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Os Três Primeiros Dias segundo o Martinismo

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Sar Naquista

No esquema exposto por Martinez de Pasqually esse nosso Mundo Terrestre e Material recebe no Quadro Universal o nome de “Corpo Geral Terrestre”. Como tudo o mais neste universo material nosso planeta esta dentro das leis e limitações espaço-temporais e é regido pela lei ternária do Pensamento, Vontade e Ação de Deus.

Este mundo não foi criado diretamente por Deus, mas sim por certos Espíritos ordenados a executarem seus designíos.  Tal como afirmou Jean-Baptiste Willermoz:

“No instante em que o Criador teve a ideia de realizar este universo físico de visível matéria, seu plano apresentou-se a Sua imaginação divina na forma de um triangulo equilátero que Ele manifestou na presença dos Espíritos Menores Ternários, aos quais deu ordens de executá-lo”.

Vemos aqui que foram portanto os Espíritos Ternários que recebera a missão de criar o mudo terrestre. Relembremos na imagem abaixo o Quadro Universal no qual vemos o triangulo correspondentes ao nosso Mundo Material (12).

Como vimos no artigo Os Sete Céus de Martinez de Pasqually, o mundo foi criado em etapas.

O Primeiro dia da Criação

No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas
(Genesis 1:1,2)

Seguindo a ordem de Deus  os Espíritos primeiro produziram as Três Essências Imateriais: O Enxofre, o Mercúrio e o Sal, princípios intermediários entre o mundo espiritual e o mundo terrestre. Aqui pela primeira vez ocorre a delimitação ternária que dá origem ao mundo temporal.

Acima deste triângulo está a Imensidade Celeste de onde residem as Sete Esferas e de onde os Espíritos Menores Ternários recebem a energia para manter sua criação. Mas essa criação ainda estava muito longe do que conhecemos como Mundo Material. Era ainda uma massa primitiva e caótica de potencialidades, um barro pronto para ser moldado por um oleiro habilidoso.

E disse Deus: Haja Luz. E houve Luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia e às trevas noite, E foi tarde a manha: o primeiro dia.
(Genesis 1:3-5)

Foi necessário portanto que Deus enviasse a Criação o seu Verbo como princípio organizador da massa caótica recém criada. Esse Verbo é representado no Quadro Universal dado acima pela linha horizonta que corta verticalmente a Criação Universal. A chegada deste verbo no centro do triângulo provocou uma verdadeira explosão criadora que permitiu as diversas organizações das Três Essências Imateriais que por sua vez deram origem a três elementos que recebem na tradição esotérica o nome de Fogo, Terra e a Água.

Estes elementos ainda não são materiais, mas como veremos serão sua base. Essa afirmação merece uma contemplação profunda, pois significa que mesmo o mais humilde grão de poeira ou elétron errante em qualquer parte do universo só pode existir graças a “Causa Ativa a Inteligente” do Verbo de Deus.

O Segundo dia da Criação

E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. E fez Deus a expansão e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam na expansão, E assim foi. E chamou a expansão Céu e foi tarde e manhã: o segundo dia.
(Gênesis 6-8)

Foi a atuação direta do Verbo que as Três Essências Imateriais ganharam sua ordenação inicial. Fogo, Terra e a Água são criados pela ação do Verbo sobre a “as águas do abismo” das Três Essências Imateriais. Em sua “separação entre águas e águas”, ao fazer o Enxofre predominar, produziu o Fogo, ao fazer o Mercúrio Predominar produziu a Terra e ao fazer o Sal predominar produziu a Água. Apesar disso é importante não esquecer que todos eles são tríplices e possuem também, ainda que em escala menor, os outros dois Princípios Imateriais.

Muitos ocultistas sentirão aqui falta do elemento Ar, tão presente em outros esquemas esotéricos desde a proposição dos quatro elementos feita pelo filósofo grego Empédocles por volta de 490 a.C. Respeitamos estas visões mas ela não é utilizada na tradição Martinista que se mantêm fiel ao sistema tríplice que refletem a Ação, Desejo, Vontade Divina. Na geometria sagrada ensinada pelo martinismo o quaternário é o símbolo da eternidade e o ternário o símbolo das leis particulares que produzem toda a Criação. Apesar disso tanto Pasqually como Willermoz adimitem a existência de um princípio do Ar, infinitamente potente do que aquele que respiramos, mas o consideram apenas água rarefeita. Saint-Martin diz ainda que esse Principio é “O veículo da vida dos Elementos e não deve, portanto, ser comparado a nenhum deles.”

Cada um desses Elementos tem uma natureza que lhe é própria. A cor preta é associada a Terra/Mercúrio, a cor vermelha ao Fogo/Enxofre e a cor branca a Água/Sal e se relacionam assim com as Três Potências que regem o cosmos. Mas estes Elementos não são ainda aquilo que normalmente chamamos de matéria e obviamente não são o fogo, terra e água com que lidamos no dia a dia. São ainda Elementos imateriais, invisíveis e impalpáveis.

Terceiro dia da Criação

E disse Deus: ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar e apareça porção seca. E assim foi. E chamou a a porção seca Terra, e ao ajuntamento das águas chamou Mares. E viu Deus que era bom. E a terra produziu erva, erva dando semente conforme sua espécie e árvore frutífera, cuja semente está nela conforme sua espécie, cuja semente está nela. E viu Deus que era bom. E foi tarde e manhã: terceiro dia.
(Genesis 1,9-13)

Na terceira etapas estes três Elementos  dão origem a três “Princípios Corporais”. Ou seja todos os corpos materiais tem sua fonte sustentadora nos princípios ígneos, sólidos e aquosos imateriais, que por sua vez dependem das Três Essências Imateriais (Enxofre, Mercúrio e Sal) e da ordenação destes pelo Verbo Divino.  O que a Sagrada Escritura chama de Porção Seca, por exemplo pode ser relacionado ao correspondente material, subatômico positivo do Elemento Fogo no qual o Enxofre prevalece.

O Mundo como um Templo

Toda matéria é sustentada pelo mundo espiritual e precisa ser sustentada constantemente tanto pela ação ordenadora deste Verbo que rege e orquestra os Espíritos Menores Ternários.  Em um detalhamento do triângulo que representa o Mundo Terrestre podemos ver que ele está esta em contato com o Eixo ‘Fogo Central Incriado’, onde residem os Espíritos Menores Ternários, mostrando o vinculo e interação importantes entre estes dois mundos:

Neste triangulo não existe Oriente, pois a fonte da Luz Divina não está no Mundo Terrestre e sim em seus planos superiores. A implicação disso é que só podemos acessá-la abrindo nosso coração ao Verbo Criador, representado aqui pelas letras hebraicas Yod He Vav He, o Sagrado Nome de Deus que nos liga a imensidade Divina onde reside a Eterna Luz do Oriente Místico.

Retomando tudo o que dissemos aqui. O Mundo Material só existe pela ação dos Seres Espirituais que o mantem e do pensamento ativo, inteligente, direto e constante do Verbo. Tudo isso e feito para prover aos espíritos prevaricadores a oportunidade e ferramentas necessárias a reconciliação com Deus e assim abrir caminho para a reintegração de todos os seres a sua condição original.

Portanto não erramos ao dizer que o Mundo Material é um Templo, um espaço sagrado criado e mantido com o um objetivo sacratíssimo de nos reaproximar do Esplendor Divino. Quando esse objetivo for cumprido poderemos deixar este Templo, pois estaremos de volta a Imensidade Divina de Luz e de Amor.


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