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Metais tradicionais e sua toxicidade

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Philosophi per Ignem

Os metais pesados, incluindo o antimônio, são hoje considerados tóxicos mesmo em baixas doses. Se antimônio, ouro e mercúrio foram usados ​​até o século passado internamente em muitas indicações terapêuticas, apenas o antimônio e o ouro mantiveram uma indicação principal, embora restrita, respectivamente no tratamento da leishmaniose e da artrite reumatóide.

Se sairmos do domínio oficial, também encontramos ouro no painel de oligoelementos de Menetrier como corretor de diátese anérgica, em associação com prata e cobre. Outro uso é reservado para ele, na forma de ouro coloidal, como anti-inflamatório, sem atividade específica demonstrada. A prata ainda é usada principalmente como antisséptico local para as mucosas nasofaríngeas, em várias formas comerciais. Além da suplementação de deficiências comprovadas, cobre e zinco não são utilizados pela corrente oficial. Por outro lado, são amplamente utilizados por micronutricionistas por seu papel estrutural e biocatalítico essencial.

Envenenamento por mercúrio

Este metal foi usado por muito tempo como principal tratamento anti-sifilítico antes de ser destronado pela penicilina. Já foi recomendado, nesta indicação, por Basile Valentin que fala desta doença venérea como sendo a “doença dos franceses”. Foi introduzido na Europa, após o descobrimento da América, e difundido no velho continente através das guerras fratricidas que então prevaleciam. Hoje em dia, o mercúrio manteve apenas uma indicação externa, nomeadamente como anti-séptico, sendo o mais popular conhecido por mercurocromo (C20H8Br2HgNa2O6). Somente o sulfeto de mercúrio vermelho ou cinábrio, alótropo do sulfeto preto, ainda é usado em dose razoável (quarta decimal) internamente e apenas na homeopatia. É comercializado em forma de complexo, no tratamento da rinite. O mercúrio metálico é muito fracamente absorvido pelo trato digestivo em menos de 0,01%. É eliminado principalmente pela urina, mas também pelas fezes, sudorese e anexos da pele. A meia-vida desse metal no corpo varia de alguns dias a vários anos, para certos tecidos, como o cérebro ou o rim.

A intoxicação aguda por mercúrio pode causar sérios danos aos olhos. Inalado ou ingerido, o mercúrio pode causar lesões nas mucosas digestivas (sabor metálico, náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia sanguinolenta, queimaduras intestinais, edema de glote) e respiratórias (pneumonia intersticial até edema pulmonar fatal). Também deve ser mencionada a possibilidade de distúrbios cardiovasculares, como distúrbios do ritmo cardíaco, queda da pressão arterial, bem como a possibilidade de insuficiência renal aguda.

A intoxicação crônica pode se manifestar inicialmente como simples fadiga, fraqueza, insônia, perda de apetite ou alterações de humor. Posteriormente, aparecem sintomas mais característicos, como gengivite, estomatite com queda de dentes. O sistema nervoso está particularmente exposto à intoxicação por mercúrio, que pode ser revelada, a este nível, por tremores das extremidades, distúrbios de coordenação, refletindo um ataque ao cerebelo. Podem-se observar também distúrbios da visão e audição, polineurites, assim como distúrbios cognitivos (distúrbio de linguagem, perda de memória, alucinações, delírio, etc.) e distúrbios psiquiátricos como instabilidade do humor na intoxicação crônica (eretismo mercurial). O mercúrio também é tóxico para o feto, razão pela qual a poluição da Baía de Minamata no Japão nas décadas de 1950 e 1960 foi a causa, além das várias centenas de mortes que causou dramaticamente, de numerosos e graves efeitos teratogênicos sobre o embrião e malformações do feto.). Atualmente o uso de amálgamas à base de mercúrio na odontologia é fonte de controvérsia. Associações de consumidores e profissionais atribuem às obturações de amálgama muitos malefícios à saúde e defendem a proibição do mercúrio nesse uso.

Em geral, no que diz respeito à toxicidade dos metais pesados, deve-se notar que esta é proporcional ao grau de ionização do metal. Em outras palavras, aumenta com o número de cargas elétricas do metal.

Isso explica por que o sulfeto de mercúrio, que constitui uma forma reduzida do metal, é menos tóxico que o cloreto de mercúrio ou o sublimado corrosivo, cuja intoxicação pode ser fatal, mesmo em doses baixas.

O fato de o mercúrio em sua forma reduzida ser relativamente atóxico, não justifica, por parte de alquimistas inconscientes, a ingestão de compostos de enxofres de mercúrio em baixas doses, certamente já perigoso para a saúde. O sangue do dragão, do trabalho de Caro, avisamos, pode assumir toda a sua toxicidade além de uma certa dose cumulativa. Além da toxicidade do mercúrio acrescenta-se aquela, mais direta, da soda cáustica que pode estar na origem de uma perfuração esôfago-gástrica com peritonite.

A toxicidade dos metais de acordo com a valência das cargas elétricas também é válida para o antimônio. É por isso que a forma de sulfeto é menos tóxica que o óxido ou o tricloreto, mas o antimônio deve ser classificado entre os metais pesados ​​tóxicos.

Envenenamento por chumbo

A intoxicação aguda excepcional, supõe uma ingestão maciça de chumbo e resulta na associação de esofagite e gastrite com vômitos seguida de encefalopatia convulsiva e coma levando à morte em 2-3 dias com anemia insuficiência renal e hepática.

A intoxicação crônica é caracterizada por manifestações digestivas. São as famosas “cólicas de chumbo”. Eles vêm na forma de ataques dolorosos paroxísticos, às vezes associados à constipação. Podem ter uma apresentação larval.

Na boca, pode haver uma borda gengival azulada no colo dos incisivos e manchas bucais da mesma cor.

Os danos neurológicos associados levam à encefalopatia com convulsões, hidrocefalia (dilatação dos ventrículos cerebrais), incoordenação, distúrbios da percepção, idiotice. No início, há distúrbios psíquicos, desequilíbrio e sono.

A lesão do nervo periférico combina distúrbios motores e sensoriais. Os efeitos renais podem chegar à insuficiência renal crônica, mas são tardios e raros. O declínio do estado geral com astenia (fadiga) e anorexia (perda de apetite) é comum. Ataques de gota podem ocorrer, bem como hipofertilidade em homens. O chumbo é fetotóxico, mas seu efeito teratogênico (malformação embrionária) não foi demonstrado. Os efeitos hematológicos resultam em anemia (número insuficiente de glóbulos vermelhos).

Envenenamento por ouro

Pode se manifestar por hipertensão arterial com danos nos rins que podem ir até a insuficiência renal.

Pode haver envolvimento pulmonar com insuficiência respiratória grave, bem como doença do sistema nervoso central e periférico.

Distúrbios da pele também podem ocorrer.

A administração de ouro para o tratamento da artrite reumatóide, no âmbito da medicina convencional, é feita com precaução e com rigoroso acompanhamento clínico e biológico de forma a interromper o tratamento antes das primeiras manifestações de efeitos secundários.

No total, alertamos os alquimistas que trabalham com metais pesados a usar máscaras e óculos de proteção. Não se exponha, por inalação aos seus vapores, a intoxicações que podem ser graves, sobretudo tendo em conta o efeito cumulativo.

Por outro lado, os inconscientes que, na maior alegria, absorvem corantes metálicos preparados de acordo com os preceitos alquímicos, mesmo em pequenas doses ponderáveis, expõem sua saúde a um perigo ainda maior. Recomendamos que se abstenham de tais práticas devido ao risco envolvido.


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