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Por Aluizio Fontenelle, Exu, Capítulo XIX, 2ed.
Este trabalho não estaria totalmente perfeito, se não me propusesse a esclarecer certos pontos que condissessem com a matéria nele encerrada, de vez que, por serem os Exús, os agentes mágicos universais; a eles está afeta a verdadeira arte da Magia Negra.
Quando se fala em Magia Negra, uma pergunta nos vem imediatamente aos lábios:
— Será que de fato existe essa Magia?… — e porque atribuem a Satanaz ou Exu a prática dessa ciência?…
É muito simples…
A Magia Negra existe, tal como existe tudo quanto nossos olhos podem ver.
Quanto a Satanaz, a própria ciência cala-se, ao passo que a filosofia nega, por julgar ser um Dogma Religioso, deixando ao acaso a verdadeira interpretação dessa entidade do mal.
Entretanto, somente a religião nos pode responder afirmativamente.
Segundo as crenças religiosas principalmente aquelas que estudam mais de perto os fenômenos sobrenaturais, nos dizem que: considerando Satanaz como o grande agente mágico empregado para as práticas do mal, pela sua vontade perversa de criar uma força puramente sobrenatural, é o dominador da Magia Negra em todas as condições que regem os destinos da humanidade, que se debate na inconsciência de obter para si o domínio daquilo que possa existir além da vida comum.
O homem, desejoso de conhecer os mistérios que o cercam, inclusive o fato da sua própria existência como ser humano, procura aliar-se aos agentes do mal, na esperança de que, assim agindo, a sua inteligência se aperfeiçoa, o seu instinto se transforma, e ele se torna um verdadeiro MAGO, na arte de decifrar mistérios, invocando os principais agentes da Magia Negra.
Das antigas lendas, cujo sentido podemos ter dúbia interpretação, podemos afirmar ser a antiga serpente, nada mais do que o agente universal, em transmutações de fantásticas aparições.
O alento eterno da vida terrestre, a alma dos seres mortais e o fogo vivo do inferno, nada mais representam do que criações fantásticas de cérebros que desejam penetrar no recôndito mais profundo dos mistérios da criação do mundo.
A luz espiritual, quando evocada pelo bom senso e a razão, cabe no receptáculo das formas. Entretanto, quando evocadas em sentido desordenado pela fúria da conquista, pela loucura e pela falta de bom senso, apresenta-se de forma desordenada e monstruosa.
A irradiação dos pensamentos quando bons, atraem os fluidos benéficos que aliviam.
A irradiação dos maus pensamentos, atraem os maus fluidos, e o subconsciente é pesado.
A evocação de uma entidade de luz traz-nos o conforto e o alívio, ao passo que a evocação de uma entidade do mal, traz-nos o desassossego e a perturbação material e espiritual.
Quando se chama pelo Exu, seguindo os verdadeiros preceitos e cerimônias a ele consagradas, ele vem, e nós o sentimos perfeitamente.
O arbitrário deverá de qualquer maneira ser excluído dos nossos seres, pois, nada acontece pelo simples acaso, nem pela autocracia de uma vontade qualquer, seja ela boa ou má.
Existindo no reino divino duas câmaras; uma composta dos seres puramente superiores, e outra composta de elementos do meio termo, isto é: Orixás Maiores sob o comando de Deus, e Orixás Menores sob o comando de São Miguel Arcanjo, é o poder de Exu ou Satanaz, contido na sua força, pelo senado da Sabedoria Divina.
É a força do bem, contra a força do mal.
Uma das principais causas que criaram a arte das ciências mágicas, é, pode-se dizer, a verdadeira MAGIA ou melhor: a FEITIÇARIA ENVENENADORA.
Todo ser humano pode ter o domínio de vida ou de morte sobre o seu semelhante, desde que, iniciado na verdadeira arte da Magia Negra, que pertence secretamente aos MAGOS, possa usá-lo na certeza de que não vacile e não erre nos seus preceitos e rituais.
Não é qualquer um entretanto, que pode usar os poderes da ALTA MAGIA, É preciso que conheça perfeitamente a entidade do mal com quem vai lidar, e ainda mais: necessário se torna que possua poderes sobrenaturais para a evocação dessas entidades, nas diversas modalidades dos seus cultos.
Existe na Magia um grande e indizível arcano, o qual nunca pode ser comunicado entre os adeptos, e disso tem-se ciência através de reportagens feitas nos diversos cultos onde se pratica essa verdadeira ciência, como por exemplo os “CANDOBLÉS”, onde pouco ou quase nada se pode antever, quando se penetra nos recônditos das suas “camarinhas”.
Conhece-se apenas a parte “ESOTÉRICA” de um iniciado; porém, jamais se poderá desvendar a parte de segredos dos “Grandes Arcanos” dessa seita.
Pode-se fazer a Magia da Morte, usando-se as entidades do mal, como também, conhecendo-se perfeitamente os segredos das diversas práticas da “feitiçaria envenenadora”. Os antigos, conhecedores profundos dessa ciência, praticavam as maiores atrocidades, e a história das civilizações está cheia de exemplos dessa natureza.
Com unções venenosas, se envenenavam as paredes das casas. O veneno dos répteis adicionado ao suco de plantas nocivas, tais como: do pessegueiro, do loureiro- amêndoa, do cactus e de árvores venenosas das Antilhas, etc. serviam de base para a fabricação de poderosos tóxicos que, uma simples gota sobre a língua, era o suficiente para matar repentinamente o mais saudável e robusto dos homens.
Das práticas das evocações e do preparo pelos feiticeiros, dessas drogas maléficas, surgiu o termo SUPERSTIÇÃO, que significa “sobreviver”, oriundo esse termo da língua latina. Das superstições surgiram os emblemas e caracteres mágicos, dando origem aos “amuletos” e “talismãs”.
Até os nossos dias, essas práticas são admitidas e a humanidade, na certeza de que, possuindo esses emblemas, acobertam-se de qualquer malefício.
Por essas razões, o estudo dos talismãs e pentáculos é grandemente cultuado nas diversas práticas da Magia, e por toda a parte, encontram-se: pontos riscados da Umbanda e Quimbanda; talismãs indianos, egípcios e gregos; medalhas kabalísticas hebraicas; figas africanas e amuletos bizantinos; abraxas gnósticos e moedas ocultas, entre todas as sociedades, religiões, etc.
Alguns povos antigos, adoravam o sol sob a forma de una pedra preta, a qual denominaram ELAGABALA ou HELIOGABALA.
Antes de ser prometido aos adeptos dos discípulos de Hermes, o tão almejado “Elixir da Longa Vida, recomendavam que procurassem e descobrissem a “Pedra Filosofal”.
O próprio Cristo disse a Pedro: “Chama-te Pedro, porque és pedra sobre a qual construirei a minha igreja”.
Dizem os grandes mestres da alquimia, que esta pedra é o verdadeiro sal dos filósofos, a qual compõe um terço do AZOTH, que nada mais representa do que o nome do grande agente hermético e do verdadeiro agente filosofal.
Disso tudo conclui-se que essa pedra é apenas o símbolo no qual a ciência repousa sobre as bases da razão e da experiência, ao passo que a fé tem por base apenas o sentimento e a razão.
Poderemos interpretar ainda com outras palavras, essa teoria: A pedra filosofal é a ciência que prova, quando a fé, é apenas o sentimento que admite e não prova, um entusiasmo religioso.
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Fonte:
FONTENELLE, Aluizio. Exu. 2ª Ed. Rio de Janeiro, Gráfica Editora Aurora, Ltda, 1954.
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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