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Cultos Afro-americanos

Quimbanda Brasileira e Impulso do Medo

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Existe um lado obscuro dentro de todos nós. Enquanto suprimimos e corroemos essa faceta sinistra estamos à mercê de tudo que acontece no entorno, ou seja, somos vítimas em potencial de nosso próprio desconhecimento acerca dos limites internos e externos. 

A mídia nos traz inúmeras notícias de atos violentos e bárbaros cometidos em momentos de desespero. Pais que jogam filhos pela janela de prédios, mães que afogam crianças na banheira, policiais descontrolados que alvejam cidadãos desarmados, estupradores que vitimam mulheres indefesas, ladrões que matam indiscriminadamente, enfim, são muitos fatos (rotineiros) que poderíamos citar. Todos esses exemplos possuem raízes em comum: A pressão do Sistema, o desconhecimento dos limites e o completo descontrole psíquico. 

A Corrente 49 é uma via religiosa que incita paulatinamente, através dos rituais e práticas religiosas fundamentadas no Culto de Exu, todos os impulsos obscuros que podem dominar o homem. Entendemos que toda formação primitiva que possuímos torna-se um veneno se desconhecermos seus usos e antídotos. Esse ensaio visa mostrar aos adeptos a importância desse controle e como podemos canalizá-los em situações extremas.

Em primeiro lugar falaremos do medo. É possível viver completamente isento desse impulso? Definitivamente – NÃO! O medo é um alerta, um impulso emitido a nós toda vez que os sentidos sensoriais captam sensações incomuns. O medo ativa todos os demais impulsos e os coloca em uma espécie de “modo proteção”. O medo pode agir nas pessoas de diversas formas:

– Petrificando-as.

– Descontrolando-as.

– Avivando facetas obscuras completamente descontroladas.

– Encorajando-as a tomar decisões precisas.

O adepto L.T.J 49 deve passar por várias situações de medo para poder superar as três primeiras formas. Descobrimos ao longo dos anos que quando fazemos rituais em grupo os adeptos se sentem mais ‘protegidos’ e conseguem superar os impulsos de medo. Estar com outros adeptos e comungar de seus medos e anseios é um forte exercício de autoconhecimento, todavia, não atingem todos os abismos do subconsciente. O medo deve ser conhecido e controlado individualmente!

Imaginemos que sua vida dependa da superação do medo. Em grupo, principalmente com VERDADEIROS irmãos e irmãs de senda, as pessoas sabem que não necessitarão carregar ou ser “muleta” dos demais e todo ‘combate’ se torna equilibrado. Sabemos quem é um verdadeiro irmão fazendo uma análise simples: Em uma situação extrema poderei contar com sua coragem e bravura para guerrearmos juntos ou vou ter que lutar dobrado? Se sua vida depender de alguém que não consegue transformar o medo em coragem, essa pessoa não passa de um entrave.

Quando o medo aviva o descontrole e faz a pessoa cegar-se para a situação certamente tudo que está no entorno será destruído. Uma pessoa que não consegue enxergar a batalha claramente é vítima de si próprio, pois além de não se conhecer, não consegue controlar o medo. Essa pessoa, em uma situação real, certamente vai lhe jogar de cima de um prédio como resposta as suas frustrações.

Petrificar-se com o medo é o mesmo que pintar um alvo em si e gritar silenciosamente: “- Atirem! ”.

Por isso, todo adepto deve saber que o trabalho solitário e individual é aquilo que realmente lhe fortalecerá. Sozinho terá de enfrentar as energias, vencer (dominar) os medos e realizar sua própria alquimia. Sozinho, diante suas firmações espirituais, o adepto poderá sentir os impulsos primitivos que garantiram a sobrevivência de nossa espécie. Nossos Mestres nos ensinam viver na guerra, no caos e destruir os entraves que nos deixam abalados. Um verdadeiro quimbandeiro deve ser senhor (a) de si. Seus medos serão o fogo que irá explodir transformando-se em bravura, coragem e superação. Todos os testes que nossos Mestres nos aplicam serão em momentos solitários. Analisando Exu sobre esse prisma, no campo da Guerra (psique) o Mestre é Senhor (a) da Superação. Exu superou e transcendeu o medo pela graça de dominar a morte e a vida, transformou seus ossos em ferro para vencer a reencarnação e sacia a sede no rio de sangue dos Poderosos Antepassados.

Finalizaremos a primeira parte desse ensaio com a frase do Exu Pantera Negra:

“ Seus aliados devem ser tão selvagens quanto seus sorrisos! Não existe Exu Coelho, coelho sempre será comida! ”

Fonte: https://quimbandabrasileira.wixsite.com/ltj49/quimbanda-e-o-medo


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