Jauád” (A.S.), em 220 da Hijra. Tinha ele na ocasião seis anos e alguns meses de idade, praticando a sua liderança apesar de pouca idade, tal como o fez seu pai anteriormente. E esta pura e extraordinária circunstância esclarece e comprova a continuidade dos Imames pela vontade de Deus Supremo, prolongando-se esta sua liderança por trinta e três anos, passando por sete governantes Abássidas, os quais são: Al-Mamun e seu irmão Al-Mutassem (Al-Uátiq Ibn Al-Mutassem, Al-Mutauaquel Ibn Al-Mutassem, Al-Muntasser Ibn Mutauaquel, Al-Mustaín primo de Al-Muntasser e por último Al-Muutazz Ibn Al-Mutauaquel.
SUA BIOGRAFIA E GENEROSIDADE:
Os Imames da Linhagem do Profeta (S.A.A.S.) eram privilegiados pelo especial compromisso com Deus Supremo e com o mundo do desconhecido, por causa da categoria da infalibilidade e do imamato que conquistaram pelo favorecimento de Deus; e a eles se conectam os milagres e a generosidade, os quais apoiam seus preceitos em Deus unicamente, que os fez Imames e líderes para guiarem a sociedade aos caminhos da virtude e da perfeição, e por intermédio deles, em algumas ocasiões, deu-se provas que levaram à serenidade da alma, por terem sido os Imames da justiça prediletos por Deus para a propagação de Sua Mensagem. E tais predicados unidos à generosidade e nobreza de caráter encontramos sem dúvida no Imam “Al-Hádi”,
A própria história confirma os acontecimentos milagrosos generosos ocorridos pelas mãos do Imam “Al-Hádi”, os quais citaremos a seguir:
SUBMISSÃO DAS FERAS AO IMAM “AL-HÁDI”:
A história menciona que, certa vez, o califa Abássida, Al-Mutauaquel, foi favorecido com três leões magníficos e ferozes. Um dia, mandou colocá-los no pátio do Palácio e ordenou que fechassem o Imam “Al-Hádi” nele juntamente com os leões esfomeados. Feito isto, as três feras começaram a rodeá-los até que finalmente sentaram-se e estenderam a suas patas dianteiras, como se quisessem se colocar em posição de obediência enquanto que o Imam (A.S.) as acariciava. Pouco depois, foi levado a presença de Al-Mutauaquel e começaram a dialogar por cerca de uma hora, retornando depois ao pátio em companhia dos leões, que procederam da mesma forma como tinham feito anteriormente. Quando o Imam “Al-Hádi” (A.S.) foi liberado e saiu do palácio, vieram os assessores do Califa e lhe falaram: “O vosso primo (aludindo ao Imam) procedeu com os leões tal qual como Vossa Majestade observaste. Então, que tal fazeres o mesmo?!”. Irritado o Governante exclamou: “Ora, vós quereis o meu fim?!”. Depois ordenou-os a calarem sobre o fato e jamais o mencionaram ou deixaram ventilar o que aconteceu.
SEU CONHECIMENTO SOBRE QUESTÕES SECRETAS:
Um dos amigos do Imam “Al-Hádi” (A.S.), chamado Abu Háchem Al-Jaafari, contou o seguinte: “Certa vez estive com muita dificuldade financeira quando por fim, me vi obrigado em recorrer ao Imam. Ao me receber em seu gabinete, me fez sentar diante dele, iniciando ele próprio o assunto, indiretamente alusivo àquilo que me levou a sua presença dizendo: “Ó Abu Háchem, diga-se, a qual das graças que te empenharias em agradecer?”. Encabulado e confundido, nada lhe respondi. Diante do meu silêncio, o Imam tornou a falar-me: “Sabei ó Abu Háchem que a benção é pela vossa fé, portanto, precavenha o vosso corpo contra o fogo. Vossa benção é a saúde, e isto o auxiliará na obediência. Vossa benção é o contentamento, que vos protegerá do desperdício; se iniciei a conversa, ó Abu Háchem, é porque percebi que desejas queixar-te a mim. Por isso, já dei ordem de vos entregar 100 dinares. Pegue-os e atenda a vossa necessidade”.”
A REVERÊNCIA DO IMAM E SUA GRANDEZA:
Mohammad Ibn Al-Hassan Al-Achtar, contou o seguinte: “Certa vez, quando eu era menino, estive em companhia de meu pai juntamente com outras pessoas a espera, na porta do Al-Mutauaquel, quando surgiu o Imam “Al-Hádi” ainda rapaz. Imediatamente, as pessoas começaram a se inclinar para reverenciá-lo, apesar de, enquanto esperávamos comentavam entre si: “Daqui a pouco virá o Imam “Al-Hádi”, e a troco do que iremos reverenciar este rapaz, afinal, ele não é mais importante do que nós, nem mais velho do que nós e tampouco mais honrado do que nós… Pois juro que não lhe reverenciaremos: Mas um dos presentes (que era amigo do Imam) retorquiu: “Por Deus é que ireis reverenciá-lo só de vê-lo!”. Nem acabou de falar, e, chegando o Imam (A.S.), todos o reverenciaram com respeito e dignidade. Nisso, Abu Háchem lhes disse: “Vós não decidistes em não reverenciá-lo?” E eles lhe responderam: “Nós não nos controlamos para tal ao vê-lo, portanto, o reverenciamos pela sua venerabilidade e grandeza!”.
FALOU EM TURCO:
Certa vez, Abu Háchem Al-Jaafari relatou o seguinte: “Estive um dia na cidade de Medina, em companhia do Imam “Al-Hádi” quando passou por nós um homem. De repente, vi o Imam conversar com ele no idioma turco, instantes depois, o cavaleiro desceu cavalo e começou a beijar as patas do cavalo do Imam. Surpreendido, insisti com o turco: “Afinal, o que o Imam vos falou para que agisse desta forma?”. O turco me respondeu com outra pergunta: “Acaso, este homem é um Profeta?”, e eu lhe respondi: “Não… não é um Profeta, porém, é um dos recomendados do Profeta Mohammad (S.A.A.S.)… Por que me perguntas isto?”. Perplexo, o turco me disse: “Porque o Imam me chamou por um nome que só me chamavam assim quando eu era criança, na Turquia somente, e até hoje, ninguém soube deste fato!”.”
PALAVRAS DO IMAM “AL-HÁDI”:
“Aquele que não se valoriza, não se deve fiar em seu mal”.
“Aquele que se conformou e se acomodou, aumentou sobre si os problemas”.
“A desgraça do paciente é uma só e do temeroso são duas”.
“O melhor do benefício é seu benfeitor. A preferência do conhecimento é seu portador. O pior dos males é seu transmissor. O mais temível que o terror é seu praticante”.
“Deus fez o mundo ser a morada da aflição; e da eternidade a morada final. Fez da aflição do mundo, o resultado da recompensa à eternidade; e a recompensa com a eternidade, é o resultado da aflição do mundo”.
“O mundo é um mercado: nele há os que lucram e os que perdem”.
“Aquele que reuniu para vós o seu afeto e o seu parecer, reúna para ele a vossa obediência”.
“O grato é mais benquisto do que aquele que concedeu o favor, porque os favores são a felicidade, e o agradecimento é a graça e a eternidade”.
“Não espere sinceridade de quem aborreceste, nem lealdade a quem traíste e nem conselhos de quem perdeste nele a confiança, pois o coração dos outros é semelhante ao teu coração”.
“Quem teme Deus é temido; quem obedece Deus é obedecido, pois quem obedece o Criador não alcança a ira das criaturas humanas”.
“A fé é o que veneram os corações e confirmam as ações; e o Islam é o que a boca divulga e nele se permitem as uniões”.
“O cinismo é o gracejo dos insolentes e procedimento dos ignorantes”.
A SITUAÇÃO POLÍTICA QUE O IMAM PRESENCIOU:
Aqueles que acompanharam a vida dos que foram da Linhagem do Profeta (A.S.), verificaram que sua existência terrena era de conhecimento, de boas ações e de exortação à fé em Deus Supremo e em Seu Livro, como também, no preceito de Seu Mensageiro (S.A.A.S.) bem como, a divulgação dos princípios do Islam na sociedade. E suas vidas eram de lutas e empenhos em prol da justiça e da verdade, afrontando e contrariando com coragem a opressão e os opressores, e que, por causa de sua oposição contra os maus governantes, os Imames se expuseram aos piores suplícios e ofensas… e a vida do Imam “Al-Hádi” (A.S.) não foi diferente. Ele também foi alvo da pior das tiranias dos governantes Abássidas, que o queriam afastado da prática de suas atividades no empenho de sua liderança sobre a nação islâmica.
Durante o período de 835 a 869 d.C., ou melhor, desde o califado de Al-Mutassem, começaram os sintomas da decadência da dinastia Abássida, devido a insegurança generalizada, rebeliões e movimentos separatistas, corrupção administrativa, etc… Caracterizando a desintegração política do califado, principalmente com o domínio dos turcos e impotência moral dos governantes, os quais eram Califas no título somente e não na ação e autoridade. Tanto é que certo Sheikh disse ao Califa Al-Muutassem, quando ele saía em dia de festejos numa procissão ornamentada com os seus servos e sua comitiva: “Que Deus não vos recompense com boa vizinhança e júbilo, pois vieste com aqueles desprezíveis mercenários turcos e os fizeste habitarem entre nós, e provocaste a orfandade de nossas crianças e enviuvaste as nossas mulheres e mataste nossos homens!”. Ao ouvir o que o sheikh acabara de praguejar, Al-Muutassem decidiu transferir a sede do Governo para Samarra.
Em certa ocasião, veio Al-Mutassem conversar com um dos seus assessores, o qual lhe falou a respeito do califado: “Majestade, para que vos preocupaste com o califado e seus problemas? Fique com o título sem exceder em vossas ordens e permissões e deixe a questão por nossa conta”. Desde então e, a sombra daquela situação, a comitiva e os ministros dominaram a Casa da Moeda, extorquindo as heranças e desperdiçando altos valores nas casas de diversões e deleites oferecendo altas somas aos poetas aduladores que enalteciam o Califa e rebaixavam a memória dos membros da Linhagem do Profeta (S.A.A.S.).
A opressão se estendeu e a justiça se perdeu, e acabaram as vozes que contradiziam a opinião do Estado, enquanto que Al-Mutassem pouco se importava com os santuários, com o povo e com sangue derramado. Conta a história que quando o sábio Ahmed Ibn Hanbal, contrariou Al-Mutassem em seu parecer e opinião, este mandou chicoteá-lo até que o sábio desfaleceu, e depois, ordenou algemá-lo e jogá-lo na imunda prisão.
Foi sob a sombra de tais ocasiões e acontecimentos que o Imam “Al-Hádi” (A.S.) praticava a sua liderança junto a nação islâmica na difusão da vigilância, da atenção e do conhecimento a fim de proteger a autenticidade do pensamento islâmico e seu verdadeiro caminho, reivindicando o direito e a justiça junto as autoridades, enfrentando toda espécie de pressões e dificuldades.
E assim, os Abássidas continuaram neste sistema, vindo substituir Al-Mutassem, seu filho Al-Uátiq, o qual não era melhor que seu pai, exceto que fora menos violento contra os da Linhagem do Profeta e seus seguidores, pois não se registrou que ele tenha mandado executar algum deles; pelo contrário, procurava manter a harmonia com eles e os demais, perdurando seu califado por seis anos aproximadamente (842 a 847 d.C.), e durante este período o Imam “Al-Hádi” (A.S.) era domiciliado, na cidade de Medina, dedicando-se ao conhecimento, orientando e alertando o seu povo.
O IMAM ALI “AL-HÁDI” NO TEMPO DO AL-MUTAUAQUEL:
Al-Mutauaquel sucedeu seu irmão Al-Uátiq em 232 da Hijra (847 d.C.), porém, era extremamente bruto e violento para com os da Linhagem do Profeta e seus seguidores. Este califa era movido por uma forte hostilidade contra o Imam Ali “Al-Hádi” (A.S.), e costumava exercer a tentativa de deturpar a sua reputação entre os muçulmanos, mencionando-o durante as suas reuniões a fim de fazer rir os presentes, escarnecendo o Imam (A.S.), chegando a insultar a memória de Fátima “Azzahra” filha do Profeta. Al-Mutauaquel decretou sítio econômico contra os seguidores da Linhagem do Profeta, proibindo que qualquer pessoa os auxiliassem, principalmente aos descendentes do Imam Ali Ibn Abi Táleb (A.S.); e as mulheres passaram a fazer trabalhos manuais para que pudessem dar sustento aos seus. A situação deles chegou ao auge das dificuldades, tanto é que as mulheres não mais possuíam mais as vestimentas adequadas para as orações, exceto indumentárias já em farrapos, tal era o ódio do Al-Mutauaquel contra os descendentes de Ali Ibn Abi Táleb, que chegou a nomear autoridades especiais em Medina para que se apertasse ao máximo o cerco contra os Ahlul Bait e contra os que os ajudavam, chegando a declarar condenação à pena de morte a quem amasse Ali e seus descendentes.
O Imam Ali “Al-Hádi” realizou uma transferência forçada da cidade de Medina para Samarra no Iraque, a capital do Califado Abássida, ocorreu no ano de 243 da Hijra (858 d.C.), tinha ele então 29 anos de idade, onde passou a ser espionado e observado com maior severidade. O Al-Mutauaquel chegou a realizar uma tentativa de substituir o Imam Ali “Al-Hádi” (A.S.) com a eleição de uma liderança fictícia, nomeando como líder espiritual o próprio irmão do Imam, cujo nome era Mussa, porém, a tentativa acabou malograda, porque o povo estava ciente de que o Imam determinado pela vontade Divina era Ali “Al-Hádi” (A.S.). Vendo-se burlado, Al-Mutauaquel apertou mais o sítio ao redor do Imam e, vez ou outra costumava mandar seus oficiais invadirem a sua casa durante a noite no intuito de levar o Imam ao Palácio para interrogatórios, alegando que estavam efetuando busca de armas e tesouros ilícitos na casa dele, porém, só encontravam o Alcorão Sagrado e livros sobre o conhecimento. E assim, o Imam “Al-Hádi” (A.S.) passou pelos mesmos sofrimentos que seus ancestrais experimentaram por parte dos governantes Abássidas.
A MORTE E SACRIFÍCIO DO IMAM ALI “AL-HÁDI”:
O Imam Ali Ibn Mohammad, que era mais conhecido como Ali “Al-Hádi”, viveu por quarenta e um anos, dedicados ao serviço da doutrina e do conhecimento dos preceitos do Islam, deparando-se com toda sorte de infortúnios e terrorismo psicológico por parte dos califas Abássidas e seus assessores, que o fizeram sair da cidade de seus avós obrigando-o a viver em Samarra, a fim de ser controlado e observado de perto, permanecendo nela por quase onze longos anos, até que a morte veio buscá-lo em 254 da Hijra (870 d.C.).
O Imam Ali “Al-Hádi” (A.S.) foi enterrado em sua residência na cidade de Samarra, durante o califado de Al-Muutazz.
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Fonte:
https://www.arresala.org.br/pr
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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