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Alquimia

O Nosso Ouro

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Rubellus Petrinus

Na simbologia alquímica o Nosso Ouro é sinónimo de Enxofre alquímico. Quem referiu isto foi Filaleto na Entrada Aberta ao Palácio Fechado do Rei, Global editora e distribuidora, Lda., S. Paulo, Brasil, 1985.

Mas antes de prosseguirmos, vamos explicar o que em alquimia significa o termo Enxofre.

«A base da teoria hermética é a unidade da matéria. Ela é una mas pode tomar diversas formas e, nestas novas formas, combinar-se e produzir novos corpos. A matéria é composta de dois princípios Enxofre e Mercúrio, que podem ser combinados em diversas proporções formando novos corpos. Basílio Valentim junta-lhe um terceiro princípio, que é o Sal. Assim, o Enxofre, num metal, significa a cor e a combustibilidade.»

In Théories & Symboles Des Alchimistes, Albert Poisson, Éditions Traditioneles, Paris, 1981.

Ireneu Filaleto no Capítulo XI, Da Invenção do Perfeito Magistério, XI, diz:

«Daqui surgiu um Mercúrio Hermafrodita. Puseram-no sobre o fogo e o coagularam em pouco tempo; na sua coagulação, encontraram o Sol e a Lua.»

Quer isto significar, no nosso modesto entendimento, que o mercúrio filosófico “per se” coagula-se em Enxofre alquímico do Sol ou da Lua conforme foi preparado pelo régulo Solar ou Lunar.

No Capítulo XIII, Do emprego de um Enxofre Maduro Na Obra do Elixir, XIV:

«O Enxofre, nesta obra, faz o papel de macho, e quem quer que aborde sem ele a arte transmutatória, nunca terá sucesso, afirmando todos os Sábios que não se pode fazer nenhuma tintura sem o seu latão ou o seu bronze, sendo este, sem dúvida, o Ouro, a que assim chamam.»

E no Capítulo XV, Da Purgação Acidental do Mercúrio e do Ouro, III:

«O Mercúrio, este, necessita uma purgação interna e essencial, que consiste na adição gradual de um verdadeiro enxofre, conforme o número das Águias; é então radicalmente purgado; este enxofre nada mais é senão o nosso Ouro…»

Sabemos que na via dos amálgamas o Enxofre é extraído do Sol ou da Prata fundidos com o régulo marcial que na destilação do amálgama é incorporado pouco a pouco no mercúrio filosófico.

Na versão húmida, o mercúrio filosófico como contém no seu seio o enxofre Solar ou Lunar pela coagulação “per se” transforma-se em Enxofre filosófico Solar ou Lunar.

Na via seca do antimónio o enxofre Alquímico é extraído do Caput depois de lixiviado, calcinado e sublimado.

Nesta obra o Enxofre alquímico é introduzido por Marte que foi utilizado na preparação do régulo marcial. É uma operação delicada que exige do operador o exacto conhecimento do modus operandi.

Também na via de Flamel que, como a de Filaleto é uma via dos amálgamas, o cozimento do amalgama produz o Enxofre filosófico que é retirado do matrás à medida que é produzido.

Nas Doze Chaves de Basílio Valentim, o Enxofre é extraído do ouro como explica na Terceira Chave e no Último Testamento. Além disso, na via do Vitríolo também descrita pelo Mestre no Último Testamento, o Enxofre alquímico pode ser extraído do Vitríolo na forma de um óleo vermelho muito pesado.

Na via húmida de Kamala Jnana o Enxofre alquímico é obtido logo de início na Separação por meio do fogo secreto a partir do sujeito mineral.

Poderíamos referir outros casos que definem claramente a necessidade de um Enxofre alquímico que, conjuntamente com o Mercúrio filosófico formam a chamada Rebis ou Hermafrodita, isto é, uma matéria filosófica simultaneamente macho e fêmea.

Por isso achamos estranho que na descrição de uma obra alquímica de um autor moderno depois da preparação do “Azoth” (mercúrio filosófico) se refira à conjugação do indispensável Enxofre alquímico com o designado Azoth para formação do Rebis, com um dos elementos que formam o Fogo Secreto ao qual designa, por “analogia” com Filaleto, de “Nosso Ouro” ou seja, na terminologia do grande Adepto, Enxofre filosófico.

No nosso modesto entendimento, esta matéria muito comum bem conhecida porque é usada diariamente na cozinha, não tem nada que ver com o Enxofre alquímico designado pelos Mestres e, por isso, este procedimento não se coaduna com nenhuma obra alquimia conhecida e não nos parece fazer qualquer sentido.

É provável que a conjugação do tal “Azoth” com um verdadeiro Enxofre alquímico até extraído com engenho e arte do próprio Caput de uma “Águia”, à semelhança da obra de Basílio Valentim na via do Vitríolo, cumpra as suas funções, transformando o composto numa verdadeira Rebis que, cozida num ovo filosófico “per se” num forno e em banho de areia, possa permitir a morte alquímica do composto ou seja, o Corvo no regime de Saturno e, assim por diante, até ao regime do Sol, em cocção contínua, apenas com a aplicação de um calor adequado em cada regime.


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