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por T.Q.M.B.E.P.N.
A Corrente L.T.J 49 sempre pesquisou com muita atenção e dedicação as diversas manifestações da Quimbanda no Brasil. Esse estudo nos apontou uma multiplicidade de entendimentos que, de forma reduzida, postaremos aos membros dessa página.
Quando falamos “Quimbanda” estamos nos referindo ao Culto de Exu e Pombagira formado em ‘Terras Brasileiras’ através de um longo processo de sincretismos religioso e cultural. Antes de adentrarmos no campo da multiplicidade, deixamos clara a diferença – sob nosso entendimento- entre ‘Quimbanda e Kimbanda’.
Quimbanda é uma expressão religiosa formada no Brasil. Mesmo com opiniões contrárias, sabemos que o Culto de Exu (e sua evolução) faz parte do processo de formação da sociedade. A Quimbanda é uma resposta obscura ao sincretismo. A corrupção da palavra ‘Kimbanda’ não se trata apenas de uma adaptação linguística, mas sim de uma ruptura a certos preceitos tradicionais provindos da cultura africana. Algumas pessoas tendem a poetizar ou amenizar o verdadeiro sentido, mas nossa Corrente entende que existe uma força de corrupção explicita dentro da Quimbanda.
Kimbanda é uma palavra de origem africana, mais precisamente da língua Kimbundo (Bantu) que significa: Sacerdote da arte de curar. Assim como outros cultos afros, veio ao Brasil através do processo escravista. Essa forma de religiosidade tradicional é uma das bases da Quimbanda Brasileira, entretanto, a forma de desenvolvimento espiritual tem focos muitas vezes distintos e até opostos. A Quimbanda Brasileira se apropriou não só da cultura Bantu, como da Yorubá, Ameríndia e Europeia. Quimbanda é adaptação e corrupção! Se não fosse dessa maneira, a máscara dos nossos Poderosos Mestres não seria chamada de Exu (palavra Yorubá). A Quimbanda é como um poderoso vórtice que bebe de muitas taças e vomita aquilo que não lhe satisfaz.
A Quimbanda foi se desenvolvendo em vários sítios no Brasil e recebendo influencias regionais. Essas influencias determinaram diversos tipos de culto. O processo de infiltração nasceu dentro dos Cultos Religiosos de matriz Africana, por isso vemos Terreiros/Templos/Casas de Candomblé e Umbanda que cultuam a Quimbanda através da manifestação de Exu e Pombagira. Acreditamos que essa forma de culto à Quimbanda seja a mais popular dentro do território brasileiro. Classificaremos as formas de culto à Quimbanda a partir desse ponto.
Dentro de uma Casa religiosa dual (que separa a força em ‘Direita’ e ‘Esquerda’) o culto da Quimbanda ocorre sob pressão, ou seja, os Exus não agem completamente desvinculados. Isso acontece porque apesar de serem linhas paralelas, em certos pontos se convergem e em outros divergem. As “duas cabeças de Exu” são a expressão dessa dualidade. Um clássico ‘Ponto Cantado’ expressa bem essa diferença: “Exu que tem duas cabeças, ele honra sua banda com fé, uma é Satanás do Inferno e outra é Jesus de Nazaré! ”.
Compreendemos que as pessoas que seguem essa forma de culto concebem a formação das forças opostas como elementos provindos de uma mesma regência, ou seja, “Deus e o Diabo” são partes do mesmo corpo e os Exus e Pombagiras estão vinculados ao processo evolutivo ascendente. A plenitude caótica de Exu é afetada pelos momentos convergentes e sob hipótese alguma existe o comprometimento ao embate interno consciente.
Existe a Quimbanda que é vista como um ‘Sistema Mágico’. Os praticantes desse tipo de Quimbanda entendem-na como uma via para alcançar seus desejos e objetivos. Não se trata de uma forma gnóstica de culto. Enxergamos similaridade com a Goetia, por isso é comum paralelos traçados entre os Seres Goeticos e os Exus. Tais praticantes podem exercer outros cultos em análogo, pois a Quimbanda é vista de forma independente. Apesar de não ser uma regra, esses sistemas são traçados por pessoas que frequentaram ou frequentam casas duais. Existem pessoas muito esclarecidas dentro desses cultos, entretanto, não é comum vermos um processo árduo de ascensão, pois não se trata de uma expressão religiosa e sim de um sistema operacional onde os espíritos são evocados e invocados para finalidades pessoais.
Tanto a Quimbanda praticada dentro de casas duais quanto a desenvolvida como sistema mágico são vias de infiltração e expansão. Muitos seguidores dessas expressões acabam sendo atraídos pela força sombria que reside por trás das máscaras de Exu. Essas pessoas diferenciam-se das demais pelo árduo desejo de evolução espiritual através das sendas esotéricas. Por isso não acreditamos que as pessoas são separadas apenas pelo Ego e sim pela essência interna.
A terceira e mais relevante forma de culto é a Quimbanda Gnóstica. Classificamos dessa maneira por concebermos que essa expressão religiosa é avessa à todas as formas estáticas/inertes de culto. Nossa leitura de realidade não dá espaços às fraquezas humanas e todos os nossos trabalhos são direcionados a ascensão da luz bestial. Dentro dos cultos gnósticos não existe espaço para a dualidade e os adeptos tem o comprometimento de destruir suas correntes éticas e morais para reestruturar uma personalidade de força.
Não estamos dizendo que o T.Q.M.B.E.P.N seja o único que dissemina essa expressão, pois sabemos que existem grupos que galgam a evolução através de conceitos contrários ao ordenamento do Falso-Deus, mas podemos responder apenas pelo nosso trabalho. Concebemos que Exu e Pombagira são Poderosos Mestres Mortos que fazem o caminho reverso (contrário a Lei) para agir no plano das formas. Esses mestres não estão submissos à panteões, pois assim como a Quimbanda, drenam energias de muitos planos paralelos trabalhando em forma de Legião e deixam de lado as fraquezas humanas para guerrear contra as forças que o escravizaram por inúmeras reencarnações. Podemos dizer sem medos que a Quimbanda Gnóstica é uma via de evolução religiosa única e incompatível dentro de ambientes duais. Sua caraterística expansionista e dominante torna-a um veneno dentro de ambientes dessa natureza. Os adeptos podem ser beneficiados em todos os campos- material, carnal, espiritual, mental, psicológico – mas o foco principal é a modificação e a criação de núcleos internos de resistência e combate ao Sistema vigente. O primor da Quimbanda é que seus adeptos tenham plena iluminação e clareza em todos os passos da árdua escalada ou caminho para auto deificação (completa transmutação que capacita a expansão da Chama Negra interna). Exu e Pombagira não são meios para alcançar os fins, mas Mestres que nos capacitam para todos os passos da Alquimia interna.
A arte da corrupção (interna e externa) explicita e implícita na Quimbanda é o que a diferencia dos demais cultos. A concepção de causal e acausal e a clareza da mentira cósmica são pontos relevantes aos adeptos. Não compreender as facetas do Falso-Deus deixam os seres a sua mercê, pois existem características que facilmente podemos identificar dentro de muitos panteões. A Quimbanda Gnóstica tem apenas um núcleo pulsante: V.S. Maioral de Todos os Infernos. O verdadeiro adepto tem a ciência que dentro de sua composição estão os mistérios de todos os deuses obscuros. Deuses contrários ao ordenamento JAMAIS compartilharão o mesmo espaço (físico e astral) que suas fracas sombras cósmicas.
Dentro da nossa gnose essas são as três principais divisões da Quimbanda atual. Todos têm direito de não concordar. Finalizamos com as seguintes analogias (frases de Exu e Pombagira):
“Eis que na mata existem dois tipos de animais: Presas e predadores! Presas não costumam andar pelas mesmas trilhas que as feras. ” (Exu Pantera Negra)
“ Se me pagam para matar posso até matar! Se me pagam para amarrar posso até amarrar! Se me pagam para destruir posso até destruir! Mas se me mostram bravura no espírito e sede de mudanças posso ser Mestre! ” (Exu Tranca Ruas)
“ Nunca me curvei pra santo em vida, quem dirá depois de morta! Cuspo nas oferendas! ” (Pombagira Sete Saias)
“ Nem toda cobra tem veneno e tem cobra que morre no pé de galinha! ” (Exu Cobra)
“Se eu arrancar a máscara sobram um ou dois e o resto sai correndo! ” (Exu Beelzebuth)
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