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Alta Magia

Conselhos e alertas aos magos curadores

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Delfin M Martinez (Vasariah)
excerto do Tratado Completo de Alta Magia, 1970

Há doentes que realmente sofrem de certos males causados por trabalhos de magia, para os quais a medicina corrente, ou oficial, ainda não conta com um meio específico capaz de normalizar esses desequilíbrios.

Às vezes, um desses casos cai nas mãos de ocultistas, e este se acha capaz de resolver aquilo que o médico, apesar de esforços, colocando toda sua ciência em ação, não pode conseguir, podendo acontecer que o ocultista consiga curá-lo, por duas razões:

  1. O doente sofre de influências do baixo astral; influências essas desconhecidas para o médico que trata os efeitos mas desconhece a causa, por isso a cura não se realiza. O ocultista, conhecendo e tratando a causa, faz com que os efeitos cessem.
  2. O doente não sofre de influências do baixo astral ou de qualquer trabalho feito por arte da magia, mas auto-sugestionou-se com a ideia de que está enfeitiçado, e por mais médicos que consulte cada vez se sentirá pior, até cair nas mãos de um curandeiro ou magista em quem acredita e de quem espera obter a cura. Desta forma, a cura se processa.

Frequentemente acontece que o doente está sofrendo de uma doença natural e não sobrenatural, devendo, por conseguinte, ser tratado por um clínico e não por meio de exorcismo ou conjuros. Às vezes o mal é renitente e o organismo não reage com facilidade ao tratamento médico, porque o desleixo em procurar o clínico permitiu que a moléstia avançasse demasiado, ou então a doença é crônica e não cede facilmente ao primeiro tratamento. Quando isto acontece, o doente pensa logo que seu mal é obra de feitiço, de qualquer mandinga ou trabalho feito por um inimigo ou desafeto, etc., etc., e abandona o tratamento médico para cair nas mãos do primeiro curandeiro ou charlatão que aparece, pagando essa leviandade com a própria vida.

Nestes casos é sempre o médico que leva a culpa. Não é raro escutar da boca de algum parente: “coitado! foi tarde demais procurar a cura”. O charlatão arranja imediatamente uma razão que é sempre aceitável por essas mentes imbuídas do misterioso e do sobrenatural.

Leitor amigo, se queres ser ajudado, espiritualmente falando, na cura que te propõe realizar, procura certificar primeiro se o doente sofre por qualquer trabalho ou influência do baixo astral ou por doença crônica que deva ser tratada por um médico ou em uma casa de saúde.

Notarás então que muitos dos doentes que te procuram sofrem de mal imaginário, e outros que se dizem enfeitiçados, sofrem doenças naturais ou físicas reclamando urgente tratamento médico.

Em qualquer dos casos, nunca digas a um doente desses que o que ele sente é uma perturbação natural deste ou daquele órgão e que não tem nada a ver com feitiço ou outra influência psíquica qualquer, porque o doente aceitará o que lhe dizes enquanto está na tua presença; tão logo volte as costas dirá: “Coitado, este não sabe nada! Tenho que procurar uma pessoa que entenda destes fenômenos e não seja metida a sabichona.”

O auto sugestionado de feitiço quer ser desenfeitiçado. Não se contenta com que lhe digas que seu mal é imaginário, que não há feitiço ou trabalho feito, que isso só existe na imaginação dele, etc., etc. Por mais razões que empregues, não conseguirás convencê-lo. Como não quer passar por um ignorante, ou uma pessoa fraca, pode iludir-te apoiando tuas palavras, mas intimamente não está convencido, e, fatalmente, vai procurar uma pessoa que entenda desses fenômenos, isto é, vai cair nas mãos de um espertalhão sem escrúpulos, que o encontra enfeitiçado e bem enfeitiçado, e se pode, tira-lhe até o último centavo.

Quando te depares com um caso desses, em que o feitiço existe somente na imaginação do doente, trata de satisfazer-lhe a vontade. Livra-o do feitiço que o atormenta, o que conseguirás facilmente por qualquer aplicação de passes ou um ritual improvisado ou simplificado, que te ocorrer no momento. Quando terminares, dirás ao doente, mui solenemente: “Meu amigo, fiz o que era necessário para livrá-lo dessa influência perturbadora, mas com o que você tem sofrido, seu organismo debilitou-se e necessita de cuidados médicos imediatos. Assim, aconselho que procure um médico para tratamento geral.” (Para certos doentes, recomendar um médico conhecido e da confiança do ocultista produz melhor resultado; para outros, a recomendação do determinado médico produz suspeitas: portanto, deve agir-se de acordo com as circunstâncias) e dessa forma ficará completamente restabelecido.

Se procederes assim, não há dúvida que alcançarás grandes vitórias.

Não queiras aparecer, nem procures merecimentos que, na maioria das vezes, não te pertencem. Que podes tu fazer contra uma poderosa corrente do baixo astral, se não fores ajudado do alto?

Se teu êxito te conduz ao orgulho e à vaidade e desejas lutar contra isso, compenetrado de teu verdadeiro trabalho de servidor, faça uso constante do Salmo 127, que tem como divisa: “Todo êxito depende da divina proteção”.

“Se Yahveh não edifica a casa, em vão se esforçam aqueles que a constroem; se Yahveh não guardar a cidade, em vão vigia quem a guarda.

É inútil que madrugueis, que comais o pão de dores, pois Yahveh a seus eleitos dá o pão enquanto dormem.”

Nunca digas ao doente que o caso dele é perdido, que o mal está muito avançado, que te preocupou ou nada podes fazer em benefício de sua saúde; dá-lhe sempre uma esperança, uma palavra de conforto, de modo a reanimá-lo, fazendo que volte a sentir prazer pela vida e lute contra a doença. Muitas vezes basta isso para que o doente se cure realmente.

Assim como não deves dizer ao doente que seu mal é incurável, não deves, também, dizer aos parentes, amigos ou à pessoa por quem te foi apresentado, que o doente vai ficar bom, quando estejas na frente de um caso perdido ou complicado, com pouca ou nenhuma esperança de recuperação.

Ainda que tenhas certeza que o mal é removível e o doente pode ficar bom, não o afirmes categoricamente aos familiares, a menos que chegues à conclusão (depois de uma palestra amigável com o doente, em que entram as perguntas indispensáveis à análise e diagnóstico) que o doente luta sinceramente e com vontade, para obtenção da cura. Caso contrário, podes deparar-te com um desses casos não tão raros como pode parecer à primeira vista, em que o doente não quer ficar bom. Acostumou-se com a doença e livrar-se dela seria para ele o maior dos sofrimentos.

Parece estranho que alguém possa acostumar-se e sentir-se bem com a doença, mas no campo psiquiátrico é comum encontrar pacientes assim, principalmente os que sofrem de males psíquicos causados por conflitos psicológicos, lesões orgânicas, desequilíbrios nervosos, etc., e não por atuação do baixo astral ou qualquer trabalho de feitiço.

Esses doentes maníacos não querem ficar curados, porque a cura implicaria na perda dos cuidados e do trato especial que lhe dispensam os que os rodeiam.

Esses doentes às vezes vão consultar o médico ou ocultista por esporte, o que para eles é motivo de prazer, mas quando encontram um médico que pode esquadrinhá-los lá bem no fundo, desaparecem como por encanto, e vão procurar outro ingênuo (para eles) que se interesse mais pelo dinheiro que pela ciência, com quem possam divertir-se mais algum tempo, até o ponto em que essa situação possa ser mantida.

Quando encontrares um doente desse gênero, sob o amparo de qualquer pessoa da família, pais, irmãos, tios, etc., não digas a estes que o doente é maníaco, um psicopata, etc. Deves ter muito tato com esses doentes, porque os familiares aceitam melhor, como é natural, uma palavra deles do que toda uma hora do teu latim.

O tratamento desses doentes deve ser dividido em sessões semanais, de maneira a poder estudar calmamente as reações que se apresentarem.

De acordo com as conclusões que tirares, recomenda aos familiares para fazerem isto ou aquilo, suprimirem tal ou qual coisa e vai aguardando até que possas dar o cheque mate ao próprio doente. Nunca declares a mania ou doença voluntária aos parentes, mesmo que eles próprios o afirmem, para que o doente possa reintegrar-se mais facilmente e não fique com complexos ou sentimentos de culpa.

Quando obtenhas uma cura daquelas que parecem um milagre, não te deixes levar pelo entusiasmo nem a propales aos quatro ventos. Conserva-te sempre tranquilo, sem alterar-te com o êxito nem com o fracasso.

As grandes curas são sempre um motivo de prazer e dão margem a certos comentários em que sobressai a técnica, capacidade ou poder do operante. Deves evitar todos esses comentários com pessoas que não sejam íntimas e comunguem com os mesmos ideais. Se o próprio paciente falar, é por conta dele: pode fazê-lo, tu não… afinal não és tu quem realiza a cura, és apenas um simples instrumento.

Vendo as grandes vitórias alcançadas, não saias à cata de doentes como se quisesses exterminar todo mal sobre a face da terra. Deixa que Aquele que te mandou esses, causadores de tua euforia, te mande outros, a quem deves servir.

Nunca digas: “Eu vou curar aquele doente”. Não te esqueças que és um servidor. É Ele que realiza as curas. Quando puderes trocar o pensamento “Eu” por “Ele”, irás de vitória em vitória.

O mais importante de tudo isso é o seguinte: Não te prendas a nenhum doente, se não queres ir de fracasso em fracasso; o mais importante, ainda é: não permitas que nenhum doente se prenda a ti se queres continuar servindo com eficiência e sabedoria.

Nas psicopatias e nas influências do baixo astral, a ligação à pessoa que os doentes julgam tábua de salvação é comum em quase todos os casos. Quando a coisa chegar a esse ponto, quando vires que és procurado para confidente das coisas mais triviais, quando notares que novos incidentes ocorrem, novos episódios se desenrolam e a série de coincidências é flagrante, trata de cortar isso imediatamente.

Não queiras ser confidente de ninguém; livra-te dessa tremenda responsabilidade. Trate de servir a esses doentes no primeiro caso em que eles se apresentarem, e não permitas que novos casos se criem. Com inteligência, podes conseguir isso facilmente, a não ser que te depares com um desses doentes que procuram o médico, ou o ocultista, com ideia preconcebida, para satisfação de seus desejos. Mas, ainda esses, perceberás com facilidade e deves deixá-los à margem logo de saída.

Quando deparares com um desses doentes sanguessugas, a quem atendeste no primeiro caso, mas volta com outro e outro, encaminha-o para outro ocultista, conhecido teu ou não, para que continue o tratamento. Faça isso sem ferir ao paciente. Dê uma desculpa qualquer, como falta de tempo, ou por achares que o outro é mais competente ou especializado no caso em questão, etc. Às vezes é preferível que te faças de ignorante, antes de deixar a descoberto certas falhas ou deficiências que não podem ser supridas.

Se queres servir com eficiência, não tomes atitudes patriarcais nem ares de salvador; enquanto isso acontecer, ainda é o “Eu” que fala e não “Ele”.

Nunca digas a nenhum paciente que a tal hora irás enviar-lhe uma corrente mental disto ou daquilo e que pense em ti nessa hora. Tampouco digas que, quando se sinta perturbado psiquicamente, ou sofra por qualquer conflito mental sem saída aparente, que pense em ti que logo recuperará as forças ou acharás uma solução. Não, não faças isso sob qualquer pretexto. Com isso não só te prejudicas como também prejudicas ao paciente, colocando-o em conflitos psicológicos piores àqueles em que se encontra.

É verdade que o paciente às vezes precisa de um ponto de apoio, um galho em que possa segurar-se, mas não permitas que esse ponto sejas tu.

Quando um ponto de apoio for necessário, procura saber qual a forma de divindade que o paciente adora, ou, o que é mais comum entre nós, qual é o santo de sua devoção, e pede que se concentre, ore ou pense nessa forma que ele venera, nas horas determinadas por ti, isto é, nas horas em que tu irás (sem que ele seja sabedor disso) em corpo astral, ou por irradiação mental, transmitir-lhe um passe, ou livrá-lo desta ou daquela influência negativa.

Sempre que procederes assim, teu trabalho será frutífero e obterás dois belos resultados: a cura do paciente (quando isso for possível) e o fortalecimento de sua fé.

Não te preocupes se a fé do paciente está fundamentada neste ou naquele ritual, neste santo ou naquele fetiche. Ele está esperando no fim de todos esses múltiplos caminhos.

Às vezes o paciente pode chegar-te com a notícia de que estava passando muito mal, via fantasmas pela parede, por toda casa; faltava-lhe o ar, alguém queria amarrá-lo ou torturá-lo; outros psicopatas queixam-se de apatia e chegam a ti com a novidade de que estavam passando muito, mas muito mal, que nem sabem explicar, sentiam uma inércia absoluta, a cabeça como se estivesse dentro de um tambor, uma vontade irresistível de chorar, a terra parecia abrir a seus pés e sepultá-los; mas de repente pensaram em ti e então… foi o milagre! Todo o mal-estar desapareceu.

Cuidado com esses doentes! Jamais aceites isto nem por um momento. Corta imediatamente. Diga ao doente que, nesses momentos críticos, pense em Deus e o chame com todas as forças.

Deus é o lenitivo de todas as dores. Chamando-O nos momentos de angústia o coração se enche de júbilo, o temor do desconhecido desaparece e novos pensamentos de alegria e confiança em si próprio, afloram à mente.

Há doentes apegados a determinado santo ou a uma santa em quem depositam fé; outros em determinado espírito ou guia, etc. É o objeto de sua fé que deve ser recomendado como ponto de apoio, nesses momentos de perturbação mental.

Se aceitas ser tomado como ponto de apoio, pelo paciente, pobre de ti e pior dele. Tua mente lépida se tornará morosa, e o paciente irá de psicose em psicose


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