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Jean Dubuis
Seja ou não a Alquimia o seu Caminho iniciático, é útil, sempre que se trata de esoterismo, conhecer seus vários aspectos. Nos velhos livros de alquimia, ela muitas vezes descrita como uma espécie de “medicina”. Mas, existem quatro tipos de medicina alquímica:
- Alquimia Espagirica, ou Medicina do Corpo
- Alquimia Iniciática, ou Medicina da Alma
- Alquimia Especulativa, ou Medicina do Conhecimento
- Alquimia operativa, ou Medicina da Natureza
1. Medicina Corporal (Alquimia Espagirica)
A vida na Terra não permite que você mantenha um corpo perfeitamente saudável. Todos os alimentos, sejam de produtos orgânicos ou manufaturados, contêm, sem exceção, um princípio negativo, um princípio de morte. Este princípio foi gradualmente introduzido na matéria, durante sua involução, sua densificação. É, simbolicamente, a consequência da “queda” na Natureza. De fato, não houve culpa, mas há, na natureza, a inescapável necessidade da involução que é uma fase obrigatória e preparatória da evolução.
O objetivo da Espagiria será purificar um corpo de seu princípio de morte. Todos os corpos compreendem três princípios: Enxofre 🜍, Mercúrio ☿ e Sal 🜔 (estes termos têm apenas uma relação distante com os enxofre, mercúrio e sal da química).
O espagirista separará esses três princípios, purificará cada um deles e depois os reunirá. O produto então obtido não contém mais o princípio da morte e pode, assim, participar da regeneração do corpo. Esta regeneração é uma fase necessária antes da segunda medicina, porque a iniciação só pode ser sustentada pelo corpo físico do homem se ele tiver adquirido um estado tal que as energias da iniciação possam circular livremente por ele. Um exemplo de eliminação visível do princípio da morte é o resultado obtido por repetidas destilações no “espírito do vinho”: na 7ª ou 8ª destilação, o princípio da morte se separa na forma de uma substância amarelo-esverdeada.
Espagiristas e alquimistas dizem que todos os corpos contêm, na línguagem antiga, misturados os quatro elementos: Fogo, Ar, Água, Terra. Estas também são energias que nada – ou pouco – têm a ver com o significado atual das palavras que as designam.
Dois elementos estão ativos: Fogo e Água. Dois elementos são passivos: Ar e Terra. Dois elementos pertencem ao domínio da Vida: Fogo e Ar, dois ao da matéria: Água e Terra. Temos assim:
Estes são os elementos ativos que têm o poder de curar. O Fogo será, portanto, o curador da alma, do espírito, a Água será a curadora do corpo. Na realidade, não se pode separar completamente os quatro elementos. A espagiria só pode reforçar um dos aspectos
comparado ao outro. Se a doença for de origem psicossomática, o elixir curativo será rico em “Fogo”. Se é o corpo físico que está danificado, o elixir deve ser rico em “Água-Terra”. Deve-se ter cuidado no uso de elixires ricos em Fogo porque na cura da alma, eles podem levar até a iniciação, algo que não é tolerável para qualquer um. Este é o assunto do segundo medicamento.
2. Medicina da Alma (Alquimia Iniciática)
A verdadeira iniciação é o restabelecimento de uma junção consciente entre a consciência física cerebral mundana e os níveis superiores de consciência.
No simbolismo antigo, diz-se que o mensageiro dos deuses, Thoth-Hermes, também se chama Mercúrio. Em nosso trabalho de iniciação alquímica, o princípio de Mercúrio é o mais importante. Com efeito, é dele vem dois elementos: Ar do domínio da Vida, Água do domínio da matéria. É portanto ele quem restabelecerá, em seu estado adequado, o elo que une o Fogo, a consciência superior, à Água, o suporte da consciência da matéria.
Se, no reino vegetal, o suporte de Mercúrio é o álcool, no homem e nos animais, o suporte de Mercúrio é o sangue. Não esqueçamos que, nos textos alquímicos, o Espírito e o Mercúrio são idênticos.
Para que a alquimia permita a iniciação, é necessário fazer elixires ricos em um certo Enxofre, mas contendo também em um Mercúrio cujos dois elementos Ar e Água, perfeitamente soldados, constituirão uma ponte consciente entre o visível e o invisível.
A iniciação alquímica será necessariamente acompanhada pela modificação do sangue do seguidor. Isso levará à revelação interior que é o remédio do conhecimento.
3. Medicina do Conhecimento (Alquimia Especulativa)
Por diferentes razões, a ciência não se preocupa com o aspecto metafísico do Ser Humano. Por outro lado, quando a ciência começa a lidar ligeiramente com a consciência na matéria, as religiões não fazem nenhum esforço para direcionar seus dogmas para um futuro coerente e aceitável para a Humanidade. Contudo a resposta a esta questão é importante. O “Devir do Homem” não é de ordem intelectual, mas de ordem iniciática. Os dogmas das chamadas religiões reveladas só tem valor para quem recebeu a revelação, o conhecimento iniciático, ou revelação interior, é essencialmente privado. Este conhecimento, adquirido através do trabalho, iniciático, do simbolismo, da Cabala, da Alquimia, etc., leva a uma compreensão profunda dos desígnios da Natureza e do futuro do Homem.
Se essa iniciação dá a quem a obtém um conhecimento filosófico infinitamente mais amplo do que aquele que resulta da ciência atual, ela tem, por outro lado, uma desvantagem importante que é ser pessoal e praticamente intransmissível aos demais pela linguagem corrida. Mas esse conhecimento da Natureza fornece os elementos necessários para a alquimia operativa.
4. Medicina da Natureza (Alquimia Operativa)
Repetimos, a Natureza foi criada para a involução e evolução do Homem e nesta obra as energias misturadas perderam a sua perfeição original.
Se a Natureza ajuda o homem na sua evolução, em contrapartida o homem tem a obrigação de ajudar a Natureza na sua evolução e na sua regeneração. Os alquimista realizam este trabalho de várias formas:
- Reharmonizando a mistura do universo pela eliminação de energias ou fezes desarmônicas;
- Acelerando os processos evolutivos da Natureza, por exemplo, transferindo a vida de um reino para outro;
- Acelerando o reino mineral pela transferência da vida vegetal (via de acetatos),
- Transferindo a vida animal no reino mineral pelo cloro da manteiga de antimônio;
- Recriando os elos perdidos da cadeia evolutiva usando o Gur e o Archeus, as sementes universais dos três reinos (mineral, vegetal, animal).
Assim, pouco a pouco, o Homem restituirá à Natureza as qualidades que ela possuía originalmente e assegurará a realização do seu Devir.
Fonte: http://www.portaelucis.fr/html/textes/pdf/Aspects_Alchimie
Tradução: Thiago Tamosauskas
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