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Por que um Daemon milenar obedeceria a um humano?

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Por Robson Belli

A questão de por que um espírito milenar obedeceria a um humano pode ser abordada por vários pontos de vista dentro das tradições mágicas. Nas práticas descritas em grimoires e textos de magia, acredita-se que a obediência dos espíritos decorre de várias razões, algumas das quais estão enraizadas em hierarquias espirituais complexas, em que certos nomes, símbolos, e rituais possuem poder sobre os espíritos, e desacreditar disso é desacreditar da própria magia em si.

Aqui estão algumas das razões das tradições mágicas e dos grimoires que explicam por que um espírito milenar obedece a um praticante:

  1. Hierarquia e Autoridade: Muitos sistemas de magia operam dentro de uma estrutura que reconhece uma hierarquia espiritual. Nessa visão, os nomes divinos, especialmente aqueles associados ao Deus abraâmico (como os nomes encontrados nas clavículas de Salomão ou em outras invocações sagradas), têm autoridade sobre os espíritos. A invocação desses nomes durante rituais é considerada uma forma de compelir os espíritos à obediência, baseando-se na autoridade desses nomes sobre o reino espiritual​​.
  2. Conhecimento dos Nomes Secretos: A magia frequentemente enfatiza o poder do conhecimento oculto, especialmente o conhecimento dos nomes verdadeiros dos espíritos. O conhecimento do nome verdadeiro de um espírito dá ao magista poder sobre esse espírito. Essa crença é encontrada em várias tradições mágicas, incluindo aquelas que utilizam os “72 nomes de Deus” para invocar e comandar espíritos para diferentes propósitos, desde superar desafios até atrair amor ou proteção​​.
  3. Contratos e Pactos: Em algumas tradições, acredita-se que os espíritos podem ser compelidos a obedecer através de pactos ou contratos espirituais. Esses acordos especificam os termos da obediência do espírito, incluindo o que o espírito deve fazer e o que receberá em troca. Esse aspecto é frequentemente explorado em contextos de magia cerimonial, onde a negociação e a formulação de pactos são partes importantes do trabalho mágico.
  4. Força da Vontade e Autoridade Espiritual concedida: A força da vontade do praticante e sua autoridade espiritual são consideradas cruciais na magia. Praticantes que desenvolvem uma forte vontade e clareza de intenção, além de alinhar-se com as forças espirituais mais elevadas, são vistos como tendo a autoridade para comandar espíritos. Isso está relacionado à ideia de que a autoridade espiritual do praticante, adquirida pela graça divina ao servo fiel, confere o poder de comandar os espíritos.
  5. O Uso de Símbolos, Sigilos e Talismãs: Muitas tradições mágicas utilizam símbolos, sigilos e talismãs específicos que são acreditados possuir poder sobre os espíritos. Esses objetos mágicos, quando consagrados corretamente e utilizados em rituais, podem servir como meios para invocar, controlar ou banir espíritos. A criação e consagração desses objetos seguem métodos específicos que são considerados capazes de vincular os espíritos à vontade do magista.

A obediência dos espíritos milenares é alcançada através da aplicação de conhecimentos e técnicas específicas que estão enraizadas em tradições mágicas e ocultas. Essas técnicas incluem o uso de nomes divinos e secretos, a negociação de pactos, o desenvolvimento da vontade e autoridade espiritual concedida do praticante, e o uso de objetos mágicos consagrados​​.

Os grimórios são documentos que representam a continuidade de práticas mágicas ao longo de séculos. Eles agrupam o conhecimento acumulado de gerações de praticantes, sugerindo uma riqueza de sabedoria e experiência. Criticar sua autenticidade ignora o contexto histórico e cultural no qual esses textos foram criados e utilizados.

Os grimórios não são monolíticos; eles refletem a diversidade das tradições mágicas de várias culturas. A postura tradicionalista ressalta a importância de manter as práticas dos grimórios tão próximas quanto possível de suas formas originais. Isso se baseia na crença de que o conhecimento e as técnicas contidos nesses textos foram revelados ou desenvolvidos por indivíduos de grande sabedoria e poder espiritual. Portanto, qualquer alteração ou adaptação poderia diluir sua eficácia ou significado.

A prática baseada em grimórios é, em grande parte, uma experiência subjetiva que não pode ser plenamente avaliada por critérios externos ou objetivos. Muitos praticantes relatam transformações pessoais profundas e insights espirituais como resultado de suas práticas. Desqualificar essas experiências ignora o valor pessoal e espiritual que essas práticas podem oferecer.

Estes livros utilizam uma linguagem de símbolos e arquétipos que ressoam no inconsciente coletivo. A eficácia desses símbolos não depende de crenças externas, mas da capacidade de conectar o praticante a verdades psíquicas e espirituais. Argumentar que os grimórios são meramente supersticiosos subestima o poder dos símbolos arquetípicos.

Os grimórios não são apenas teóricos; eles oferecem práticas concretas que permitem aos praticantes explorar e experimentar diretamente o mundo espiritual. Estas abordagens empíricas ao conhecimento espiritual validam suas práticas como um caminho legítimo de exploração e descoberta.

As práticas dos grimórios são frequentemente complexas e exigem um certo grau de rigor, disciplina e preparação. Essa complexidade refuta a ideia de que as práticas dos grimórios são formas simplistas ou ingênuas de espiritualidade. Em vez disso, elas representam um compromisso com o crescimento e a aprendizagem espirituais do praticante.


Robson Belli, Estudioso e praticante da tradição esoterica ocidental, com foco em magia cerimonial (tradicional e moderna), colaborador fixo do MSinc. Cohost dos podcasts Bate Papo Mayhem, sendo também autor de inúmeros projetos e iniciativas relativas a magia cerimonial incluindo:  Enochiano.com.br,   Secretumsecretorum.com.br,   Treinamentomagico.com.br,   Lemegeton.com.br,  Trithemius.com.br e muitos outros…


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