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A alquimia chinesa é uma antiga abordagem científica e tecnológica chinesa para a alquimia, uma parte da tradição mais ampla do cultivo do corpo-espírito taoísta / daoísta, desenvolvida a partir da compreensão tradicional chinesa da medicina e do corpo. Segundo textos originais como o Cantong qi, o corpo é entendido como o foco de processos cosmológicos resumidos nos cinco agentes de mudança, ou Wuxing, cuja observação e cultivo conduz o praticante ao alinhamento e harmonia com o Tao. Portanto, a visão tradicional na China é que a alquimia se concentra principalmente na longevidade e na purificação do espírito, mente e corpo, proporcionando saúde, longevidade e sabedoria, através da prática de Qigong, wuxingheqidao. O consumo e o uso de várias misturas conhecidas como remédios alquímicos ou elixires, cada um com propósitos diferentes, mas em grande parte relacionados à imortalidade.
O Pao zhi (炮制;Pao chi) ou Processamento (matéria médica chinesa) é usado na Medicina Tradicional Chinesa, como mel ou vinho para fritar e assar com metais tóxicos como mercúrio, chumbo e arsênico.
O taoísmo tinha duas partes distintas, a clássica Daojia (道家 Tao chia), que era mística e originada principalmente de Laozi e Zhuangzi, e a mais popular Daojiao (道教 Tao chiao), que era o lado popular, mágico e alquímico do taoísmo. Em geral, o Daojia clássico era mais austero, enquanto o Daojiao era mais praticado pela população em geral.
A alquimia chinesa foi introduzida no Ocidente por Obed Simon Johnson.
PROCESSO E PROPÓSITO:
Ao refinar bases em ouro e ingerir o ouro “falso” ou sintético, o alquimista acreditava que a vida imortal seria entregue. A ideia de que o ouro falso era superior ao ouro verdadeiro surgiu porque os alquimistas acreditavam que a combinação de uma variedade de substâncias (e a transformação dessas substâncias através da torrefação ou queima) dava à substância final um valor espiritual, possuindo uma essência superior quando comparada à natural ouro. O ouro e o cinábrio (jindan) eram as substâncias mais procuradas para manipular e ingerir, acreditando-se que tivessem longevidade e, portanto, capazes de prolongar a vida do consumidor.
O cinábrio é um mineral de cor marrom-avermelhada e é a fonte mais comum de mercúrio na natureza. O significado de sua cor vermelha e a dificuldade com que era refinado implicava para os alquimistas sua ligação com a busca pela imortalidade. A cor também era significativa para a crença simbólica, sendo o vermelho considerado na cultura chinesa como o “zênite da cor que representa o sol, o fogo, a realeza e a energia”. O cinábrio também podia ser torrado, o que produzia uma forma líquida de prata conhecida como quicksilver (mercúrio), agora conhecida como mercúrio. Essa substância era ingerida, mas também pode ser combinada com enxofre e queimada novamente para retornar à sua forma natural de cinábrio, o sólido visto como o yang do yin do mercúrio. Na China, o ouro era bastante raro, por isso era geralmente importado de outros países vizinhos. No entanto, o cinábrio pode ser refinado nas montanhas das províncias de Sichuan e Hunan, na China central.
Embora a maioria dos elixires xian (da imortalidade) fossem combinações de jindan, muitos outros elixires foram formados pela combinação de bases metálicas com ervas naturais ou subprodutos animais. O chifre do rinoceronte era comumente usado em remédios e elixires e era considerado capaz de aumentar a fertilidade. Os elixires eram compostos de compostos metálicos como ouro e prata, mas também podiam ser feitos de componentes mais letais como arsênico e enxofre.
PONTOS DE VISTA DA ALQUIMIA DO LESTE ASIÁTICO X DO LESTE DO MEDITERRÂNEO:
Tanto a prática oriental quanto a prática ocidental posterior da alquimia são notavelmente semelhantes em seus métodos e propósito final. Certamente, o desejo de criar um elixir da imortalidade era mais atraente para os taoístas, mas os alquimistas europeus não eram avessos a procurar fórmulas para várias substâncias que aumentam a longevidade. O segredo de transmutar um elemento em outro, especificamente metais básicos em ouro ou prata, foi igualmente explorado por ambas as escolas por razões óbvias.
Na perspectiva europeia, a capacidade de transformar materiais relativamente inúteis em ouro era atraente o suficiente para permitir que a alquimia medieval desfrutasse de prática extensiva muito depois de a forma chinesa ter sido esquecida. Alternativamente, a transmutação também era um meio de acumular os metais preciosos que eram essenciais na fabricação de elixires que prolongavam a vida e, de outra forma, eram caros e difíceis de obter. O conhecimento alquímico no Oriente e no Ocidente favoreceu opiniões diferentes sobre a verdadeira forma da alquimia devido a diferentes visões teológicas e preconceitos culturais, no entanto, essas disputas não diminuem a integridade da natureza canônica da alquimia.
A alquimia chinesa especificamente foi consistente em sua prática desde o início, e houve relativamente pouca controvérsia entre seus praticantes. A definição entre os alquimistas variava apenas em sua prescrição médica para o elixir da imortalidade, ou talvez apenas em seus nomes para ele, dos quais a sinologia contava cerca de 1000. Como a abordagem chinesa era através da doutrina fundamental do Yin e Yang, a influência do I Ching e os ensinamentos dos Cinco Elementos, a alquimia chinesa teve suas raízes consideravelmente mais na obtenção de um nível mental-espiritual mais elevado.
No Ocidente, houve conflitos entre os defensores da farmácia à base de ervas e “química” (mineral), mas na China os remédios minerais sempre foram aceitos. Na Europa, houve conflitos entre alquimistas que favoreciam a fabricação de ouro e aqueles que consideravam a medicina o objetivo adequado, mas os chineses sempre favoreceram o segundo. Como a alquimia raramente alcançava qualquer um desses objetivos, era uma vantagem para o alquimista ocidental ter a situação obscurecida, e a arte sobreviveu na Europa muito tempo depois que a alquimia chinesa simplesmente desapareceu.
AS ORIGENS DA ALQUIMIA CHINESA:
Apesar de muita pesquisa, muitos estudiosos ainda são incapazes de reunir evidências conflitantes para determinar quando exatamente a alquimia chinesa começou. Pensava-se que a China estava produzindo ouro cerca de mil anos antes da época de Confúcio, mas isso é contradito por outros acadêmicos que afirmam que durante o século 5 a.C. não havia palavra para ouro e que era um metal desconhecido na China.
No entanto, apesar das origens incertas, existem semelhanças suficientes nas ideias de práticas da alquimia chinesa e da tradição taoísta para que se possa concluir que Laozi e Zhang Daoling são os criadores dessa tradição. Em seu artigo, Radcliffe conta que Zhang rejeitou servir ao imperador e se retirou para viver nas montanhas. Nessa época, conheceu Laozi e juntos criaram (ou tentaram criar) o Elixir da Vida (Radcliffe, 2001), criando a teoria que seria utilizada para conseguir a confecção de tal elixir. Este é o ponto de partida para a tradição chinesa da alquimia, cujo objetivo era alcançar a imortalidade.
Uma das primeiras evidências da alquimia chinesa sendo discutida abertamente na história é durante o período do Primeiro Imperador de Qin, quando Huan Kuan (73-49 a.C.) afirma como modificar as formas da natureza e ingeri-las trará imortalidade à pessoa que as beber. Antes de Huan Kuan, a ideia da alquimia era transformar metais comuns em ouro. Pesquisas conflitantes sobre as origens da alquimia são demonstradas por Cooper, que afirma que a alquimia “floresceu bem antes de 144 a.C., pois naquela data o imperador emitiu um decreto que ordenava a execução pública de qualquer um encontrado fazendo ouro falsificado”. Isso sugere que as pessoas estavam bem cientes de como aquecer os metais para transformá-los na forma desejada. Uma outra oposição a Pregadio de Cooper é a alegação deste último de que um imperador em 60 a.C. contratou “um conhecido estudioso, Liu Hsiang, como Mestre das Receitas para que ele pudesse fazer ouro alquímico e prolongar a vida do imperador”. Considerando todas essas origens conflitantes, é quase impossível reivindicar qualquer conhecimento absoluto sobre as origens da alquimia chinesa. No entanto, os textos históricos do ensino taoísta incluem práticas alquímicas, a maioria das quais postula a existência de um elixir ou o Elixir Dourado que, quando ingerido, dá ao bebedor a vida eterna.
Como existe uma conexão direta entre o taoísmo e Laozi, alguns sugerem que ele desempenhou um papel importante na criação da alquimia chinesa. Diz-se que o filósofo da Dinastia Zhou, Zou Yan, escreveu muitos dos livros alquímicos, embora nenhum deles tenha sido encontrado, nem os existentes tenham sido creditados a ele. Os proponentes mais prováveis da alquimia chinesa são, como afirmado anteriormente, Laozi e Zhang Daoling, bem como Zhuangzi. Cada um desses homens são ícones importantes nos ensinamentos taoístas. Embora esses três sejam creditados com a criação da alquimia, não há nenhuma prova definitiva para sugerir ou contestar que eles foram os responsáveis por sua criação.
O YIN E YANG E A ALQUIMIA CHINESA:
O conceito de yin-yang é difundido em toda a teoria alquímica chinesa. Os metais foram categorizados como masculinos ou femininos, e especialmente o mercúrio e o enxofre foram considerados como tendo poderes relacionados ao lunar e ao solar, respectivamente.
Antes da tradição taoísta, os chineses já tinham noções muito definitivas dos processos e “mudanças” do mundo natural, especialmente envolvendo os wu xing: Água, Fogo, Terra, Metal e Madeira. Estes eram comumente considerados intercambiáveis entre si; cada um era capaz de se tornar outro elemento. O conceito é integral, pois a crença na alquimia exterior exige a crença nos elementos naturais que podem se transformar em outros. O equilíbrio cíclico dos elementos relaciona-se com a oposição binária de yin-yang e, portanto, aparece com bastante frequência.
A ALQUIMIA EXTERNA E A ALQUIMIA INTERNA:
A alquimia chinesa pode ser dividida em dois métodos de prática, waidan ou “alquimia externa” e neidan ou “alquimia interna”. A doutrina pode ser acessada para descrever esses métodos em maiores detalhes; a maioria das fontes alquímicas chinesas pode ser encontrada no Daozang, o “Cânon taoísta”.
A Alquimia Externa (Waidan):
O significado de waidan deriva de wai (fora, exterior) e dan referindo-se a operações alquímicas, como a preparação de elixires químicos, feitos de cinábrio, realgar e outras substâncias geralmente envolvendo mercúrio, enxofre, chumbo e arsênico ou então a animal e produtos botânicos encontrados na fitoterapia chinesa e na medicina tradicional chinesa. Waidan refere-se a práticas relacionadas ao processo de fazer um elixir, muitas vezes contendo ervas ou substâncias químicas encontradas fora do corpo. Este processo envolve instruções orais esotéricas, a construção de um laboratório, o acendimento e a sustentação dos fogos especiais usados no processo de produção, regras de reclusão e purificação para o alquimista seguir e várias práticas, incluindo a realização de cerimônias para proteger a si mesmo e a área ritual. Waidan também pode incluir seguir um regime alimentar que prescreve ou proscreve certos alimentos. A preparação de remédios e elixires pode ser chamada de práticas externas ou waidan, pois essas práticas ocorrem fora do corpo até serem verificadas pela ingestão de remédios, ervas e pílulas para provocar mudanças físicas dentro do corpo, separadas da alma.
A Alquimia Interior (Neidan):
O termo Neidan pode ser dividido em duas partes: Nei, que significa interior, e Dan, que se refere à alquimia, elixir e cinábrio (mercúrio). Neidan utiliza técnicas como: técnicas de meditação composta, visualização, respiração e exercícios de postura corporal. Exercícios respiratórios foram usados para preservar o jing ou “essência vital” e posturas corporais foram usadas para melhorar o fluxo de qi ou “energia” no corpo. Neidan compreende o elixir dos princípios da Medicina Tradicional Chinesa e o cultivo de substâncias já presentes no corpo, em particular a manipulação de três substâncias no corpo conhecidas como os “Três Tesouros”.
Os três tesouros são:
1. Jing, que pode ser traduzido como “essência da vida”. Uma pessoa nasce com Jing e governa os processos de crescimento e desenvolvimento do corpo. Como as pessoas nascem com uma certa quantidade de Jing, é ensinado que uma pessoa pode aumentar seu Jing por meio de práticas alimentares e de estilo de vida.
2. Qi que pode ser traduzido como “energia” ou “energia vital”. A energia Qi resulta da interação de yin e yang. Um corpo saudável está constantemente circulando Qi.
3. Shen pode ser traduzido como “espírito” ou “mente”. Shen é a energia usada no funcionamento mental, espiritual e criativo (Lu, 30).
Os três tesouros também estão associados a locais do corpo onde ocorre o processo alquímico. Esses locais incluem os principais órgãos e centros de energia, chamados dantians.
1. Jing ou “essência da vida” é encontrado nos Rins e possivelmente nas glândulas supra-renais.
2. Qi ou “energia vital” reside no Dantian Inferior ou “campo de elixir” e está localizado cerca de uma polegada abaixo do umbigo.
3. Shen ou “energia espiritual” está situada no Dantian Médio, que é o Coração.
Durante a dinastia Han e depois, as artes marciais Neidan e Taoístas gradualmente se fundiram em uma, tornando-se as artes marciais Neijia. Mestres famosos de Taijiquan que praticaram Neijia incluem Wu Tunan (吳圖南) e Chen Weiming (陳微明).
OS RISCOS ASSOCIADOS À ALQUIMIA CHINESA:
Quando ingeridos, esses compostos nem sempre resultaram no resultado desejado. Muitas pessoas morreram ou tiveram problemas psicológicos depois de tomar certos elixires. No entanto, a perda da vida pode não ter parecido um grande risco, quando comparada com a promessa da vida após a morte. Embora esses elixires fossem letais ou perigosos, há alguma alegação de que esses indivíduos não ignoravam a fatalidade de alguns dos materiais que ingeriam.
Havia certos graus de imortalidade, então se o alquimista experiente morresse, o nível de imortalidade que eles alcançavam era determinado por seu cadáver. Se o cadáver deles cheirava bem, dizia-se que eles haviam alcançado a imortalidade em um estado efêmero. Da mesma forma, se seu cadáver desaparecesse, deixando para trás apenas as roupas, como na morte de um adepto chamado Ko Hung, essa era outra forma de imortalidade conhecida como shih chieh hsien (os imortais livres de cadáveres) (Cooper, 14).
A ALQUIMIA CHINESA E A CONCEPÇÃO DA MEDICINA:
Os remédios podem ser usados para curar doenças no exterior ou no interior do corpo, para controlar o envelhecimento do corpo ou até mesmo para prevenir a morte. Os termos remédio e elixir são praticamente intercambiáveis por causa da variedade de doenças que podem influenciar. A diferença entre definir um elixir de um medicamento era que muitos medicamentos eram compostos principalmente de todos os produtos naturais, como ervas e produtos de origem animal. Nunca os próprios animais, apenas seus produtos, que podem consistir em esterco ou peles. Embora os compostos metálicos sejam mais potentes na cura de doenças, as ervas eram usadas porque eram mais fáceis de combinar e mais abundantes. Para fazer remédios, seriam usados ingredientes como: Noz-de-cola, que seriam usadas nas famosas pílulas de longevidade como “Fo-Ti-Ti”; Aspargo, que era usado porque era conhecido por aumentar a força; Gergelim, que previne a senilidade; e o Pinheiro, que tem mais de 300 usos diferentes. (Cooper, 1990. Pg. 62) Os cogumelos foram e são muito populares, são conhecidos como o “fungo mágico” (Ganoderma) e têm milhares de funções dentro da alquimia chinesa.
Principais fontes:
Cooper, J.C. (1990). Chinese Alchemy: the Daoist Quest for Immortality. Sterling Publishing Co. pp. 55–70.
Taoist Alchemy — Fabrizio Pregadio: http://www.goldenelixir.com/ji
Yu, Lu K’uan, Taoist Yoga. Rider, 1970. ISBN 0-7126-1725-6.
https://en.wikipedia.org/wiki/
Tradução por Ícaro Aron Soares.
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